Durante greve dos caminhoneiros, poluição na capital paulista cai pela metade

Estimativa de pesquisadores é de que sejam evitadas seis mortes por dia na cidade de São Paulo, com a redução de veículos na rua. Foto: Divulgação

Redução pode servir de argumento para criação de políticas públicas, segundo o Instituto de Estudos Avançados, que revelou os dados

JESSICA MARQUES

A greve dos caminhoneiros, que entra no décimo dia nesta quarta-feira, 30 de maio, causou diversos impactos negativos em vários setores, principalmente na área de transportes. Contudo, na capital paulista houve um ponto positivo: a poluição do ar foi reduzida em 50%.

Os dados foram divulgados pelo diretor do IEA-USP (Instituto de Estudos Avançados), Paulo Saldiva. A apresentação dos números foi feita no evento “Diálogos Interdisciplinares sobre Governança Ambiental da Macrometrópole paulista”.

“Houve uma redução de 50% da poluição na capital paulista. Esse é um episódio raro e vamos estudar suas consequências na saúde pública. Quem sabe, essas evidências quantitativas sirvam de argumento para a criação de políticas públicas” – disse Saldiva.

A queda no tráfego de veículos foi relacionada à diminuição do nível de poluição atmosférica pelo Sistema de Informações de Qualidade do Ar, da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).

Na segunda-feira, 28 de maio, por exemplo, a qualidade do ar foi considerada boa na cidade de São Paulo. A classificação é incomum em dias normais, quando os veículos estão circulando normalmente pelas vias.

Segundo informações da Cetesb, quando o rodízio foi liberado em São Paulo, os índices de poluição aumentaram. Contudo, quando houve falta de combustível, houve uma queda expressiva nos indicadores de poluentes.

O diretor do IEA-USP comparou os dados relativos aos índices de monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio (N2O) e partículas inaláveis na atmosfera. Os três índices estão diretamente ligados à liberação da queima de combustíveis.

A mesma equipe de pesquisadores mediu a poluição atmosférica da capital paulista durante a greve dos metroviários em maio de 2017. Na situação, o resultado foi contrário e o índice de poluentes dobrou.

A estimativa da equipe é de que sejam evitadas seis mortes por dia na cidade de São Paulo, com a redução de veículos na rua, como carros e ônibus movidos a diesel.

Comentários

Comentários

  1. Emiliano Stanislau Affonso Neto disse:

    Quem sabe se com esses dados as autoridades brasileiras passam a encarrar o transporte público, em especial o metroferroviário, como elemento fundamental para o desenvolvimento urbano e a melhoria da poluição e da mobilidade urbana e o meio ambiente passe a ser um dos pilares de sustentação do transporte coletivo e um promotor de sua expansão.

    Emiliano Stanislau Affonso
    Diretor do SEESP
    Presidente do MDT

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