Movimento Passe Livre: São Paulo amanhece com marcas de destruição

movimento passe livre

Lixeira destruída no encontro entre a Avenida Paulista e Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na madrugada desta sexta-feira. Foto: Adamo Bazani

Movimento Passe Livre

Apesar da limpeza que a prefeitura realizou na madrugada, ainda era possível ver marcas de lixo queimado nas calçadas e nas faixas da direita, por onde passam os ônibus. Reflexos da Manifestação Passe Livre. Foto: Adamo Bazani.

São Paulo amanhece ainda com marcas da manifestação do Movimento Passe Livre
Novamente houve confronto. Marcas de lixo queimado no chão, cacos de vidro e lixeiras destruídas são ainda cenas comuns na Avenida Paulista
ADAMO BAZANI – CBN
Na hora que o trabalhador que usa o transporte público de verdade, ainda era possível ver marcas de destruição e de vandalismo do Movimento Passe Livre em diversas regiões.
A reportagem da Rádio CBN/Rádio Globo/ Blog Ponto de Ônibus/Canal do Ônibus percorreu parte da Avenida Paulista, em São Paulo, por volta das 05h40 da madrugada.
Num espaço de apenas 300 metros, não havia uma lixeira inteira. Todas destruídas a partir da Estação do Metrô Brigadeiro, próximo da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, via onde também havia cenas de destruição.
Vários pontos das calçadas e das vias de circulação de ônibus e carros ainda tinham marcas de lixo queimado. Há ainda cacos de vidro, como de garrafas quebradas, principalmente perto de canteiros e de árvores. O pedestre deve ter cuidado com os vidros no chão.
A Avenida Paulista e outras regiões foram limpas pelas equipes da Prefeitura de São Paulo e estão bem diferentes sim da situação de ontem a noite no final do protesto do Movimento Passe Livre, mas ainda há muitas marcas, como comprovam as fotos realizadas pela reportagem na madrugada

A equipe de reportagem da Rádio CBN fez uma cobertura completa sobre a manifestação: prisões, pessoas feridas, ônibus pichados e danificados e muitos estabelecimentos comerciais tiveram os vidros quebrados. Acompanhe o texto do jornalista Eliezer dos Santos:

Mais de 240 pessoas são presas no quarto dia de protesto em São Paulo contra o aumento da tarifa no transporte público. Cerca de 100 pessoas ficaram feridas nos confrontos entre manifestantes e a polícia. O Secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, determinou a apuração de possíveis abusos por parte da PM.
Estudantes, jornalistas, pessoas que voltavam do trabalho… quem ficou no meio do confronto entre a Polícia Militar e manifestantes que protestavam contra o aumento da tarifa do transporte em São Paulo teve que correr para não se ferir.
No quarto dia de protesto, encabeçado pelo movimento Passe Livre, 241 pessoas foram detidas. Dessas, apenas quatro ficaram presas por formação de quadrilha. Na delegacia que concentrou a maioria das ocorrências, nos Jardins, foram apreendidos machados, correntes, coquetel molotov, facas e tintas. A polícia alega que tudo isso seria utilizado nos protestos. O ato começou no início da noite em frente ao teatro municipal. Cerca de 5 mil pessoas caminharam pela Rua Barão de Itapetininga, Praça da República e Rua da Consolação. A PM fez um cordão de isolamento para não deixar ninguém subir em direção a Avenida Paulista. Ai começou a confusão.
Muitos ônibus foram novamente pichados. Em certo momento o confronto ocorreu no meio do trânsito.
Uma auxiliar administrativa, que voltava do trabalho, alega que foi atingida no meio da confusão.

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Movimento Passe Livre

Num trecho de pouco mais de 300 metros foi impossível ver uma lixeira inteira. Foto: Adamo Bazani

O confronto seguiu para a Avenida Paulista. As pessoas tiveram que procurar abrigo nas lojas e restaurantes da região.
O movimento Passe Livre alega que mais de 100 pessoas ficaram feridas durante o protesto. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que a Polícia Militar agiu para garantir a ordem, o direito de ir e vir e a segurança da população. Quanto a relatos de abusos atribuídos a policiais, o secretário Fernando Grella Vieira determinou que a corregedoria da PM apure rigorosamente os fatos.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN especializado em transportes, com a colaboração de colegas da emissora, Eliezer dos Santos, Fabiana Novello, Talis Maurício, Felipe Aragonez, Isabel Campos e Annie Zanetti.

