História

O MOTIVO DE GOSTAR DE ÔNIBUS

Miniatura de Ônibus

Miniatura de ônibus da Viação Padroeira do Brasil

O motivo de gostar de ônibus
ADAMO BAZANI – CBN
Muitas pessoas, cada qual com suas preferências e gostos, me perguntam o motivo pelo qual eu gosto tanto de ônibus. Normalmente, o ônibus é relacionado a problemas nas cidades pelas gestões erradas que não dão preferência ao transporte público: lotação, atraso e muito aborrecimento são as imagens que aparecem na cabeça de quem pensa na palavra ônibus.
O que muita gente não dá conta é que os transportes estão presentes na economia, na vida em sociedade, no acesso à saúde e educação e na vida particular de cada um.
É que as pessoas não notam, mas em suas histórias sempre haverá um ônibus, até mesmo para quem nunca andou de transporte público, mas ao ir à escola, passear mesmo de carro, via os grandes e possantes veículos coletivos pela janela.
Para quem fez muito uso ou ainda faz dos transportes públicos, os ônibus deixam de ser cenas para virarem palcos das histórias.
Quantas vezes postamos fotos antigas e pessoas que nunca admiraram ônibus e que estão muito longe de ser busólogas (quem gosta muito e estuda este tipo de veículo) se lembram da época da escola, da namorada, da família, do bairro, do primeiro emprego e assim por diante.
Assim, pela história dos transportes, é possível saber como o País e as cidades se desenvolveram e como nós também nos desenvolvemos.
Há aqueles que têm empatia tão grande com o ônibus que o começa a admirar.
Claro que o design, o porte e o ronco do motor, ou seja, a máquina em si, chamam a atenção. Como existem os que gostam de Fusca, de Opala, de Trens, de Caminhões, etc, etc.
Mas não é só o metal, a borracha e o plástico dos chassis e carrocerias que chamam a atenção, mas toda uma bagagem cultural e de convivência por trás do ônibus
Comigo não foi diferente. Por isso que abro, neste final de semana, um espacinho neste órgão de notícias do segmento para contar um breve testemunho.
Desde que me conheço como “gente”, como diria a expressão popular, eu sempre gostei de ônibus. Quem admira transportes sempre tem uma empresa e um modelo de ônibus que fizeram com que este gosto fosse aflorado.
Para mim foi a Viação Padroeira do Brasil Ltda, de Santo André, que não opera mais.
Primeiro porque quase nasci num Padroeira. Literalmente. Minha mãe, grávida, sentia os desejos alimentícios, se é que podem ser chamados assim. No centro de Santo André, havia uma pastelaria chamada Garça. Confesso que não era o melhor lugar do mundo para fazer uma refeição, mas o pastel era muito gostoso (Cheguei a comer lá ainda pequeno).
Minha mãe, ainda grávida, nove meses, teve vontade de ir na tal Garça. Começou a passar mal no ônibus. Os motoristas da época eram de família praticamente. Poucas linhas, poucos carros, todo mundo se conhecia. Ele virou o itinerário para especial, parou na frente do Hospital Beneficência Portuguesa de Santo André, o Hospital São Pedro, e um busólogo vinha ao mundo, segundocontam meus pais, Sr Wilson e dona Ada.
Quando eu tinha meus cinco anos de idade, era o menino mais novo da rua, Rua Ipojuca, hoje Nossa Senhora de Fátima. Lá perto, no famoso “Bar do Turco” era o ponto final do Padroeira.
Eu ficava da esquina olhando os ônibus e os moleques mais velhos da rua, se aproveitavam que eram maiores, e ficavam zuando comigo. Hoje isso no Cidade Alerta se chamaria Bulling.
Os motoristas vinham em minha defesa e deixavam que eu ficasse dentro do ônibus.
Aos seis anos de idade, fiz um turno de mais de 8 horas de trabalho de motorista. Calma, eu explico! Os motoristas eram muito amigos da família e eu queria porque queria andar de ônibus. Então meu pai confiava que eu fizesse essa loucura para uma criança.
E fui indo com a Viação Padroeira na minha vida. No meu primeiro dia de aula, da EEPG Dr. Luís Lobo Neto, onde fiquei até ingressar na faculdade de jornalismo da Metodista, o que me consolava nos primeiros dias de aula, eu tinha medo de como ia ser a escola, era ver os Padroeira da janela da sala.
Meu pai não tinha carro. Eu fui saber o que era ter carro em casa quando eu comprei o meu primeiro: um Gol CL Autolatina 92/93 quadradinho. Isso em 2001.
Então todos os passeios em família eram de Padroeira. No Rudge Ramos, já em São Bernardo do Campo, outro extremo da linha que eu usava (Santo André – Bairro Paraíso / São Paulo – Fábrica Troll – via Rudge Ramos) havia uma Casa de Esfirra deliciosa ao lado do Parque dos Meninos. Era passeio obrigatório.
O Padroeira também marcou minhas idas à casa de meu avô, Romão Justo Filho, que por sinal, era maquinista de trem. Ele trabalhou no Locobreque (uma máquina inglesa) em Paranapiacaba. O nome dele está no museu ferroviário, em duas placas. É que ele conseguiu em 1956 evitar um acidente salvando a vida de 150 pessoas. As placas foram uma condecoração.
Com meu pai e minha mãe, eu ia até o centro de Santo André e de lá pegávamos um Viação Alpina até a casa do meu avô na Rua das Pitangueiras, no Bairro Jardim.
Quando passei o vestibular, eu comecei a ir à faculdade de Padroeira. Minha primeira namorada, foi num Padroeira que conheci.
Quando comecei a trabalhar na CBN, eu usava bengala. Isso mesmo, bengala com 20 anos de idade. Eu tinha um problema sério nos pés, que graças a Deus foi corrigido.
Mas era um estágio numa rádio grande e não poderia perder a oportunidade. Os motoristas da Padroeira eram tão atenciosos. Paravam tão perto da guia. Esperavam eu sentar para saírem com o ônibus. Isso me ajudava mesmo indo trabalhar dom dor. Depois do Padroeira, eu pegava um ônibus da EAOSA até a Avenida Paulista e outro municipal, da CCTC, uma cooperativa de ex funcionários da CMTC, até perto da Rua das Palmeiras, sede da Rádio.
Neste sábado, 15 de setembro de 2012, um sonho meu se realizou. Consegui uma maquete do Caio Gabriela II, da Viação Padroeira.
Foram meses de trabalho do talentoso senhor Nelson, um artesão dos ônibus aqui de Santo André. O mais curioso é que eu me julgava um profundo conhecedor dos ônibus da Padroeira, pela vivência. Mas vi que não era nada disso. Ele me perguntava detalhes como prefixos, placas, disposição das janelas, coisa que eu não lembrava.
Daí eu descobri que eu não tinha um motivo para gostar de ônibus. Mas vários motivos: o meu pai, minha mãe, meu avô, a casa de esfirra, o primeiro dia de aula, a Cris, a Metodista, a rádio, enfim, minha vida.

