BRT sai na frente entre as obras de mobilidade. Transoeste é exemplo

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Transoeste no Rio de Janeiro sai na frente de outras obras de mobilidade e prova que sistemas de corredores de ônibus são opções rápidas, eficientes, de fácil implantação e com respeito aos cofres públicos em comparação a alguns outros modais. Enquanto alguns projetos ainda estão na fase de conseguirem licenças ou estão bem no início, primeira fase do Transoeste já será entregue no final de maio. Obras são flexíveis e não atendem apenas a demandas pontuais da Copa do Mundo e Olimpíadas de 2016. Veículos são confortáveis, modernos e estações protegem o passageiro da ação do tempo e são acessíveis para pessoas com mobilidade reduzida ou limitações visuais.

Transoeste será inaugurado em 21 de maio. Veículos vão contar com sistema que abrem o semáforo quando o ônibus passar
Sendo assim, prioridade vai ser para o transporte coletivo. Ônibus devem operar 24 horas

ADAMO BAZANI – CBN

Para o transporte público ter prioridade e agilidade, não é necessário fazer obras caras e demoradas. Também são dispensáveis viadutos ou elevados para que o tráfego do transporte coletivo seja totalmente segregado e se livre dos gargalos do trânsito.
Prova disso é o corredor de ônibus BRT (Bus Rapid Transit) Transoeste, que vai ligar a Barra da Tijuca a Santa Cruz.
A obra que faz parte das ações de modernização da mobilidade no Rio de Janeiro para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016, e também, segundo a Prefeitura, que vai reduzir o tempo de deslocamento da população no dia a dia, aumentando também o conforto, deve ter sua primeira fase entregue em 21 de maio deste ano, enquanto tantas intervenções em outras cidades ainda estão em estágio inicial ou sequer conseguiram as licenças básicas porque são obras muito complexas.
O Rio de Janeiro optou pelo BRT, corredor de ônibus, e parece não ter se arrependido da escolha planejada.
Isso porque, hoje o BRT não é apenas um canteiro por onde passam os ônibus, o que somente isso, garantiria já velocidade aos transportes públicos.
Ele é dotado de tecnologia que aumenta ainda mais a velocidade operacional dos ônibus.

SEMÁFOROS DÃO PREFERÊNCIA PARA OS ÔNIBUS:

Uma destas tecnologias, presentes no Transoeste, é um sistema que prioriza os transportes públicos nos cruzamentos da cidade.
Ela não é extremamente nova, nem cara. Mas resolve, mais uma prova que para oferecer mobilidade, não é necessário secar os cofres públicos numa só obra, ainda mais em tempos que a responsabilidade fiscal, ou seja, com os gastos do dinheiro público, se torna tão importante, que sem ela, um continente aparentemente firme, a Europa, estremeceu.
Um aparelho é instalado no vidro dianteiro dos ônibus.
Ele emite um sinal para antenas instaladas nos semáforos que fecham o fluxo para os carros de passeio e liberam para os ônibus.
Tudo é feito de maneira inteligente. O sinal é emitido a uma certa distância para que não sejam feitas paradas repentinas, evitando acidentes. O tráfego de ônibus não vai prejudicar o trânsito e causar acúmulo de carros nos semáforos. E outra coisa: a prioridade é para o transporte público, que polui menos, transporta mais gente e diminui gastos do dinheiro da população. Assim, quem optou pelo carro de passeio, que espere o ônibus passar. Afinal, o motorista particular estará sentadinho, ouvindo sua música preferida, no carro que saiu de sua garagem.

BIG BROTHER:

Todo o sistema de BRT do Rio de Janeiro será monitorado por equipamentos como GPS e câmeras. Assim, a CCO – Centro de Controle Operacional, instalado no Terminal Alvorada, vai ter uma dimensão mais precisa do serviço de ônibus, podendo agir de forma rápida em ocorrências ou mesmo tendo uma noção real da demanda e das necessidades dos passageiros para melhorar os serviços. Assim, como os transportes são dinâmicos, com o sistema, as soluções serão dinâmicas.
As câmeras também são instrumentos para reforçar a segurança dos passageiros e condutores em relação a acidentes e ações criminosas.
Mesmo assim, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro vai colocar homens fadados nas estações. Serão policiais em folga, que receberão oficialmente pelos serviços.
Das 53 estações que vão fazer parte do trajeto do Transoeste, 30 vão operar na primeira fase. O Transoeste será entregue em três fases, mas não muito distantes uma da outra. A estimativa é que já no mês de junho deste ano, o corredor esteja plenamente em operação.
Cada estação vai receber o pagamento da passagem logo na entrada. O sistema se chama pré-embarque e diminui o tempo de parada no ônibus. Quando o passageiro entrar, já terá pago a viagem, o que aumenta a rapidez no embarque. Com isso também, haverá mais espaço no veículo que não precisará ter roleta (catraca) nas linhas troncais (principais, que vão rodar por todo o corredor).

