Trânsito aumenta risco de depressão, diz estudo de empresa britânica

Empresa VitalityHealth, especializada em seguro médico privado, afirma que quem passa horas no trânsito, seja dirigindo ou no transporte público, está mais propenso ao stress e à depressão, sem contar a perda de produtividade e problemas para dormir

ALEXANDRE PELEGI

Pesquisa realizada pela empresa VitalityHealth, feito em parceria com a Universidade de Cambridge (Reino Unido), atesta o que muitos já sabíamos: desperdiçar horas de nossas vidas em congestionamentos, seja dirigindo, seja viajando no transporte público, pode causar stress e depressão. Além desses dois distúrbios, a pesquisa garante que podemos ter problemas pra dormir, e queda na produtividade.

O estudo utilizou como base um universo de 34 mil trabalhadores de indústrias do Reino Unido, avaliando como um deslocamento diário superior a 30 minutos poderia afetar a saúde e a produtividade.

Os resultados da pesquisa detectaram uma correlação altamente positiva entre tempo de deslocamento e saúde: pessoas que despenderam mais de uma hora por dia em seus deslocamentos apresentaram pior saúde mental: 33% delas com risco de depressão e 12% com maior probabilidade de stress relacionado ao trabalho. Mais: 46% apresentaram uma tendência de dormir menos do que as sete horas de sono recomendadas.

Já as pessoas que gastavam menos de 30 minutos na ida e na volta ao trabalho tinham uma semana extra de produtividade.

Uma das conclusões dos pesquisadores foi de que os congestionamentos condenam os trabalhadores que perdem tempo no trânsito a serem menos produtivos do que os que têm horários mais flexíveis.

Logo, quanto melhor a qualidade do sono e o estado mental dos trabalhadores, maiores serão tanto sua produtividade, quanto a satisfação com o trabalho.

HOME-OFFICE SEM HORÁRIO FLEXÍVEL NÃO SERVE, CONCLUI ESTUDO

Sobre o home-office, uma conclusão curiosa: ao contrário do que se imagina, trabalhar em casa não ajuda a combater os efeitos negativos do trânsito se o regime de trabalho não for flexível. O estudo analisou o caso dos trabalhadores que faziam home office, mas tinham regimes de trabalho com horários fixos. Os pesquisadores descobriram que estes trabalhadores são os menos produtivos – perderam, em média, 29 dias de trabalho por ano. ´Número superior aos dos que não podiam trabalhar em casa e ao dos que tinham horários flexíveis.

Shaun Subel, diretor estratégico da VitalityHealth, empresa que contratou o estudo e é especializada em seguro médico privado, disse ao jornal britânico Daily Mail que os resultados demonstram que a rotina diária tem importância e influência direta na saúde e produtividade dos indivíduos. “Permitir estratégias de gerenciamento e flexibilidade aos empregados, para que evitem a hora do rush ou ajustem o trabalho à sua rotina pode ajudar a reduzir o stress e promover estilos de vida mais saudáveis que irão impactar diretamente na produtividade das empresas”, disse Shaun.

Um dado curioso da pesquisa: quando motoristas estão presos no congestionamento, sem nada poder fazer para chegar ao destino, a frustração cresce. As mulheres, no entanto, são melhores para usar métodos simples de distração, como cantar junto com o rádio.

Claro que a situação de quem usa transporte público é muito mais grave. Além de sofrer com o longo tempo do percurso, há o adicional do desconforto e da irregularidade da oferta.

Logo, pode-se concluir que o congestionamento é muito mais desgastante para quem depende de ônibus e trens para se locomover nas grandes cidades, não por acaso a maior parte da população. Com menor produtividade, além da qualidade de vida ser a pior possível, as cidades perdem competitividade. Fato que todos sabem, mas que até aqui ainda não sensibilizou quem toma decisões sobre a mobilidade urbana no país. Aumentar a prioridade ao transporte público teria um efeito direto não só na saúde pública e no meio ambiente, como na produtividade das empresas.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

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