História

AS GRANDES COMPRAS DA CMTC QUE DITAVA A TENDÊNCIA E EVOLUÇÃO DOS TRANSPORTES NA AMÉRICA LATINA

ônibus

Lote de Amélia Volvo B 58 da CMTC, nos anos de 1980. As compras da CMTC além de se destacarem pelo volume de veículos adquiridos, traziam novos produtos e conceitos de transporte com vistas à economia, meio ambiente e bem estar de funcionários e passageiros. Acervo: Paulo Vidal – Texto: Adamo Bazani.

As grandes compras da CMTC
Empresa operadora municipal de São Paulo tinha o poder de determinar tendências no mercado de transportes e elevar modelos de ônibus ao sucesso ou rebaixá-los ao fracasso

ADAMO BAZANI – CBN

Não é saudosismo. È fato! A CMTC – Companhia Municipal de Transportes Coletivos – foi um dos maiores fenômenos do transporte não só em São Paulo e no Brasil, mas em todo o mundo.
Seu tamanho, operando a maior frota pública da América Latina, e sal atuação e influência faziam da CMTC ponto obrigatório de visitas de delegações de profissionais do setor de transportes de várias partes do mundo.
Infelizmente vítima das condutas viciosas da máquina pública, de gastar mais que arrecada, criar cabidões de emprego e de um pensamento no mínimo desprezível de encarar o dinheiro público com dinheiro de ninguém, mas que todo o mundo pode mexer, em boa parte de sua a atuação, a CMTC acumulou déficits e problemas administrativos que fizeram com que o ícone dos transportes acabasse entre 1993, com a venda dos ônibus, linhas e garagens, e 1994, com a venda dos trólebus.
A empresa que foi criada em 1946 e começou a funcionar em 1947, assumindo o patrimônio de bondes e linhas desprezado pela canadense Light and Power Co. e reorganizando os transportes por ônibus, chegando a operar 90% do sistema, implementou uma nova metodologia de transportes que nasceria tarde frente ao crescimento urbano acelerado e desorganizado e foi responsável pela cidade de São Paulo, apesar de suas carências e defeitos, ter orgulho de uma empresa de transporte que era a marca da cidade.
O pioneirismo no uso do trólebus, que começou a operar de forma comercial na cidade em 22 de abril de 1949, na utilização de combustíveis alternativos ao petróleo, que foi desde o gás natural, passando pelo etanol, pelo diesel de fontes renováveis até o gás de lixo, o metano, mostrou que a CMTC era sinônimo de um investimento com vistas a melhoria da qualidade de vida da população, que não seria feito, por limitações econômicas ou pelo pouco interesse em aplicar no novo que custe mais por parte dos empresários particulares de ônibus.
Apesar de onerar os cofres públicos, não foi esta a causa de a CMTC ter quebrado. Nem sua participação como fabricante de veículos, a exemplo dos trólebus em 1963 e do Mônika a partir de 1967.
Pelo seu tamanho e por contar com operadores e técnicos de grande capacidade, a CMTC tinha o poder de determinar o mercado de ônibus brasileiro. Muitos empresários esperavam primeiro a CMTC comprar determinado ônibus. Se os profissionais da Companhia o aprovassem, então era sinal de que o modelo era bom.
Além disso, as grandes compras e reformas de frota da CMTC mexiam de forma significativa no mercado, fazendo com que empresas fabricantes crescessem ou amargassem sérias dificuldades.
O cancelamento de uma encomenda de mais de 100 carrocerias de trólebus foi apontado como um dos motivos para a falência da Ciferal em 1982, aliado à problemas administrativos,
Quando um modelo era comprado pela CMTC, no entanto, era sinônimo de sucesso para a indústria brasileira.
E em sua história foram várias as aquisições. Pouco depois de ser criada, em 1949, além de adquirir dezenas de trólebus, a CMTC comprou 200 ônibus diesel. Nos anos de 1950, foi a vez da subsidiária da italiana Siccarr vender mais de 100 veículos à cidade de São Paulo. Em 1978, um recorde histórico: foram comprados 2 mil ônibus Monobloco O 362 da Mercedes Benz, a maior encomenda individual da marca alemã. Em 1982, novo destaque. Foram 250 monoblocos Mercedes O 364 e 100 ônibus Padron II, que agregavam para a época modernidade, segurança e conforto pouco vistos em ônibus urbanos, modelo Caio Amélia sobre chassi Volvo B 58, dotado de suspensão a ar, como na foto.
Se o mundo dos ônibus fosse como o mundo da moda, a CMTC era quem lançava tendências e brilhava nas passarelas.
Adamo Bazani

Comentários

Comentários

  1. Paulo Gil disse:

    Saudosismo não, pura atualidade.

