Sistema de ônibus de São Paulo tem 246 funcionários confirmados com Covid-19 e 68 mortos
Publicado em: 18 de agosto de 2020

Dados são do Sindmotoristas. Há 748 casos suspeitos
ADAMO BAZANI
O sistema de ônibus de São Paulo tem ao menos 246 funcionários com confirmação de contágio pela Covid-19.
O dado foi divulgado à imprensa nesta terça-feira, 18 de agosto de 2020, pelo Sinsmotoristas, sindicato que representa os motoristas, cobradores e demais funcionários dos ônibus da capital paulista.
Ainda de acordo com a entidade sindical, existem ainda 748 casos suspeitos e 68 mortes entre os trabalhadores. São cerca de 40 mil pessoas que trabalham no sistema em diferentes funções diretas.
O maior número de mortes foi registrado na zona Leste, de acordo com o sindicado, somando 22, sendo sete na garagem Cidade A.E.Carvalho da Viação Metrópole Paulista, seis na garagem Imperador da Metrópole Paulista, quatro na garagem Itaim Paulista também da Metrópole Paulista e quatro na Via Sudeste (Leste).
Também é na Zona Leste o maior número de casos confirmados: 97 dos 246.
Os números por região são absolutos e não levam em consideração a proporcionalidade dos casos em relação à frota e ao número de funcionários.
Em nota, o Sindicato demonstrou preocupação com o aumento da demanda de passageiros e diz que a superlotação nos ônibus voltou a ser realidade.
“A situação dos condutores de São Paulo continua preocupante. Os trabalhadores em transportes, por fazerem parte do grupo de profissionais vulneráveis, estão sujeitos a maiores riscos de contágio do vírus. Outro agravante a se considerar, é que com a abertura de lojas, bares, restaurantes, enfim, comércio em geral, na capital paulista, o número de passageiros aumentou significativamente. A superlotações no transporte público voltaram a ser uma realidade.”
JUSTIÇA DETERMINOU FROTA TOTAL, MAS DECISÃO É CONTESTADA:
No dia 16 de julho de 2020, o desembargador-relator Fernão Borba Franco, da 7ª Câmara de Direito Público, do TJSP – Tribunal de Justiça de São Paulo, atendeu ação do Sindimotoristas, sindicato que representa os motoristas e demais funcionários dos transportes, e determinou estes percentuais, como informou em primeira mão, o Diário do Transporte.
Relembre:
A entidade trabalhista apresentou na ação estudos sobre o risco de contágio pelo novo coronavírus a cobradores, motoristas e passageiros com ônibus lotados.
Na ocasião, em entrevista ao Diário do Transporte, o presidente do Sindmotoristas, Valdevan de Jesus (Noventa),disse que mesmo com os afastamentos de motoristas e demais funcionários com mais de 60 anos ou com comorbidades, seria possível atender até os 100% de frota ou ao menos 92,31%, isso porque, segundo ele, muitos trabalhadores fazem horas-extras. Com os ajustes das escalas, de acordo com Noventa, todos os ônibus poderiam circular normalmente.
O magistrado estipulou na ocasião, multa de R$ 50 mil por dia em caso de descumprimento.
A decisão se tornou conhecida por meio da imprensa no dia 16 de julho, quando o próprio prefeito Bruno Covas deu entrevistas sobre a determinação, mas foi publicada no DJE – Diário de Justiça Eletrônico somente no dia 21 de julho, data que, segundo entendimento da área jurídica da prefeitura de São Paulo, seria a inicial para o prazo de 48 horas dado pelo magistrado para o cumprimento da decisão.
Na ocasião, o prefeito Bruno Covas disse em entrevistas que a colocação de 100% da frota implicaria aumento de R$ 500 milhões nos subsídios ao sistema neste ano.
A prefeitura vai recorrer e pediu esclarecimentos da Justiça sobre a decisão (embargos de declaração).
“NÃO É NORMAL”, DIZ SINDICALISTA:
Ainda na nota, o deputado federal e presidente licenciado da entidade, Valdevan Noventa, disse que o total de mortes, infectados e casos suspeitos não pode ser considerado normal.
“Não podemos achar que é normal a morte de mais de 100 mil brasileiros, desses 68 condutores, sem nos indignarmos”. – disse Noventa na nota.
Na mesma nota, o presidente em exercício do Sindmotoristas, Valmir Santana da Paz (Sorriso), disse que a flexibilização da quarentena não é sinal de que a Covid 19 perdeu força e que os cuidados devem ser mantidos pelos profissionais.
“Pedimos que os condutores se protejam e façam uso diário da máscara, do álcool em gel e, quando possível, lavem as mãos. Fazendo a nossa parte seremos exemplo não somente para os usuários de ônibus, mas também para toda sociedade” – disse.
O sindicato não trouxe a relação dos trabalhadores das empresas que surgiram de cooperativas e que hoje operam o subsistema de distribuição (linhas de bairro).
Segue abaixo a relação das regiões, segundo o Sindmotoristas.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes