História

HISTÓRIA: Uma parte da memória da ligação entre Mogi das Cruzes e São Paulo

Caio Gabriela da Manzalli na Estrada de São Miguel – Clique para ampliar

Pesquisador registrou ônibus da Manzalli Transportadora, uma das empresas que ajudaram a integração entre as duas cidades

ADAMO BAZANI

Praticamente hoje não há limites físicos entre grande parte dos municípios da região metropolitana de São Paulo.

As áreas urbanas foram crescendo e as cidades foram se emendado.

É verdade que numa “viagem pela Grande São Paulo”, ainda é possível no mesmo trajeto ver paisagens diferentes, que mesclam desenvolvimento e falta de infraestrutura, áreas totalmente urbanizadas e ainda bairros com áreas verdes, que ainda lembram cidades do interior. Mas tudo isso, muito perto. O verde ao lado do concreto. A riqueza ao lado da pobreza.

Antes as distâncias físicas entre as mais variadas realidades eram maiores.

Com o crescimento populacional, que começou a intensificar a partir dos anos 1950, com a presença maior da indústria, fazendas e sítios davam lugar a bairros devidamente loteados.

Na rota São Paulo – Mogi das Cruzes é possível ver o reflexo da urbanização, mas com as diferentes paisagens e características convivendo lado a lado.

Mogi das Cruzes é considerada ainda o “Cinturão Verde” do Estado de São Paulo.

Neste processo de transformação das cidades, inclusive com a “agricultura urbanizada”, os serviços de transportes são essenciais e auxiliaram ao longo da história a formação das características atuais.

Hoje uma das principais ligações entre as duas cidades é a linha 11 Coral da CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.

A linha teve origem na Estrada de Ferro do Norte, que começou a ser construída em 1869 pela Companhia São Paulo e Rio de Janeiro (o nome real da Ferro do Norte), Em 1890, a linha foi incorporada pela Estrada de Ferro Central do Brasil.

A linha dava acesso dos moradores de Mogi à Zona Leste de São Paulo até a Penha.

Mas além da ligação ferroviária, linhas de ônibus são ainda e ao longo da história foram fundamentais para o desenvolvimento da região.

Entre as empresas que se destacaram estão EAOMC – Empresa de Auto Ônibus Mogi das Cruzes, a Eroles e a Transportadora Turística Manzalli.

Monobloco O-364 da Manzalli e logo atrás um Caio Gabriela da empresa municipal da capital Paulista, Penha-São Miguel

O pesquisador de história e rede de transportes, Mário dos Santos Custódio, fez nos anos 1980 dois registros que agora compartilha com os leitores do Diário do Transporte.

São dois ônibus da Manzalli: Um Caio Gabriela e um Monobloco Mercedes-Benz O-364.

“Estes ônibus passavam pela Estrada de São Miguel. A Manzalli veio operar a ligação entre Mogi das Cruzes e São Paulo após a Empresa Mogi das Cruzes ter perdido a concessão. Na época, quem cuidava das linhas intermunicipais era o DER – Departamento de Estradas de Rodagem, hoje é a EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos” – relembra Mário Custódio.

A Estrada de São Miguel fazia parte da ligação entre  o Rio de Janeiro e São Paulo e passava por dentro da antiga Aldeia de São Miguel. Hoje parte do traçado da estrada corresponde a vias como Avenidas Marechal Tito e São Miguel.

O Distrito de São Miguel até o meados do século XIX engloba as áreas hoje correspondentes aos bairros de Itaim Paulista, Ermelino Matarazzo, Itaquera, Guaianases, na cidade de São Paulo, e, antes,  parte da cidade de Mogi das Cruzes.

De acordo com a Junta Comercial do Estado de São Paulo, a Manzalli Transportadora Turística Ltda, antes chamada de Turismo Manzalli, foi constituída em 02 de janeiro de 1967 e tinha como sócios Antônio Manzalli, Arnaldo Manzalli, Olga Girotto Manzalli e Rodolfo Manzalli. A família atuou primordialmente no ramo de fretamento.

“A pintura da Manzalli era muito característica. A saia (parte inferior, na altura das rodas) era de cor azul mais claro que o azul da faixa sob as janelas. No meio, a cor era branca com o nome ‘Manzalli’ em letras grandes. Dava para reconhecer de longe os ônibus da Manzalli” – descreve Mário dos Santos Custódio.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes.

Comentários

Comentários

  1. Angelo Ottati disse:

    Apenas o colecionador Mário Custódio para nos brindar com estas fotos! Parabéns por manter estas relíquias e por disponibilizá-las.Estas são raríssimas, nem no Ônibus Brasil há algum registro de um ônibus urbano da Manzalli. Há décadas que esperava por ver algum registro.
    A Manzalli, que assumiu as linhas que foram da então chamada “Mogizão” e depois de um período de operação de um “pool” composto pela CMTC, Viação Represa, Mar Paulista e Danúbio Azul, ficou com as duas linhas que, à época, eram gerenciadas pela Emplasa, que originou a EMTU. Na Emplasa, a linha Mogi x Metrô Ponte Pequena era a AOL-038, e a linha Mogi x Metrô Brás era a AOL-144.
    Muito obrigado, parabéns ao Mário Custódio.

