Trólebus com guias laterais óticas e micro-ônibus sem motorista são apostas tecnológicas na Europa

micro sem motorista

Micro-ônibus sem motorista devem fazer parte da paisagem de algumas cidades europeias

Em parcerias com universidades, projeto CityMobil promete colocar nas ruas ideias até então restritas aos campos de testes

ADAMO BAZANI

Enquanto no Brasil ainda se discute como incentivar veículos elétricos e não poluentes e a cidade mais rica do País não cumpre a lei que determina que os ônibus não dependam exclusivamente de óleo diesel, na Europa ações conjuntas entre universidades, governos e indústrias conseguem preparar inovações na área de transportes para que deixem os campos de testes e passem para experimentações nas ruas.

O projeto CityMobil é um exemplo, com ideias como um sistema de trólebus mais eficiente que opera com guias laterais economizando espaço urbano e micro-ônibus que funcionam sem motorista.

Os micro-ônibus fazem parte do CityMobil 2  para circular experimentalmente em pequenas cidades da Europa, nesta fase inicial de testes nas ruas. Os veículos e sistemas foram criados pelas empresas Ligier e Robosoft.

Os pequenos ônibus com capacidade para 16 passageiros são elétricos e o comando é por centrais de monitoramento. Os veículos passam por campos de guias nas vias e sensores impedem colisões.

Os testes vão durar quatro anos e são financiados por 45 parceiros, entre instituições de ensino e pesquisa, indústria e poder público.

A solução é considerada economicamente mais vantajosa que os táxis autônomos pelo fato de os micro-ônibus levarem mais passageiros. Os sistemas são indicados para complementar redes de corredores de ônibus e metrô ou fazerem pequenos percursos em regiões centrais, dentro de parques, indústrias, aeroportos, etc.

trolebus

Sistema de trólebus modernizado é aposta para cidades espanholas.

Já o trólebus com guias laterais dotadas de leitores oticos de sinalização de solo são um aperfeiçoamento do que já se viu em termos de tecnologia. O sistema foi projetado para integrar as cidades de Castellón e Benicassim, via universidade, na Espanha, e, segundo o CityMobil “combina a regularidade do sistema ferroviário com a flexibilidade e o baixo custo do sistema de ônibus”.

Uma das vantagens, segundo o projeto, é o menor uso do espaço urbano. Um ônibus com 2,5 metros ou 2,6 metros de largura precisa de uma faixa entre 3,75 metros e 4 metros. Com as guias laterais, as variações de movimentos são menores, havendo mais segurança para uma faixa mais estreita.

O projeto também mostra que os trólebus ainda são considerados pelo mundo soluções modernas de mobilidade.

O sistema para a Espanha consegue reaproveitar energia das frenagens dos veículos e os trólebus possuem baterias que permitem o tráfego por alguns quilômetros sem estarem conectados à rede aérea.

Os novos trólebus fabricados no Brasil, como os que rodam na Capital Paulista e no Corredor Metropolitano ABD, no ABC Paulista, também possuem baterias armazenadoras de energia que permitem marcha autônoma da rede aérea para manobras e em caso de falta de energia elétrica ou problemas nos fios. A autonomia é de 4,5 quilômetros a 7 quilômetros dependendo da lotação e das condições de tráfego.

fura fila

Brasil teria sistema de trólebus com guias, o que aumentaria a eficiência, mas projeto foi trocado por corredor de ônibus após atrasos de obras: era o Fura-Fila de São Paulo

Curiosamente, o Brasil poderia ter um sistema de trólebus com guias laterais, mas mecânicas,  nos anos de 1990. Foi o famoso Fura Fila da cidade de São Paulo, cujo projeto foi apresentado em 1995 à população. O trecho hoje é servido pelos ônibus do Expresso Tiradentes e a extensão até a zona Leste deve abrigar um monotrilho cujas obras estão em atraso. Estes dois espaços deveriam contar com trólebus biarticulados, de alta capacidade de passageiros, com guias laterais.

bus adelaide

Em 1986, Adelaide já contava com um serviço de “ônibus sobre trilhos”.

