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Editorial: Existe uma força oculta nas Estrelas?

Novamente a Prefeitura de Mauá tenta negociar a entrada da empresa Viação Estrela de Mauá, que foi impedida de operar pela Justiça. Diante do impedimento judicial e de um processo que está nas mãos da Justiça, por que tanta insistência do poder público em fazer a empresa operar? Há uma força oculta por trás da Estrela de Mauá? Foto Tiago Liberato

Existe uma força oculta nas Estrelas?
Donisete Braga, em Mauá, quer renegociar com empresas de ônibus para modificar lotes de transportes em Mauá. Por quê?
ADAMO BAZANI – CBN
O Prefeito de Mauá, Donisete Braga, diz que vai tentar após o Carnaval negociar com as empresas de ônibus da cidade, na Grande São Paulo, para modificar os lotes de operação.
A declaração foi dada nesta semana e reproduzida pelo jornal Bom Dia ABC e Rádio ABC ( Veja Matéria no Link:
http://www.redebomdia.com.br/noticia/detalhe/43879/Donisete+quer+acordo+entre+empresas+de+onibus )
A medida claramente deve beneficiar a empresa Viação Estrela de Mauá que, segundo a Junta Comercial de São Paulo, foi criada pelo empresário Baltazar José de Sousa. Em 2008, para desconfigurar o monopólio foi passada para os nomes de Anísio Bueno e Anísio Bueno Júnior, e em 11 de julho de 2012, começou a ser controlada por David Barioni Neto, curiosamente, dois dias antes de ser assinado um contrato que a credenciaria no lugar da Leblon Transporte no lote 02. Este contrato foi considerado ilegal pela Justiça e derrubado logo em seguida.
Não bastasse isso, no final do ano, em 27 de dezembro, a Prefeitura de Mauá insistiu em colocar a Estrela de Mauá em operação e assinou uma ordem de serviço que dividia o lote 02 com a Leblon, enquanto o Lote 01, da Viação Cidade de Mauá, de Baltazar, vive às moscas carecendo de qualidade.
A manobra foi feita nas férias do judiciário. Quando a Justiça voltou, viu que a atitude, ainda na época do prefeito Oswaldo Dias, desrespeitava determinações judiciais e mandou a Estrela parar de operar. Apesar da ordem que deveria ser cumprida pela Prefeitura, os ônibus de David Barioni só voltaram à garagem depois de a Polícia Militar ser chamada.
Agora vem o prefeito Donisete Braga com esta afirmação.
A Leblon, por mais problemas que ela ainda tem em sua operação, trouxe avanços para a qualidade dos transportes e foi a única empresa a quebrar um monopólio que durou mais de 30 anos e que não era benéfico à população.
As perguntas que ficam:
Por que tanto interesse em beneficiar a Estrela de Mauá?
Há uma força oculta, além mesmo do próprio Baltazar por trás dela?
Se há uma disputa judicial entre as empresas Estrela e Leblon, por que não deixar a Justiça resolver a questão, como se faz em todo Estado Democrático de Direito?
A disputa, ao visto não tem interferido em projetos para a cidade. A bilhetagem continua, a integração com a CPTM foi anunciada por Donisete Braga, as linhas podem ser mudadas, etc.
E não seria melhor a prefeitura poupar esforços na briga e ajustar a estrutura que já está em vez de criar e inventar novos modelos de lotes? Isso deve gerar novas contestações que podem atrasar ainda mais os transportes de Mauá. Afinal, para a população o que importa é ônibus novo, que cumpra horário e com motorista que trate o passageiro como ser humano.
Qual o motivo de a prefeitura querer se envolver numa briga judicial em prol de um ente privado? Melhoria nos transportes? Ora, não precisa envolver-se em briga judicial. Fiscalize de fato e igualmente as duas empresas e faça sua parte, pavimentando melhor as vias, gerenciando o trânsito (problemas que atrasam os ônibus) e reformando um terminal que chega a beirar a indignidade.
Donisete diz que quer fazer um acordo após o Carnaval, mesmo sem licitação. Mas pode? Não é possível, com exceção de casos de emergência e calamidade, contratar serviço de caráter público sem licitação. Isso pode gerar benefício para um grupo empresarial específico e contraria a lei.
Nova Licitação? Para que? A licitação atual foi validada pela Justiça e a p´ropria prefeitura se gabou disso em 2010.
E diante deste histórico de tentativas de colocar a Estrela de Mauá, qual a possibilidade de um edital ser direcionado?
Por que tanta insistência?
Há uma força oculta por trás da Estrela de Mauá que não aparece nos jornais?
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

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