Miniatura de ônibus da Viação Padroeira do Brasil

Miniatura de ônibus da Viação Padroeira do Brasil


Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. willian disse:

    Show esse testemunho ! São veiculos que fazem parte da nossa vida mesmo…
    Engraçado que eu tambem sempre gostei de onibus, mas nunca havia contado para ninguem. Fui descobrir atraves dos fotoblogs que mais pessoas tinham esse gosto, aí me senti ”normal”… rsrsrs . Uma curiosidade é que o próprio autor do texto faz parte de minha vida, ouvia ele nos noticiários das madrugadas da CBN, jamais imaginaria que nós tivessemos o mesmo gosto.
    Tem uma coisa que lembro muito que eram os Gabrielas azul e brancos da Viação Santos-São Vicente, de motor traseiro. Eu estudava no pré e a escola era em uma praça onde até hoje passam os onibus [circular 1 e 2 ] e tinha grades que davam para ver a rua, e ficava vendo os onibus passarem [lembro de um de numero 489, motor traseiro]
    Quando tinha alguma tarefa para fazer, desenho de alguma coisa, se pudesse eu colocava um onibus no meio. Lembro até hoje de num 25 de agosto de 1980, creio eu, de ir ao 2º Batalhão de Caçadores [hoje Infantaria Leve] de São Vicente, num Caio Bela Vista, de numero 195 [ou era 495 ??] chegando lá eu olhava vários onibus estacionados, tinha muito ”amarelinho” Municipal de Santos. São muitas lembranças de onibus, prefixos, linhas, sons de motores, que creio, que irão comentar aqui.
    Cheguei a ”brincar” num ”onibus imaginário” que eu tinha inventado, sentava num sofá. numa mesinha tinha um volante de Corcel e o câmbio era com uma vassoura Feiticeira, que eu só usava um tubo para não ficar muito alto. Meus pais olhavam e me achavam ”doido”, rsrsr . E já li relatos de outras pessoas que faziam seus ”onibus”.
    Um abraço a todos.

    1. Seu testemunho também é muito legal. Veja que as histórias se assemelham em vários pontos, o que prova o ônibus presente na vida de cada um.
      Eu também só desenhava ônibus quando a atividade da Edicação Artística era livre. Tenho um caderno guardado até hoje.
      quanto a rádio, também é outra atividade que marca a vida de todos. Afinal, o rádio é companheiro.
      Mesmo sendo da CBN, me marcou o famoso Pulo do Gato, da Bandeirantes.
      Abraços

  2. agnaldoa disse:

    Adamo, temos histórias parecidas, mas a sua é muito interessante. Um dia eu vou conseguir uma maquete da Empresa São Luiz, da zona sul. Um abraço.

    1. Legal amigo. Culttive sim esse sonho da maquete da São Luiz. Eu demorei décadas para ter meu Padroeira, ,mas consegui.
      Abraços.

  3. Francisco Souza disse:

    Muito bacana sua história Adamo.
    Comigo não foi diferente.
    O ônibus faz parte da minha vida e se eu for contar todos os modelos, empresas, destinos que ficaram marcados teria que escrever um livro.
    Quem sabe um dia escreverei algo tipo – UM BUSÓLOGO E SEUS ÔNIBUS.

    1. Legal a ideia de registra sua história. Acho que por nossas histórias pessoais podemos resgatar um pouco da memória dos transportes. Abraços

  4. André disse:

    Eu também acredito que o prinicipal motivo para o ônibus ser discriminado pela sociedade é a falta de interesse político para eles, aliado ao oportunismo da mídia que se aproveita dessa condição para ganhar ibope. Todo veículo tem seu lado ruim também, mas no caso do ônibus parece existir apenas este lado. Aviões caem matando até quem está em baixo, mas não deixam de ser adimirados. Na atual eleição por exemplo um dos candidatos só pensa em metrô. Isso significa que se ele ganhar serão mais quatro anos sem investimentos em infraestrutura para os ônibus.
    As principais frotas de ônibus rodoviários não deixam a desejar para muitos carros (principalmente o novo Paradiso), e os ônibus urbanos estão cada vez mais sofisticados.
    Eu pensava que só eu gostava de ônibus, mas foi um feliz engano ao ter acesso a internet e descobrir que sou mais um que gosta desse veículo.

    1. Infelizmente o transporte público não é prioridade nos planos práticos de Governo. O metrô é essencial sem sombra de dúvida, mas o ônibus é jogado em segundo plano sendo que ele é tão importante quanto.
      Abraços

    2. Paulo Gil disse:

      André, boa noite

      Permita-me uma observação.

      Os ônibus urbanos estão sofisticados no chassi.

      Mas as carrocerias, tenha a santa paciência; estão péssimas:

      Cheia de ferros internamente, péssima ergonometria dos bancos, o maldito degrau interno, sem exaustão, corredor apertado, me desculpe, mas as carrocerias involuiram.

      Se alguém souber por favor divulgue aqui no Blog, pois tenho uma imensa curiosidade em saber.

      Qual a largura interna de um Amélia e qual a largura interna de um Apache, Milleniun, Mondego e Vialle Neobus, Mascarelo, Torino e outros e e.

      Qual a largura interna do corredor de um Amélia e qual a largura interna do corredor um Apache, Milleniun, Mondego. Vialle, Neobus, Mascarelo, Torino e outros0

      Só de posse destas medidas posso tirar minha dúvida.

      Se não só a Amélia era mulher de verdade como também se o Amélia era ou é o Buzão de verdade.

      Grato

      Paulo Gil

  5. José Carlos disse:

    Eu também gosto muito de onibus, foi paixão a primeira vista, o que seria de muita gente se não tivesse onibus.Apesar ter uma montadora preferida,gosto d todos os onibus.Ninguém me entende o porque eu gosto de onibus, o que é normal seria gostar de carro e moto algo que não gosto nem um pouco.Ser busologo é bom D+.

    1. O ônibus faz parte mesmo da vida de todos amigo. Esse culto ao carro é, em parte, fruto de uma propaganda muito profunda das montadoras. Não se trata de fazer uma caça às bruxas ao carro de passeio, nada disso, mas o transporte coletivo precisa ser melhor reconhecido.

  6. Gustavo Cunha disse:

    Ádamo, boa tarde !

    Compartilhamos deste gosto, gostoso (rs) e que como tu bem disseste; de alguma forma, algum dia, hora, momento, da vida de todos nós, o ônibus, esteve presente.

    O lado menos bom, é quando fores doar sangue, terás de se dirigir à alguma garagem de viação, para sugar o “diesel” que tens nas veias !

    ABRAÇO !!!

    1. Rsrsrsr.. Mas meu diesel na veia já é S 50 rsrsrs
      Abraços

  7. André Ricardo disse:

    essa história me fez lembrar da antiga Auto Ônibus Soamin de Itapecerica da Serra que tinha a primeira versão do Caio Carolina e dos Bela Vista e Gabrielas e dos monoblocos MB O362 da saudosa CMTC que iam até o Valo Velho dos quais viajei muito.

    1. Nossa, a Soamim. Mes mo não sendo da região por ela atendida, eu admirava seus ônibus que via eu via perto do Parue Dom Pedro II da janela do EAOSA.
      Abraços

  8. Glauber Carrico disse:

    Olá Adamo!
    Gosto muito de suas colunas e esta foi genial. Bateu saudade dos Padroeira acima.
    Temos bastante coisa em comum. Sou de Santo André, meu pai trabalhava na empresa Metalfrio e pegava a linha Fabrica Trol praticamente do ponto inicial até o ponto final.
    Sou da família Carrico, e meus avós moraram por décadas na rua das Pitangueiras, em uma casa de grande terreno ao lado do mercadinho do sr Manuel – de frente para a rua que sai na igreja Santo Antônio. É bem provável que seus avós tenham conhecido os meus. E por muitas vezes pegamos os famosos ônibus da Viação Alpina para ir até a casa deles. E eu adorava pegar aqueles famosos que tinham porta “no meio” e dois banquinhos a frente da porta dianteira.
    Um grande abraço

  9. Glauber Carrico disse:

    Olá Adamo!
    Acabo de falar com meu pai e ele diz ter trabalhado com seu pai na antiga Platzer. Meu pai é o José Carrico.
    Abraços

    1. Nossa que legal. Meu pai lembrou na hora do seu pai. Meus avos conheceram sim, lembra meu pai. Minha mão morou nas Pitangueiras, no 470, em frente àquele centro espírita. O Alpina também fez parte de minha vida, já que me us avôs eram do Bairro Jardxim. Lembro dos modelos Bela Vista que tinham o balnaço dianteiro curto, com a porta atrás da roda da frente. E pensar que agora a linha B 11 só tem micros.
      Muito bom esse papel dos transportes de integrar as pessoas e mostrar seus lados em comum.
      Forte abraço

      1. Glauber Carrico disse:

        Que legal Adamo!!
        Meu pai manda um abraço ao teu pai. Pelo que ele contou eram ótimos amigos e seu pai no tempo de solteiro dava carona ao meu até em casa. Precisamos fazer os dois se encontrarem pra bater um papo e colocar a conversa em dia.
        Sei mais ou menos onde sua mãe morava, o bairro ali agora ficou bem desfigurado. Inclusive o terreno que era dos meus avós foi vendido e construíram três casas enormes nele.
        O barulho dentro destes ônibus era terrível. E meus primos mais velhos diziam que gostavam de sentar nestes bancos e iam “trocando de marcha” junto com o motorista.
        O Alpina sempre nos traz boas lembranças, inclusive minha primeira vez andando de ônibus sozinho. Tinha perto de 10 anos mas me senti “o adulto”.. rs rs rs
        Um abraço e fiquem com Deus

  10. Tiago Liberato disse:

    Comigo não foi diferente e comecei a olhar e me indenticar com ônibus com 4 ou 5 anos , vendo os os varios os modelos que eram utilizados nas finadas Barão e da Janúaria ,modelos estes que ná época nem sabia o nome certo ,que faziam a linha circular que atendia o bairro Miranda , que começaram a passar na rua de casa desde que a rua foi asfaltada.
    E desse tempo para os dias de hoje sempre fui olhando os gigantes e mais e mais me admirando com eles , quando criança dizia que seria motorista de ônibus ao crescer, chegar ser até engraçado hoje escrever isso , mal sabia eu o que o destino iria me reservar anos mais a frente , quando criança na minha imaginação eu achava que só eu olhava , que só eu fazia anotações no caderno de brochura sobre modelos e placas e horários ou outra coisa que achava relevante ser anotado , achava que só eu via aquele mundo ,e como toda criança que brinca e usa a imaginação , e gastava boa parte do tempo livre com isso , e isso foi indo dos 4 até os 25 anos ,sempre olhando as empresas e os modelos e reparando e anotando algo relevante , quando comprei meu computador ,e com ajuda da internet começei a pesquisar algumas coisas sobre o transporte ,e comecei a ver que tinha disponivel registro fotográficos de ônibus,uma coisa muito idiota para alguns ,mas para mim aquilo era lago muito valioso , ai a segunda parte da coisa comecou andar apartir deste momento ,foi quando conheci e entendi que havia pessoas que gostavam disso também como eu ,e gostavam tanto que até tiravam fotos ,e usavam rede sociais para se comunicar entre si , e entre estas varias fotos era possivel encontar registros de modelos antigos ,de quando eu era uma criança resumindo a coisa é mais ou menos por ai ,e chegando aos dias atuais. .

  11. Sérgio Santo André disse:

    Pô eu não podia ficar fora dessa, apesar dos meus 43 anos, nunca tive a vergonha de esconder esse verdadeiro hobby que tenho, em comum com tanta gente e que só descobri o tamanho dessa comunidade apaixonada pela internet. São tantas as histórias que daria um livro. Um dos fatos bem antigos que me lembro foi dentro de um ônibus da antiga viação Humaitá, hoje pertence ao consórcio “União Santo André”, lá pelos anos de 1974/1975. Estava com meu pai, dentro de um Caio Jaraguá !!!, na avenida Valentim Magalhães, lógico, sentado naquelas cadeirinhas que ficavam do lado do motorista, depois da porta dianteira, que o pessoal chama de “ônibus cabinado”, quando caiu um verdadeiro dilúvio. Os limpadores, que na época eram do tamanho de limpadores de fusca, dado ao tamanho do parabrisas que eram metade dos que vemos hoje em dia que são panorâmicos, não deram conta da chuva, e tivemos que parar para aguradar a chuva. Via-se o olhar de medo dos passageiros, só que comigo era diferente. Eu tava vivendo uma aventura, dentro de um ônibus, e na minha consciência de criança, protegido por aquela máquina fantástica !!!! A minha paixão vem até os dias de hoje, depois dos “Gabrielas”, “Amélias”, “Torinos”, “Venezas”, “Bela Vistas”, “Diplomatas”, Viaggios”, “Visstabuss”, “Ciferais”….

  12. Sérgio Santo André disse:

    Pô só mais uma: sabe a minha brincadeira de infância preferida ??? Claro, motorista de ônibus. Vai a receita de como montar um ônibus: Pegue uma roda de carrinho de pedreiro, das antigas que eram de ferro, coloque um cabo de vassoura espetado no chão, com um prego da ponta de cima e encaixe o volante. O banco do motorista é um caixote de madeira velho, e dos passageiros são as cadeiras da cozinha (minha mão ficava louca !!!). Os pedais podem ser feitos com tijolos de barro, colocados em cruz, o câmbio, também com um cabo de vassoura e o “gran finale !!!”, os acionadores das portas: pegue uma prancha de madeira, pregue dois pregos até a metade, depois entorte-os para que fiquem com um ângulo de 90°, e pronto, seu ônibus está montado, e com acionadores de porta do “Marcopolo Torino !!!!!!!!!”

  13. Olá Adamo Bazani, foi muito legal ver o seu blog e lembrar de alguns parentes da minha esposa que moram em Santo André. Trabalharam na faculdade Metodista e alguns são membros da Igreja Metodista em Santo André. O sobrenome da família é IGNACIO DA SILVA, os meus sogros moraram no Bairro Jardim em Santo André.
    Temos alguns gostos em comum, pelo ônibus. Em 1991 sugeri a inversão das catracas dos ônibus ainda na CMTC, entrada pela porta dianteira, que começaram em Janeiro/1992. Não tem nenhum registro disso na história do ônibus em São Paulo.
    Veja a minha Revista Musical: http://www.jaymesilva.kit.net – com o meu curriculo comunitário.
    Eu escrevi um artigo e entreguei ao Secretário dos Transportes com o título “O PREJUÍZO ANDA DE ÔNIBUS” e “O TRÂNSITO DE SÃO PAULO TEM JEITO”.
    Um abraço.
    Jayme Pereira da Silva
    São Paulo, 17/set/2012 – 15h51

    1. Que legal Jayme, parte da minha da família era do bairro Jardim. Agora todos mudaram de lá.
      Não ssabia de sua suhgestão da mudança da entrada e saída dos ônibus. É muito bom o setor de transportes. Nos faz criar novos amigos e pensar sobre a sociedade ao nosso redor.
      Abraços

      1. Vou divulgar seu blog em nossa Revista Musical: http://www.jaymesilva.kit.net

        Um abraço.

        Jayme Pereira da Silva
        São Paulo, 17/set/2012 – 20h48

    2. Élio J. B. Camargp disse:

      Jayme, sobre a inversão das portas no embarque e desembarque, foi positiva em termos levar o peso sobre o eixo dianteiro, mas muito negativo em termos de segurança, pois as pessoas tem de caminhar de costas para o sentido de direção, com insegurança para cair de costas e sem qualquer ação de se apoiar com as mãos, indo direto com a cabeça, a parte mais frágil.

  14. jair disse:

    Adamo,
    Bela historia de PAIXÃO. Eu também nasci apaixonado por onibus. O que me lembro de mais marcante na minha memória era meu pai que ia trabalhar no Centro de São Paulo saindo do
    bairro Vila Ester (divisa entre Santana e Casa Verde-SP) de PAU DE ARARA, pois tinhamos apenas 1 ou 2 onibus por linha naquela época. E meu pai narrava as ocorrências das viagens, valorizando a importância do transporte público.
    Eu pessoalmente (sozinho) comecei a usar os onibus para ir/voltar da escola com 11 anos.
    O onibus era apaixonante GMC ODC de motor trazeiro a 4 tempos. (que ronco) das linhas 191 e 192 Parque Peruche Circular.
    Aos 13 anos inauguraram os troleibus para meu bairro linha 43 Alfredo Pujol e eu passei a usar os ACF Brill recem chegados ao Brasil.
    Fala serio, não era para ficar apaixonado. Aqueles onibus e trolebus era o que de melhor eu ví até hoje. Vá ao Museo da Sptrans, na Av. Cruzeiro do Sul e visite o ACF Brill, veja como é espaçoso e confortavel.(meu assento preferido era no penúltimo banco, de janelão aberto, tomando muito vento na cara.
    abraços e obrigado pelo espaço e pela oportunidade que o seu assunto suscitou em minhas lembranças.

  15. Wagner disse:

    Boa noite, Adamo, fiquei muito emocionado com seu testemunho no qual me fez lembrar das doces lembraças do onibus da saudosa Viação Ferraz Ltda, que tambem creci de aprendi admirar, e naão sendo convencido me inspirei no estilo de dirigir daqueles motoristas, com seus gabrielas l e ll, Amelias, Vitórias, monoblocos 365 e 371. Um Abraço.

    1. Nossa, o Viação Ferraz. Era o que tinha um desenho de um sol na lataria? Eu via esse ônibus direto no Parque Dom Pedro II. Muito bonito

  16. dá pra ver que as histórias são sempre muito parecidas. E me lembrou quando eu era bem pequeno (mal sabia andar e falar) e passei com meus pais em frente a garagem da antiga Viação Jabaquara. Meus pais dizem que eu fiquei encantado ao ver tanto ônibus junto. Eu adorava ganhar ônibus de brinquedo, nunca tive um como esse, mas adorava ganhar aqueles das lojinhas de R$ 1,99 ou do camelô.
    Sem contar que até hoje, sempre que vejo um ônibus diferente (ou quando foram feitos os corredores novos) faço de tudo pra conhecer. Há alguns meses mesmo, mudei meu caminho pra andar no novo Millenium BRT.
    Jair realmente vale muito a pena visitar o museu da SPTrans.
    E Adamo parabéns pela matéria que nos mostrou grandes recordações e um exemplo de como a felicidade pode estar nas pequenas coisas do dia a dia.

    1. jair disse:

      Quem sabe o Adamo resolva promover um encontro de busologos, e o melhor local para os Paulistanos seria sem dúvida o Museu da SPTran.
      Fica a sugestão.
      abraços

  17. Josue Marcio Lopes disse:

    Nossa que legal a historia. Sou outro que se identificou com ela..Sou de Ribeirao Pires e comecei a ver que o onibus fazia parte da minha vida com os Gabriela branquinho empresa Irmaos Correa.
    Abracos

  18. Roberto SP disse:

    Pra começar ler esse texto é para mim um balsamo para a memória, ser apaixonado por ônibus é tudo e um pouco mais. Em vários momentos e espaços contei sobre como me apaixonei por ônibus, mas vale relembrar aqui, eu era criança morava na região sul da cidade, minha avó paterna morava exatamente atrás da garagem da Viação Canaã, como eu ficava mais na casa dela que naminha após a aula, enquanto os meus amigos de infancia jogavam bola no campinho no alto do morro eu ficava sentado comtemplando o movimento dos ônibus dentro da garagem, eram Jaraguás,Bela Vistas, Nicolas, Nimbus Furcare, lembro também que dois Nicolas da empresa foram desmontados e trasformaram-se em reluzentes Gabrielas, posi a empŕesa literalmente transformou o chassi LP344 em LPO1113, naquela época era comum haver reformas de ônibus nas garagens, vi Bela Vista ser adptado com a frente od Gabriela, não bastasse isto tinha um amigo cujo o pai trabalhava na empresa e sempre qaue podia eu ia junto com meu amigo levara marmita para o pai dele a gente esperava o ônibus que ele dirigia, um Bela Vista carro 53111 senão estou enganado, agente ia até o ponto final, aguardava o pai dele almoçar e depóis voltava com ele até o ponto onde haviamos entrado, era legal por que enquanto o pai dele almoçava a gente fica admirando e mexendo no ônibus, adorava a alavasnca “coça sovaco” , achava legal o sobre desce na troca das marchas, mas assim o tempo passou a gente cresceu muita coisa mudou, mas a história por trás dos ônibsu e empresas me fascina muito, assim como muitos conheci o Adamo através do hobby e na VVR, confesso que quando o vi senti que estava diante de uma pessoa que assim como eu e muitos tinham uma paixão incomum, os ônibus e suas histórias, só tenho a dizer Parabéns e com certeza nois veremos novamente na VVR, forte abraço.

  19. MARIO CUSTÓDIO disse:

    Adamo, SENSACIONAL. Pena que as empresas de ônibus não tem mais sua própria identidade, fazendo com que possamos perceber “nossos” ônibus, os ônibus que vão para “nossos” bairros ou cidades à distância. Lembro-me da AVVA – AUTO VIAÇÃO VILA ALPINA S.A. (não é a VIAÇÃO ALPINA, sua sucessora). Com seus ônibus azul claro e branco, alguns com uma faixa amarela, faziam as rotas VILA ALICE (1) JARDIM DO ESTÁDIO e VILA LINDA (2) VILA ALPINA, além da linha VILA JUNQUEIRA – ESTAÇÃO, iniciada em meados dos Anos 70. As linhas procedentes do Jardim do Estádio e da Vila Linda, nos horários de pico, vinham com o letreiro ESTAÇÃO, pois faziam ponto final na Estação de Santo André, onde por sinal era a garagem, na Rua Itambé. Dali os carros era ou recolhidos ou retornavam para fazer nova viagem, já que poucos tinham carro e usávamos, e muito, os queridos ônibus d’antão. Andei muito nos Bossas Novas, Jaraguás, Nicolas, Belas Vistas ou San Remos. Quando os Belas Vistas chegaram, foram o máximo, cheirando a novos, motor pouco barulhento, o carro 74 era o melhor deles. Na linha da VILA JUNQUEIRA foram colocados Striulis, com a cor azul um pouco mais escura que os demais da frota. Aliás, a VILA ALPINA ia pela Rua das Hortênsias e Rua Braúna. Outra empresa da época, a VIAÇÃO SÃO JOSÉ DE TURISMO S.A. (a mesma VIAÇÃO SÃO JOSÉ DE TRANSPORTES, sua sucessora), também começou a fazer a linha VILA JUNQUEIRA – ESTAÇÃO, porém, esta chegava na Vila Junqujeira pela atual RUA JURUBATUBA (de Santo André), que acabava de ser asfaltada, permitindo que os NICOLAS SÉRIE OURO e NICOLAS SÉRIE PRATA da SÃO JOSÉ subissem o morro no sentido da Vila Junqueira, cuja entrada se dava pela Rua Dias da Silva, até então em paralelepípedo. Histórias importantes para a história dos transportes, na época com suas empresas de ônibus perfeitamente identificadas, permitindo aos passageiros tomar o ônibus mais rapidamente, aos sistema como um todo ser mais rápido e aos empresários gastarem menos com combustível, freios e pneus. E, ainda, como nos dias de hoje, a Secretaria de Transporte da Prefeitura com o controle do sistema. Porisso, PADRONIZAR AS CORES DAS EMPRESAS DE ÔNIBUS COM TODOS OS ÔNIBUS IGUAIS NÃO É, NEM DE LONGE, INTERESSANTE PARA O SISTEMA. PELO CONTRÁRIO, PADRONIZAR DO JEITO QUE SE FAZ, COM TODOS OS ÔNIBUS IGUAIS, É PREJUÍZO PARA TODOS. DEVERIA SER POR EMPRESA (PODE SER EM CONSÓRCIO, COMO HOJE EM DIA, MAS CADA EMPRESA IDENTIFICADA COM SUA PRÓXIMA IMAGEM VISUAL. Enfim, PARABÉNS POR MAIS ESTA REPORTAGEM. Mario Custódio (Pesquisador sobre Transporte Coletivo por ônibus desde 1969).

    1. Sérgio Santo André disse:

      Caramba Mário, estamos desbravando a história do transporte em Santo André !!! Eu lembrei de mais um capítulo dessa história, justamente com a Viação São José de Transportes. Vc deve se lembrar da pintura antiga da empresa, com a lateral em aço escovado e faixas azul claro e azul escuro, além do itinerário escrito a mão no para-brisas, e que a mesma tinha Caio’s Gabriela I, motor traseiro, com o para-brisa dividido, sendo a parte superior e a parte inferior de onde podia se avistar o painel do ônibus. Utilizei muito essa linha na minha infância, passando pela estação de Utinga da CPTM, na época Santos-Jundiaí e depois RFFSA, quando existiam as porteiras na avenida da Paz, e na época em que a avenida Goiás em São Caetano do Sul era mão dupla e eu e minha mãe embarcávamos sentido Santo André no ponto de ônibus que havia em frente a extinta Tecelagem Nice, hoje, Centro de pesquisas da General Motors…ah que saudades…

  20. Sérgio Santo André disse:

    Só mais uma, alguém se recorda das janelas coloridas dos monoblocos da CMTC, nos Bela Vista da viação “Bola Branca”, que eram de plástico verde, ou azul, ou ainda em laranja (se não estiver enganado), e ficavam na parte superior das janelas e tremiam prá caramba ??? Essa imagem nunca me saiu da cabeça !!!!!

  21. Paulo Gil disse:

    Adamo e amigos do Blog, boa noite.

    Tudo bem? Desejo a todos que sim.

    Sensacional o post “O MOTIVO DE GOSTAR DE ÔNIBUS”, bem como todos os 34 comentários publicados até o momento.

    Bom, não resisti e vou contar a minha história.

    Eu não sei o motivo porque eu gosto de ônibus; a única coisa que eu sei é que gosto de ônibus desde criança, e viajar de ônibus até hoje pra mim é algo mágico.

    Ao embarcar com meus pais no ônibus eu guardava minha chupeta no bolso, pois tinha vergonha que o motorista e o cobrador vissem, pois achava eles o máximo e queria ser visto por eles como um deles e não como uma criança.

    Já naquela época eu me sentia como se fosse um deles e tão importantes como eles, tal o gosto e a emoção que o ônibus representava para mim naquela época e continua representando até hoje.

