Com novo CCO, MobiBrasil diz que quer se aproximar mais das necessidades dos passageiros

CCO

CCO na garagem da MobiBrasil traz informações em tempo real sobre as operações. Ações emergenciais em casos de problemas e planejamento com os dados do cotidiano auxiliaram na redução de multas e reclamações. Foto: Adamo Bazani

Sistema permite interação entre empresa e população por aplicativo. Empresa negocia com a CET acesso a imagens de trânsito para melhor controle dos serviços. Em Diadema, passageiro vai poder recarregar bilhete por celular

ADAMO BAZANI

Em funcionamento desde o início deste mês de dezembro de 2015, o novo CCO – Centro de Controle Operacional da empresa MobiBrasil, que atende na Grande São Paulo, a zona Sul da capital paulista e a cidade Diadema, no ABC, se propõe a ser mais que um instrumento de gestão de tráfego, mas tem o objetivo de ser um centro de inteligência para o planejamento de ações que possam melhorar o atendimento ao passageiro, envolvendo diversos setores da companhia. Quem explica é o diretor de tecnologia do Grupo MobiBrasil, Fábio Gamer.

“O CCO passa a informação em tempo real para a operação tomar decisões em relação a problemas no tráfego, como bloqueios de vias ou mesmo congestionamentos que possam causar grandes atrasos. Com base nos dados, nosso setor de operação já toma iniciativas como desvios de rotas ou reordenamento dos horários de partida. Mas muito mais que isso, a tecnologia nos fornece dados do cotidiano que podem ser analisados e revelar ações de melhoria que serão discutidas inclusive junto ao poder público” – conta Fábio.

O novo sistema foi desenvolvido em parceria com a empresa Cittati, que possui soluções para mobilidade, entre as quais, o CittaMobi, um aplicativo que informa trajetos, horários e previsão de chegada dos ônibus aos pontos, hoje presente em diversas cidades do país.

“O passageiro hoje quer informação sobre o sistema de transportes. A informação com qualidade, por meio de sistemas modernos, possibilita a previsibilidade, ou seja, saber quando o ônibus vai passar, quando sair de casa, quando sair do trabalho, da escola. Isso, por sua vez, gera confiabilidade no sistema de transporte coletivo, o que é essencial para atrair mais pessoas que hoje se deslocam de carro, sendo um papel importante para a mobilidade urbana. Comunicação é respeito para com o passageiro e o cliente da empresa de ônibus quer que a comunicação seja bilateral, ele quer ser ouvido também” – explicou o diretor-presidente da Citatti, Edson Issao Kuwabara.

Os dados que o CCO recebe vêm principalmente pelo GPS instalado nos ônibus. Mas o sistema também permite esta interatividade através do aplicativo de celular da Cittati. O passageiro, tanto em São Paulo como em Diadema, pode mandar feedbacks que também auxiliam no monitoramento e até no mapeamento das necessidades de determinadas linhas.

“Até mesmo e relação à segurança pública esta tecnologia pode ser aliada. Os passageiros em Diadema começaram a relatar locais onde ocorriam assaltos em pontos, principalmente na zona Norte da cidade. Levamos estas informações à polícia, o que ajudou a diminuir as ações criminosas” – exemplificou o gerente de CCO, Daniel Coelho.

A maior confiabilidade para os passageiros e o diagnóstico em tempo real dos problemas para ações rápidas resultaram de imediato, segundo o diretor de tecnologia da MobiBrasil, Fábio Gamer, em diminuição das multas por parte da SPTrans, no caso dos serviços municipais de São Paulo, e das reclamações dos passageiros.

“A linha 561N – Jardim Miriam / Praça D. Gastão tinha um número alto de reclamações, em torno de 46 por mês. Estamos quase zerando. Recebíamos uma multa a cada dois dias, agora o número também é próximo de zero. O monitoramento eficaz nos faz tomar ações de inteligência. Por exemplo, por causa do trânsito, é comum os ônibus formarem comboios, quando um veículo se atrasa e é alcançado pelo de trás. Isso é prejudicial ao passageiro, pois interfere na regularidade, o principal aspecto a ser analisado na prestação de serviços. Já estamos desenvolvendo um trabalho especial em outas linhas de São Paulo de grande demanda, como a 607C e a 6000. Se as multas e as reclamações diminuem substancialmente, é também um sinal de melhora.” – conta.

