Ataques a ônibus em BH e arrastões em Curitiba: a dura rotina do transporte público em duas capitais brasileiras

Incêndio a ônibus em Fortaleza em maio de 2017. Ataque criminoso provocou a morte do cobrador José Nunes de Sousa, de 56 anos. Foto: O Povo (leitor)

Além dos problemas que o transporte coletivo já enfrenta, a insegurança pública torna-se mais um fator de preocupação para passageiros, trabalhadores do sistema e empresários do setor

ALEXANDRE PELEGI

O transporte coletivo já tem seus próprios problemas há tempos, todos eles intrínsecos à atividade do sistema e à situação das cidades. Vão desde os custos dos insumos necessários à atividade, até dificuldades diárias para a circulação nas ruas da maioria dos municípios brasileiros, somados ainda a problemas de desequilíbrio financeiro, provocados em boa parte pela perda de passageiros, de um lado, e pela profusão de gratuidades de outro.

Mas um novo problema tem se somado à essa lista, e este não está diretamente relacionado à atividade: a insegurança pública, que invadiu os ônibus em assaltos e arrastões, e para depredações e incêndios que pioram a oferta de serviços.

Em Belo Horizonte, após um recorde de ônibus incendiados em 2017, o novo ano mal começa e já foram registrados 9 veículos queimados na região metropolitana, a maioria associada a ‘protestos’. O mais recente deles em uma garagem de uma empresa de Contagem, na região metropolitana de BH.

Em Curitiba, após um ano de seguidos crimes no interior dos ônibus, o ano de 2018 registrou até ontem 11 arrastões a coletivos, somente na capital. No último dia 14 de fevereiro foram três arrastões na cidade, deixando passageiros, motoristas e cobradores em pânico.

Na região metropolitana de Curitiba os casos de violência registrados no transporte coletivo têm amedrontado os trabalhadores do sistema de transporte público há tempos. Em julho de 2017 um motorista foi assassinado em um arrastão e no dia 1º de setembro um cobrador foi baleado e morto com dois tiros. Foi o que bastou para que os trabalhares passassem a realizar uma série de protestos na cidade.

Em Belo Horizonte, o crime que afeta a comunidades inteiras – queimar um ônibus reduz a oferta de transporte – causou somente em 2018 um prejuízo estimado em mais de R$ 3,6 milhões. Matéria do jornal Estado de Minas, que faz um balanço dos ônibus queimados na capital mineira, afirma que “enquanto os casos avançam, forças de segurança não têm plano específico ou coordenação para combater esse tipo de crime, não havendo sequer uma investigação coordenada dos vários casos”.

Somente em janeiro de 2018, segundo o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros Metropolitano (Sintram), 44 ônibus que circulam por linhas da Grande BH sofreram algum tipo de vandalismo ou foram assaltados; em sete desses casos houve incêndio e outros tipos de depredação. O Sintram informa que em 2017 foram 18 casos de ônibus metropolitanos incendiados.

Já o Sindicato das Empresas de Transporte de Belo Horizonte (Setra-BH) aponta 2017 como o ano mais violento: 22 veículos foram danificados ou destruídos. Esse ‘recorde’ estaria vinculado a protestos de detentos da Penitenciária Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves. A Polícia Militar de Minas suspeita que líderes de facções comandaram as ações de dentro da cadeia.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Comentários

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  1. Triste Brasil, na mão dos criminosos.

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