Privatização da linha 15-Prata do monotrilho terá contrato de 20 anos e trecho ficará pronto em 2021

Monotrilho da linha 15-Prata será menor que o previsto e vai deixar de servir áreas periféricas.

Será considerada vencedora a sociedade que oferecer maior valor de outorga e remuneração será por passageiro transportado

ADAMO BAZANI

O governador Geraldo Alckmin já prepara a minuta do edital para concessão à iniciativa privada da linha 15-Prata do monotrilho na zona leste da capital paulista.

Em reunião ordinária do conselho diretor de Programa Estadual de Desestatização, a gestão Alckmin definiu que o contrato de licitação será de 20 anos.

Atualmente, está em operação apenas um trecho de 2,3 quilômetros, ligando as duas únicas estações do sistema: Vila Prudente e Oratório.

Na reunião, que ocorreu no último dia 20 de setembro de 2017, mas cuja ata só foi publicada neste sábado, 21 de outubro, no Diário Oficial do Estado de São Paulo, o governo prevê que o trecho de 15,34 km de extensão e com 11 estações, que será concedido à iniciativa privada, terá conclusão somente em março de 2021, com a entrega do trajeto entre São Mateus e Iguatemi. A finalização das obras entre Oratório e São Mateus deve ocorrer em março de 2018:

“reiterou que as estações Vila Prudente (integração com a Linha 2 Verde do Metrô) e Oratório, bem como o pátio, já encontram-se em plena operação, e que o cronograma de entrega das obras a cargo do Poder Concedente, prevê a conclusão do trecho “Oratório (exclusive) – São Mateus”, com 8 estações, até março/2018, e o trecho “São Mateus (exclusive) – Iguatemi”, com previsão de entrega para março/2021, completando o escopo do projeto com 11 estações e 1 pátio, totalizando 15,34 km de extensão” – diz parte da ata.

Todos os projetos de monotrilhos em São Paulo sofrem grandes atrasos por vários motivos, que vão desde questões técnicas com as obras, como a própria Linha 15, cujo projeto não contemplou galerias pluviais prejudicando a fixação das vigas para os elevados, além de contratuais com as construtoras, falta de recursos e referentes a financiamentos de desapropriações.

As obras do monotrilho da linha 15-Prata, a exemplo do 17-Ouro que também será concedido à iniciativa privada, serão bancadas com dinheiro público, inclusive o último trecho entre São Mateus e Iguatemi. Havia a possibilidade de a empresa que assumisse a operação também se responsabilizasse por este pedaço da linha, o que foi descartado da reunião.

O Governo do Estado estima demanda diária de 349 mil passageiros no trecho principal, que subiria para 405 mil usuários em 2021, com o trecho São Mateus-Iguatemi.

“estima uma demanda de cerca de 349 mil passageiros/dia, para 2018, no trecho “Vila Prudente-São Mateus”, e previsão de aproximadamente 405 mil passageiros/dia com a inclusão do trecho até Iguatemi, em 2021.”

Para participarem, as empresas, inclusive interacionais, terão de formar SPE – Sociedade de Propósito Específico.

Será considerada a SPE que oferecer o maior valor de outorga. A remuneração será por passageiro transportado, mas haverá compensações do governo do Estado para a operado em casos de eventuais prejuízos com a redução do número de passageiros por meio de um mecanismo chamado “Banda de Demanda”.

MONOTRILHOS ATRASADOS E MAIS CAROS:

O Governo de São Paulo prometeu entregar entre 2012 e 2015, um total de 59,7 quilômetros de monotrilhos em três linhas, mas somente 2,3 quilômetros da linha 15-Prata estão em operação.  Duas destas linhas, 15-Prata e 17-Ouro, ambas cuja operação será concedida à iniciativa privada, terão trajetos menores que os projetados inicialmente.

A linha 15-Prata, que agora deve ter 15,34 km, tinha no projeto inicial a previsão de 26,7 quilômetros de extensão, 18 estações entre Ipiranga e Hospital Cidade Tiradentes ao custo R$ 3,5 bilhões, com entrega total para 2012. Em 2015, orçamento ficou 105% mais alto, com o valor de R$ 7,2 bilhões. O custo por quilômetro sairia em 2010 por R$ 209 milhões, em 2015 por R$ 260 milhões e, no primeiro semestre de 2016, subiu para R$ 354 milhões.