CCO, CÂMERAS DA CET E LICITAÇÃO DOS TRANSPORTES

ônibus

Ônibus que presta serviço na zona Sul de São Paulo. Empresa opera em Diadema, Sorocaba e Pernambuco. Foto: Adamo Bazani

O CCO também usa as imagens das câmeras públicas da GCM – Guarda Civil Metropolitana da Capital Paulista.

Mas o uso de imagens deve ser intensificado. O diretor-executivo da MobiBrasil, Manoel Marinho, diz que a empresa conversa com a CET – Companhia de Engenhara de Tráfego para ter acesso às imagens das câmeras de monitoramento de trânsito.

A licitação dos transportes públicos na capital paulista, que deve remodelar os serviços na cidade pelos próximos 20 anos, prevê também a existência de um CCO para todo sistema. Manoel Marinho diz que o CCO implantado pela MobiBrasil vai continuar em operação mesmo com o novo centro previsto pelo certame.

“Na verdade, vai auxiliar o CCO previsto pela licitação com trocas de experiências e informações, assim como hoje fazemos com o SIM – Sistema Integrado de Monitoramento da SPTrans. O importante é somar dados. E este CCO nos permite uma melhor gestão dos nossos serviços. Hoje, ele integra os dados operacionais de São Paulo e de Diadema, mas em breve de todos os locais onde a MobiBrasil opera, como Sorocaba e Pernambuco” – conta Manoel Marinho.

A MobiBrasil tem no País mais de mil ônibus e transporta 700 mil passageiros por dia em parte da zona Sul da cidade de São Paulo, em Diadema, no ABC Paulista, em Recife e São Lourenço da Mata, Pernambuco, e no BRT da região metropolitana de Recife.

Em São Paulo e Diadema são 400 mil passageiros por dia. Em Diadema são 120 veículos municipais e 100 intermunicipais que ligam a cidade às vizinhas São Bernardo do Campo e São Paulo. Na capital paulista, são 440 veículos.

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Monitoramento usa imagens de câmeras da GCM e empresa negocia com CET para ter acesso às imagens de câmeras de trânsito. Foto: Adamo Bazani

O QUE FAZER COM OS DADOS?

Ter acesso aos dados operacionais em tempo real é de extrema importância para agir em situações que exigem respostas rápidas, como trânsito acima do normal, bloqueios, acidentes entre outros fatores. Mas como são tomadas as decisões e o que fazer quando os dados chegam até a central de controle do sistema?

“Há protocolos de alertas de acordo com o problema e nível de gravidade. São determinadas previamente as ações e quais os setores da empresa serão envolvidos. Existem cores de protocolo: Verde quando a operação é normal, Amarelo quando já há problema, Vermelho quando este problema se agrava e a situação de crise. Há ações para cada tipo classificação de problemas e a atuação de equipes treinadas.” – explica a supervisora de CCO, Odenilda Nascimento.

Com ações rápidas e planejamento com base nos dados diários, a empresa estabeleceu uma meta de, no mínimo, 90% de pontualidade em São Paulo e 97% em Diadema.

“Pontualidade é importante, mas regularidade, com os intervalos constantes, é fundamental. Isso porque, em caso de atrasos, com informações em tempo real, podemos ajustar os intervalos e minimizar os impactos aos passageiros, que são nossos clientes” – disse o diretor de tecnologia da MobiBrasil, Fábio Gamer.

DIADEMA VAI TER RECARGA DE BILHETE POR CELULAR:

Os passageiros de ônibus de Diadema, no ABC Paulista, vão contar a partir do primeiro semestre do ano que vem com um sistema que permite a recarga da bilhetagem eletrônica por um celular.

Segundo, o diretor-presidente da Cittati, empresa que está desenvolvendo a tecnologia, Edson Issao Kuwabara, o aplicativo vai facilitar a rotina dos passageiros e pode contribuir com o aumento do uso da bilhetagem eletrônica.

