Doria e Baldy se encontram com órgão gestor de transportes de Londres na segunda: PPPs, BRT do ABC, ônibus, metrô e ferrovias na pauta

Ônibus de dois andares no East London Transit, BRT lançado em 2010, que mescla vias totalmente segregadas com trechos prioritários. Foto: BRT UK – Texto: Adamo Bazani (Diário do Transporte) – Clique para Ampliar

Mesmo sendo reconhecida por ter uma das mais abrangentes malhas de metrô do mundo, com mais de 400 km somente em Londres, a Inglaterra também investe em BRT e o desafio é o mesmo da região do ABC: inserir os corredores em áreas altamente adensadas, com várias construções consolidadas, procurando fazer menos desapropriações possíveis

ADAMO BAZANI

O recente anúncio do Governador de São Paulo, João Doria, e do secretário de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, sobre a troca de monotrilho (trens leves com pneus em elevados) por BRT (corredores de ônibus rápidos com pontos de ultrapassagens e estações) será um dos temas do encontro na próxima segunda-feira, 08 de julho de 2019, com o consultor comercial e de operações Internacionais da Transport for London, Graeme Inglis.

A Transport for London é o órgão responsável pelo gerenciamento e parte da operação dos transportes em Londres, incluindo ônibus, metrô, trens, táxis, teleférico urbano e bicicletas.

A viagem tinha sido noticiada na apresentação da troca de modal na última quarta-feira, 03, e foi detalhada pela assessoria do Palácio dos Bandeirantes na noite desta sexta-feira, 05.

Doria e Inglis vão debater modelagens financeiras de projetos de concessão de transportes públicos à iniciativa privada e PPPs – Parceiras Público Privadas.

O governo do Estado de São Paulo estuda a concessão das linhas 8 – Diamante (Amador Bueno – Júlio Prestes) 9 – Esmeralda (Osasco – Grajaú) da CPTM, a retomada por PPP da linha 6 Laranja (São Joaquim – Brasilândia) do Metrô e, no próximo dia 06 de agosto, vai detalhar no Consórcio Intermunicipal que reúne prefeitos do ABC se o BRT vai ser construído pelo poder público e depois as operações serão concedidas ou se desde o início do projeto o modelo será PPP.

Mesmo sendo a Inglaterra sendo reconhecida como uma das mais abrangentes malhas de metrô do mundo, com mais de 400 km somente em Londres, a aposta também ´´e no BRT para melhorar a mobilidade urbana.

E o desafio é o mesmo que da região do ABC para implantar um BRT: inserir os corredores em uma área altamente adensada, com várias construções consolidadas, procurando fazer menos desapropriações possíveis. Mas soluções de engenharia podem superar as dificuldades.

A capital inglesa diz que, mesmo antes de Curitiba (cujo início do sistema é de 1974), já tinha seu sistema de ônibus rápidos em corredores. Trata-se do Runcorn, inaugurado em 1971 e modernizado ao longo do tempo.

Ônibus do sistema South Hampshire Eclipse, entre Gosport e Fareham. Além de velocidade e preferência nos cruzamentos, veículos possuem itens de sofisticação, mesmo sendo urbanos. Tráfego é em uma antiga linha ferroviária. Foto: BRT UK – Texto: Adamo Bazani (Diário do Transporte)

Luton Dunstable Busway: Parte do trajeto conta com seções guiadas ao longo da estrada de ferro desativa, o que faz o ônibus se assemelhar a um sistema de trens. Foto: BRT UK – Texto: Adamo Bazani (Diário do Transporte)

O BRT UK, um centro de informações inglês sobre sistemas de ônibus, que reúne dados de governos locais, indústria, universidades e de operadores, destaca, entre os corredores inaugurados há pouco tempo e projetos de BRT no Reino Unido, as seguintes ligações:

Leigh Salford Guided Busway: A grande Manchester desenvolveu projetos de BRT avaliados em 122 milhões de libras, incluindo o Leigh Salford Guided Busway e um sistema de ônibus intermunicipais. Incluiu como parte dos 25 km de rotas de ônibus melhoradas, uma via de ônibus guiada de 7 km.

– Oeste da Inglaterra MetroBus : O Conselho da Cidade de Bristol, o Conselho de North Somerset e o Conselho de South Gloucestershire promoveram no oeste da Inglaterra, o MetroBus. O projeto de 200 milhões de libras contempla três rotas de BRT dentro e fora do centro da cidade de Bristol. Ao longo de trechos com mais espaço urbano, o projeto contemplou segregação total dos ônibus do tráfego geral e, nos locais com menor área disponível, o projeto incluiu faixas preferenciais ou trechos de corredores simples. A rede MetroBus contempla em seu projeto ônibus híbridos menos poluentes e embarque rápido graças aos smartcards, cuja a tarifa é paga fora dos ônibus.

Transporte da Nova Geração de Leeds: A NGT é um projeto de ônibus não poluentes de 14,8 km entre cidades promovido pela West Yorkshire Combined Authority (WYCA) e pelo Leeds City Council (LCC).

Bus Rapid Transit (BRT) Norte: Este projeto foi desenvolvido para ajudar as pessoas nos deslocamentos para e entre os centros de Rotherham e Sheffield através de uma nova via sob o M1 na junção 34. O esquema planejou um serviço de ônibus de poucas paradas e de alta qualidade para permitir conexões mais rápidas e frequentes através do Lower Don Valley. O BRT North é de responsabilidade do Executivo de Transporte de Passageiros de South Yorkshire, do Conselho do Distrito Metropolitano de Rotherham e do Conselho da Cidade de Sheffield. O financiamento teve parte prevista do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional através do Programa FEDER de Yorkshire e Humber 2007-13 e o financiamento adicional teve separação de verbas do Departamento de Transportes, o Growing Places Fund da Sheffield City Local Local Enterprise Partnership e o South Yorkshire Local Transport Plan.