    Quando pequeno viaja nos “Nicolas Cabinados” da Viação Nacional S/A de Osasco (aprendi o termo “cabinado” hoje ao ler o comentário efetuado pelo Sr. Sérgio Santo André).

    Fui crescendo e utilizava os Super “B” OH 321 Mercedes Benz:

    1) Viação Santa Brígida (à época vermelho e prata) quando meu pai me levava à escola e quase sempre tomávamos o carro 47 e tanto insisti com meu pai para ele comprar um bilhete da loteria federal com final 47 que ele acabou comprando; resultado acertamos a dezena e até hoje o 47 é o meu número preferido.

    2) Viação Gato Preto (vermelho e bege) com nomes femininos em cada carro, catraca Capelinha cromada, rodas pintadas em 2 cores alumínio e vermelho alaranjado (roda, aro do pneu e porcas), com o logotipo interno de um gato preto estilizado, chapinha de patrimônio do Grupo Gatti De Nigris fixado internamente na coluna dianteira do lado do motorista, bancos azuis com mola, dados da empresa pintados por um ótimo letrista e com um tipo de letra inesquecível, o banco dos bobos e sempre impecavelmente limpos (como era bom viajar num carro limpo).

    Li uma vez que o Sr. Luiz Gatti, colocou o nome de uma namorada no primeiro carro e daí ele continuou a batizar todos os carros. (lembro-me dos Françoise e Turgapaola).

    3) Ainda falando dos Super “B” OH 321; Viação Útil (azul cinza e branco); Viação Urbana Penha (verde e amarelo), Viação Leste Oeste (azul e branco) Viação ABC (de São Paulo – azul e branco) e outros.

    Depois vieram os monoblocos OH 352 da Gato Preto, da Hamburgueza, CMTC, Leste Oeste, Gatusa e outras; após os O 362 da Gato Preto, Viação Castro, CMTC (compraram 1 lote inteiro), Viação Urbana Penha, Viação Campo Belo, Viação Castro,Tupi -Transportes Urbanos Piratininga, Viação Alto do Pari, Viação Santa Cecília Auto Viação Pompéia, Transcolapa e outros.

    Sem contar os Striulis, Caio (Jaraguá, Bela Vista, Gabriela, Amélia), os Monikas I, II e III fabricados pela CMTC, Grassi, Marcopolo Veneza, Nimbus, Carbrasa, Incabasa (nunca gostei e nem sei de onde surgiu), Ciferal, Metropolitana, Thanco, Incasel, Mafersa, Carbrasa, tróleibus importados e nacionais (Massari, Striulli, Monikas, Mafersa) e outros.

    Aqui lembro dos carros onde algumas partes eram sem tinta – chapa natural e polida.

    Quando estava no antigo ginásio, voltava para casa com os ônibus da Viação Castro e eu era amigo do Sr. Lima um motorista nota 10 e tinha um outro motorista que enfeitava o carro (um O 362 novinho), com franjinhas, bola do cambio de acrílico com um escorpião dentro, cortina no vidro da proteção do motorista e neste vidro estava escrito “DJANGO”; todos os estudantes da Vila conheciam ele.

    Como diria o Lilico “Tempo bom, não volta mais…”

    Já adolescente, eu tinha carteirinha do Juizado de Menores para viajar sozinho e embarcar na ex Estação Rodoviária Júlio Prestes, nos O-362 executivos intermunicipais da Viação Santa Clara (um braço da Viação Nacional).

    Eu vi a Himalaia Turismo nascer, com carros Nicolas usados das Viações Nacional e Santa Clara, os números de alguns me lembro até hoje; 14-C; 70 B (azul e creme), depois veio um OH-321, O-362, os Nilson Diplomatas, até o Nilson grandão (1800-B) já com a pintura nova – branco, marron e vermelho com aquele círculo no meio do carro (só não sei o significado das letras).
    A garagem era próximo da minha casa na avenida e no ano novo eles faziam um buzinaço com as buzinas a ar, muita emoção para um moleque só.

    Em 1973 fui a Brasília assistir um primo meu competir numa prova de corrida, mas chegando lá vi um monte de ônibus estacionados de quase todo o Brasil.

    Não tive dúvida emprestei a filmadora Super 8 do meio tio e fiz 2 filmes só de ônibus, consegui resgatá-los com o meu tio, até hoje não assisti, pois precisa ser convertido para os sistemas disponíveis hoje, mas deve ser uma pérola (se ainda houver qualidade para assistir).

    Não prometo quando, mas se conseguir converter e for possível ver as imagens, enviarei ao Adamo para publicar aqui no Blog.

    Meu pai trabalhava perto da ex Rodoviária Júlio Prestes e por lá eu andava de plataforma a plataforma e demais dependências observando e “babando” com aquelas maravilhas da época.

    Em termos de rodoviários era emocionante ver meu pai embarcar num Elizário da Viação Minuano, com destino a Porto Alegre e eu não sossegava enquanto não entrava dentro daquela obra prima da Elizário, minutos antes da partida.

    Ainda falando dos rodoviários, os mais marcantes para mim foram os GM da Breda que operavam no aeroporto de Congonhas, os Diplomatas Nielson (depois popularmente chamados de “Nilson”) e os O-326 e depois o O-355 (longos); um charme!

    Não posso deixar de citar o Trinox da Cobrasma, na minha opinião uma obra de arte, apesar de quadradão.

    O pior ou o melhor veio entre 1975 a 1977, quando um amigo comprou um Micro Carolina da Caio e quando o chassi estava na linha de montagem da antiga fábrica da Caio na Penha eu fui ver o chassi entrar na linha de produção e visitar a fábrica, quase pirei.

    Encarroçado o Carolina foi operar em Osasco em substituição as lotações (Kombi de 6 portas), já devido a necessidade de oferecer maior capacidade de assentos.

    Não deu outra, eu cabulava aula para andar no Carolina, como cobrador e “puxar” o carro no ponto final.

    O motorista do carro (Duarte) era super caprichoso. Naquela época muitas ruas eram de terra e quando chovia ele colocava serragem no chão do carro, para não sujar de barro o assoalho e facilitar a limpeza, pois ao tirar a serragem o assoalho estava limpinho (naquela época ainda se passava óleo Diesel para o assoalho ficar pretinho e os trilhos brilhando.

    Além disso, no ponto final toda viagem o carro era varrido e passado um “Bom Ar”, no carro; sem contar uma fita que continha uma música que começava com uma freada e batida de carro e depois vinha a música (as garotas adoravam).

    Havia passageiros que esperavam o “nosso” (quem me dera) carro para embarcar.

    Um dia falei para ele, vamos batizar este carro de “Rexona” pois ele é cheiroso e sempre cabe mais um (parafraseando o slogam da propaganda do sabonete).

    Para minha surpresa e alegria ele mandou pintar o nome “REXONA” nas laterais da frente embaixo da primeira janela do Carolina.

