Volare lança “pedra fundamental” de nova fábrica no Espírito Santo

Volare

Planta da Volare em São Mateus, no Espírito Santo. Empresa diz que adotou conceitos de “fábrica inteligente”. Quando estiver concluída, unidade deve empregar mil pessoas. Primeira fase da instalação deve ficar pronta no terceiro trimestre, com produção devendo atingir mil ônibus por ano. –Arquivo Marcopolo.

Volare lança pedra fundamental de nova fábrica no Espírito Santo
Produção deve começar no terceiro trimestre. Na última fase de implantação da fábrica, a unidade deve ter mil funcionários
ADAMO BAZANI – CBN
A fabricante de ônibus de pequeno porte Volare, empresa do grupo da Marcopolo, lançou nesta sexta-feira, dia 25 de abril de 2014, a “pedra fundamental” das obras de construção de sua nova unidade, na cidade de São Mateus, no Espírito Santo.
É mais uma fabricante de ônibus do Sul do País vindo para o Sudeste, mas cujo grupo também conserva plantas no estado de origem. No dia 14 de dezembro de 2013, a fabricante de carrocerias de ônibus Comil, com planta em Erechim, no Rio Grande do Sul, inaugurou uma unidade para a fabricação de ônibus urbanos em Lorena, no Vale do Paraíba, Interior de São Paulo. No dia 28 de março de 2014, a Neobus, com sede em Caxias do Sul, abriu uma unidade em Três Rios, no Centro Sul do Rio de Janeiro, que também será voltada para ônibus urbanos.
A própria Marcopolo já tem sua unidade de ônibus urbanos no Rio de Janeiro, em Xerém – Duque de Caxias, desde 1999, quando assumiu 50% da planta da antiga encarroçadora Ciferal. Em 2001, a Marcopolo comprou 100% da marca e das instalações. Em dezembro de 2013, a marca Ciferal foi aposentada, sendo criada a Marcopolo Rio.
Ainda no Sudeste, há em Botucatu a Irizar, fabricante de origem basca de ônibus rodoviários no Brasil, e a Caio, que lidera a produção de ônibus urbanos.
A “marcha” para o Sudeste das fabricantes, com unidades para urbanos no Brasil, tem uma explicação lógica. A grande demanda de veículos deste tipo no País é concentrada na região. Além disso, a distribuição para o Centro-Oeste, Norte e Nordeste demanda menos tempo. A exportação pelo Porto de Santos, no litoral Paulista, o maior da América Latina, também deve ficar mais barata pela proximidade.
Com exceção da Volvo, localizada em Curitiba, no Paraná, as outras grandes fabricantes de chassis (que recebem o encarroçamento destas empresas) ficam no Sudeste. A Volkswagen/MAN, segunda no ranking de fabricantes, está localizada em Resende, no Rio de Janeiro. A Mercedes-Benz, líder em fabricação de ônibus, tem planta desde 1958, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Também em São Bernardo do Campo, fica a Scania.
Com a inauguração da nova planta da Volare prevista para o terceiro trimestre deste no em São Mateus, no Espírito Santo, a fabricante de chassi Agrale, a principal parceira da Volare, estuda a ida para o Estado.
PRODUÇÃO E MODELOS:
A instalação da Volare no Espírito Santo está prevista para ser feita em duas fases.
Na primeira, que conta com investimentos de R$ 35 milhões, devem ser gerados em torno de 200 postos de trabalho diretos e a produção em um ano deve atingir aproximadamente mil veículos – até metade de 2015. Já no segundo semestre deste ano, a unidade deve ter capacidade para fazer de 10 a 12 minionibus por dia. O objetivo é que esta capacidade seja ampliada para 35 unidades diárias.
Os primeiros que devem ser fabricados na nova planta são o Volare DW9, Volare W9, Volare W-L e Volare Limousine.
Inicialmente, os componentes dos ônibus ainda serão feitos em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, e montados em São Mateus, de acordo com nota da empresa:
“No primeiro ano de atividades serão adotados os modelos atuais e tradicionais de produção. Em sua grande maioria, os sistemas e componentes serão da fábrica de Caxias do Sul em forma de CKD, para montagem local. Aos poucos e conforme houver espaço nos pavilhões, a unidade começará a fabricar peças localmente, até atingir o volume desejado e previsto. Em seguida, as peças poderão ser de qualquer local, Brasil e/ou exterior, até pela facilidade de logística que a localidade dispõe e deverão ser introduzidos alguns processos modernos robotizados de produção em várias áreas, sistema automático de avanço das linhas e logística diferenciada”.
Nesta fase, serão construídos oito prédios com uma área total de 21 mil metros quadrados. Todo o terreno possui 82,34 hectares.
O terreno é plano, o que pode dinamizar a produção, facilitar o armazenamento de peças e a disposição do maquinário, além de permitir um melhor descolamento dos ônibus dentro da fábrica.
A segunda fase da implantação da Volare no Espírito Santo está prevista para ser concluída no primeiro semestre de 2016, quando devem fazer parte do quadro de funcionários da empresa aproximadamente mil pessoas.
QUALIFICAÇÃO DE MÃO DE OBRA:
Além da geração de empregos diretos, sem contar com os indiretos, outro benefício sócio-econômico para a população da região de São Mateus, no Espírito Santo, é qualificação profissional.
A Volare firmou uma parceria com o SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial para cursos e atividades voltadas à capacitação no setor de produção de ônibus que exige mão de obra com qualificações específicas.
A empresa também vai criar o CTV – Centro de Treinamento Volare, uma unidade de capacitação dentro da fábrica para a preparação de jovens e aprimoramento de funcionários com mais tempo de experiência.
Em Caxias do Sul, sede da Marcopolo, já existem unidades e trabalhos voltados para a capacitação de aprendizes. O modelo em São Mateus deve ser semelhante.
FÁBRICA INTELIGENTE:
A Volare diz que a construção e funcionamento da unidade vão seguir os conceitos de “fábrica inteligente”, adotando layouts dos prédios e da linha de produção que dinamizam as atividades, eliminam deslocamentos desnecessários dentro da indústria e que auxiliam no melhor aproveitamento da ventilação e da iluminação naturais.
“Os sistemas de iluminação e de ventilação incorporam soluções que tornarão a fábrica extremamente arejada e clara, com grande aproveitamento da iluminação natural e das correntes de vento (características da região). A iluminação conta com a adoção de placas prismáticas que oferecem 500 lux, inclusive para dias nublados, e a iluminação artificial, com adoção de luminárias em LED e automação, reduzem o consumo de energia elétrica.” – diz a Volare em nota para a imprensa especializada.
O pé-direito livre é de altura de 10 metros, o que melhora a iluminação e a ventilação. O objetivo é deixar a fábrica mais arejada e clara, além de permitir que os ambientes de trabalho sejam mais espaços, sem tantas pilastras e divisões.
O telhado e laterais duplos também facilitam a iluminação e ventilação naturais, além do pé-direito alto.
“A nova fábrica possui telhado duplo com a parte central dispondo de isolante térmico, aquecimento da água por placas solares para uso em restaurante e vestiários e programa de coleta seletiva dos resíduos. A renovação natural do ar ambiente é projetada para 12 trocas/hora, com ventilação natural e contínua, e exaustão e filtros em todos os processos industriais.” – continua a nota.
A Volare também informa que haverá sistemas de reaproveitamento de água usada na produção industrial e pelos funcionários, como em cozinha e na higiene pessoal, e um lago com capacidade para 10 milhões de litros, aproveitando também a água da chuva que cai sobre os telhados e nas vias próximas, por sistemas de calhas e tubulação.
A empresa diz que não houve desmatamento para a construção da fábrica já que 95% da área abrigavam eucaliptos para a indústria de celulose.
O restante da área, 4,5 hectares, manteve a vegetação natural preservada. Se mesclam a esta vegetação também eucaliptos e araucárias, que não serão retirados.
Em nota, a Volare diz que todo o processo de preparação do terreno foi acompanhada por órgãos de preservação ambiental e técnicos em sustentabilidade. Amostras de porcelanas antigas foram encontradas pela equipe de arqueologia, como explica a nota da empresa:
“Todas as precauções e ações definidas pelos órgãos ambientais foram adotadas quando da retirada da camada vegetal (top soil), com acompanhamento de biólogos e especialistas em socorro animal e com equipe de arqueologia desde a etapa inicial da terraplenagem, para verificação da existência de algum sítio arqueológico. Uma curiosidade interessante é que, durante essa fase, a equipe de arqueologia identificou pequenas amostras de porcelana antiga. O fato foi notificado ao IPHAN e realizado o resgate do sítio conforme determina a legislação. No futuro, existe o plano de promover melhorias na área, qualificando a região com o plantio e a preservação das árvores existentes. Outras novidades da fábrica que favorecem a preservação ambiental e a sustentabilidade são o sistema de abastecimento de materiais de forma otimizada, reduzindo a movimentação dos operadores, a adoção de movimentadores elétricos em substituição aos convencionais, tracionados por motores a combustão, e a utilização de materiais recicláveis no processo de fabricação dos veículos.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. JEFFERSON DA PENHA DO ROZARIO disse:

    ESTOU ME PREPARANDO PARA TRABALHAR

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