Glasgow Fastlink: Contou com 40 milhões de libras de financiamento, liberados pelos ministros escoceses, para a nova ligação de ônibus ao longo das margens do rio Clyde, em Glasgow. A rota principal da FASTLINK vai da rodoviária de Buchanan Street até os novos hospitais de South Glasgow, passando pelas estações Central e Queen Street.

Ainda de acordo com os arquivos do BRT UK, as principais ligações por sistemas de BRT no Reino Unido já consolidadas são:

Runcorn: inovador em seu tempo, a Runcorn Busway foi considerada uma ideia inteligente; um sistema de ônibus completamente segregado rodando em suas próprias vias dedicadas circulando por 22 km em torno de um denso distrito urbano com uma seção elevada em uma área comercial em seu cruzamento. Inaugurado em 1971, Runcorn foi a primeira vez no Reino Unido que um empreendimento inteiro foi construído em torno de um sistema de transporte público e não o contrário.

Auto-estradas guiadas: Ao longo dos anos 80, 90 e início do ano 2000, as seções de vias de ônibus guiadas de concreto começaram a aparecer em Leeds, Birmingham, Ipswich e Bradford. Os corredores rápidos guiados e vias de ônibus guiadas já haviam surgido no continente como em Adelaide, Austrália do Sul, mas o Reino Unido estava atrasado para o início do projeto. Embora não sejam tecnicamente sistemas de BRT por si mesmos, incorporaram muitas das características como a segregação completa, estações fechadas e com embarque acessível , além de veículos de alta capacidade e qualidade.

Crawley Fastway: Inaugurada por etapas a partir de 2003, a Fastway liga Crawley ao Aeroporto de Gatwick, Horley e Redhill usando uma combinação de vias de ônibus guiadas com extensas medidas prioritárias e corredores de ônibus.

Kent Fastrack: Inaugurado em etapas a partir de 2006, este sistema ajudou a apoiar a revitalização em longo prazo da área de crescimento do Kent Thameside, fornecendo um sistema de transporte público que atua tanto como facilitador quanto como catalisador para o crescimento. O serviço foi tão bem-sucedido que já atraiu o patrocínio para além de sua captação antecipada, o que permitiu que as rotas fossem ampliadas – com aumentos muito evidentes nos preços dos imóveis ao longo dos corredores.

East London Transit: Lançado em 2010, este esquema utiliza uma mistura de vias de ônibus segregadas e extensas medidas de prioridade de ônibus. Uma segunda rota através do desenvolvimento de Barking Riverside foi concluída em 2013.

Cambridgeshire Guided Busway: A via de ônibus foi projetada para receber três milhões de passageiros quando estiver integralmente em operação. A operadora Stagecoach aumentou sua frota em 55% desde o início das operações. A Busway ganhou o Prêmio Nacional de Transporte pelo Projeto Mais Inovador em 2012.

South Hampshire Eclipse: Esta via de ônibus não guiada de 4,5 km entre Gosport e Fareham foi aberta em 2012. Ela usa a rota de uma antiga linha ferroviária para reduzir o congestionamento no paralelo A32 entre as cidades. Os veículos ecológicos de alta qualidade com piso de efeito de madeira, interior de couro e até mesmo telas de entretenimento de bordo operam em altas frequências durante os horários de pico. O sistema Eclipse ganhou o prêmio de Excelência do Instituto Chartered de Logística e Transporte de 2012.

Luton Dunstable Busway: Inaugurado em 2013 e custando 90 milhões de libras, três diferentes empresas operam ao longo de sua rota de 13 km: Arriva, Centrebus e Grant Palmer. Faz a ligação entre os aeroportos de Dunstable, Luton e Luton. Uma seção chave da rota são as seções guiadas ao longo da estrada de ferro desativada, paralelas à A505 e à A5065, ambas as quais apresentam congestionamento nos horários de pico.

BILHETAGEM POR CELULAR:

João Doria e Alexandre Baldy, de acordo com a assessoria de imprensa do Governo do Estado de São Paulo, devem ainda na segunda feira se reunir com o CEO e fundador da CoreThree, Ashley Murdoch.

A empresa é especializada em meios de pagamento em transporte público.

O objetivo do encontro é “conhecer o modelo de bilhetagem utilizado pela empresa, que, por meio do celular do usuário, inclui a possibilidade de pagamento para múltiplos modais, com diferenciação de regime de preço de acordo com o usuário.” – segundo a nota da assessoria de imprensa.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    Gasto desnecessário; mais um desperdício de dinheiro do contribuinte.

    Ao invés desta viagem, porque não avaliam a possibilidade de utilizar o Aeromóvel com carros da Marcopolo no ABC?

    Afinal tecnologia 100% nacional com geração de empregos Barsil.

    Att,

    Paulo Gil

  2. Alfredo disse:

    Paulo Gil, concordo com Você, tenho quase certeza que nada vai acontecer no caso da obra do ABC, Doria vive prometendo coisas que não saem da papel, esse partido PSDB já teve 24 anos para mudar São Paulo e não o fez, privatizaram tudo e o resultado foi pedagios nas rodovias e ônibus velhos na periferia, este partido não merece credibilidade

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