    Conclusão: Sucesso total o “REXONA” era conhecido por todos.

    Lembro como se fosse hoje, numa viagem levamos 81 passageiros num Carolina de 29 lugares; não dava para nem fechar a porta (única) – o caixa começou zerado e no final contabilizamos oitenta e um cruzeiros à época.

    Resultado de tudo isto, eu fui reprovado dois anos seguidos na escola.

    Muitas vezes já sonhei que estava dirigindo um ônibus, minha carteira de habilitação sempre foi “D”, desde a primeira.

    Uma coisa que me fascina é dirigir um carro rodoviário, cabinado, 3 eixos, madrugada a fora – essa é a profissão que eu deveria ter seguido (um dia realizo meu sonho).

    A origem da palavra ônibus, do latim omnibus, significa ‘para todos’.

    Fonte: em 25.09.12 às 20: hs:

    http://www2.rodoviasevias.com.br/revista/materias.php?id=734&rvc=37
    O significado da palavra ônibus “PARATODOS”, não poderia ser melhor, pois no ônibus todos estão e tudo acontece.

    Numa viagem de ônibus a Anápolis – GO, ouvi uma conversa de um passageiro que ele estava levando para um amigo uma garrafa de pinga com caranguejo e como ele era caminhoneiro essa garrafa vinha com ele desde o nordeste.

    Lá pelas tantas da madrugada essa garrafa caiu do bagageiro interno e “puft” quebrou; não preciso continuar né, terminamos a viagem com aquele cheiro de cachaça e caranguejo ou caranguejo e cachaça; bom tanto faz o cheiro era ruim mesmo.

    Somente em um ônibus uma coisa dessa pode acontecer, afinal ele é PARATODOS.

    Uma vez voltando de Presidente Prudente o motorista (piloto) dirigia com uma perfeição incrível, ele mudava de faixa e nem um tachão e acertava, parecia uma pluma.

    Não tive dúvida, ao desembarcar na rodoviária do Tietê fui cumprimentá-lo e parabenizá-lo pela sua categoria e ele me mostrou seu crachá e disse 20 anos de Andorinha – nuca mais vou me esquecer.

    E assim como ele tantos motoristas exemplares existem.

    Colaborando com meus amigos Willian e Sergio Santo Andre, também vou dar a receita do ônibus que eu usava quando moleque.

    Uma bicicleta Caloi dobrável aro 20, um cano de máquina de lavar roupa fixado sob pressão no bagageiro o qual era a alavanca de câmbio (em curva) , 2 pregadores de roupa os quais funcionavam para abrir e fechar as portas (claro, o barulho do ar comprimido era imitado com a boca), mais um pregador e um fundo de caixa de sapato onde se escrevia o letreiro e o mesmo era prendido com pregador no símbolo da frente da bicicleta.

    Se sou “busólogo” eu não sei, pois não conheço tantos detalhes como outras pessoas conhecem, mas sei que adoro ônibus.

    Até o cheiro do Diesel numa Rodoviária é uma delícia.

    Após aposentar pretendo inicialmente comprar um Micro para realizar meu sonho.

    Se eu ganhar na sena, eu compro um Scania, 3 eixos, Paradiso G7 daquele modelo que o último eixo fica mais ou menos a 1 metro do fim do carro (não sei se será verde e prata ou azul e prata) e viajarei o Brasil todo até meu último dia, deixando um testamento para que o Buzão seja doado para Santa Casa mais próxima da minha última parada.

    Também compus uma música para os motoristas de ônibus do Brasil, a qual estou tentando vender para uma dupla ou solo sertanejo, para me ajudar a conquistar meu sonho: o meu Buzão!

    Bom a empresa e o carro que mais me marcou foi a Viação Gato Preto (do tempo do Sr. Luiz Gatti) e o charme do Super “B” OH-321, claro que com a pintura da Gato Preto.
    Parabéns ao Sr. Nelson artesão; eu já fiz um scholl bus em madeira só falta montar, dar a última mão de tinta e verniz, a próxima peça será o Super “B” OH-321 da Gato Preto (do tempo do Sr. Luiz Gatti).

    Aqui cabe lembrar que cores padronizadas são horríveis, principalmente na era dos adesivos, sem contar a inibição da criação humana.

    Sempre que posso envio sugestões à SPTrans, pena que em sua maioria não são atendidas.

    Desculpem.

    Sei que me alonguei mas a emoção do tema, não me permitiu ser sucinto, e também porque quis compartilhar minha história com os outros amantes do BUZÃO.

    Forte abraço a todos!

    Paulo Gil

    1. Antonio Filho disse:

      “Até o cheiro do Diesel numa Rodoviária é uma delícia.”
      Cuidado amigo! De acordo com a ONS, pode ser que fumaça de diesel cause câncer. =P
      Se for grudar num escapamento, que seja de um Euro 5. =D
      Abraço.

  22. Marcão Estância disse:

    Todos os comentários no faz viajar no tempo e de”onibus” meus brinquedos meus pais sabiam, tinha que ser onibus, meus amigos me admiravam com meus briquedos,e acabavam largando os deles para bricarem com os meus, agora a empresa amigos, há…..quem conheceu pode falar “E.A.O.Mogi das Cruzes S.A” os motoristas chegavam apostar o valor da viagem para ver que chegava primeiro no Pque, via Penha ou via Ferraz? não podia perder ponto, e o fiscal subia e perguntava: como estão os pegas? eu ficava extasiado, testemunhava motoristas de outras empresas como passageiros no Mogi, só para curtirem a viagem, Grassi argonauta, Caio Jaraguá, Caio Bela Vista, Nicola série ouro, Carbrasa, monoblocos 0321, 0352, 0362, 0364, Marcopolo Veneza, Ciferal Urbano, todos esses modelos viajei, mas teve Striulli, que apenas observei, bons tempos, muitas histórias……

