Lucro líquido da Marcopolo sobe 201,6% no primeiro semestre de 2023; 424,1% no segundo trimestre e produção para o mercado brasileiro cai
Publicado em: 1 de agosto de 2023

Segmento de rodoviários registrou marco importante, substituindo o segmento de urbanos como o de maior representatividade dentro da distribuição da receita líquida da companhia
ADAMO BAZANI
Colaborou Vinícius de Oliveira
A Marcopolo registou aumento do lucro de 201,6% no primeiro semestre deste ano de 2023 de R$ 376,7 milhões ante R$ 124,9 milhões do mesmo período de 2022.
É o que mostra o balanço do segundo trimestre divulgado nesta terça-feira, 1º de agosto de 2023 pela fabricante de ônibus, people mover e VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) ao qual o Diário do Transporte teve acesso em primeira mão.
Em relação ao segundo trimestre de 2023, a alta no lucro líquido foi 424,1% na comparação com o segundo semestre de 2022.
A receita operacional líquida subiu no primeiro trimestre, 43,0%, alcançado R$ 3,01 bilhões.
O EBTIDA, que é o lucro antes dos juros e impostos, foi de R$ 450,8 milhões no primeiro semestre de 2023, alta de 338,1% em relação aos seis primeiros meses de 2022. Já no segundo trimestre de 2023, o total foi de R$ 158 milhões, alta de 206,2% diante do segundo trimestre de 2022.
PRODUÇÃO:
A produção consolidada da Marcopolo foi de 3.010 unidades no segundo trimestre de 2023. No Brasil, a produção atingiu 2.459 unidades, 12,6% inferior à do segundo trimestre de 2022, enquanto no exterior a produção foi de 551 unidades, 5,5% inferior às unidades produzidas no mesmo período do ano anterior.
Segundo a Marcopolo, a produção do segundo trimestre de 2023 foi afetada pela transição da motorização Euro 5 para tecnologia Euro 6 (Proconve 7), bem como pela redução no ritmo de entregas direcionadas ao programa federal Caminho da Escola (1.076 unidades no 2T22 versus 180 unidades no 2T23).
A partir de 1º de janeiro de 2023, chassis produzidos para o mercado brasileiro precisam adotar a tecnologia Euro 6.
A fabricante atribui o resultado a atrasos na homologação dos modelos de chassis Euro 6 por parte das montadoras e o impacto de mercado do maior preço dos chassis afetaram vendas em todos os segmentos.
PARTICIPAÇÃO NO MERCADO BRASILEIRO
A participação de mercado da Marcopolo na produção brasileira de carrocerias foi de 44,5% no segundo trimestre de 2023.
A conclusão das entregas de urbanos para o programa Caminho da Escola, com volume remanescente reduzido no segundo trimestre de 2023, é responsável pelo recuo da participação de mercado no segmento de urbanos.
A Marcopolo diz que manteve sua participação de mercado praticamente inalterada em relação aos demais segmentos na comparação com o primeiro trimestre de 2023 e quarto trimestre de 2022.
ÔNIBUS RODOVIÁRIOS:
No documento oficial ao qual o Diário do Transporte teve acesso, a Marcopolo destaca o desempenho dos ônibus rodoviários e atribui o cenário ao sucesso da geração 8 de produtos (G 8)
O segmento de rodoviários registrou marco importante, substituindo o segmento de urbanos como o de maior representatividade dentro da distribuição da receita líquida da Companhia, retornando à posição de principal destaque. O crescimento de vendas de modelos de maior valor agregado e o sucesso de vendas do G8 mantêm o segmento em alta, com boas perspectivas também para os próximos trimestres. No modelo double decker, a nova geração 8 já representa mais de 90% dos volumes vendidos (contra 60% no 2T22).
Sobre ônibus de menor porte, como o micro Sênior e os da linha Volare, a Marcopolo diz que espera produzir um volume ainda menor de unidades relativas à última licitação do Caminho da Escola no terceiro trimestre de 2023 e aguarda o anúncio da realização do novo pregão a qualquer momento.
Em nota, a Marcopolo detalhou os resultados.
A Marcopolo, especializada no desenvolvimento de soluções para mobilidade, registrou receita líquida consolidada de R$ 1,4 bilhão no segundo trimestre de 2023, crescimento de 18,5% em relação ao 2T22. Desse total, R$ 721,8 milhões são provenientes do mercado interno, R$ 246,9 milhões das exportações a partir do Brasil e R$ 395,8 milhões das operações internacionais da companhia.
No período, o segmento de maior representatividade para a companhia foi o de ônibus rodoviários, com o sucesso de vendas do G8, resultando em entregas de veículos de maior valor agregado. A estratégia rendeu à companhia uma receita líquida total consolidada de rodoviários de R$ 530,9 milhões, contra R$ 331,8 milhões no 2T22.
“Para fortalecermos a nossa atuação no segmento de rodoviários, investimos em soluções cada vez mais completas e com tecnologias de ponta, pensadas no conforto e segurança dos passageiros. A estratégia rendeu um acréscimo do volume de vendas de produtos com maior valor agregado”, pontua André Armaganijan, CEO da Marcopolo.
Com o cenário, a companhia teve um lucro bruto de R$ 276,2 milhões de 2T23, com margem de 20,2%, contra R$ 131,3 milhões e margem de 11,4% no 2T22. O EBITDA foi de R$ 158 milhões no 2T23, com margem de 11,6%, versus um EBITDA de 51,6 milhões e margem de 4,5% no 2T22.
O lucro líquido consolidado do 2T23 foi de R$ 140,5 milhões, com margem de 10,3%, contra R$ 26,8 milhões e margem de 2,3% no 2T22.
Além do fortalecimento no segmento de rodoviários, a companhia aposta em seu modelo de urbano elétrico, o Attivi, com carroceria e chassi da marca. O modelo está em homologação, com programação para a produção do segundo lote de 100 unidades, além das 30 já produzidas.
Produção consolidada
O segundo trimestre de 2023 marcou o início da transição da motorização Euro 5 para Euro 6. Com isso, a produção consolidada da Marcopolo foi 3.010 unidades no 2T23, sendo 2.459 unidades feitas no Brasil, 12,6% inferior à do 2T22.
No exterior, a produção foi de 551 unidades, 5,5% inferior às unidades produzidas no mesmo período do ano anterior. Neste período, a participação de mercado da Marcopolo na produção brasileira de carrocerias foi de 44,5%.
“Após os primeiros meses da transição da motorização, já observamos uma normalização do mercado brasileiro de ônibus. Temos programado grandes pacotes de vendas para o segundo semestre deste ano e o primeiro trimestre de 2024, com foco nas viagens de final de ano e férias escolares”, avalia Armaganijan.
Operações Internacionais
Com uma sólida trajetória de recuperação da rentabilidade, a Marcopolo México manteve o bom desempenho ao focar nas entregas de rodoviários, incluindo modelos G8. A companhia avançou 25,6% no volume de unidades faturadas no 2T23, na comparação com o mesmo período do ano anterior. A Marcopolo África do Sul registrou crescimento de 57,1% nas unidades faturadas, na comparação entre o 2T23 e 2T22. A Marcopolo Argentina concluiu a depuração dos pedidos antigos no 2T23 e alcançou resultado próximo ao break-even, com novas e saudáveis margens dos pedidos em carteira.
Sobre a Marcopolo
Fundada há 74 anos em Caxias do Sul (RS), a Marcopolo é líder na fabricação de carrocerias de ônibus no Brasil e posiciona-se entre as maiores fabricantes do mundo. A companhia está comprometida com o futuro da mobilidade, atenta ao desenvolvimento de novos modais, além de investir de forma contínua em aprimoramento, tecnologia, design e expansão, produzindo soluções que contribuem para o desenvolvimento do transporte coletivo de passageiros. Com fábricas nos cinco continentes, os veículos produzidos pela empresa rodam nas estradas de mais de cem países.
Veja na íntegra das análises do balanço:
O 2T23 foi marcado pela transição da motorização dos ônibus do padrão Euro 5 para os chassis Euro 6. Como amplamente antecipado, o maior custo da nova tecnologia e a indisponibilidade de toda a gama de chassis por parte de algumas montadoras afetaram negativamente as vendas do trimestre. A ausência de entregas significativas ao programa federal Caminho da Escola também ajuda a explicar a queda de volume na comparação com o 2T22 e 1T23. O mercado de ônibus, porém, mostrou resiliência ao sustentar volumes consistentes mesmo com a troca da motorização dos chassis e durante o intervalo entre as licitações do Caminho da Escola.
O segmento de rodoviários registrou marco importante, substituindo o segmento de urbanos como o de maior representatividade dentro da distribuição da receita líquida da Companhia, retornando à posição de principal destaque. O crescimento de vendas de modelos de maior valor agregado e o sucesso de vendas do G8 mantêm o segmento em alta, com boas perspectivas também para os próximos trimestres. No modelo double decker, a nova geração 8 já representa mais de 90% dos volumes vendidos (contra 60% no 2T22).
