Justiça Federal nega últimos recursos e determina prisão do empresário de ônibus Ronan Maria Pinto
Publicado em: 23 de maio de 2018
Mandados foram expedidos pelo juiz Sergio Moro nesta tarde
ADAMO BAZANI
O TRF – Tribunal Regional Federal da Quarta Região negou nesta quarta-feira, 23 de maio de 2018, os últimos recursos possíveis em segunda instância do empresário de ônibus e dono do jornal Diário do Grande ABC, Ronan Maria Pinto.
Ronan é dono da Viação Guaianazes, Viação Curuçá e ETURSA – Empresa de Transporte Urbano Rodoviário de Santo André, que integram o Consórcio União Santo André.
Por não haver mais possibilidade de apreciação no TRF 4, a corte determinou que o juiz de primeira instância, Sergio Moro, expedisse o mandado de prisão.
Ronan Maria Pinto foi condenado a 5 anos de prisão por lavagem de dinheiro no caso que apura o empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões do Banco Schain para o pecuarista e amigo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, José Carlos Bumlai. As investigações apontam que o dinheiro foi para o PT e que, em troca, a Petrobras de forma irregular assinou um contrato de US$ 1,6 bilhão com o Grupo Schain para a operação do navio-plataforma Vitória 10.000
Dos R$ 12 milhões, ainda segundo as investigações, R$ 6 milhões foram para Ronan que estaria achacando o PT para não envolver o nome de Lula e de outros líderes do PT no caso da morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel.
Celso Daniel foi assassinado em janeiro de 2002. O Ministério Público do Estado de São Paulo sustenta que a morte foi motivada por um esquema de corrupção envolvendo empresas de ônibus de Santo André. A Polícia Civil diz que o sequestro e a morte foram crimes comuns.
Ronan Maria Pinto já era o maior empresário de ônibus de Santo André quando ocorreu o assassinato de Celso Daniel. Ele não foi acusado pela morte, mas em outro processo foi condenado pela corrupção.
O empresário foi preso pelo determinação do juiz Sergio Moro em primeira instância em 1º de abril de 2016, mas depois foi solto para responder o processo em liberdade
O CAMINHO DO DINHEIRO PARA RONAN, SEGUNDO A LAVA-JATO:
– Os R$ 12 milhões que saíram do Banco Schahin foram transferidos para conta bancária do Frigorífico Bertin, de José Carlos Bumlai
– R$ 6 milhões foram para pagar dívidas de campanha do PT e outros R$ 6 milhões para Ronan, mas não diretamente para o empresário de ônibus.
– Os quase R$ 6 milhões para Ronan Maria Pinto foram primeiro para a Remar Agenciamento e Assessoria Ltda, de Oswaldo Rodrigues Vieira Filho, empresário do Rio de Janeiro que já havia sido indicado por outros membros do esquema.
– Foi a partir deste momento que, segundo os procuradores, o dinheiro começou a ser pulverizado. Do total de quase R$ 6 milhões, a Remar repassou R$ 2,94 milhões para Expresso Nova Santo André, empresa de ônibus que tinha como principal sócio, Ronan Maria Pinto
– Da Expresso Nova Santo André foram repassados R$ 1,2 milhão para a conta de Maury Campo Dotto, um dos sócios do Diário do Grande ABC.
– A Remar passou diretamente para a conta de Dotto R$ 210 mil
Ronan nega as acusações.
Moro, em seu mandado, deu a possibilidade de Ronan Maria Pinto pode se apresentar na Polícia Federal de Curitiba até 12h de sexta-feira, 25 de maio de 2018.
Também tiveram recursos negados no mesmo processo: o ex tesoureiro do PT, Delúbio Soares, condenado a seis anos de prisão, Enivaldo Quadrado (6 anos de prisão), o economista Luiz Carlos Casante (5 anos de prisão) e o empresário Natalino Bertin (4 anos e 2 meses) .
As penas ficaram em:
Luiz Carlos Casante: lavagem de dinheiro. A pena passou de 4 anos e 6 meses para 5 anos de reclusão, em regime inicial fechado;
Ronan Maria Pinto: lavagem de dinheiro. A pena foi mantida em 5 anos de reclusão em regime inicial fechado;
Enivaldo Quadrado: lavagem de dinheiro. A pena passou de 5 anos para 6 anos de reclusão em regime inicial fechado;
Delúbio Soares de Castro: lavagem de dinheiro. A pena passou de 5 anos para 6 anos de reclusão, em regime inicial fechado;
Natalino Bertin: lavagem de dinheiro. A pena passou de 4 anos para 4 anos e dois meses de reclusão, em regime inicial semi-aberto.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
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