HISTÓRIA: São Paulo da década de 1970, uma aquarela dos transportes

Pesquisadores relacionam empresas de ônibus e pinturas que marcaram uma parte da história da cidade no terminal da Praça da Bandeira

ADAMO BAZANI

Atualmente, em grande parte dos sistemas de transportes no Brasil, as pinturas de ônibus são padronizadas. Algumas indicam os tipos de serviços e linhas, como em Curitiba com os Ligeirinhos (prata), alimentadores comuns (laranja), interbairros (verde), etc. Em outras cidades, a indicação é por região atendida, como em São Paulo, com Área 1 – Zona Noroeste – verde claro, Área 2 – Zona Norte – azul escuro, Área 3 – Zona Nordeste – amarelo, Área 4 – Zona Leste – vermelho, Área 5 – Zona Sudeste – verde escuro, Área 6 – Zona Sul – azul claro, Área 7 – Zona Sudoeste – vinho, Área 8 – Zona Oeste – laranja.

Foi a partir dos anos 1970 que algumas cidades começaram a adotar pinturas que não eram o design das próprias empresas.

Na capital paulista, a primeira padronização começou a partir de 1978, com a reorganização do sistema elaborada na gestão do prefeito Olavo Setúbal. Surgia o esquema “saia e blusa”, pela qual a “saia” do ônibus, área inferior da carroceria (da caixa de roda para baixo) indicava pela cor a região de São Paulo que o ônibus atendia.  A parte de da caixa de roda para cima, ou seja, a “blusa”, era um espaço livre para as empresas pintarem do jeito que quisessem, mas, pelo pouco espaço e por questão de economia, na maior parte dos casos, as pinturas eram simples, apenas com um fundo, o nome da companhia e poucos detalhes. Muitas empresas tinham designs bem parecidos.

Com a padronização, que indicava a região atendida, as “saias” dos ônibus passaram a ter as seguintes cores:

Marrom – Zona Norte (Vila Maria, Vila Guilherme, Santana e Tucuruvi)

Amarelo– Zona Leste (Penha, Cangaíba, Erm. Matarazzo, São Miguel Pta. e Itaim Paulista)

Rosa– Zona Sudeste/Zona Leste (Moóca, Tatuapé, Vila Prudente, Vila Matilde, Itaquera e Guianazes)

Vermelho  – Zona Sul (Indianópolis, Santo Amaro e Capela do Socorro)

Azul Escuro – Zona Sul/Zona Sudeste (Aclimação, Ipiranga e Saúde)

Azul Claro– Zona Sul (Vila Mariana e Jabaquara)

Laranja – Zona Sudoeste (Butantã e Morumbi)

Verde Escuro – Zona Oeste (Lapa, Perdizes, Perus e Pirituba)

Verde Claro – Zona Noroeste (Casa Verde, Limão, Freguesia do Ó, Vila Brasilândia e Jaraguá)

Antes deste período, as pessoas identificavam os ônibus pelo letreiro e pelas pinturas das empresas.

Uma imagem já conhecida de muitos que se interessam pela história dos transportes, o Terminal da Praça da Bandeira em 1977, mostra muito bem esta aquarela dos ônibus paulistanos.

Dois pesquisadores, Mário Custódio e Mário Brian, que além de estudarem o tema, andaram muito de ônibus na ocasião, reservaram um presente especial.

Ambos relacionaram as empresas que aparecem na foto.

Uma delas, como a Viação Campo Belo continua com o mesmo nome. Outras foram “unificadas e incorporadas” a partir do sistema implantado com a licitação de 2003, como a Viação Paratodos (depois São Jorge, VIM – Metropolitana e hoje MobiBrasil)  Viação Bola Branca (hoje Viação Cidade Dutra) e outras que simplesmente foram extintas, como a Viação Rio Pequeno.

Nas baias sem coberturas para os passageiros cada ônibus tinha sua parada e alguns realizavam embarque e desembarque no lado externo.

Entre as empresas destacadas estão: Auto Viação Braspol, Viação Castro, Viação Rio Pequeno, Viação Paratodos, Viação Jardim Miriam, Viação Real Parque, Viação Canaã, Viação Rio Bonito, Viação Bola Branca, Empresa São Luiz Viação, Viação Campo Belo, Viação Jurema.

A maior parte dos modelos era de carroceria Caio e chassi Mercedes, como o Jaraguá e Bela Vista I e II (máscara negra), mas havia na ocasião também os monoblocos urbanos da Mercedes-Benz e modelos da Marcopolo, como San Remo e Veneza.

TERMINAL BANDEIRA:

Acima, terminal em 1977 e abaixo, em 2017

O terminal da Praça da Bandeira começou a funcionar de forma improvisada em 1969 por causa das obras do Metrô na ocasião. Isso porque, parte das linhas de ônibus que paravam na Praça de Sé teve de ser transferida devido às intervenções para a construção da linha 1-Azul.

A estrutura atual foi inaugurada em 8 de novembro de 1996.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Ideraldo Souza disse:

    A empresa que consta como Campo Belo é, na verdade, a UTIL e fazia a linha para Cidade Dutra.

  2. ADILTON AGUIAR SILVA disse:

    SRS ESTOU A PROCURA DA EMPRESA QUE INCORPOROU NA VIAÇÃO JARDIM MIRIAM PARA RESGATAR MEUS QUINIS PARA APOSENTADORIA..ALGUEM SABE AONDE ANDA ESSA EMPRESA???

  3. PAUL WILLIAM DIXON disse:

    A linha Cidade Dutra era da Bola Branca. Foi um crime acabar com esta linha, assim como as linhas Veleiros e Jardim Suzana. Pegava muito esta linha e também a IV Centenário (Viação Rio Bonito). Aliás, foi um crime acabar com as linhas diretas para a periferia. Hoje somos obrigados a perder mais de uma hora com baldeações.
    Outra linha que pegava muito por causa da minha escola era a Hípica Paulista (Campo Belo).

  4. JOICE DE SOUSA XAVIER DE OLIVEIRA disse:

    Estou a procura do Sr Roque Mendes da Silva, ele trabalhou na Viação Canaã por volta de 1965 e 1968.
    Acredito que ele tenha voltado para Bahia.

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