Um ônibus elétrico pode trazer economia de US$ 39 mil por ano num sistema de transportes de grande porte

É que mostra um estudo da Universidade de Columbia, que ressalta, entretanto, que veículos começam a ter vantagens econômicas em relação aos ônibus diesel após 12 anos de uso, desconsiderando os ganhos ambientais

ADAMO BAZANI

Atualmente, os ônibus 100% elétricos com baterias, os híbridos e os trólebus são mais caros que os ônibus convencionais a diesel em toda parte do mundo. Em países desenvolvidos, essa diferença é menor, mas existe.

Numa primeira análise, do ponto de vista econômico, os elétricos parecem não trazer nenhuma vantagem, apesar dos ganhos ambientais e de conforto.

Entretanto se forem considerados os impactos financeiros para saúde pública, os modelos menos poluentes apenas por esse motivo (que é o principal) já se justificariam. Segundo a Universidade de Stanford, a cada tonelada de gás lançada na atmosfera, são gerados gastos de US$ 220.

Se este fato já mostra a vantagem de veículos menos poluentes, outro estudo da Universidade de Columbia revela que descontados os ganhos ambientais, comparando apenas na ponta do lápis os custos de um ônibus totalmente elétrico com um ônibus a diesel, ao longo da operação, o veículo de tração elétrica sairá mais barato.

De acordo com levantamento feito com base nos dados da frota de Nova York, após 12 anos de uso, um ônibus elétrico traria uma economia de US$ 39 mil em relação a um veículo de mesmo porte a diesel. Para isso, foram considerados os custos de combustível, energia elétrica e de manutenção dos ônibus.

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Já levando em consideração os custos que seriam poupados na saúde pública, os ônibus elétricos poderiam se pagar em dois anos.

Para isso, a universidade calculou o total de demissões poupadas, caso toda a frota de 8700 ônibus de Nova Iorque fosse elétrica.

Segundo o estudo, deixariam de ser lançadas no ar 500 mil toneladas métricas equivalentes de gás carbônico em um ano. Esse número é suficiente para gerar um impacto positivo em relação aos compromissos até 2025 estipulados na Cúpula do Clima de Paris, em 2015, que foi renunciada agora pelo presidente Donald Trump, que retirou os Estados Unidos do acordo, assinado pelo antecessor, Barack Obama.

Depois de mensurar a quantidade de gás carbônico que não seria lançada no meio ambiente por causa dos ônibus elétricos, a universidade multiplicou o total pelo custo por tonelada do poluente à saúde pública.

Como resultado, considerando a economia de gastos com a saúde pública, por ano a frota de 8700 ônibus elétricos poderia poupar US$ 550 mil dos cofres públicos, ou US$ 6 milhões e 600 mil em 12 anos.

Já o diesel dos ônibus poderia gerar estas cifras, mas como gasto e não economia.

O estudo é de 2016 e o cálculo foi feito sobre a tecnologia atual dos ônibus dos Estados Unidos, Euro 6, superior às normas de padrões Euro 5 seguidas pelo Brasil, que poluem mais.

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Já a The Antelope Valley Transit Authority (AVTA), no norte de Los Angeles, desenvolveu um estudo com resultados ainda mais favoráveis aos ônibus elétricos.

De acordo com o cálculo da gerenciadora, se toda a frota de 85 veículos fosse totalmente elétrica, a economia em um ano de operação seria de US$ 46 mil por ônibus.

Entretanto, os atuais custos de aquisição, que apesar de no longo prazo serem cobertos, ainda estão entre os principais empecilhos para o aumento da quantidade de ônibus elétricos, já que tanto empresas como poder público precisariam agora de um grande capital para ampliação significativa dessa frota.

As baterias são um capítulo à parte que ainda reúne muitas dúvidas. Ao mesmo tempo que estão se tornando mais baratas e leves, ainda há questionamentos sobre autonomia, a duração e o descarte dessas baterias e seus impactos ambientais.

Confira como acessar os estudos:

Transporte Elétrico e Efeito Estufa

AVTA Bus Award Release 2-11-16

Já um levantamento feito pela fabricante Eletra Industrial, de São Bernardo do Campo, produtora de tecnologia para trólebus, ônibus elétricos e híbridos, apresentado em outubro de 2016, calcula que, se no ano passado, 12 mil ônibus da cidade de São Paulo fossem de tecnologias menos poluentes, o sistema pouparia R$ 221 milhões por ano somente com combustível, já levando em conta os custos com a energia elétrica.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2016/10/24/custo-anual-dos-transportes-na-cidade-de-sao-paulo-so-com-combustivel-poderia-ser-r-200-milhoes-menor-com-lei-de-mudancas-climaticas/

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. jair disse:

    As pesquisas comprovam todas as vantagens, só não consegue avaliar a falta de compromisso dos nossos governantes com essa realidade em beneficio da nossa saúde.

    1. Paulo Gil disse:

      Jair, boa noite.

      De pleno acordo.

      Sem contar que já tivemos muiiiiiiiiiito em Sampa.

      É a involução dos JURÁSSICOS PERPÉTUOS.

      Abçs,

      Paulo Gil

  2. Daniel Duarte disse:

    Amigos com 12 anos de uso para começar a dar retorno ao empresário, com a situação de nossas ruas, será que o veículo ainda esteja de pé ?

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