Crise no Transporte de Campo Grande (MS): CPI propõe indiciamento de prefeita e empresários de ônibus além de intervenção no Consórcio Guaicurus
Publicado em: 12 de setembro de 2025
Relatório Final foi apresentado nesta sexta-feira (12). De acordo com documento de 1540 páginas, têm sido cometidas várias irregularidades, desde frota sucateada até a criação de “ônibus fantasmas” no sistema de transportes
ADAMO BAZANI
A CPI do Transporte Coletivo da Câmara Municipal de Campo Grande (MS) apresentou nesta sexta-feira, 12 de junho de 2025, o relatório final das apurações.
Os parlamentares recomendaram a intervenção pública nos sistemas de transportes, o indiciamento de empresários de ônibus, dos prefeitos responsáveis pela execução e fiscalização do contrato com as viações desde 2012 até a atual administração, incluindo a prefeita Adriane Lopes, de gestores das agências de regulação Agereg e da Agetran, fiscais e ex-diretores-presidentes.
Além disso, o relatório propõe medidas legislativas e administrativas, entre elas a criação de um Conselho Municipal de Transporte Coletivo Urbano, alterações legais para garantir maior autonomia da Agereg e da Agetran e recomendações para que o Ministério Público e demais órgãos competentes adotem providências em relação às ilegalidades constatadas.
Em nota, a Câmara Municipal detalha que foram encontradas diversas irregularidades e descumprimentos dos contratos como quase metade da frota em circular se encontrar acima da idade permitida, falhas e defeitos mecânicos constantes, superlotação e até “ônibus fantasmas”, que são veículos que aparecem nos aplicativos de monitoramento, mas não circulam de fato, gerando atrasos.
A idade média dos veículos é de 8,99 anos, quando o limite estabelecido é de 5 anos, e 196 ônibus — o equivalente a 42,5% da frota total — já ultrapassaram a idade máxima permitida, de 10 anos (ou 15 no caso de articulados). Campo Grande apresenta índices acima da média nacional, de 6,5 anos, segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Entre as empresas que compõem o Consórcio, a Viação Cidade Morena lidera em veículos irregulares, com 70 acima do limite, seguida da Jaguar Transportes Urbanos (49), da Viação Campo Grande (39) e da Viação São Francisco (38). Para Luiza Ribeiro, esses números demonstram que o transporte coletivo da Capital opera com uma frota envelhecida, sucateada e perigosa, em flagrante descumprimento contratual.
Além da idade avançada dos veículos, a CPI registrou reclamações constantes de má conservação da frota, incluindo ônibus com elevadores de acessibilidade quebrados, portas defeituosas, goteiras e sistemas de ventilação ineficazes. Das 465 denúncias recebidas pela Ouvidoria da CPI, 158 tratavam especificamente da má conservação.
Outro ponto grave identificado foi a ausência de Seguro de Responsabilidade Civil, obrigação prevista em contrato que o Consórcio deixou de cumprir, expondo usuários a riscos sem qualquer cobertura. A falta de climatização nos veículos também foi objeto de destaque, com a vereadora defendendo que a instalação de ar-condicionado é medida essencial para garantir a dignidade dos usuários, especialmente em um sistema marcado por frequente superlotação.
A superlotação dos ônibus, aliás, foi considerada uma das situações mais críticas. Apesar de ser uma infração gravíssima tipificada pelo Código de Trânsito Brasileiro, a Agetran admitiu à CPI que nunca autuou o Consórcio Guaicurus por superlotação, sob o argumento de que o contrato não prevê penalidades específicas para essa prática. Para Luiza Ribeiro, esse entendimento é equivocado e demonstra a omissão do Poder Concedente na fiscalização, já que a lei deve prevalecer sobre o contrato.
Denúncias de “ônibus fantasmas” também foram confirmadas. São veículos que aparecem nos aplicativos de monitoramento, mas não circulam de fato, gerando atrasos e contribuindo para a superlotação. Em 2025, a Agetran lavrou 178 autos de infração por omissão de chegada ao ponto de verificação, 164 por omissão de saída e 144 por omissão de viagem, situação que evidencia fraudes contratuais e prejuízo direto aos passageiros.
A vereadora Luiza Ribeiro apresentou destaques ao Relatório Final da CPI do Consórcio Guaicurus, relatada pela vereadora Ana Portela. Entre os apontamentos do voto em destaque está a realidade enfrentada pelos moradores do Distrito de Anhanduí, que são transportados em veículos velhos, mal-conservados, sem cintos de segurança e frequentemente superlotados. Além das más condições, os ônibus percorrem mais de 60 km por rodovia federal com passageiros em pé, expostos a sérios riscos de acidentes.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes


Aquela mesma prefeitura que dias atrás determinou que os ônibus não tenham ar condicionado, para “não impactar os custos” do sistema.
Está na cara que o problema ali não é falta de verba, e sim como a verba vem sendo repassada e aplicada.
Pra uma Capital,é uma vergonha tendo uns ônibus sucateados e nós trabalhadores temos qee aceitar essa atitude dos nossos políticos.isso ta certo ?????