Os atrasos nas obras e as suspeitas de superfaturamento fizeram com que o projeto de trólebus fosse abandonado. Apesar da promessa em 1995 para 1997, só em 22 de fevereiro de 2007 ônibus comuns começaram a operar o primeiro trecho entre Sacomã e o Parque Dom Pedro II.

A data para a entrega do trecho com monotrilho deveria ser em 2012 com 18 estações. Por altos custos e complexidade das obras, a nova promessa é de 9 estações para 2018. Duas (Vila Prudente e Oratório) estão em operação parcial e outras sete tiveram os projetos congelados, sem estimativa de prazo. O custo total previsto é de R$ 7,1 bilhões para todo o sistema, mas com o passar do tempo, os valores aumentam. O trecho deveria ter 18 quilômetros de extensão.

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Os serviços de ônibus com guias ou literalmente sobre trilhos marcaram presença em operações reais ou em testes pelo mundo. Pela ordem das fotos: Mannheim (Alemanha), Nagoya (Japão) e o IMTS da Toyota.

Os serviços de ônibus com guias ou literalmente sobre trilhos marcaram presença em operações reais ou em testes pelo mundo. Pela ordem das fotos: Mannheim (Alemanha), Nagoya (Japão) e o IMTS da Toyota.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes.

Comentários

Comentários

  1. Alexandre disse:

    Nossa, que matéria legal.
    Bom saber que o mundo está se mexendo e péssimo que o Fura Fila não saiu do papel. Problemas de descaso com o transporte no Brasil …coisa crônica

    1. Zé Tros disse:

      Pois é Alexandre, por isso estava falando com o Paulo Gil, sobre o minibus elétrico que não vai passar de testes. É desanimador a gente ver o mundo evoluindo e a gente “preso” a ônibus de motor dianteiro e tendo que ouvir das secretarias de transporte das prefeituras que são ônibus modernos.

    2. Paulo Gil disse:

      Alexandre, boa noite.

      Nao e descaso nao.

      Nao tem burro nessa area nao, muito pelo contrario so tem superdotados de inteligencia.

      Facilidade nao da pra vender, so difivuldade.

      Percebes ????

      E pra que trabalhar se tributar e muiiiiiiiiito mais facil e rapido.

      O buzao nao sai, a os impostos saem do bolso dos contribuintes.
      Att,

      Paulo Gil

  2. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    Adorei o BuzaoTrem.

    Adamo nao judia dos leitores.

    A licitacao nao sai, mas ja tem Apachizinho Baleadaco Encardidaco saindo da garagem.

    Acho que ja suspenderam a venda e vao comecar a vender os novos.

    E so esperar mais um pouquinho.

    Att,

    Paulo Gil

  3. Se me permite um pouco de impessoalidade, acho estranho tu, Adamo, não se lembrar que já teve ônibus sobre trilhos no Brasil também. Neste caso, o BisBus paraíbano.

    http://www.onibusparaibanos.com/2013/07/serie-voltando-ao-passado-um-onibus-que.html

    1. li rápido o texto no site “Onibus Paraibano” e cometi uma gafe. Perdão. Circulou no Sul do Brasil.

    2. Realmente, não me recordava deste modelo. Já tinha visto sim, pela internet, mas na hora de fazer o texto (e temos um tempo exíguo para fazer cada um dos vários postados), não me recordei.
      Obrigado pela contribuição.

      1. Quanto ao tempo, entendo. O trabalho no rádio ocupa bastante tempo (só uma pena eu não conseguir acompanhar, a CBN pega ruim no meu celular… =) )

        Disponha. Falando nisso, fui dar uma pesquisada e tem textos seus aqui sobre a história de lugares e empresas, acho que vale trazer alguns links antigos para o pessoal rever. Ah, e aproveitando, deixo um convite para ti. Tem um pessoal que está fazendo um site sobre soluções urbanas. Não sei se conhece, por isso fica o link aqui. Tu já foi citado por lá (pelo menos nos comentários) =) – http://www.outracidade.com.br .

      2. Opa, legal. Vou ver sim. abraços

  4. Daniel Duarte disse:

    Ônibus sem motorista, interessante, mas esses sobre trilhos ? Qual a viabilidade disso ?

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