MENOS LINHAS, MAIS ÔNIBUS:

Uma das vantagens do corredor BRT é que menos ônibus podem fazer mais viagens, aumentando a oferta de transportes.
A explicação reside no fato que, em vez de vários ônibus ficarem presos no trânsito, por contar com espaço segregado, um veículo de transporte coletivo consegue cumprir mais programações de viagens.
Outro fato real no BRT é que os ônibus são maiores, também por contarem com espaço exclusivo. Veículos articulados e biarticulados podem substituir de dois a quatro ônibus de médio porte.
Com a inauguração do BRT Transoeste as linhas 882 (Santa Cruz – Barra) e 460 S (Itaguaí – Barra) serão encurtadas e vão do ponto final até o corredor. Elas se tornarão alimentadoras. Os passageiros serão transferidos gratuitamente para a linha principal do BRT.
È ganho de tempo e de espaço urbano. Em vez de vários ônibus irem para um determinado lugar sem a ocupação completa, fazendo o mesmo trajeto, ônibus de maior porte, mas em menor número conseguem levar esta demanda sem prejudicar o conforto dos passageiros. Já com trajetos menores, os ônibus em linhas alimentadoras conseguem fazer mais viagens nos bairros e enfrentam menos trânsito.
Assim, o BRT alia tecnologia e avanços na área técnica e inteligência no planejamento das linhas e distribuição da frota.
No final de sua implantação, o BRT Transoeste vai alterar 20 linhas, sendo que cinco delas serão eliminadas. Isso vai representar menos 140 ônibus que fazem a partir de um ponto praticamente o mesmo trajeto.
Isso significa dizer que o problema dos transportes nas grandes cidades não é falta de ônibus. Na verdade, ônibus tem bastante já nas cidades, Faltam espaços exclusivos e inteligência no gerenciamento da frota.

ESTAÇÕES E VEÍCULOS MAIS MODERNOS:

As estações de um BRT oferecem bem mais conforto, segurança, agilidade e acessibilidade que qualquer ponto convencional de rua.
Exemplos são as estações-tubo de Curitiba, uma solução simples implantada em 1991.
No BRT Transoeste, o primeiro dos quatro sistemas de corredores exclusivos rápidos que serão implantados, o princípio é o mesmo de Curitiba, só que com mais equipamentos.
O usuário paga a passagem antes de entrar na estação, com bilhete eletrônico, como se fosse um cartão de crédito. Ele fica protegido de sol, chuva e outras ações do clima.
Pode esperar o ônibus sentado. As estações terão telões que informam as linhas, os itinerários e a previsão de chegada de cada ônibus.
O piso da estação é no mesmo nível do assoalho dos ônibus.
Igual Curitiba, o ônibus para com suas portas na mesma direção da porta da estação, que é de vidro, e se abre primeiro.
O ônibus desce uma rampa e depois abre suas portas.
Os veículos são dotados do que é de mais moderno na indústria nacional em relação ao segmento de ônibus urbanos.
Há espaços para cadeira de rodas, cão guia acompanhante de pessoas com limitações na visão, mais espaço interno, poltronas anatômicas, lâmpadas de led, televisores lcd com programação especial para os passageiros, quatro câmeras que vão ajudar o motorista a controlar o acesso dos passageiros e câmera de ré para facilitar as manobras e evitar acidentes.
Os ônibus possuem computador de bordo, que informam ao motorista e à garagem em tempo real dados operacionais, inclusive problemas mecânicos, elétricos e de dirigibilidade que podem ser corrigidos com ações simples.
A transmissão é automática. Isso evita que o motorista de ônibus faça as diversas trocas de marchas em sua jornada diária e minimiza trancos sentidos pelos passageiros.

