Contrato da PPP do monotrilho de Salvador será assinado até 10 de outubro, diz diretor da BYD

Monotrilho de Shenzen, China, operado pela BYD

Consórcio Skyrail Bahia, formado pelas empresas BYD e Metrogreen, venceu negócio de R$ 1,5 bilhão. Ferroviários dos trens temem demissão em massa

ALEXANDRE PELEGI

O diretor da fabricante chinesa BYD no Brasil, Alexandre Liu, disse à Revista Ferroviária que o Consórcio Skyrail Bahia tem até o dia 10 de outubro para assinar o contrato de Parceria Público-Privada do leilão do monotrilho de Salvador.

O monotrilho, que substituirá o atual Trem do Subúrbio, terá 19,9 quilômetros de extensão e 22 estações. O valor estimado é em torno de R$ 1,5 bilhão. O diretor Alexandre Liu já havia informado anteriormente que o monotrilho terá quatro carros, com capacidade total entre 400 a 600 pessoas por composição. Para operar a linha serão necessários 26 trens, totalizando 104 carros.

O sistema deverá operar com intervalo de 10 minutos, e todo o sistema terá Wi-Fi e cobrança por biometria facial. Os trens funcionarão automaticamente, sem operadores.

Pelo modelo de PPP, caberá ao Consórcio Skyrail Bahia a implantação das obras civis e sistemas, fornecimento do material rodante, operação e manutenção do monotrilho movido à propulsão elétrica. Em contrapartida, terá o direito de explorar a linha por 20 anos.

A Comissão de Licitação da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) da Bahia homologou o resultado no dia 8 de agosto, conforme publicação em Diário Oficial.

O diretor da BYD estima que o novo modal entrará em operação em um prazo de 28 meses, contados a partir da assinatura do contrato

Alexandre Liu afirmou ainda que já começaram os preparativos para o processo de constituição da SPE (Sociedade de Propósito Específico) e que se trata de um projeto muito importante para a BYD. “Vamos fazer esse negócio dar certo”, afirmou o executivo.

A maior dificuldade no momento está na documentação: “são duas culturas diferentes e tudo tem que ser traduzido da China, um processo bem trabalhoso”.

Eduardo Copello, presidente da CTB (Companhia de Trens da Bahia), afirmou à Revista que “o sistema trará uma substancial melhoria na qualidade do transporte público e no cotidiano das pessoas por meio da redução dos tempos de viagens, conforto e segurança proporcionados pelo novo sistema”.

A BYD divulgou um filme institucional sobre o funcionamento de um monotrilho na China:

FUNCIONÁRIOS DOS TRENS DE SUBÚRBIO FIZERAM GREVE

Os ferroviários dos trens do subúrbio de Salvador, vinculados ao Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Ferroviário e Metroviário dos Estados da Bahia e Sergipe (Sindiferro), realizaram greve entre os dias 4 e 5 de setembro.

A paralisação foi motivada, segundo o sindicato, por reajuste salarial e melhores condições de trabalho. Os salários da categoria não são reajustados há três anos.

Outro motivo é a possível demissão em massa de 400 trabalhadores com a construção do Monotrilho, segundo afirmou em nota Paulino Moura, coordenador-geral do Sindiferro.

Em resposta, Eduardo Copello, presidente da CTB, afirma que o governador do estado da Bahia, Rui Costa, já adiantou que os trabalhadores dos trens de subúrbio deverão permanecer na empresa mediante treinamento e capacitação.

Leia a nota do Sindiferro na íntegra:

COMUNICADO AOS USUÁRIOS DOS TRENS DO SUBÚRBIO

“O SINDIFERRO informa que nos dias 4 e 5 de setembro de 2018, os trens do Subúrbio ferroviário de Salvador, responsáveis por levar cerca de 20 mil pessoas (dia), no trajeto da Estação Ferroviária da Calçada a Paripe, não irão funcionar.

Os trabalhadores da CTB – Companhia de Transportes do Estado da Bahia, em assembleia realizada no dia 19 de agosto de 2018, decidiram por deflagrar uma greve de 48 horas.

O motivo de total insatisfação por parte da categoria ferroviária é que pelo terceiro ano seguido, a empresa oferece reajuste salarial zero, ou seja: há 3 anos os trabalhadores não têm os seus vencimentos reajustados. Outro agravante, é que, com o advento do VLT/Monotrilho, a CTB e o Governo do Estado caminham a “passos largos” para demitir cerca de 400 funcionários (sendo 96 primários e 300 terceirizados) da empresa. O SINDIFERRO luta para que esses valorosos empregados sejam aproveitados no novo modal, mas a falta de sensibilidade da Companhia faz com que isso esteja muito longe de acontecer, embora o Governador Rui Costa tenha sinalizado, em suas redes sociais, que os trabalhadores devem permanecer na empresa, mediante a treinamento e capacitação.

É importante que o usuário saiba que o sistema há anos segue funcionando “a duras penas”: os trens estão sucateados e os trabalhadores seguem operando verdadeiros milagres para não deixar a população suburbana sem o transporte de massa.

O SINDIFERRO – Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Ferroviário e Metroviário dos Estados da Bahia e Sergipe lamenta profundamente os transtornos causados aos usuários do modal ferroviário durante esses dois dias.

A greve é um instrumento legítimo, garantido pela Constituição Federal, usada em caso extremo, como esse de agora.

Os trabalhadores (as) da CTB agradecem a compreensão e a disposição da população para exigir o respeito dos governantes. VAMOS À LUTA!”

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Bruno Silva disse:

    Uma pena que o TCE suspendeu temporariamente a licitação. Entendo e concordo que o órgão ficalize com rigos a plicação dos recursos públicos pois é é seu dever. O que acho estranho foram as considerações pra tal suspenção bem como as circunstâncias da mesma. Me pergunto a razão de apesar do Edital ser de conhecimento público e diante do montante da PPP o TCE já deveria acompanhar todo o certame, só pouco antes da assinatura do contrato, um único desembargador suspende a licitação com argumentos nada consistentes.
    Que tudo se resolva e essa obra tão esperada e necessária possa avançar!

  2. marcio jorge costa da silva disse:

    precisamos saber o email, tel ou endereço do consorcio. Meu email marcio.panamericana @gmail.com

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