Já a linha 17-Ouro, que será concedida à iniciativa privada juntamente com a Linha 5-Lilás de metrô, deveria ter 17,7 quilômetros de extensão, com 18 estações entre Jabaquara, Aeroporto de Congonhas e região do Estádio do Morumbi ao custo de R$ 3,9 bilhões com previsão de entrega total em 2012. Em 2015, o orçamento ficou 41% mais caro somando R$ 5,5 bilhões e a previsão para a entrega de 8 estações passou na ocasião para 2018. Em 2010, o custo do quilômetro era de R$ 177 milhões. Em 2015, o custo por quilômetro seria de R$ 310 milhões e no primeiro semestre de 2016 foi para R$ 325 milhões.

A maior indefinição ocorre com a linha 18-Bronze (São Bernardo do Campo – Estação Tamanduateí). Problemas em relação à definição do trajeto por causa de galerias pluviais encontradas na Avenida Brigadeiro Faria Lima, no centro de São Bernardo, além da falta de recursos e a não autorização do Governo Federal para o Estado captar financiamentos externos, estão entre os entraves. Não há previsão mais para o monotrilho do ABC.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa tarde.

    Com base nos dados oficiais, vamos fazer umas continhas basiquinha que a Tia Cotinha nos ensinou.

    “estima uma demanda de cerca de 349 mil passageiros/dia, para 2018, no trecho “Vila Prudente-São Mateus”,

    Base de cálculo: 1 mês = 30 dias.

    349000 x 30 dias = 10.470.000 passageiros/mês

    10.470.000 passageiros/mês x R$ 3,80 (tarifa) = R$ 39.766.000,00 (faturamento bruto /mês).

    Quem já viu a mega estrutura do monotrilho e considerando-se:

    A outorga, o tremzinho com baixa capacidade, funcionários, energia elétrica, manutenção predial e operacional, limpeza, depreciação, segurança, vandalismos, investimentos e outros; estrutura, infraestrutura, nem precisa ser formado em nada para saber que o faturamento bruto é muito baixo.

    Vejamos um exemplo real de custos divulgado outro dia aqui no diário, para um pequeno “remendo”

    CPTM instalará borrachões nas plataformas para reduzir acidentes na estação da Luz
    Publicado em 13 de outubro de 2017 por blogpontodeonibus em CPTM, Notícia, Outros destaques // 4 comentários
    Estação da Luz Foto: Caio Pimenta/SPTuris.
    No valor de R$ 539 mil, contrato possibilitará a instalação de borrachões na plataforma, solução comum em estações do metrô

    ALEXANDRE PELEGI

    A agência Mural, em agosto deste ano, realizou um levantamento por meio da Lei de Acesso à Informação em que revelou que 989 pessoas se machucaram em 2016 no embarque e desembarque dos trens da CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. Isso significa quase 3 acidentes por dia. O motivo: o vão entre os trens e as plataformas nas estações é, em média, de 18 cm, bem superior ao recomendado pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, de dez centímetros.

    Como exemplo máximo tem-se a estação Aracaré, da linha 12 (Brás – Calmon Vianna), que possui o maior vão dentre todas as estações da Companhia: 46 centímetros.

    “A CPTM anuncia agora que começará a resolver o problema, e para tanto já assinou um contrato de R$ 539 mil para a instalação de borrachões nas plataformas da estação da Luz.”

    Lembrando que há quinze dias atrás nem as portas abriram, já está quebrado antes de tudo.

    Portanto, mais um ônus para nós os contribuintes, pois está conta não fecha, pois NÃO dará lucro ao operador.

    PREVISIVELLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

    Mai$ uma dívida para todos o$ contribuinte$ advindos do$ devaneio$ do puuuuuuuuuder.

    Haja paciência.

    Att,

    Paulo Gil

  2. Elvis disse:

    Adamo, existe um estudo sobre o que deve ocorrer com as linhas de ônibus via centro e metro que vão até São Mateus, tendo em vista que nem todos os passageiros que utilização estas linhas vão até São Mateus, pergunto por que já percebo uma redução de ônibus e aumento substancial nos intervalos, mesmo a Sptrans negando, partir deste governo, até o site da prefeitura mudou para dificultar as reclamações, antigamente era muito simples, agora não, acredito que e para evitar a verdade sobre a piora no transporte público de SP, so que esquecem quem pega ônibus também vota, para presidente.

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