ENTREVISTA – Licitação da ANTT: Redução da Tarifa decorre da diminuição dos serviços, diz presidente da Abrati

Renan Chieppe Adamo Bazani

Renan Chieppe, presidente da Abrati – Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros, vê com preocupação a licitação da ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres – que engloba todas as linhas de ônibus interestaduais e internacionais. Para ele, deve haver redução na oferta de serviços o que vai estimular a migração do ônibus para outros meios ou o transporte clandestino. Chieppe diz que a redução da tarifa não trará grandes vantagens para o passageiro pois ela decorre da redução da frota. Foto: Abrati.

ENTREVISTA: Licitação da ANTT – Redução da Tarifa decorre da diminuição da frota
Presidente da Abrati e do Grupo Águia Branca, Renan Chieppe, diz que a diminuição da oferta de frequencias que resultará da licitação do sistema rodoviário vai prejudicar passageiros e empresas

ADAMO BAZANI – CBN

Até junho de 2012, a ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres – pretende licitar o sistema rodoviário por ônibus de linhas interestaduais e internacionais.
O ProPass Brasil – Projeto de Rede Nacional de Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros – vai abranger 1967 linhas destes serviços.
O certame, maior da história do setor de transportes por ônibus do País, deve ser divido em dois: das linhas interestaduais com trajeto superior a 75 quilômetros e o das linhas internacionais e linhas interestaduais com percursos menores que 75 quilômetros.
Segundo a ANTT, o objetivo é tornar o transporte rodoviário de passageiros mais atraente (no início de 2011, o número de passageiros de avião ultrapassou o de ônibus), modernizar os serviços e deixar o sistema mais equilibrado e a distribuição de linhas de ônibus mais justa. Além disso, a ANTT afirma que será possível diminuir o preço das passagens de 51 dos 60 lotes que devem dividir o sistema, que terá 18 grupos.
Essa licitação deveria ter sido realizada entre 2008 e 2009, mas por queixas das empresas e erros no dimensionamento do sistema, ela acabou sendo adiada.
Alguns erros no edital ainda persistem. Pelo menos é o que dizem as empresas de ônibus.
O presidente da Abrati – Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros, Renan Chieppe, que também é responsável pelo Grupo da Águia Branca, uma das maiores operadoras do setor, atendeu AO BLOG PONTO DE ÔNIBUS.
Para ele, não está descartado o risco de desestruturação do setor pelas normas do edital. O número de empresas de ônibus, que hoje é de 253, não deve ultrapassar de 100. Segundo Chieppe, o risco é de que “as companhias que só operam linhas federais terão que buscar outro negócio, interrompendo um ciclo de atividade de dezenas de anos”
O executivo também não vê grandes vantagens para o passageiro na forma como o valor das tarifas deve ser reduzido. Segundo ele, a redução da tarifa decorre da diminuição da frota, o que vai comprometer várias linhas de ônibus, seções dos itinerários e a oferta no número de assentos. Doze mil pontos de atendimento devem ser reduzidos.
Sobre o subsídio cruzado, previsto pela ANTT, que vai obrigar que empresas que ganharem o direito de operar em linhas lucrativas também assumam serviços cujo retorno financeiro seja menor, Renan Chieppe diz que isso não é nenhuma novidade do setor, que já possui esta prática desde quando o DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – gerenciava o sistema.

CONFIRA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:

1) A ANTT quer realizar a maior licitação do setor de transportes por ônibus de todo o País. Em linhas gerais, como a Abrati e as empresas rodoviárias têm analisado este certame?

Resp. Com muita preocupação, pois o modelo divulgado irá reduzir a atual oferta de assentos e irá privar muitos municípios de freqüências diárias de viagens. Além disso, tem a questão do desemprego, que ainda estamos analisando, mas que deverá ocorrer, pois a frota baixará de pouco mais de 13 mil ônibus, segundo dados da ANTT, para 6.132 veículos.

2) Um dos pontos anunciados pelo próprio Governo Federal é que não exatamente como cláusula do edital, mas pelas suas maiores exigências, muitas empresas de ônibus deixarão os serviços, havendo uma redução de cerca de 250 viações para aproximadamente 100 ou menos. Realmente, muitos empresários de menor porte terão de procurar outros negócios? Como é o universo do médio e pequeno empresário de ônibus rodoviário e qual o impacto dessa exclusão de empresas?