“Quando se fala nestes dispositivos de tecnologia, é importante destacar que além de beneficiar os passageiros com facilidades, há outro benefício que é a diminuição dos custos do sistema de transportes. Hoje para se manter uma estrutura física de recarga é um custo muito alto. Já com as tecnologias que permitem a recarga pelo celular, os gastos acabam reduzindo o que permite mais recursos para investimentos em outras melhorias no sistema. Além disso, estimula o uso da bilhetagem eletrônica que traz vantagens como a diminuição do dinheiro em circulação nos ônibus e consequentemente a redução dos assaltos. Hoje o cartão SOU – Sistema de Ônibus Urbano, de Diadema tem uma taxa de utilização que poderia ser maior. Atualmente, 50% dos passageiros em Diadema usam bilhetagem eletrônica e em São Paulo são  mais de 90%” – disse

Ainda não há uma previsão da data exata, mas o executivo garante que os estudos já estão em andamento.

CCO NA PALMA DA MÃO E CONTROLE DE JORNADA:

CCO

Tablets usados por fiscais permitem acesso aos principais dados do CCO e interação entre os controladores da garagem e pessoal de campo. Foto: Adamo Bazani

Os fiscais na rua também têm acesso aos principais dados que podem ser conferidos pelos controladores na central que fica na garagem. Isso é possível pelo aplicativo CittaFis. Para os serviços da capital paulista, os fiscais contam com 12 tablets que possuem a ferramenta. Em Diadema, são 10 dispositivos móveis.

“É uma extensão do CCO para rua. É como se os fiscais tivessem o centro de controle em suas mãos. É muito importante esta interação entre o pessoal que monitora na garagem e os profissionais que estão nas ruas para decisões mais rápidas e acertadas” explica o supervisor de CCO, Edvaldo Santos.

O CCO também auxilia nas relações trabalhistas dentro da empresa.

Os funcionários da unidade que presta serviços em Diadema hoje contam com 100% de controle de jornada.

“Há uma integração entre as informações da escala automatizada e do GPS dos ônibus. Isso permite o acompanhamento do cumprimento das jornadas e o pagamento correto das horas extras. Por exemplo, se por algum problema operacional devido a bloqueio de via, o motorista extrapola a jornada, este tempo de hora extra pode ser verificado pela entrada do ônibus na garagem e a hora extra paga corretamente. Isso é transparência no relacionamento com os funcionários. Diariamente, os funcionários podem ver suas escalas e as informações de dois dias atrás” – explica Fábio.

Para São Paulo, a MobiBrasil também pensa em usar a ferramenta para controlar a jornada.

A empresa estuda, em parceria com a Cittati, um aplicativo para os motoristas.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Reinaldo Antunes disse:

    Parabéns à Mobibrasil. Espero que de fato isso melhore de verdade seus serviços, ainda tem muito a desejar, mas esta notícia pelo menos mostra que algo está sendo feito.

  2. Diego Vieira disse:

    Excelente matéria Adamo! Eu gosto muito desta área de tecnologia voltada à eficiência do transporte público. Tive uma excelente experiência com este sistema na Leblon e digo que é possível sim a empresa ser mais eficiente através destas ferramentas. Muito bom saber que aqui na nossa região temos uma empresa dedicada neste esforço!

    Parabéns a Mobibrasil! Desejo muito sucesso na empreitada e que os desafios não venham desestimular a busca da excelência nos serviços prestados aos passageiros da região!

  3. Andre disse:

    Acho que a empresa tem essa carta na manga já para ganhar a licitação.
    Mesmo que o sptv fizesse uma matéria sobre essa tecnologia, sempre teria um “mas”. Ou seja, para a midia os ônibus sempre serão deficientes, não importa o quanto se invista no setor.

  4. William de Jesus disse:

    Boa tarde!

    Parabens à Mobibrasil em partes. Ela até pode estar implantando essa nova regra de qualidade, mas está muito longe de ser a Saudosa Paratodos. Aquela sim, você podia pegar o ônibus limpinho e bem conservado. Agora, nem os Scanias dela estão prestando (barulhentos de mais e quebrando mais que os Mercedes). Pode precer absurdo eu querer comparar as duas empresas, mas pra quem foi servido por uma e hoje é servido por outra sente saudades!