O mercado de urbanos mostra excelente performance ao suprimirmos da comparação as carrocerias direcionadas ao Caminho da Escola, com crescimento superior a 90% em unidades entregues na comparação com o 2T22. O maior custo do transporte individual, a aplicação de subsídios e investimentos diretos dos municípios seguem fomentando vendas e as perspectivas são positivas também para os próximos trimestres. Sobre seu modelo elétrico Attivi, a Companhia vem realizando a homologação do veículo em diversas capitais, se preparando para a produção do segundo lote de 100 unidades, além das 30 já produzidas.
No segmento de micros e Volares, operadores privados e pequenas licitações substituíram as entregas ao programa federal Caminho da Escola como maiores clientes, mantendo o bom ritmo de vendas mesmo com a transição do padrão de motorização. No 2T23, a Companhia realizou a entrega de 30 urbanos e 150 Volares (no total de 180 unidades) no âmbito do programa Caminho da Escola, relativamente à licitação de 2022. A Companhia espera produzir um volume ainda menor de unidades relativas à última licitação no 3T23 e aguarda o anúncio da realização do novo pregão a qualquer momento.
As exportações mostraram recuperação de volumes, com crescimento de vendas de rodoviários G8 e o amadurecimento das iniciativas de apresentação do modelo nos mercados internacionais. Operadores da América do Sul, também afetados pela pandemia, retomaram investimentos, após a normalização do turismo e das linhas de longa distância em seus países. As exportações devem seguir mantendo boa performance e o câmbio continua favorecendo vendas, mesmo em seu nível atual.
As operações internacionais mantêm trajetória de recuperação da rentabilidade, passando a contribuir com os resultados consolidados. A Marcopolo México mantém bom desempenho, com foco nas entregas de rodoviários, incluindo modelos G8. A Marcopolo Austrália (Volgren) mostrou recuperação em seus resultados, reduzindo seu prejuízo.
líquido de R$ 13,9 milhões no 2T22 para R$ 1,6 milhões também negativos no 2T23, com atualização de seus preços na comparação anual. A Marcopolo Argentina (Metalsur) concluiu a depuração dos pedidos antigos no 2T23, alcançando resultado próximo ao break-even, com novas e saudáveis margens dos pedidos em carteira. A Marcopolo África do Sul (MASA) mantém resultados positivos crescentes, com boas perspectivas para o restante do ano. A Marcopolo China (MAC) segue sofrendo com o baixo volume de vendas, concentrada na produção de protótipos e ônibus voltados a novas tecnologias, incluindo modelos movidos à hidrogênio.
Entre as coligadas, a colombiana Superpolo apresentou recuperação de seus resultados, após um 1T23 fraco. Com preços atualizados, a perspectiva é positiva para 2023. No 2T23, a canadense NFI realizou aumento de capital no montante total de USD 225 milhões. A Marcopolo efetivou aporte de aproximadamente CAD 25,6 milhões, adquirindo 3,1 milhões de ações pelo valor de CAD 8,25, visando manter sua participação de 8,5% no capital social total da empresa canadense, evitando assim sua diluição. A Companhia acredita que a coligada experimenta processo semelhante, de aumento de custos e pressão inflacionária, enfrentado pela Companhia no Brasil em 2021 e pelas operações internacionais da Marcopolo ao longo de 2021 até o 1T23, especialmente nas controladas que possuíam carteiras de pedidos mais longas. Com o fim das entregas dos pedidos antigos e a substituição por vendas com preços atualizados, a Companhia acredita na recuperação de resultados da coligada. Mesmo com o menor volume nesse 2T23, a Marcopolo manteve resultados consistentes, próximos aos melhores níveis históricos, suportados pelo bom mix de vendas e pela recuperação das operações internacionais. Com boas perspectivas, a Companhia evitou reduções de quadro no 2T23, concentrando-se em qualificar seus colaboradores através de treinamentos. Com o crescimento gradual da produção, a Marcopolo buscará atingir cada vez maiores níveis de qualidade e eficiência. A Companhia já observa a normalização do mercado brasileiro de ônibus depois da transição da motorização, com incremento no número de pedidos e a confirmação de grandes pacotes para o 2S23 e 1T24, visando as movimentações de fim de ano e férias escolares. As perspectivas são boas também nas operações internacionais, com a maturação de diversas iniciativas estratégicas. Por fim, há a expectativa de uma nova licitação do Caminho da Escola, com volumes indicados superiores a 11 mil unidades. Todo o contexto, permite projetar um 2S23 e início de 2024 positivos, na esteira de uma carteira saudável de pedidos, associado a uma inflação sob controle e um menor custo de financiamento para a compra de nossos produtos.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
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Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes