Allison lança novas transmissões automáticas para ônibus com motor dianteiro e promete consumo menor

À esquerda, ônibus Mercedes-Benz (Del Rey Transportes Ltda) e à direita, ônibus Agrale (demonstração) ambos com transmissão Allison automática. Foto: Adamo Bazani

Equipamentos foram desenvolvidos para os modelos MA 17.0 da Agrale e OF 1721 L da Mercedes-Benz

ADAMO BAZANI

Colaborou Jessica Marques

A cultura no mercado de ônibus urbanos de motor dianteiro está mudando no Brasil.
Os veículos estão mais modernos e os frotistas mais conscientes de que, mesmo não sendo modelos com motor traseiro e piso baixo, os ônibus com esta configuração de motor podem ser melhores.

A suspensão pneumática está cada vez mais presente entre os urbanos de motor dianteiro e agora chega a vez será das transmissões automáticas.

Pelo menos é a aposta do diretor regional para a América do Sul da Allison, Evaldo Oliveira.

A empresa norte-americana instalada no Brasil no bairro Santo Amaro, na zona Sul da capital paulista, lançou nesta sexta-feira, 23 de novembro de 2018, dois modelos de transmissões automáticas para ônibus de motor dianteiro: T3270 xFE para o OF 1721L, da Mercedes-Benz, e o T3270 R xFE, para o Agrale MA 17.0.

Os ônibus Agrale e Mercedes-Benz equipados com as Allison da Série 3000 são os mais recentes a incorporar a tecnologia xFE da Allison.

A diferença entre os ônibus das duas montadoras é que o Agrale possui o retarder, item não presente ainda na transmissão do OF 1721L por opção da Mercedes Benz.

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Segundo Evaldo, diferentemente de modelos anteriores de transmissões automáticas, os sistemas apresentados nesta sexta-feira possuem tecnologias que ajudam a reduzir o consumo de combustível em relação aos sistemas mais antigos.

Uma das tecnologias é chamada pela Allison de Fuel Sense 2.0 que faz trocas de marchas nos pontos ideias de consumo de motor. Nos sistemas mais antigos, segundo a Allison, as definições de troca privilegiavam desempenho. Estes novos sistemas são considerados pela fabricante ideias para as operações urbanas porque sensores detectam o melhor momento de troca de acordo com o consumo.

Outra tecnologia é a TCM, sigla em inglês para Módulo de Controle de Transmissão.
Uma espécie de computador calcula durante a operação situações como aclive, declive, rotação e velocidade.

Com base nestes dados, define em que momento e em que rotação do motor é mais adequado fazer a troca de marchas.

“Por isso que falamos que a programação das marchas se dá em tempo real, com definições de acordo com o tipo de operação” , disse o executivo.

Mais uma tecnologia apresentada é a XFE, sigla para Extra Fuel Economy, que muda o escalonamento para relação de marcha de forma mais adequada ao consumismo e operação, segundo a fabricante.

A Allison diz que em condições mais severas de operação, o consumo pode ser 4% maior em comparação às transmissões manuais.

“É um consumo mais baixo em relação aos sistemas mais antigos e houve alguns testes, como no Rio de Janeiro, que o consumo foi até menor que a transmissão manual. Mas a grande vantagem econômica da transmissão automática é o que o mercado chama de TCO, custo total de propriedade, ou seja, o custo durante a vida útil. Temos comprovação de que o custo ao longo da vida útil de um ônibus com transmissão automática é menor que do veículo com transmissão manual” , enfatiza.

O diretor da Allison disse que antes deste lançamento foram feitos testes por sete anos, com dois ônibus Mercedes-Benz, das empresas Vila Real e Reginas, do Rio de Janeiro.

Com base nos resultados destas operações, a Allison concluiu que em três anos o custo inicial mais alto pode ser pago e, ao final de dez anos, ainda pode haver um lucro de R$ 30 mil a R$ 35 mil com este sistema.

Há cinco anos, um ônibus Mercedes-Benz também é testado pela empresa Del Rey Transportes Ltda, com sede em Carapicuíba, e que faz linhas metropolitanas da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos).

Projetado para receber carrocerias de até 13,2 metros, o chassi Mercedes-Benz vem equipado com suspensão pneumática e tem amplas aplicações, incluindo o uso como alimentador de BRT (Bus Rapid Transit), para fretamento contínuo — transporte de funcionários —, fretamentos turísticos e viagens de curta distância, segundo informações da Allison.

O chassi MA 17 com motor dianteiro e transmissão automática, por sua vez, é sucesso na Argentina e já desperta interesse em outros mercados da América do Sul. A versão para o Brasil foi configurada para receber carroceria com três portas de até 13,2 metros de comprimento e suspensão pneumática.

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Ao todo, a Allison com empresas de ônibus e montadoras reuniu cinco ônibus que rodaram cerca de um milhão de quilômetros.

Entre as vantagens econômicas que a Allison alega que as transmissões oferecem está na manutenção.

Os sistemas, de acordo com a fabricante, majoritariamente necessitam apenas de troca de óleo sintético, feita a cada 120 mil quilômetros em média (ou seis mil horas) e de filtros a cada 60 mil quilômetros.

A aceleração também é mais rápida, de 0 a 40 km/h em 10 segundos, enquanto seria de 20 segundos com um modelo manual.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Jessica Marques para o Diário do Transporte

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