TRÂNSITO FAZ CIDADE JOGAR FORA 25% DO SEU PIB. Em 2016, Rio de Janeiro deve ter prejuízos de R$ 34 bilhões

Prejuízos do Trânsito

Os corredores de ônibus do tipo BRT, que oferecem conforto, modernidade e ampliação da velocidade dos deslocamentos e a expansão dos modais metroferroviários em integração com os ônibus são as soluções mais indicadas para que as cidades deixem de perder dinheiro e vidas por causa do trânsito e da poluição. Um corredor de ônibus faz com que menos veículos façam mais viagens, numa velocidade melhor e atendam a mais passageiros, porque os ônibus não ficam perdendo tempo nos congestionamentos. Aliás, esta perda de tempo nas ruas e avenidas entupidas de carros faz com que muito deixe de ser produzido, representando bilhões de reais desperdiçados na economia regional e também na nacional. Desgaste maior de vias, veículos e peças, mais estrutura para receber um número grande de veículos, com agentes de trânsito, e maiores gastos médicos por causa dos acidentes e poluição que o grande número de veículos gera também entram na conta do que os congestionamentos geram de prejuízo.

Trânsito deve provocar prejuízos de R$ 34 bilhões no Rio de Janeiro em 2016
Se a frota continuar aumento na atual proporção de 4%, um quarto do que a cidade do Rio de Janeiro produzir será gasto nos congestionamentos
ADAMO BAZANI – CBN
Imagine você pegar 25% de sua renda e literalmente colocar num forno e queimar? No mínimo, isso seria considerado um sinal de insanidade.
E é justamente essa insanidade que tem tomado conta das principais cidades brasileiras por causa dos custos e prejuízos gerados pelo trânsito ocasionado pelo excesso de veículos particulares e falta de investimentos em transportes coletivos.
Um estudo inédito revelado pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) mostra que na cidade do Rio, os prejuízos ocasionados pelos congestionamentos vão chegar a R$ 34 bilhões somente em 2016, no ano que o Rio vai sediar as Olimpíadas de 2016. Esse valor representa aproximadamente 25% do PIB (Produto Interno Bruto), a soma das riquezas, produzidas pela cidade.
Para chegar a este valor, a Firjan utilizou diversos métodos matemáticos que levaram em consideração a taxa média de crescimento da frota do Rio de Janeiro, que é de 4% ao ano, e fatores como: perda de produtividade, gasto de tempo, queima de combustível e desgaste de peças e veículos em congestionamentos, deteriorização das vias públicas, gastos maiores com agentes de trânsito e gastos médicos por conta do excesso de poluição e também do número maior de acidentes pela grande quantidade de carros nas ruas.
O tempo que um cidadão fica preso no trânsito, ele poderia estar trabalhando e produzindo mais, ou até mesmo consumindo mais e se aproveitando de horas de lazer, o que também movimenta a economia.
Cristiano Prado, gerente de competitividade industrial da Firjan, afirmou que pode parecer repetitivo, mas a solução para o problema, que é grave e envolve vidas e dinheiro, passa pelos maiores e melhores investimentos em transportes públicos.
Os transportes públicos aproveitam melhor o espaço urbano, já que um ônibus, tem ou metrô podem tirar dezenas de carros das ruas, ocupando menos área e emitindo logicamente menos poluição. Além disso, com a prioridade aos transportes públicos, os custos ou o que é deixado de produzir porque o cidadão fica horas parado no trânsito seriam problemas resolvidos, já que o tempo de deslocamento cairia significativamente.
Hoje empresas de carga e de ônibus acabam tendo de entrar numa bola de neve por causa do trânsito e acabam contribuindo para a sua piora. Um ônibus ou um caminhão em vez de fazer várias viagens por dia, fica preso nos congestionamentos. Para atender a demanda de passageiros ou o compromisso de entrega de carga, a empresa é obrigada a colocar mais ônibus ou mais caminhões nas vias, o que aumenta o número de veículos nas ruas.
Por isso, para ser eficiente de fato, o ônibus precisa de uma via prioritária. Menos veículos conseguem fazer mais viagens por ficarem menos tempo parados em trânsito. O número de passageiros atendidos também é ampliado.
Os itens analisados pelos técnicos da pesquisa da Firjan levou em conta 16 fatores. Se forem levados em consideração outros problemas indiretos relacionados ao trânsito e à poluição, o prejuízo pode ultrapassar os R$ 34 bilhões em 2016.
Ainda segundo a pesquisa, não só o estímulo ao transporte público deve ser pensado, mas também formas de tornar desinteressantes os deslocamentos individuais frente ao ritmo de crescimento da frota da cidade do Rio de Janeiro, que é de 4%. A atual frota de veículos da cidade é de 2 milhões 438 mil 287 carros. Se a projeção de aumento continuar, em 2016, quando serão desperdiçados R$ 34 bilhões com os congestionamentos, a frota deve chegar a 2 milhões 963 mil 520 carros.
De acordo com a Firjan, se for mantido do jeito que está o Plano Diretor de Transportes do Rio de Janeiro, em 2016, o índice de congestionamento pode chegar a 154 quilômetros.
Ainda de acordo com o Plano Diretor, apenas 7% da população do Rio de Janeiro usam metrô para se deslocar. Assim, a ampliação da malha metroferroviária deveria estar entre as prioridades dos investimentos.
Entre os planos para a malha deste sistema, o governo do Rio de Janeiro anunciou para até 2016 a construção da linha 04 do Metrô, que deve ligar a zona Sul da cidade à Barra da Tijuca.
A maior oferta de transportes por ônibus rápidos também é apontada pelos especialistas como parte importante da solução dos problemas de mobilidade, não só no Rio de Janeiro, mas em outras cidades de médio e grande porte.
O Rio investe em 3 BRTs (Bus Rapid Transit): Transcarioca (Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional Tom Jobim), Transoeste (Barra da Tijuca a Santa Cruz) e Transolímpiaca (Barra da Tijuca a Marechal Deodoro).
Os BRTs são corredores de ônibus que realmente privilegiam os transportes coletivos. As vias são separadas do trânsito habitual de veículos comuns e possuem pavimento de melhor qualidade, o que permite mais durabilidade a via e aos veículos, provocando menos danos nos ônibus. essa qualidade da via possibilita o uso de ônibus mais caros e modernos, com piso baixo e maior tecnologia e com preocupação em relação ao meio ambiente, usando tecnologias limpas de tração, como a elétrica, a elétrica híbrida (que alterna o suo de combustíveis de queima e de energia elétrica), a hidrogênio ou com combustíveis alternativos ao petróleo, como etanol e biocombustíveis.
As paradas de ônibus nos corredores de BRT não são apenas pontos. São verdadeiras estações que oferecem mais conforto, como coberturas e isolamento de intempéries e acessibilidade, pois podem ser no mesmo nível do assoalho dos ônibus. Além disso, podem oferecer bilhetagem eletrônica com o pré-embarque, a possibilidade de pagamento da tarifa antes da entrada no ônibus, o que diminui o tempo de o veículo parado, e eventualmente podem ter também telões informativos com dados de horários, linhas e do próximo veículo que está por vir na estação.
Com velocidade maior por não ficarem presos no trânsito, os ônibus no BRT podem ter um aproveitamento melhor do motor, o que significa menos desgaste, consumo de combustível e emissão de poluição. Os horários também são mais confiáveis. Sem tanto trânsito, os riscos de os ônibus atrasarem é menor.
Além dos BRTs, o Rio de Janeiro estuda ampliar a oferta de BRS – Bus Rapid Service, que não oferecem a mesma segregação e a eficiência do BRT, mas podem aumentar um pouco mais a velocidade dos ônibus comuns, por eles contarem com faixas preferenciais, nem sempre exclusivas, pois algumas tem de ser adentradas por carros que queiram fazer conversões de vias ou acessarem estabelecimentos comerciais.
Maior educação no trânsito e restrição aos veículos de passeio, como com pedágios urbanos que deveriam financiar os transportes públicos, também são outras alternativas apresentadas junto com a priorização dos meios de deslocamento de massa.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

Comentários

Comentários

  1. Gustavo Cunha disse:

    Boa noite.

    Por tudo o que já lemos, inclusive neste blog, o BRT é um sistema interessante, importante e de mais fácil e econômica implantação. Porém, os outros modais precisam ser trabalhados tb., nas cidades onde existam. (metrô e trens)

    Toda esta melhor oferta de meios de transporte, agregada ao pedágio urbano, aqui dito pelo Adamo, deve auxiliar bastante a mobilidade urbana.

    É bem melhor do que deixar milhões escorregarem por entre os dedos.

    Abçs.

  2. galesitransportes disse:

    Amigo Adamo

    Se fizermos a somatória SÃO PAULO, RIO, BELO HORIZONTE E DISTRITO FEDERAL, aí o custo chega a quase R$ 200 bilhões e o pior que o GOVERNO FEDERAL em vez de incentivar o TRANSPORTE COLETIVO nas capitais, está estimulando o transporte individual sem ao menos ter uma infra-estrutura decente nestas cidades. Rio de Janeiro não tem uma boa rede de Metrô, nem de Ferrovia e nem tampouco corredores de ônibus, sem contar a questão do viário. Para o Governo Federal quanto mais impostos, melhor para o próprio Governo Federal. Para mim, se houvesse um verdadeiro interesse do Governo Federal para melhoria da infra-estrutura de transportes, não economizaria verbas para construção de mais metrô, ferrovia e VLT. Mas o Governo Federal, em nome do FEUDO POLITICO que querem implementar no Brasil, prende a verba de alguns estados e aqueles que fazem parte do FEUDO POLITICO, A VERBA É LIBERADA.

    abraços
    Marcos Galesi

  3. Infelzimente, Galesi e Gustavo, é verdade. Muitas vezes a questão de liberação de verbas tem mais fatores políticas e de mídia que o provilégio às reais necessidades da população.

    O que se deixa de produzir por causa do trânsito e o que se gasta por conta dele e da poluição já seria suficiente para deixar o Paíos com os sistemas mais modernos do mundo.

    Seria investimento para a própria economia e gereção de renda. Imagine se as cidades produzissem esses 25% do PIB em v ez de jogarfem-no fora?

    Frente aos números dos gastos e prejuízos ocasionados pelas insistentes polticas de incentivo ao transporte individual, vemos que metrô, VLT, trem pesado e principalmente BRT são muto baratos.

    Não há a frase, o Barato Sai Caro, no caso dessas políticas de incentivo ao transporte individual, chega-se ao extremo de o Caro sair mais Caro Ainda.

  4. galesitransportes disse:

    Ah sim citei o Rio de Janeiro, mas também Belo Horizonte e Distrito Federal teriam uma ótima malha metroferroviária e ótimos corredores com este dinheiro todo desperdiçado.

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