  23. FERNANDO disse:

    AO ADAMO E TODOS AMIGOS , SAUDAÇÕES. EU NASCI BUSÓLOGO SOU ATÉ HOJE APAIXONADO POR ONIBUS , COMECEI COM QUATORZE ANOS COMO COBRADOR DA E.A.O VILA CARRÃO E APOSENTEI COMO MOTORISTA NA VIAÇÃO PIRACICABANO. AOS OITO ANOS EU DE LONGE IDENTIFICAVA PELO PREFIXO TODOS MAS TODOSMESMO OS CARROS DA E.A.O. VILA CARRÃO. ME LEMBRO DE QUANDO O FERRAIZÃO E O ITAQUERINHA TROCAVA A FROTA E ERA UMA COISA MUITO LINDA. OS JARAGUA, OS CARA-PRETA OS AMÉLIA OS GABRIELA I E II QUE O FERRAIZÃO IA DO P.D.PEDRO AO J.ARICANDUVA EM TRINTA MINUTOS. QUE SAUDADES. CONHECI TODAS AS EMPRESAS DE ONIBUS E ME LEMBRO DE TODAS. E TRABALHEI EM AULGUMAS DELAS. A MAIS BONITA VILA EMA COM SEUS CARROS DE FORMICA VERMELHA NO INTERIOR. A MAIS POBRE E.A.O. V.CARRAO QUE OS PASSAGEIROS EMPURRAVAM OS CARROS QUANDO MORIAM NO SEMAFORO. A MAIS REDICAL A AUXILIAR COM SEUS D11000 QUE DETONAVAM NAS CURVAS DA SAPOPEMBA A MAIS ARISTOCRATICA GATO PRETO QUE SÓ TRANSPORTAVA A ALTA SOCIEDADE DE SP. A MAIS LUXUOSA INTERCONTINENTAL COM SUA FROTA TODA COM CALOTAS CROMADAS E A GRANDE MAE CMTC QUE TINHA UMA DIVERSIDADE DE CARROS COMO NUNCA HOUVE E NUNCA MAIS HAVERA OUTRA. ISSO TUDO FORA O QUE VÍ E VIVÍ NO VOLANTE DE MUITOS DELES . TENHO SAUDADES. ABRAÇOS A TODOS.

    1. Paulo Gil disse:

      Sr. Fernando, Bom dia.

      Parabéns pela sua história, suas emoções devem ter
      sido bem aproveitada.

      Se o Sr. ou alguém tiver uma foro de um carro da Intercontinental,
      eu adoraria ver, parece que eram caprichosos.

      Poxa é mesmo a fórmica vermelha da Vila Ema, andei poucas
      vezes, mas o seu comentário me fez sentir novamente
      dentro de um deles.

      Aparece na VVR – 2013 (exposição do ônibus antigo) no final do
      ano(novembro/13) para nos conhecermos, será muito legal.

      Assim o Sr. conta mais detalhes da Internacional.

      Tinha também aqui na Lapa de baixo uma empresa com as cores parecidas com a da Gato Preto, mas tinha uma faixa preta também, e eu não consigo lembrar o nome; se o senhor souber manda para nós.

      Abçs,

      Paulo Gil

  24. Luís Moura disse:

    Qdo achar uma miniatura de ônibus bem legal, vou comprar pra vc, Ádamo!

  25. Jorge disse:

    A minha história é bem parecida com a de muitos busologos.Também achava que só eu gostava de ônibusMas aqui em Londrina conheci alguns busologos e na Internet também.Minha empresa favorita é a Francovig que não ópera mais em Londrina.Ônibus é minha vida.
    Sou apaixonado por Caio Alpha e Busscar Urbanuss Pluss.

  26. Jorge disse:

    Recentemente visitei a TCR de Rolandia e pude sentir de novo o ronco do Caio Vitória.Show.

  27. Eu também gosto de ônibus desde que era ainda muito pequeno. Meu pai era motorista da empresa “Auto Viação Metrópole”, linha Utinga (estação) até o Parque Dom Pedro II. Anos depois esta empresa foi vendida para a “Transportadora Utinga Ltda (TUL)” e meu pai foi transferido para a “Empresa Paulista de Ônibus” que era a antiga “dona” da Metrópole. Eu gostava muito de andar de ônibus com o meu pai dirigindo. Nossa, eu conhecia todos os ônibus da empresa, número por número, qual era de qual linha. Meu tesão era poder ir na garagem e ver todos aqueles ônibus estacionados, ou quando o fiscal pedia pro meu pai virar o itinerário para “especial” e seguir até determinado ponto, podendo seguir por ruas fora do caminho normal. Yesss… rsrsrsr. Eram os “viras”. Nessa época vim a saber o que eram ônibus “bonecos”: Eram aqueles antigos, já fora de uso, que ficavam encostados na garagem, fornecendo suas peças boas para os outros que ainda rodavam. Procuro fotos dos ônibus da “Auto Viação Metrópole”, mas ainda não encontrei nenhuma. Alguém tem ou sabe onde posso encontrar? Em tempo: No meu entender a padronização das pinturas, nas empresas municipais ou metropolitanas, acaba com uma parte bonita da história e com um colorido bacana das cidades. Penso que as empresas poderiam ter a pintura e cor que bem entendessem, apenas com alguma identificação do sistema a qual pertencem. É isso.

    Wanderley Paulo Rezende – wanderleyprezende@ig.com.br

  28. Glaucio Oliveira disse:

    Muito legal Adamo sua história e dos outros que comentaram.Também desde que me conheço por gente que gosto de ônibus.Moro em Taboão da Serra,início da BR 116 e com 7 a 8 anos em 1970 a rua que morava era travessa da rodovia,o que permitia ver bastante onibus urbanos e rodoviários das empresas que iam pro sul do país.Os urbanos eram da soamin que iam pra embu e itapecerica e os da tupã que eram do mesmo dono,o velho nogueira.A viação tupã fazia as linhas de taboão,todas sem asfalto e todos os 37 dessa época tinham a porta depois do motor e era uma variedade de carrocerias,mas a maioria era nicola.Na soamin era o contrário,tinham a porta como é hoje,tinha muito carbrasas e só andavam no asfalto.Meu pai trabalhou na soamin e era muito querido pelo dono ,começou trabalhar com ele quando era dono da viação osasco e veio prá soamin como secreta,fiscal que via se o cobrador dava as fichas prá todos os passsageiros. Brincava muito de motorista de onibus parado e as vezes fazendo meus itinerários nas ruas próximas,ao ponto de um louco me dar um empurrão prá eu não atropela-lo com meu onibus kkkk.Minha tia morava na zona leste e minha alegria era ir prá lá nos monika da cmtc com aqueles motores dianteeiros enormes de fnm na linha Belém,hj 702C e pegar no parque dom pedro outro monika igual prá vila talarico no maior cacete na radial leste.Cheguei a andar na linha do Belém em um fnm com motor traseiro,não lembro da carroceria.
    Sobre Santo André ,cidade que gosto muito e agora tõ doido prá ir inaugurar os torinos 2014,gostava muito de ir prá andar nos onibus da Príncipe de Gales que só tinha nicola e venezas todos lindos,com nomes e frases no vidro atrás do motorista e tinha um dos nicolas que eles conseguiram por a tampa do motor baixa como dos modelos novos e a alavanca do cambio reta.Um serviço caprichado e que não era possível naquele modelo quando foi fabricado.Os primeiros venezas que sairam e os bela vista tinham o motor alto e alavanca de cambio igual o do caminhão 0321.O ano passado consegui andar no torino da parque das nações e fiquei impressionado com a conservação dele pelo tempo de uso .O carinho da Príncipe de gales pelos nicolas venezas criou raiz em Sto. André.

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