Prefeitura sugere a MP que corredores de ônibus sem táxis seriam mais eficientes

Publicado em: 11 de dezembro de 2013

Em estudo ao MP, prefeitura defende o fim dos táxis em corredores de ônibus
Segundo dados apresentados pela Prefeitura de São Paulo, com táxis velocidade média dos ônibus reduz a 6 km/h
ADAMO BAZANI
No estudo que vai ser analisado pelo Ministério Público de São Paulo sobre a eficiência das faixas e corredores de ônibus na cidade, a Prefeitura sugere que apenas os coletivos usem os corredores e não mais os táxis com passageiros, como ocorre atualmente.
Hoje, os táxis são proibidos de circular apenas pelas faixas que ficam à direita do tráfego.
Pelos corredores, à esquerda, e possível a circulação dos taxistas, sem paradas para embarque e desembarque.
A cidade de São Paulo possui dez corredores de ônibus, sendo que apenas no Corredor Expresso Tiradentes, por ser elevado e totalmente separado, o uso pelos táxis não é possível.
Os nove corredores que hoje podem ser usados pelos motoristas e passageiros de táxis somam 101 quilômetros e são: Campo Limpo/Rebouças/Centro, Vereador José Diniz/Ibirapuera/Santa Cruz, Inajar de Souza/Rio Branco/Centro, Itapecerica/João Dias/Santo Amaro, Jardim Ângela/Guarapiranga/Santo Amaro, Paes de Barros, Parelheiros/Rio Bonito/Santo Amaro, Pirituba/Lapa/Centro, Santo Amaro/Nove de Julho/Centro . Na cidade de São Paulo existem 34 mil táxis registrados. A frota de ônibus municipais é de 15 mil veículos, entre minis, micros, midis, convencionais, padron, 15 metros, articulados, superarticulados e biarticulados.
Para defender a possível retirada da permissão do tráfego de táxis nos corredores de ônibus, a prefeitura usa alguns dados levantados no estudo como:
– com a presença dos táxis, a velocidade comercial dos ônibus nos corredores nos trechos onde há os carros de praça fica limitada a 6 km/h
– três em cada quatro táxis vão pelas vias onde há corredores usam os espaços, mas transportam apenas 1% das pessoas que passam por estes espaços.
A prefeitura de São Paulo ainda não decidiu, apesar do estudo, se vai manter os táxis nos corredores, mas indicou que deve permanecer proibindo a circulação pelas faixas à direita.
O entra e sai constante dos táxis nos corredores é um dos problemas apontados pela prefeitura para defender o fim da circulação.
Quando o corredor está fluindo, os táxis seguem por ele, quando um ônibus para no ponto, os taxistas saem, muitas vezes em manobras perigosas para as faixas dos carros comuns, e retornam cortando os ônibus pela frente.
CORREDORES INADEQUADOS DÃO MARGEM À POLÊMICA:
Um dos motivos pelo qual se permitiu e agora se tenta tirar táxis dos corredores de São Paulo é a estrutura dos espaços exclusivos.
Na prática, a maior parte dos corredores de ônibus da cidade não passa de faixas que ficam do lado esquerdo, permitindo o uso de táxis e a invasão pelos demais veículos não autorizados.
A separação real do trânsito é praticamente inexistente por haver poucas barreiras físicas.
Os corredores não seguem os modelos do tipo BRT (Bus Rapid Transit) quem tem o sistema de “canaletas”, normalmente ao centro das vias, com plataformas ou calçadas apenas para as estações ou paradas e separação por muretas ou canteiros.
Curitiba é um exemplo brasileiro deste sistema, mas não é necessário ir muito longe de São Paulo. O Expresso Tiradentes, que liga parte da zona Leste de São Paulo ao centro e o Corredor Metropolitano ABD, operado pela Metra, possuem características que possibilitam o uso apenas dos ônibus.
O Expresso Tiradentes tem velocidade média que chega a 40 quilômetros por hora e o Corredor ABD tem velocidade de 21 quilômetros. Apesar de ter em boa parte de seus 33 quilômetros de extensão separação total para os ônibus e trólebus, o Corredor ABD ainda tem alguns gargalos, como no centro de Diadema, no Paço Municipal de São Bernardo do Campo, no Paço Municipal de Santo André e no Parque das Nações, em Santo André, onde carros comuns e os coletivos precisam dividir o mesmo espaço.
A expectativa é de que parte dos 150 quilômetros de novos corredores anunciados pela Prefeitura de São Paulo até 2016 tenha estrutura como de BRT.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes