ÔNIBUS VIRA VILÃO DA INFLAÇÃO E PESA NO IPCA

INFLAÇÃO IPCA

Uma distorção num País cujos discursos são de combate à pobreza. Quando custos como transportes acabam sendo os itens que mais sobem, a elevação dos índices de inflação acabam pesando mais no bolso de quem ganha menos, das camadas com renda menor da população. Assim, políticas de distribuição de renda e também de custeio dos serviços básicos deveriam ser implantadas. As classes que ganham mais também deveriam auxiliar nos custos de transportes coletivos, para que as elevações de preços sejam distribuídas de melhor maneira e pelo fato de mesmo não usando diretamente os serviços de ônibus, trens e metrô, as classes sociais com poder aquisitivo mais elevado acabam se beneficiando com os serviços, pela redução no trânsito e na poluição. O IPCA de 2011 foi o maior dos últimos sete anos, chegando a 6,50%, perto do teto do Banco Central. Os transportes foram alguns dos custos que mais contribuíram para o índice. Foto: Adamo Bazani.

Ônibus pesa mais no bolso do trabalhador
Tarifas de transportes públicos contribuíram para inflação maior em 2011 e devem aumentar os gastos dos trabalhadores no mês de janeiro

ADAMO BAZANI – CBN

Enquanto os discursos convergem para um transporte mais acessível e com os custos menores para os trabalhadores, a prática é bem diferente.
Nesta sexta-feira, dia 06 de janeiro de 2012, o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – divulgou o IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo e um dos grandes vilões da inflação foram os reajustes nas tarifas de ônibus.
Dente os itens que formam o IPCA, que leva em consideração a maior parte dos gastos dos trabalhadores, os transportes públicos estão entre os que mais subiram.
Em 2011, o IPCA foi o maior dos últimos sete anos e ficou em 6,50%, o teto da meta de inflação estipulada pelo Banco Central – BC. Índice de inflação maior que este só em 2004, quando o IPCA atingiu 7,60%
Os transportes em 2011 tiveram reajustes médios de 6,05%. Só a título de comparação, em 2010, os custos com transportes subiram menos da metade: 2,41%.
E vão ser novamente os transportes que devem inflar o IPCA de janeiro de 2012. Entre os sete preços de serviços controlados que vão pesar a inflação no primeiro mês deste ano, seis são tarifas de transportes. Confira:
– OS TÁXIS DE PORTO ALEGRE TIVERAM O VALOR DA BANDEIRADA ELEVADO EM 14,7% EM 10 DE DEZEMBRO.
– ÔNIBUS NO RIO DE JANEIRO TIVERAM REAJUSTES DE TARIFA DE 10% EM 1º DE JANEIRO DE 2012.
– ÔNIBUS EM BELO HORIZONTE TIVERAM AUMENTO DE 7.6% EM 30 DE DEZEMBRO DE 2011.
– ÔNIBUS INTERMUNICIPAIS DE FORTALEZA TIVERAM AUMENTO DE 7% EM 12 DE DEZEMBRO DE 2011.
– ÔNIBUS INTERMUNICIPAIS DO RIO DE JANEIRO TIVERAM REAJUSTE DE 5,6% EM 1º DE JANEIRO
– ÔNIBUS EM PORTO ALEGRE TIVERAM ELEVAÇÃO NO VALOR DAS PASSAGENS DE 5% EM 19 DE DEZEMBRO DE 2012.

CUSTO PARA AS CLASSES MAIS BAIXAS:

De acordo com o IBGE, os aumentos consideráveis nas tarifas de transportes públicos pesam mais no bolso das classes com renda inferior, que dependem mais deste tipo de serviço.
Assim, uma proposta para diminuir esta distorção que causa injustiça na distribuição de renda seria as classes com renda maior contribuírem de alguma maneira também com o transporte público, seja por mecanismos de subsídio, impostos ou desoneração de tributos sobre o setor.
Isso corrigiria em parte o fato de as pessoas que ganham menos serem mais atingidas pela inflação, que corrói os rendimentos das classes mais simples.
Também criaria uma justiça quanto à ocupação e ao uso do espaço urbano. Mesmo só quem usa o carro é beneficiado pelo transporte público, já que se não fossem os ônibus, trens e metrô, os congestionamentos e poluição seriam maiores, inclusive para quem só anda de transporte individual.
Além disso,com mecanismos de redução tarifária, as pessoas se sentiriam estimuladas a usar o transporte coletivo. Em alguns deslocamentos, principalmente em cidades onde não há integração tarifária, é mais barato se locomover de carro que pagar uma ou mais passagens de transporte público.
Se o Governo insiste tanto no discurso de combate à pobreza, o estímulo aos transportes públicos, com o oferecimento de tarifas mais baixas, seria um dos pontos a ser praticados, afinal, os transportes garantem acesso da população mais pobre a serviços essenciais como saúde, educação e lazer, mas para isso, não pode consumir parte significativa da renda do trabalhador. Caso contrário, os esforços para o combate à miséria podem ser em vão.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

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