Governo precisa definir o que é realmente prioridade na política de transportes no País

Onibus atolado

Ninguém é contra que o País invista em transportes modernos como o trem bala. Mas isso deve ser feito depois que problemas básicos do setor estejam sob controle, como as condições das estradas e dos aeroportos. Imagens como estas são comuns ainda no dia a dia de passageiros e transportadores. Reprodução de vídeo

Ônibus e caminhões continuam atolando nas estradas
Ninguém é contra investimentos em meios de transportes modernos, como o trem bala, desde que o País esteja com o básico em ordem
ADAMO BAZANI – CBN
Nesta semana, o Ministério dos Transportes criou a Etav – Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade. A companhia estatal, cujas atribuições são contestadas, pois poderiam ser feitas por órgãos já existentes na análise de especialistas do setor, nasceu com capital público de R$ 50 milhões e tem o objetivo de administrar e representar o Governo Federal na implantação do trem bala.
Depois de leilões frustrados pelo próprio mercado, o Governo decidiu dividir a licitação em duas partes: inicialmente a que vai escolher as empresas de tecnologia e que vai fornecer os trens, a sinalização e outros equipamentos. Com base na definição tecnológica é que o governo vai selecionar por licitação qual obra adequada.
O Governo calculou que o trem bala custaria inicialmente aos cofres públicos R$ 33 bilhões, um valor bem alto, porém subestimado. O mercado e especialistas garantem que o trem bala não deve custar menos que R$ 50 bilhões. Isso porque o projeto demanda obras civis e outros tipos de intervenção, como desvio do curso de água e alteração em linhas de transmissão de energia que não foram contabilizados no edital.
Aliás, o cálculo não correto do valor do trem bala foi um dos motivos para afastar o interesse inicial da iniciativa privada.
Avanços no setor de transportes, tão carente de modernização, são sempre bem-vindos pelos cidadãos. Mas projetos modernos e inovadores devem ser feitos depois que os problemas mais básicos de qualquer país na área de transportes estiverem sob controle, como as condições das estradas e dos aeroportos.
Com recursos tão altos seria possível equacionar situações como longas filas nos aeroportos e ameaças constantes de caos aéreo, e também evitar cenas de ônibus e caminhões atolando em rodovias que não é que não tenham pavimento, mas até o trecho de terra não recebe sequer uma manutenção.
Além disso, as precárias condições das estradas provocam acidentes, muitas vezes com mortos.
Os altos investimentos que o trem bala requer são para atender a demanda pontual entre São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. Uma quantidade de passageiros nada desprezível, mas bem inferior ao total de pessoas que precisam de um transporte melhor em qualquer parte do País.
Essa imagem em vídeo recente revela a realidade. As cenas de ônibus e caminhões atolando em estradas de terra, o que causa enormes prejuízos nos transportes de cargas e nos de passageiros, que eram muito comuns no início da história dos transportes, ainda fazem parte do dia a dia de milhares de pessoas.
O vídeo mostra carretas e um ônibus da Viação Ouro e Prata em meio a atoleiros na BR 163, no Pará.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Rodrigo Moreira Correia disse:

    Adamo, só retificando o texto, essa é a BR163, que liga Cuiabá a Santarém se não me falhe a memória.

    E essa por incrível que pareça essa é a dura realidade que ainda faz parte do cotidiano de muitos brasileiros. Sugiro aos leitores deste blog que assistam também os vídeos relacionados a este que você postou pois neles tem cenas ainda piores acerca desse assunto.

    Grande abraço e mais uma vez, parabéns pela matéria!!!

    1. Obrigado amigo. Fiz a correção.
      Forte abraço

  2. Marcos disse:

    Estamos em pleno século 21, o país “atolado” em problemas, mas não se fala em outra coisa, trem bala, copa do mundo, olimpíada etc. A exemplo do Adamo, não tenho nada contra novas tecnologias ou novos modais, também não sou contra eventos esportivos, principalmente em nível internacional, mas com o país mergulhado em tantos problemas, será esse o momento de investimentos altíssimos em áreas que não sejam de interesse da população tais como: hospitais, escolas, transporte público, segurança pública, estradas descentes e não atoleiros, que além de atravancarem a mobilidade dos passageiros de transporte rodoviário, emperra a economia e o progresso nas cidades em regiões longínquas desse país? Com essa mentalidade nós nunca vamos sair dessa situação, infelizmente.

  3. Gustavo Cunha disse:

    Boa tarde.

    Quando algo permanece há muito, sem quase nenhuma manutenção, ao tentar fazê-lo, tudo é “prioridade”, mas, se nem o básico fazemos, o que dizer, do “supérfluo” ?

    Abçs.

  4. liceucultural disse:

    nossa belas estradas affs –‘
    tomara que após as eleições tenha mudanças
    e também no transporte pq ta um lixo
    eu fico muitas horas no ponto –‘

    novo texto vejam curtam e comentem ><
    #SimplesAcessem http://liceucultural.wordpress.com/ http://antologiadevir.wordpress.com/

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