Comentários

Comentários

  1. Ricardo disse:

    Mais uma vez comentario parcial, você precisa cobrir o evento para ver o que a policia fez, prenderam muitas, atiraram em jornalistas o que mostra que exageraram pois com certeza os jornalistas da folha estavam cobrindo o evento e não destruindo, a partir da forte repressão da policia, perdeu-se o controle do protesto

    1. Ricardo, todo comentário e editorial tem uma posição.
      Sobre a agressão dos jornalista, está escrito, você não leu????
      Ah….manifestantes gostam de criticar, mas não suportam críticas, esqueci. Democracia só se for a favor né.
      Sinceramente, desculpe por eu ter uma opinião.

      1. Roseli Souza disse:

        Na minha opinião os dois estão corretos. Errado esta nosso governo, eu posso falar. Conheço bem. Cara de santos, conseguem o que querem e depois só DEUS para ajudar. E atras dos bastidores, passam rolo compressor em todos que podem. Os empresários do ramos de transportes bem sabem disso. Se viram nos quinze, dançam a dança dos quadrado e por ai vai, para que mostrem um transporte de qualidade, mas o dinheiro que é bom, esta nos cofres da sptrans. Passe livre, não vamos mais quebrar a cidade, e sim pedir ao governo que mostrem as contas. Vamos fazer a seguinte pergunta. Aonde esta o dinheiro do transporte?

      2. Adriano Alves disse:

        Concordo com a Roseli Souza. Acompanho esse blog há muito tempo, realmente leio boa parte dos posts e acompanho sua posição sobre os aumentos das tarifas, justificadas ou não. E a partir do momento que assumimos um lado estamos sujeito às críticas. E óbvio que você vai defender seu ponto de vista. Só achei totalmente desnecessário e contraditório o comentário do autor do blog, Adamo, principalmente quando diz:
        “Ah….manifestantes gostam de criticar, mas não suportam críticas, esqueci. Democracia só se for a favor né.
        Sinceramente, desculpe por eu ter uma opinião.”

        Manifestantes? Um blog sobre transportes públicos e busologia, essencialmente, se excluir da posição de manifestante é muito estranho. Sabemos bem que os empresários são os verdadeiros DONOS da capital.
        Também não concordo com depredações ou vandalismo, e falta muita organização nessas manifestações, além de ter muito interesse político envolvido por trás.

        Se referir aos manifestantes nesse tom do comentário, se auto-excluindo da causa e dando ainda mais razão ao PIG (que estranhamente vem apanhando também) e à Polícia me faz duvidar muito de sua posição enquanto busólogo.
        Em meu entender, ser busólogo é ir muito além da apreciação de ônibus. É realmente entender todo o esquema envolvido por trás d’um aumento, duma greve ou de uma manifestação, claramente violenta por parte da polícia e do Estado, acima de tudo. Isso já é óbvio e tenho certeza que você vai além, Adamo.

        Admiro muito seu trabalho jornalístico, suas denúncias, fatos, explicações sobre os sistemas de transporte etc., mas acho que enquanto jornalista você deveria averiguar ambos os lados com mais cautela. O TRABALHADOR, que vocês mencionam tanto, também é o manifestante. Muita gente ali trabalha, além de estudar. E acima dos termos, sendo usuários ou não do transporte público, o direito de manifestar-se é livre. E não são apenas 20 centavos inocentes. A soma no final do mês é alta.
        Vejo esse blog como um meio de informação antes que tudo, por isso me decepciona muito o modo com quê você vem tratando o tema, respondendo tão contraditoriamente um comentário, apontando culpados do lado oposto. Tampouco admiro muito o MPL, mas acima de tudo admiro a força com que conseguiram mobilizar tanta gente, que andava tão morna em Sampa. Se a causa é legítima ou não, cabe a nós também ficarmos atento e buscar informações não só nos grandes meios. Nem tudo é só baderna.
        A Galera deslegitimando o MPL por conta do “vandalismo”: ja parou pra pensar no que seriam 12000 pessoas “vandalizando” na cidade ao mesmo tempo?

        Cuidado com generalizações e termos. Manifestação não é sinônimo de violência!

      3. Respeito sua opinião, concordo em partes com muita coisa e discordo em outras, como é meu direito. Infelizmente, a discussão Mobilidade, que é o que fazemos aqui diariamente, foi colocada em segundo plano pela postura do próprio movimento.
        Abraços e obrigado por discordar, com respeito. Antes todos discordassem assim.