EXPRESSO E PARADOR:

Outra vantagem em corredores BRT modernos é a possibilidade de pontos de ultrapassagem. Assim, em vez de um ônibus ficar atrás do outro mesmo com todos os passageiros embarcados, ele pode ultrapassar o veículo da frente que não completou a operação.
Isso permite que o sistema seja dividido em linhas expressas e paradoras. E é o que vai ocorrer no Transoeste.
Dos 40 ônibus BRT especiais, 23 serão expressos. Ou seja, a viagem vai ser mais rápida ainda.
Depois de inaugurado completamente, o tempo de viagem oferecido pelo corredor, com as linhas paradoras será de uma hora e cinco minutos, metade do que é necessário hoje para percorrer o mesmo trajeto de ônibus. O BRT vai ser mais rápido que o carro de passeio na mesma ligação, o que mostra que corredores de ônibus bem planejados e não somente faixas pintadas na rua que podem ser invadidas por veículos convencionais ou corredores sem pontos de ultrapassagem podem ser mais eficientes que os transportes individuais, convencendo muita gente a deixar o carro em casa: um dos principais objetivos de uma política pública que pensa no ir e vir das pessoas com qualidade, economia, rapidez e com menores impactos ambientais.
O BRT Transoeste vai operar 24 horas por dia.
Nos horários de pico, os intervalos do parador serão de dez minutos e os do expresso de cinco minutos.
O parador funciona 24 horas por dia e o expresso das 5 da manhã a uma da madrugada.

BILHETE ÚNICO VAI OFERECER MAIS VIAGENS:

O Bilhete Único Carioca vai oferecer mais viagens no sistema de BRT.
Serão três no período de duas horas. Nos outros sistemas são duas viagens.
Isso porque as linhas alimentadores não vão contar a viagem feita anteriormente ou posteriormente no BRT.
Todas as linhas alimentadoras terão no final do número letra A.
Os ônibus das linhas alimentadoras serão modernizados e em um ano todos terão ar condicionado e serão de motor traseiro.
Em caso de quebra dos ônibus de BRT ou mesmo acidente, simulações comprovam que em até 30 minutos os problemas mais sérios podem ser solucionados com a remoção dos veículos.
Além do Transoeste, o Rio de Janeiro terá outros três sistemas de BRT.
– TRANSCARIOCA: Liga a Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional Tom Jobim. Serão 39 quilômetros de extensão pelos quais estarão distribuídas 45 estações. Capacidade estimada para atender 400 mil passageiros por dia.
– TRANSBRASIL. Os ônibus de grande porte em corredor exclusivo vão atender aos 60 quilômetros da Avenida Brasil, entre o Caju e Santa Cruz.
– TRANSOLÍMPICA: Vai interligar a Barra da Tijuca a Deodoro em 26 quilômetros, atendendo a 100 mil passageiros por dia em 18 estações.
Os BRTS do Rio de Janeiro podem não ser a solução única para todos os problemas de mobilidade do País, mas são excelentes exemplos de que sim, é possível fazer muito pelo ir e vir das pessoas, sem causar gastos excessivos nos cofres públicos.
O que um outro tipo de modal pode transportar a mais que o BRT muitas vezes não justifica a diferença maior de tempo e de custo não só de implantação, mas de operação também.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

Comentários

Comentários

  1. Sonia Lima disse:

    Excelente artigo com visão clara sobre uma estratégia eficiente, economicamente viável e capaz de atender as crescentes demandas por transporte público com qualidade e conforto. E o tempo que se leva para implantar 39 km de BRT já imaginou se fosse VLT? Precisamos de um planejamento de estado que adote como premissa de modernização do transporte público critérios economicos, técnológicos e temporais que subam a escada degrau a degrau. Se tentar pular, pode cair!

  2. André disse:

    O que contribui muito para esse sistema de transporte seria a prioridade em se usar vias que estejam com projeto de duplicação ou de criação a serem implantados serem usadas para BRTs. Ou pelo menos reservar uma área paralela exclusivamente para os ônibus, mas sem cruzamento. Até a especulação imobiliária agradesce! Outro atrativo para esses BRTs cariocas seria a adoção de biarticulados (a Volvo concorda plenamente! rsrs), chamando mais atenção do público. Sabe se a cidade comprará esses ônibus Adamo?

    Eu ja não considero viadutos, e até túneis, dispensáveis para ônibus, desde que sejam exclusivo para eles. É o chamado custo-beneficio. Caro, mas que faz toda diferença para o usuário independente de prazo. Se o metrô usa túnel e viaduto e ninguém reclama por isso, porque os ônibus também não podem ter? O expresso Tiradentes é um bom exemplo de eficiencia usando elevado. Outro argumento que reforça minha posição é a ponte estaiada paulistana: cara e subutilizada; não passa de um enfeite! Um investimento dessa grandesa seria importante para o transporte público, mas é usado para o transporte individual. Motivo é o que não falta para se construir BRT: viaturas de emergência – inclusive caminhões – teriam mais agilidade em uma ocorrência se utilizassem corredores exclusivos de ônibus, que por sua vez obrigaria o sistema a ter duas faixas por sentido e saídas em pontos estratégicos do corredor. Essas faixas adicionais seriam importante para encostar um ônibus com problema sem interferir no deslocamento dos outros ônibus.