    As condutas viciosas ainda estão na ativa, apenas com novo nome.

    1978, inesquecível, os o 362, além 0km eram ótimos.

    Os Amélias, nem se fala, amplos e com bancos altos e macios motor Volvo deitado, incompráveis às atuais carrocerias, as quais são tão estreitas que mais parecem “pão de forma”, foram o desconforto dos bancos – baixos, curtos e apertados.

    Volta Amélia!

    Grato

    Paulo Gil

  2. Rodrigo de Freitas Andrade disse:

    Numa situação em que vivemos na area 4 de São Paulo, onde simplesmente o Consórcio Leste 4 abandona as linhas que não querem operar, por julgarem não lucrativas – o que é um absurdo pois o transporte público é uma prestação de serviços ao munícipe cidadão, além de que a prefeitura dá subsídios suficientes para que estas linhas de pouco menos demanda continuem atendendo a população – a volta da CMTC para garantir a operação destas linhas indesejadas pelo Consórcio Leste 4 mas importantes à população, seria um grande alento para garantia de uma lei constitucional:
    Transporte: Direito do Cidadão, Dever Do Estado.

  3. Luiz Vilela disse:

    CMTC foi ótima em aproveitamento energético,excelência mecânica e conforto. Mas totalmente omissa na integração de modais de transporte público. E se isolou nos ônibus grandalhões, que certamente não se adequam a qualquer trajeto. A melhor herança são os trólebus, perfeitos para BRT/corredores.

  4. Claudio Eduardo de Almeida disse:

    A respeito do lote de compra da CMTC, aproveito para informar um fato estranho na Novo Horizonte.
    O veículo 44503 da linha 3222/10 Jd. Marília – Term. Pq. D. Pedro II, tem um adesivo de informação na sua lateral: Operação Nov/2010.
    O que me chamou a atenção foi a fabricação: “”2003″”.
    Isto mesmo, um veículo fabricado em 2003 veio circular nas ruas de São Paulo em 2010.
    Onde ele ficou este tempo todo?
    O problema que ele lembra os antigos veículo da Campo Belo com ar condicionado. Seria inevitável pensar que ele estava na garagem da Campo Belo, foi reformado para não apontar vestígio algum de uso em período anterior, e que foi pintado com as cores da área 4. Veículo Novo

  5. MARCOS GALESI disse:

    A CMTC é uma empresa pública que faz muita falta à cidade de São Paulo, o que falta é um prefeito com coragem que queira fazer uma re-fundação da CMTC.
    A SPTrans infelizmente é uma empresa que se atrela as empresas de ônibus, fazendo muitas vezes tudo que o empresário manda.
    A grande questão é: QUAL O VERDADEIRO MOTIVO PARA A NÃO VOLTA DA CMTC?????

    MEU PEDIDO HUMILDE A DEUS E AO PREFEITO QUE TIVER CORAGEM:

    VOLTA CMTC.

    1. Renato Luiz disse:

      corrupção. Lembra que a CMTC era um cabide de empregos?era uma empresa inchada, mas muita gente ganhava sem nem bater cartão. Graças ao Maluf foi desativada.

    2. Boa tarde sr-Marcos Galesi,venho por meio désta dar o meu palpite,eu tambem gostaria muito que isso acontecese,mas os prefeitos de são paulo que entram só quer saber de encher os cofres,,mas não sei ki cofres né,por isso ele estão pouco ligando pra isso,se o meu eselentissimo prefeito dr JANIO QUADROS estivésse vivo eu duvido e botava fé que a (C M T C) estaria ai com nóis á todo vapor,e com carros nóvos e tambem restaurava todos os carros que ainda dava pra rodar,como os trolibus,articulados que apodreceram nos patios etc………………………..obrigado e valeu..(VOLTA CMTC)

  6. Marcos Elias disse:

    Eu sou a favor de transporte público ESTATAL. Nada de terceirizado/privado.

    Serviço essencial, sem concorrência, deveria ser estatal. Sem intenção de lucro. O que lucrar seria investido no próprio sistema. Além de permitir tarifas mais baratas, já que não precisaríamos desperdiçar parte dos nossos suados salários para sustentar ricos empresários.

    Concorrência… Transporte público não deveria ter concorrência – e não tem como ter, linhas são diferentes, se depende de uma e ela é mal operada, toda a população dependente dela fica na mão. Não é como operadora de celular ou loja comercial onde você tem várias. Você fica subordinado à empresa ou cooperativa que opera a linha que passa no seu bairro.

    Só uma empresa PÚBLICA teria condições de oferecer um transporte eficiente, sem preconceitos, sem brigas com regiões. Um exemplo: não pode ter trólebus na 9300 basicamente por causa da operadora, mesmo com a rede lá (precisando de reparos, mas boa parte tá lá). Se fosse algo público, isso não seria problema. Com o interligado muitas linhas intersetoriais foram seccionadas e canceladas. Ah, maravilha a integração com o bilhete único, sem dúvida, mas parte da realidade disso era para que uma linha não prejudicasse a área de outro empresário. Ou seja, obriga a população a fazer transbordos muitas vezes desnecessários (embora os seccionamentos bem planejados são sim, muito úteis, mas não foram os casos de boa parte das linhas mudadas em SP de 2002 para cá).

    Fora alterações de itinerário que prejudicam a população. Linhas de empresas concorrentes que levam ao mesmo destino muitas vezes precisam ser colocadas em ruas distantes ou usar nomes diferentes dentro do mesmo bairro, só pra não prejudicar a concorrência. E linhas novas ou alteradas não podem prejudicar muito as atuais… Sempre têm que passar fugindo das linhas concorrentes, tudo por causa do maldito dinheiro.

    Se a empresa quer cancelar a linha, ela cancela e pronto – o CL4 é a maior prova disso. Se não cancelar totalmente, cancela virtualmente, como a 4301 e 2290/41, linhas fantasmas. Mas há tantas outras linhas mal operadas… 575C da Via Sul, 9300 da Sambaíba, entre tantos outros exemplos em qualquer área, onde qualquer um constata que há algo errado. Má vontade, carros inadequados (como na 309T, 3539, 3390, 3391… citando só leste porque são linhas que vejo DE PERTO, sem falar de locais que não sei ou não acompanho).

    Deveria ter ao menos uma “CMTC”, uma empresa pública, para assumir as linhas rejeitadas pelas empresas. Tinha que ser assim: “opera bem, de acordo com o contrato, ou entrega a linha pra prefeitura”.

    Num mundo podre onde o dinheiro sempre falam mais alto, fazem as pessoas acreditar que tudo privatizado é mais bonito, moderno e melhor.

    Se um governo não tem competência para gerir uma empresa pública, como ele teria para administrar e gerenciar as privatizações, que envolve muito mais gente, dinheiro e pressões de todos os lados? Esse governo mereceria ser derrubado. E não é só no setor de transporte não…

    1. Marcos Elias disse:

      Caramba, meu texto está cheio de erros, concordância #fail haha… Foi mal, foi a pressa pra digitar mesmo.

    2. A P O I A D O ….SR Marcos Elias

  7. Felipe Novaes disse:

    Amigo Marcos Elias disse tudo….

    Saudade da CMTC e principalmente de alguns carros citados, O362, 364 e os saudosos Amélia B58….

    Parabéns Adamo pela reportágem…

    abraços

  8. galesitransportes disse:

    Volta CMTC, sua falta ninguém cobriu até hoje. Carros da série 5000 eram praticamente comparáveis às ferraris à época. Ainda bem que o 5010 está preservado.

    1. sergio disse:

      Onde esta o 5010???

  9. jair disse:

    galesi,
    Tenho 64 anos, é ia para a escola em GMC ODC 210 na linha 191 e voltava na 192 – Parque Peruche -Luz, circular e depois, com 13 anos nos ACF Bril da 43 Alfredo Pujol-Santa Efigenia.
    Fiquei apaixonado pelos melhores onibus da época e depois acompanhei tudo o que acontecia nos transportes.
    Confesso que tenho muita saudades da CMTC.
    Farei coro com voce VOLTA CMTC
    ABRAÇOS

  10. Marcos Galesi disse:

    Prezados Amigos

    Nenhuma empresa jamais, preencherá a lacuna deixada pela CMTC, me lembro que todos os funcionários da CMTC eram muito educados e tinham até muita cortesia.
    Espero que um dia a COMPANHIA MUNICIPAL DE TRANSPORTES COLETIVOS, volte e ocupe o lugar que é só dela.

    abrs a todos.

  11. O maior patrimônio das organizações são as pessoas interagindo com os ambientes interno e externo, que ouve, explica, revindica, organiza-se profissionalmente. Era asssim a CMTC que conheci. Um Estado democrático verdadeiro não Estado ao quadrilheiro!

  12. Alguém saberia me dizer que fim levaram os ônibus da CMTC? Os Volvos por exemplo, foram vendidos? Com excessão do cemitério de ônibus, havia uma frota enorme somando todas as garagens. Se souberem me dizer se vendeu, quem comprou, ficaria grato pois é uma pergunta que não se cala comigo.

  13. EU ESTOU MUITO SAUDADES COM CAIO AMÉLIA 2 PORTAS NA COR:AZUL E BRANCO CARRO:5065 (CMTC) É MUITO ÓLTIMO 100%VOTO,AGORA QUERO VONTADE VOLTA PARA CMTC CAIO AMÉLIA 2 E 3 PORTAS NA COR:AZUL E BRANCO NA ZONA LESTE-SÃO PAULO NAS LINHAS:3686 10 PQUE.D.PEDRO-JD.S.PAULO,234A 10 CERET-JD.HELENA,2460 10 PQUE.D.PEDRO-TERM.A.E.CARVALHO,234A 41 JD.AEROPORTO-JD.HELENA,352A 10 TERM.S.MATEUS-JD.HELENA,253F 10 TERM.S.MATEUS-JD.HELENA,1178 10 CORREIO-SÃO.M.PAULISTA,1178 31 CORREIO-TERM.A.E.CARVALHO,233A 10 CERET-JD.HELENA,3686 41 PÇA.CLÓVIS-JD.S.PAULO,3769 10 PQUE.D.PDERO-PQ.SÃO LUCAS,3769 31 PÇA.CLÓVIS-PQ.SÃO LUCAS SÃOS OS VOLVOS CAIOS AMÉLIAS PADRONS 2 E 3 PORTAS(CMTC) NAS CORES:AZUL E BRANCO,VERMELHO,BRANCO E VERMELHO E VERMELHO E BRANCO VAI VOLTA PARA O CMTC EM 2014 ATÉ 2017 NA ZONA LESTE.

  14. Flávio Brito dos Santos disse:

    Coisas de um país sem ordem e principalmente ética. Como pode um prefeito (a) nomear para
    secretário de transporte do município um empresário dono várias empresas da capital, região metropolitana e outras cidades do estado? Será que não existe aí um conflito de interesses. E o mais interessante que este secretário logo depois lançou candidatura para deputado federal e foi eleito. Mas e o transporte público da cidade de São Paulo? E a promessa de melhorar o sistema e a qualidade do serviço prestado? Bom meus caros as respostas estão lá em Brasilia. Quem conseguir a proeza de consegui-las divulgue-as por favor.

  15. Flávio Brito dos Santos disse:

    Com relação aos ativos da CMTC (veículos de todos os tipos, instalações, linhas, etc) foi adquirido em lotes na privatização. E o mais legal de tudo é que muita coisa que estava boa e poderia ser usada por um bom tempo foi colocada à venda como sucata ou bens inservíveis a preços bem abaixo do mercado. E aí quem foi que comprou tais materiais? As mesmas empresas que ganharam os lotes da privatização. Fora o dinheiro que a prefeitura injetou na época da privatização para ajudar na rápida reestruturação do sistema.
    Resumindo. Venderam o serviço que era público porque não funcionava. Ai pegaram dinheiro público e deram para particulares para melhorar esse serviço público. Depois falaram para o contribuinte municipal que aquilo era bom, e que logo ele perceberia as mudanças. E cá estamos nós no limiar de 2014: Hadad, BNDES, financiamento público, os mesmos empresários de 1994…

  16. BOA TARDE Á TODOS OS BUSOLOGOS,MOTORISTAS,COBRADORES E FISCAIS DE TODAS AS EMPRESAS,EU ÉRA E SOU DA FAMILIA CMTC E CONTINUO A INSISTIR COM QUE A CMTC VOLTE PRA NOS DAR ORGULHO DE SER CMTC SEMPRE,MAS NÉ,VAMOS TORCER PRA QUE ENTRE UM PREFEITO ANTIGO QUE SE LEMBRE BEM DA CMTC E RECONHEÇA A FALTA QUE ÉSSA ESTATAL ESTA FAZENDO,,ABAIXO A PRIVATIZAÇÃO,…VOLTA CMTC……………………..OBS.VITAL FRANCISCO DE OLIVEIRA..OBRIGADO.SEMPRE (C M T C)

  17. jose donizeti vidal disse:

    È difícil falar da mãe CMTC eu hoje trabalho por conta mais tenho até muito orgulho em dizer que fui motorista entre 87 a 89 fui muito pouco tempo mais me orgulho em dizer que saudade de vc mamãe CMTC eu Vidal piloto 110121 abraços para meus amigos da época.

    Obs: todos motoristas e cobradores e todos funcionários temos que nos unir para conquistar a mesma abraço a todos Vidal

  18. Eu tambem tenho saudades da CMTC,trabalhei 15 anos na GBF ,comecei com 16 anos como cobrador ,o prefeito deveria colocar como secretario de transporte uma pesso a que entendece de transporte coletivo,ñão empresario que só quer ganhar,.VOLTA MÂE TC

  19. jose carlos leite disse:

    Participei dessa empresa de 1964 ate a sua privatização. Foi a melhor empresa que conheci.

  20. jose carlos leite disse:

    Participei dessa empresa entre 1964 ate a sua privatização. Foi a melhor empresa brasileira para se trabalhar.

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