      4. Honatan Buitrago disse:

        Sinceramente eu não estava no protesto mas nos que tiveram em Osasco recentemente, após o aumento para R$ 3,30, eu pude conhecer o M.P.L. (Movimento Passe Livre) a partir da fanfarra do M.A.L. (Movimento Autônomo Libertário) que estive aqui e percebi que ele é extremamente pacífico e isso pode até ser um motivo pra que o ato ainda não tenha ganhado tanto destaque na mídia. Eu não sou do Movimento mas vi de perto em uma manifestação que ele é pacifico e apartidário. Mas analisando o de SP, não foi somente o MPL que participou e sim diferentes tipos de cidadãos indignados, assim como nós osasquenses que aderimos a causa paulistana também e, infelizmente algumas pessoas (provavelmente não são do MPL) fugiram do propósito, como alguns policiais também fugiram e, isso desencadeou uma revolta e/ou medo por parte parte de toda população. Leio regularmente esse blog e achei estranho esses posts a respeito da manifestação ser tão contra a renvidicação, generalizando o movimento e criando conclusões precipitadas a respeito dele, mas enfim como você disse você tem uma opinião, e essa opinião, que remete a um repórter comum da Rede Globo, com certeza fez com que muitos leitores do seu blog se decepcionassem com você. Apesar de tudo valeu por esse ambiente, que se tornou em um debate pacífico.

  2. Marcos Elias disse:

    Atos de uns e outros não invalidam o protesto todo em si. Marcas de destruição são inevitáveis, os protestantes pacíficos pouco ou nada podem fazer para conter os agressivos.

    Não sou socialista, mas a constituição brasileira é. Se ela quer tratar transporte público como direito, que o ofereça então como direito, sem precisar ROUBAR do povo (todo tipo de imposto é roubo). Na prática os R$ 0,20 a mais irão para bolsos de bandidos (leste… e seus correspondentes nas outras áreas). E mesmo quando não vão pra bandidos, vão pra enriquecer poucos empresários… Às custas de um “direito”!!!

    Dentro do contexto socialista, transporte gratuito não é ilusão, é perfeitamente viável. Os impostos já existem de qualquer forma, que seja feito um melhor uso deles.

    O problema real ninguém ataca, que é a falta de concorrência num modelo que não é “público” nem “privado” ao mesmo tempo…

    O transporte é um lixo no Brasil todo, o povo tem que se revoltar mesmo. Estranho seria todo mundo aceitar aumentos e ficar calados. Sempre calados.

    1. Concordo que o povo tem de se revoltar, mas até para se revoltar tem de ser inteligente, não isso que vimos. Os transportes são ruins. Mas o que há de politicagem atrás destas badernas. O povo pode fazer e muito, mas não barbarizar o próprio cidadão.
      Abusos da polícia são tão condenáveis como dos supostos manifestantes. ELES FALAM EM RESPEITO AO DINHEIRO DO CIDADÃO. Advinha quem vai pagar os ônibus, as lixeiras, as estações que sofreram destruição ??? ….O POVO. O mesmo povo que eles dizem defender, mas não estão nem aí.

  3. Júlio disse:

    Adamo, ontem por volta da meia-noite tivemos um problema sem relação com as manifestações, mas não menos significativo… Estavamos num Millenium do Consórcio Plus, da linha 312-T, no sentido Guaianazes, quando o veículo passou direto por um ponto, na região do Parque do Carmo… Logo que o carro seguiu, ouvimos gritos e vimos que havia algumas mulheres no ponto… Em seguida, ouvimos um barulho e olhamos para o fundo do veículo… Pedradas tinham destruído o vidro traseiro… O motorista quis parar, mas foi avisado pelo cobrador… “Você vai parar para quebrarem o resto do ônibus???”… O veículo seguiu viagem, provavelmente a última do dia… Muito tenso…

    1. Bruno disse:

      E esse é o jeito certo de resolver o problema? Não, contudo, eu me pergunto se essas badernas (e atitudes como essa da quebra do vidro do ônibus) não estão fazendo do transporte um tipo de “bode espiatório” devido a outros problemas crônicos, onde vemos a ineficiência (pra não dizer falta de interesse mesmo) do poder público…

  4. Marcos Soares disse:

    Querem manifestar-se beleza tudo bem , mas tirem as máscaras e mostrem a cara , isso é vandalismo , claro que sou contra a qualquer aumento , mas vamos lá ; o trabalhador recebe vale -transporte e estudante já paga meia , estão reclamando do quê ? – Eles querem mais subsídios ? Então questionem o BNDS , porque esse banco está dando dinheiro para as petroleiras privadas e devia ser o contrário , deviam mandar mais dinheiro para o Estado para que o mesmo pudesse subsidiar o transporte público , existe diferença entre manifestação e vandalismo , até agora o que temos visto é o vandalismo.

  5. Júlio disse:

    No caso das pedradas, fica clara a reação a atitude do motorista, que não parou no ponto. As razões dele ter passado direto e da resposta agressiva, sem dúvida, mereceriam uma reflexão mais aprofundada. Pelo horário, pelas características da região, pelo receio de pegar passageiros que podem não pagar a passagem ou até assaltar o veículo… O pior é que o custo do vidro deverá sair do salário do motorista.

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