    Se o próximo prefeito de SP não começar agir com esses brts desde o primeiro ano do mandato, a cidade reforçará o contraste de ser poderosa e atrasada, independente de outras cidades ja terem implantado esses corredores. Só metrô não adianta, tanto que os ônibus estão fazendo paese em uma linha da cptm.

    1. Luiz Vilela disse:

      Túneis e viadutos são caros e complexos, nada a ver com o modal. Tanto que podem ser construídos para uso exclusivo de pedestres. Devem ser usados quando não há melhor opção.

      Expresso Tiradentes é exemplo de ônibus rápido, seguro e previsível, mas a custo e dano ambiental incompatíveis.

  3. Luiz Vilela disse:

    Bom artigo.
    Mostra o que se pode ganhar com BRT reais sem se limitar a reclamar de VLTs. Este projeto carioca vem demonstrando competência, algo raro no setor.
    O começo é o melhor: “menos linhas e mais ônibus”. O eco deste conceito PRECISA CHEGAR NA RMSP URGENTE.

    1. O problema são as prioridades dados de fato na Região Metropolitana de São Paulo. Obras para carros ou que chamam a atenção. È isso que vemos em São Paulo.

      1. Luiz Vilela disse:

        A última obra viária de porte, digna de atenção, foi a da Marginal do Tietê.
        As pontes estaiadas por si só chamam a atenção, mas são pouco significativas como ações para a mobilidade da RMSP.

        Não há como negar que os Metrôs 5, 2 e 4 são as prioridades atuais, mas ninguém garante – pelo contrário até – que elas se beneficiarão da imprescindível integração com ônibus comuns, quem dera BRTs (não menciono Metrô 17 porque só tem um trecho, parcial, em execução).

        Acredito muito que é exatamente aí que se deve cobrar forte ações consistentes. Para não acontecerem mais estações como a Metrô Butantã: isoladas e cada vez mais tumultuadas.

  4. Marcos Bicalho dos Santos disse:

    Parabéns pela qualidade da matéria.Marcos Bicalho dos Santos

  5. Aladio disse:

    Gostaria de informar que não está previsto num primeiro momento o uso de onibus bi-articulados na transoeste, é notório que somente os articulados não darão conta da demanda de passageiros de todo o percurso, quem já viajou na linha 882, sabe bem disso.

    1. rosa disse:

      Eu sei muito bem o que é pegar esse ônibus e não desejo nem ao meu pior inimigo o uso do mesmo, pois como diria é um descaso com os trabalhadores que não tem outra opção do que se ser igualado a bois para abate!!! REVOLTANTE!

  6. Aladio disse:

    Gostaria ainda de dizer que os veículos apresentados pela prefeitura o Rio não possuem as rampas que descem antes das portas abrirem igual aos de Curitiba, isso é uma falha e um risco aos portadores de deficiência principalmente.

  7. Marcos disse:

    Prezado Aladio,
    Informo que os ônibus articulados previstos para atuarem na Transoeste, possuem rampas para deficientes. A diferença para os articulados de Curitiba (em que as rampas abrem automaticamente quando as portas se abrem) é que elas serão acionadas pelo motorista, em caso de necessidade.

  8. Ivanildo Henrique disse:

    O BRT é uma solução muito bonita de se ver no Rio de Janeiro… MAS VAI CAUSAR SUPERLOTAÇÃO DE PASSAGEIROS NOS HORÁRIOS DE RUSH!!! Esse problema ninguém vai querer!!!

  9. Caio Tácito S. de Abreu disse:

    Tenho duas dúvidas referente ao BRT TransOeste: Nos pontos dos Ônibus expresso, são duas estações segmentadas, sem conexão. Seria uma para o parador e a outra para o expresso? Nesse caso quem pegar o ônibus parador não poderá se transferir para o ônibus Expresso?

    Da estação de Campo Grande também partirão ônibus expressos, ou só paradores?

  10. affonsonunes disse:

    É raro ver um jornalista tratar da questão da mobilidade urbana de maneira tão elucidativa como faz o repórter Adamo Bazani. Optou pela informação, direta e objetiva, e contextualizando o opção do Rio de Janeiro pelo BRT. Está de parabéns!
    Ass. Affonso Nunes, coordenador de Comunicação Social da Secretaria Municipal de Transportes – Rio de Janeiro

  11. Cansado de ser enganado disse:

    O comentário do ID 178.195 …. não pode ser publicado por conter termos desrespeitosos.

    Se o internauta se identificar e ponderar melhor pode ter sua manifestação publicada.

    Abraços

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