  2. Ismael de Jesus Silva Mendes disse:

    Depois essas linhas de Mogi para São Paulo passaram a ser operadas pela Eroles somente a linha executiva que é operada pela Pássaro Marron indo até o Terminal Rodoviário Tietê.

  3. Angelo Ottati disse:

    Passaram a ser operadas pela Eroles após a cassação da Manzalli e de um concorrência, da qual participaram a Viação Ferraz, a Viação Poá e a EO Guarulhos.

  4. Ismael de Jesus Silva Mendes disse:

    Hoje essa linha é operada pelo consórcio Unileste formada pelas empresas Transcel CS Brasil / JSL.

  5. Jacskon disse:

    Hoje a Manzalli nem existe mais Há 2,3 anos ela inda tinha uns 2 ou 3 onibus sucumbiu juntamente como muitas empresas do ramo do turiscom entre elas Ranéa,JWA,Sabetur entre outras….

  6. Depois que a Viação Mogi, vulgo “mogizão” parou de operar, por um período provisório foi operado com Ônibus da CMTC, até a Viação Danúbio Azul assumir. Só posteriormente foi operado pela Manzalli, que só tinha carros precários.

  7. Angelo Ottati disse:

    Na verdade, a CMTC operou as linhas urbanas entre SP e Mogi por três meses juntamente com a Viação Mar Paulista, a Viação Represa e a Danúbio Azul, até a Manzalli ser a escolhida.

  8. joel teodoro da silva disse:

    fui transportado pela manzzali nos anos 80 destino xerox brasil interlagos volta sentido osasco pelo carro 1520. sdds desse tempo..

  9. Fernanda disse:

    Precisava conhecer alguns motoristas da Manzalli dos anos 1980 a 1987. Pois minha mãe trabalhou na época como cobradora e fala de um colega de serviço que não se tem notícia.

  10. Aparecido CY disse:

    Fantástica reportagem. Utilizei muito o Manzalli porque saía da Penha e costumava ir a Mogi. São tempos muito diferentes, que mostrava os bairros de forma completamente diferente, apesar das carências do transporte.

  11. Alberico Souza moreira disse:

    Eu fui cobrador da empresa auto ônibus Mogi das das Cruzes ano 72 fazia linha Mogi estação da luz e também, Mogi Parque dom Pedro , bons tempos

  12. beto lima disse:

    Com meus 10 anos, fui trabalhar na Manzalli, ali no Piquerii, morei na vila união, na rua Souza filho, 710, da minha casa dava pra ver a garagem lá em baixo, perto do rio, ainda não existiam as avenidas margeando, ao lado tinha um clubinho os X I garotos do Piquerii, todo sábado a noite tinha bailinho. Trabalhei na parte da tarde de segunda a sexta, pois, estudava pela manhã, ganhava uma nota de Tiradentes todo sábado, que era dia todo, valia 5 cruzeiros, acho, Um dos donos seu Renato consertava os motores eu lavava as peças e limpava os ônibus, janelas, e bancos sujos de brilhantina que os passageiros dorminhocos deixavam. Quando cheguei, tinha um Chevrolet chamado de bondinho, e um Mercedes 321, que o Arnaldo fazia o trajeto da escola campos Salles da lapa até a chácara, logo foi comprado um senembi da Danúbio azul, e mais a frente um outro 326 da são Manoel. quase sempre era convidado pelos motoristas Neninho (que também era mecânico ) e o Macarrão, ia com eles aos domingos de mascote, pra aparecida, praia grande, gostoso que nas paradas como eu era “filho” do motorista tbem lanchava de graça, isso era o máximo, na praia, tínhamos uma cabina pra troca de roupa e comida grátis além da grana que o motorista ganhava por levar pessoas naquele local das cabinas. aprendi muito convivendo com pessoas mais velhas, muita safadeza tbem não nego, mas, tudo foi aprendizado pra vida toda. Aos sábados o Arnaldo me chamava pra ir ajudar a lavar o carro dele, lá na carvoaria do sogro Zezito, perto da marginal. Esse período foi muito bom, pois quando fiz 14 tirei minha carteira de trabalho e fui trabalhar na Breda Turismo lá no Cambuci, uma viagem de ida e outra de volta, quase duas horas cada, sem contar os dias de chuva, inundava pelo rio Tamanduateí e nada passava por ali e que tinha que subir da avenida do estado até a liberdade pra pegar ônibus pra lapa, e depois outro mais até o Piquerii… ai não tinha escola a noite, essa maratona passada de oito da noite a chegada em casa. Muito aprendizado, se algum remanescente dos Manzalli ler este relato e quiser fazer contato, ficarei emocionado, estou no facebook como beto lima herby… ah… meu apelido na garagem era forasteiro, n sei por qual razão…mas, o macarrão me chamava de currasteiro, pelo meu tamanho…rs

Deixe uma resposta para Angelo OttatiCancelar resposta

Descubra mais sobre Diário do Transporte

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading