Empresas de ônibus de São Paulo são nota 7, diz mais recente IQT da SPTrans

Ônibus em São Paulo. Nem tão ruim como se fala, mas ainda sem oferecer tudo o que o passageiro precisa, segundo avaliação da SPTrans

Nota das companhias que surgiram de cooperativas e operam subsistema local é ligeiramente maior que das linhas operadas por ônibus maiores

ADAMO BAZANI

A licitação dos transportes da cidade de São Paulo, que deveria ter sido realizada em 2013, deve ter o edital lançado assim que for definida a alteração da Lei de Mudanças Climáticas, que deve definir metas de redução de poluição pela frota de ônibus municipais. As discussões ainda ocorrem na Câmara Municipal.

A promessa da prefeitura é que a minuta do edital seja lançada ainda neste ano.

Um dos aspectos já cogitados pela gestão anterior, do ex-prefeito, Fernando Haddad, e do ex-secretário de transportes, Jilmar Tatto, e que deve ser mantido na licitação da atual gestão do prefeito João Doria e do secretário de mobilidade e transportes, Sergio Avelleda, é a qualidade dos serviços que deve influenciar na remuneração das empresas de ônibus.

Muito mais que serem multadas, as empresas que não cumprirem os quesitos mínimos exigidos pela gerenciadora SPTrans – São Paulo Transporte, terão descontos em suas remunerações pelos serviços e vão ganhar menos.

A questão é polêmica porque ainda não houve uma definição clara da metodologia e como apurar se o não cumprimento dos índices foi ou não culpa da empresa: por exemplo, ao mesmo tempo que um horário pode não ser cumprido por desleixo da companhia de ônibus, ao não conservar bem um veículo que quebra e deixa de fazer a viagem, também pode haver o fato de o ônibus ficar preso no congestionamento ou diante de um bloqueio de via por manifestação ou enchente. Hoje um dos grandes problemas enfrentados pelo transporte público, é a falta de prioridade ao transporte coletivo. A cidade de São Paulo tem em torno de 17 mil quilômetros de vias. Entretanto, de acordo com a SPTrans, apenas 519 quilômetros são de faixas à direita, que nunca foram exclusivas para transporte coletivo, já que há a interferência de táxis e conversões de veículos comuns à direita, e 129,6 quilômetros de corredores à esquerda, dos quais apenas o “Expresso Tiradentes” realmente separa os ônibus do trânsito comum, com 11,5 quilômetros de extensão (8,5 km do Terminal Mercado ao Terminal Sacomã e 3 km da bifurcação até Vila Prudente).

De toda forma, somente o chamado Resam – Regime de Sanções e Multas, da SPTrans, não tem sido o suficiente para garantir a qualidade necessária para os passageiros.

Mas hoje, com os atuais critérios de avaliação da SPTrans, como é a atuação das empresas de ônibus na cidade de São Paulo?

A resposta é: regular, nem tão ruim como aparece na mídia, mas não boa como o passageiro merece.

De acordo com o mais recente IQT – Índice de Qualidade do Transporte da SPTrans, que o Diário do Transporte teve acesso, referente a agosto deste ano, a nota média das empresas de ônibus em São Paulo é de 70,31, numa escala até 100.

O subsistema estrutural, das empresas que operam ônibus de maior porte, com linhas mais extensas e que servem a região central, recebeu em agosto nota média de 69,83, de 100. Já o subsistema local, das empresas que surgiram de cooperativas e que operam linhas dos bairros, recebeu na última avaliação nota média de 70,95, na escala de 100.

A SPTrans classifica na faixa ruim, as empresas com nota abaixo de 60. A classificação é regular com notas entre 60 e 75,99. Uma empresa é considerada boa se tiver notas que variam entre 76 e 92,99. Ótima é a empresa com nota igual ou superior a 93, que não foi nenhum caso.

A maior nota do sistema de transportes de São Paulo no último mês de agosto foi de uma empresa do subsistema estrutural, a Gatusa, operadora que integra o Consórcio Sete, da área Sete, Sudoeste, cor vinho. A nota foi de 92,28, classificada como boa.

A pior empresa da cidade em agosto, de acordo com o último IQT, foi a Tupi, operadora que integra o Consórcio Unisul, da área Seis, cor azul claro. A nota foi de 54,32, classificada como ruim.

Já a melhor área operacional da cidade foi a 4.1, de parte da zona Leste, cor vermelha, operada pela Allibus, do subsistema local, com nota 80,57 – boa. A área operacional com nota mais baixa foi a 6.1, correspondente a parte da zona Sul, também no subsistema local, por causa da nota da operadora A2, que foi de 57,93 – ruim.

O IQT é obtido pela média de dez critérios com pesos diferentes: o maior é relacionado ao cumprimento de viagens, com 1,4569. O menor peso, de 0,6645, é referente à transmissão de dados pelo GPS.

Os dados são obtidos por diversas fontes: reclamações de passageiros, fiscalização de rua, relatórios de quebras e dados da bilhetagem eletrônica, por exemplo.

As metodologias para o IQT e avaliações podem mudar com a nova licitação.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. O.Juliano disse:

    Lendo a gente entende, mas se for apenas olhar a nota, fica estranho falar que 6 é ruim, por exemplo. Normalmente aprendemos que 6 é uma nota de regular pra bom.

    De qualquer forma, essa história de cumprimento de viagens acho muito errado. Deveria ser cumprimento de partidas NO HORÁRIO ou pelo menos dentro das faixas permitidas. Em diversas reclamações que já fiz à SPTrans, eles informam que não prezam pelo horário programado, mas sim pelo número de partidas.

    Acontece muito de vários ônibus atrasarem e um sair no horário, obviamente a próxima faixa irá sofrer com um novo atraso por conta dos ônibus que saíram praticamente juntos. Ou pior, quando a própria empresa orienta seus funcionários a não partir em determinados horários pq “não há um número relevante de passageiros” com a Gato Preto faz muito com a linha 8319-10. Sobre o desrespeito ao intervalo programado pelo menos a SPTrans disse que pode multar a empresa, como já fez com a própria Gato Preto, me disse.

  2. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa tarde.

    A Gatusa sempre foi uma empresa diferenciada, mesmo depois do fim da era dos donos dedicados e pós CMTC, creio que uma das únicas que ainda tem mantém um toque de classe.

    O problema do buzão de Sampa não são as empresas.

    O problema do buzão de Sampa se deve a:

    1) A fiscalizadora, na base 21/21 com linhas caranguejadas zigzagueadas e “Penha – Lapa”.

    2) As encarroçadoras com buzão sem ergonomia interna.

    Se colocassem para rodar em Sampa aquele Viale BRS que estava em exposição na Transpúblico ai teríamos uma carroceria decente em ergonomia.

    Att,

    Paulo Gil

  3. Marcelo disse:

    O pior quesito de avaliação por conta do passageiro em todos os lugares é a pontualidade. O cliente quer em primeiro lugar que o busão passe na hora programada para chegar a seu destino e é nisso que a fiscalizadora tem de pegar no pé das empresas. Por exemplo em uma faixa horária das 16:00 as 17:00 com intervalo de 10 minutos temos 7 partidas mas os carros das 16:00, 16:10, e 16:20 atrasam, aí saem 4 carros seguidos as 16:30, aí não adianta, já matou o pessoal que ia pegar o ônibus nos horários anteriores que atrasaram, é isso que o cliente reclama e mesmo com toda tecnologia a fiscalizadora não resolve este ponto crítico.

  4. Marcelo disse:

    Surpreende neste ranking a Express bem avaliada, depois de tantos problemas parece que se acertou.
    A TUPI também surpreende de forma negativa já que sempre foi uma boa empresa e está muito mal avaliada desta vez.

    1. Paulo Gil disse:

      Marcelo, bom dia.

      Muito legal os seus comentários, permita-me uns complementos.

      A fiscalizadora é passiva ela só fiscaliza, nem sabe o que é Gestão.

      Só segue o Manual ela é “by the book”

      O GPS da fiscalizadora, nunca funcionou, tanto que o carro bota existe todo dia e na Linha 702-C, alguns dias da semana que eu passo na rua do ponto inicial está sem nenhum buzão.

      E a questão da TUPi, sinceramente eu fiquei surpreso, será que ela decaiu mesmo ??

      Ela sempre foi uma empresa TOP, só se a linha Perdizes Aeroporto não existe mais e o faturamento caiu ai é PREVISIVELLLLLLLLLL, sem lucro nenhuma empresa aguenta.

      Abçs,

      Paulo Gil

      1. Paulo Gil disse:

        Complementando:

        O horário que eu vejo que não tem buzão no ponto inicial da 702-C e entre 7:45 a 8:10 hs aproximadamente.

        Att,

        Paulo Gil

    2. Arthur Lira disse:

      Concordo. Me surpreendi com essa avaliação.

  5. laura machado disse:

    Acho que deveria incluir – entre os indicadores – cobertura do serviço na malha urbana; frequência durante fim de semana, fins de semana e horários noturnos; segurança; tarifas; qualidade e informação nas paradas de ônibus.

  6. Jervánio disse:

    A qualidade do transporte público na capital, depende do gerenciamento do trânsito,dar prioridade ao coletivo nas faixas exclusivas que não são esclusivas e corredores, monitorar e proibir manifestações no trajeto do coletivo, melhorar a sincronia semafórica e viabilizar pesquisa de desempenho das gestoras, SPTrans e CET.
    O usuário precisa de agilidade na fluidez dos coletivos, que depende da SPTrans e principalmente CET.

    Att

    Jervânio

  7. Celso Roberto disse:

    Como alguém pode exigir pontualidade com velocidade máxima de 50km , com o motorista trabalhando sob pressão sendo seus direitos engolido pelo sindicato , neste ano os trabalhadores do transporte coletivo não obtiveram a PLR por exemplo sendo q a gestora do sistema a SPTrans teve 5.000& de plr ,gestora essa que só fiscaliza e pressiona os trabalhadores com multas etc, logo mais não vai ter motorista suficiente para atender a população pois ninguém quer trabalhar mais com isso por que quem mais trabalha que é o motorista e o cobrador que dá a cara pra bater é o que menos tem valor .

  8. JLL disse:

    A qualidade do transporte público na capital, depende da remuneração está em dias, pagamento de uma tarifa justa para as empresas, pois as empresas tem muita dificuldade em melhorar sua qualidade, pois está faltando recurso financeiro. As empresas da capital precisa urgentemente que a tarifa seja ajustada para pagar os custos e suas obrigações, não está dando para sobreviver dessa forma, sem ajuste tarifário não sobrevive. Consequentemente os custos e despesas serão pagas conforme compromisso, a qualidade do serviço vai melhorar.

    Mas também quero reforçar, que mesmo sem uma tarifa justa para a sobrevivência das empresas, a Viação Santa Brigida da Região Noroeste – Área 1, está de parabéns pelos serviços prestados. Pois aquela empresa está fazendo de tudo para continuar melhorando e manter um padrão de excelência de qualidade para os serviços prestados aos clientes.

    Precisar a CET, tomar conta e fiscalizar os carros particulares, que ficam estacionados nos dois lados da Av. Itaberaba, Av. Cantídio Sampaio, Av. Agenor Couto de Magalhães, na Av. Jornalista Paulo Zing, acertar os semafaros da Região Noroeste, quase todos os dias são saem do seu tempo de programação. Esses problemas arrestam, no não cumprimento das viagens e na pontualidade, como foi mencionado pelos colegas acima. Alo CET, façam alguma coisa pelo bairro Pirituba, Jaraguá, Santa Monica, Sol Nascente, Cid. D’abril, Freguesia do Ó, Mangalot, Santo Elias, Vila Clarice, Vila Anastácio, Av. Mutinga com carros parados nos dois lados da Avenida é um absurdo, tá abandonado essa região Noroeste de São Paulo, a população e as empresas de ônibus precisa da fiscalização de vocês, precisar de ônibus operando com preferência e o automóvel tem que ser em SEGUNDO PLANO.

    Att

    JLL

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