Transporte por aplicativo: risco ou oportunidade para o setor de fretamento?

Ônibus em evento de Fretamento da Fresp e ANTTUR. Momento de mudanças na Mobilidade: desafios e oportunidades. Foto: Adamo Bazani (Diário do Transporte)

Empresas de ônibus analisam os impactos dos novos modelos de solicitação de serviços

ADAMO BAZANI

Colaborou Alexandre Pelegi

No encontro das empresas de fretamento, que ocorre até este domingo, 10, em Atibaia, no interior de São Paulo, é evidente a preocupação e o interesse do setor a respeito dos serviços de transportes por aplicativos.

Não há consenso ainda sobre a questão, mas as discussões são no sentido de como aproveitar os modelos de negócios que podem ser gerados pelas novas formas de solicitar um serviço de deslocamento.

De um lado, plataformas como da Buser, que diz intermediar passageiros a empresas de transporte, gera uma nova demanda para empresas de fretamento alugarem ônibus. De outro lado, uma Blá Blá Car pode fazer com que um grupo ache mais vantajoso ir com carros para os destinos, dispensando empresas.

Em entrevista ao Diário do Transporte, indicado pela Fresp e ANTTUR, organizadora do evento, o sócio da Rimatur Fretamento e Turismo, do Paraná, Emerson Imbronizio, diz que entre risco e oportunidade, os aplicativos podem significar os dois, depende da reação do setor quanto às inovações e o perfil de serviço das companhias.

Deve haver uma mudança de foco. O hoje transportador pode se tornar um locador de veículos. É tudo muito novo, acredito que em dois anos a disruptura vai ser maior ainda” – explicou.

Para o empresário, no caso do fretamento eventual de turismo, é mais provável que os aplicativos sejam oportunidades.

No fretamento contínuo é mais complicado. Clientes como fábricas e grandes empresas querem exclusividade no atendimento. Não é ainda da cultura delas o compartilhamento” – disse.

Em sua empresa, a Rimatur, Emerson contou que não há solicitação de serviços por aplicativo, mas a tecnologia é usada para gestão e adequação de frotas e rotas de acordo com a demanda.

A Rimatur apresentou um case de inovação em gestão de pessoas.

A mestre em psicologia, Armelinda Michelan, contou como foi a implantação da nova gestão de pessoas com o lema Desenvolvendo Pessoas – Realizando Sonhos, que já tem sete anos.

A gestão de pessoal começa antes mesmo da contratação.

O processo de seleção de pessoal, em especial de motoristas, era de um dia. Agora, são 16 dias, com dinâmicas e participações ativas dos candidatos no processo de seleção.

Logo no início, em média 47% dos candidatos não alcançam aprovação. Na fase final, a reprovação cai para 14%.

O intuito é formar pessoas na seleção que têm valores e filosofia semelhantes à cultura da empresa.

A lógica é demorar para contratar para não demitir rápido.

A Rimatur tem quatro garagens no Paraná. Três delas são dotadas de salas de aula não apenas para os treinamentos convencionais, mas diferentes assuntos.

Entre todos os funcionários sempre estão nas salas de aula, os 776 motoristas habitualmente estão em aprendizado.

O total de 35 horas de treinamento por ano hoje é de 154 horas.

Os funcionários também são convidados a participar de decisões estratégicas da empresa, como a reprogramação de rotas.

Por mês, os ônibus e vans da Rimatur circulam 2,6 milhões de quilômetros. Para este engajamento, é necessário haver Informação.

Por meio da tecnologia, dentro da realidade da Rimatur, foi possível identificar números que ajudaram a ampliar este engajamento.

Por exemplo, se por ano, os motores dos ônibus ficarem ligados sem necessidade numa somatória de uma hora por dia, serão gastos inutilmente 360 litros de diesel e lançadas na atmosfera quatro toneladas de gás carbônico.

A lógica de treinar e informar é: ensinar, aprender ensinando e com isso, ensinar diferente.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Colaborou Alexandre Pelegi

Comentários

Comentários

  1. vagligeiro disse:

    Acredito que a CNT (Confederação Nacional dos Transportes) ou até mesmo consórcios de empresas unidas podem criar mecanismos para educar operadores e participantes do meio para um bom atendimento, além de criar grupos de estudos para gerar métodos e melhorias na oferta de transporte privado e público. É louvavel quando empresas tomam iniciativa, mas muitas vezes só se focam na própria empresa, obviamente para gerar e reter profissionais para si.

    Transporte por aplicativo É uma forma de fretamento. Se não parar para pensar por esta lógica, estará se perdendo tempo discutindo sobre. Inclua-se também Uber e similares, dado que o fretamento é particular e por veículo automotivo de baixa capacidade.

    A entrada de players como BláBláCar e Buser se dá justamente pelo vácuo gerado na demanda que os fretamentos e serviços de transporte públicos geram. Lembrando que há operação de particulares e grandes empresas para oferta de serviços de fretamento coletivo bem antes mesmo das operações de ambas as players citadas. Que eu me lembre vagamente, houve uma tentativa de organização de fretamento coletivo de forma eletrônica, da qual não tenho muito detalhes, chamado “Usebus”. Lembro-me de ver veículos adesivados com este logo. Quem anda em centros comerciais, cidades onde há grandes empresas e fábricas ou até mesmo na capital paulista em regiões limítrofes ao centro, provavelmente darão de cara com ponto de embarque de fretamentos coletivos – não sei exatamente como nomear o serviço onde um grupo de pessoas, mesmo de diferentes empresas, coletam passageiros para transportar por entre cidades, bairros e regiões diferentes.

  2. Jobson disse:

    Quem fala que o fretamento compartilhado ainda está longe da fábrica e que os clientes não estão procurando aplicativos no fretamento contínuo não está acompanhando o mercado.

    Será que ainda ninguém viu o Fretadão? Eles fizeram uma apresentação para mim e os clientes que eles atendem é só indústria e empresa tradicional.

    Se é ameaça ou oportunidade eu não sei, eu sei que não vou deixar meus carros parados e vou apostar no aplicativo.

  3. se estadual, é com ANTT, se municipal é da ordem das cidades como a SPTrans na capital, se não entrarem em acordo, nada feito. Não é apenas jogar nas ruas e entupir cada vez mais, de forma aleatória, parando em locais inapropriados, atrapalhando trânsito. E sem falar que tomam sem licença, passageiros de empresas permanentes, que estão a anos nas ruas. Não é falta de condução, é a falta de consenso, em que muitos que são a favor, mal sabe analisar a situação, falar o que não sabe, e ainda reclamar, sem imaginar que a capital está em estado de coma adiposa,,inchada,…

  4. Não ha empresa, das atuais, que aguentem o prejuizo..e ainda vão falar para que a PMSP aumente o subsidio

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