    1. Paulo Gil disse:

      Willian, boa noite.

      Muiiiiiito bem lembrado, a Viacao Paratodos.

      Mas aquela antes da municipalizacao com aquela horrivel “saia e blusa” combinando marron claro com azuk ceu.

      Abcs,

      Paulo Gil

  5. Não sou da área,mas dizem que o serviço dela não e dos melhores.

  6. neblinasp disse:

    essa empresa é HORRÍVEL, a linha 6000 terminal Parelheiros/Santo Amaro só vive LOTADO em horários variados e não só mais o de pico, o intervalo entre os ônibus freqüentemente passa dos 15 minutos, o que em uma linha de alta demanda. causa lotação, fora que os ônibus são sujos e os novos que entraram na linha não são todos superarticulados, a maioria é o Mondego articulado simples recentemente comprado, os poucos super articulados que tem na linha não tem ar condicionado e no calor do verão com ônibus lotado vira um FORNO.
    Só informações não resolvem os problemas, é apenas Marketing para a mídia do setor.

  7. Gerson Carvalho disse:

    Bom dia a todos!

    Pena que infelizmente esta tecnologia não seja bem utilizada, pelo menos nas linhas municipais de Diadema e intermunicipais.

    Do que adianta esta tecnologia, se na Mobi Diadema acontecem os seguintes erros:

    – Frota sucateada – Mesmo as municipais, com carros em sua maioria ano 2011, estão muito detonados. Vejam um da Benfica e reparem na diferença da conservação;

    – Não tem frota 100% acessível, operando com um carro municipal antigo e sem elevador;

    – Frota intermunicipal, em boa parte, sem acessibilidade, antiga e com muitos refugos do Nordeste;

    – Eliminou aos poucos a 425 – SP TIETÊ X DIADEMA VILA PAULINA X SP TIETÊ, deixando muitos usuários a mercê de uma recém criada 212BI que não tem uma grade horária constante – Se a Urubupungá tivesse agido assim com a criaçao do Metra Class, hoje não existiria, mas ela investiu em frota, pessoal e horários e hoje não depende mais da demanda da Metra.
    A Mobi não, achou que o Metrô atraiu mais usuários e ao invés de melhorar seus serviços, tendo um diferencial, acabou extinguindo a linha.

    – Falta de manutenção no sistema Cittamobi, onde há inversão dos itinerários e sentidos, confundindo o usuário (eu já fui vítima e percebi quando o ônibus esperado passou no sentido contrário);

    – Atrasos constantes e não apenas por fatores externos, mas por falta de controle mesmo. Já presenciei e conheço quem trabalha e afirma isso;
    Colaboradores desviando itinerário (além da falta de comprometimento com o trabalh👻o – Fruto da Viação Imigrantes);

    – Atuação em Diadema, sem garagem na cidade, com salários mais baixos do que os da categoria do ABC – Denunciado pelos próprios colaboradores;

    – A empresa recebe milhares de multas por parte da Prefeitura de Diadema e não atua para sanar estas pendências. Até mesmo a própria Prefeitura não é satisfeita com a atuação da Mobi nas linhas em Diadema, devido sua nítida ineficiência na operação

    Com todo respeito aos que realmente trabalham na comçanhia, esta empresa está muito àquem do esperado e a Benfica, sua concorrente, opera 1000 vezes melhor, com mais credibilidade.
    Não são opiniões minhas, são fatos, que a população comprova.

    Como muitos dizem: Mobi sendo Mobi… Ou Imigrantes II.

    Abraços,

    Gerson Carvalho

    1. Paulo Gil disse:

      Gerson Carvalho, boa noite.

      Outro dia, vi uns ai na regiao do zoologico e SBCampo que so de ver o buzao ja da para saber.

      So um complemento ao seu comentario:

      Ou Triangulo II , ou Riacho Grande Ii.

      Quanto sofrimento, nem numero de linha tinha…

      Abcs,

      Paulo Gil

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