Resp. A previsão é que as empresas sejam reduzidas. Não sei precisar ainda um número. As companhias que só operam linhas federais terão que buscar outro negócio, interrompendo um ciclo de atividade de dezenas de anos. Outras, se operarem linhas intermunicipais, verão seu movimento cair abruptamente e seus investimentos em garagens e pontos de parada e apoio completamente perdidos.

3) Os subsídios cruzados são apontados como grandes diferenciais do edital para que haja melhor equilíbrio econômico no sistema. Ou seja, empresas que conseguirem linhas altamente lucrativas terão como obrigação assumir linhas de menor retorno. A Abrati considera esse mecanismo justo? Se não, qual pode ser a alternativa para empresas não ficarem com filé e outras ficarem com o osso?

Resp. Não existe nenhuma novidade nesse mecanismo, pois ele sempre foi praticado no setor, desde o seu início. O antigo DNER, quando não existia obrigatoriedade de licitação, distribuía as linhas seguindo esse conceito do atendimento social. E a concessão era feito no regime do “enquanto bem servir”. Ou seja, se o serviço estava sendo bem prestado as empresas continuavam fazendo o transporte. Em caso de repetidas falhas, elas eram excluídas.

4) Recentemente, o senhor falou sobre os problemas que a redução na frota prevista pela ANTT pode acarretar vindo contra o intuito de deixar o setor de transportes rodoviários mais competitivos em relação ao avião e aos clandestinos, por exemplo, porque com menos frotas há menos oferta de transportes. Para a Abrati, qual a frota ideal e gostaríamos que o senhor citasse mais exemplos de linhas importantes que terão o número de partidas reduzido por conta da diminuição dessa frota.

Resp. Acredito que uma frota menor que 10 mil ônibus não tem condições de atender a população como é feito atualmente. Não é só a redução de frota que implicará em diminuição de freqüências de viagem em algumas cidades. O próprio modelo divulgado, ao acabar com algumas seções de linhas inviabilizará ligações importantes, como Fortaleza para Brasília, por exemplo, que tem seção em Petrolina, que deverá passar de uma freqüência diária para uma freqüência por semana.

5) Ainda em relação à frota, há a questão da diminuição da idade média que hoje é de 14 anos para 5 anos, e da máxima que seria de 10 anos e hoje há ônibus com quase 30 anos de circulação. A questão é que boa parte do sistema rodoviário tem idade superior a 10 anos, sendo necessária uma renovação em massa. As questões são: – As empresas de ônibus, em sua maioria, têm condições de comprar vários veículos novos de uma vez para atender a renovação? Como serão vários ônibus a serem comprados, a Abrati teme que os preços de ônibus (carrocerias e chassis) sofram alguma espécie de inflação por demanda aquecida?

Resp. Algumas empresas terão mais condições do que outras de renovar suas frotas. O problema é que o mercado não tem condições de atender, num prazo curto, encomendas de porte. Não acredito que haja inflação dos preços, pois os nossos fornecedores são parceiros antigos do setor e sabem das dificuldades de todos.

6) A ANTT alega que é necessária uma modernização do sistema rodoviário e se baseia em algumas práticas do setor aéreo, como maior interatividade com o passageiro, sites para compras de passagens (que só as viações grandes têm majoritariamente), salas vip, terminais de auto-atendimento, passagens com leitura ótica, sistemas de localização, etc. Isso é possível ter no setor rodoviário como um todo, não apenas nas empresas maiores?

Resp. É difícil precisar, pois, como no avião, as empresas se adéquam aos mercados nos quais compete. Hoje algumas já oferecem até internet gratuita nos ônibus.

7) Em 2008, a ANTT já tentou fazer essa licitação e acabou não dando certo. Por que, na visão da Abrati. Corremos o risco de se repetir o que ocorreu em 2008?

Resp. Em 2008 a ABRATI realizou estudos mostrando que o modelo apresentado continha vários erros e que poderia por em risco todo um sistema que funciona bem. Nossa posição foi acatada e a ANTT partiu para estudar tudo novamente.

8 O sistema foi dividido em 60 lotes com 18 grupos. Explique melhor isso, por favor?

Resp. Só a agência poderá responder essa questão.

9) A ANTT fala que com a licitação haverá um barateamento das tarifas de ônibus. Para a Abrati, da forma como são colocadas as exigências do edital, será possível mesmo deixar as passagens de ônibus mais baratas e competitivas?

Resp. Pode até ocorrer uma redução mínima em algumas linhas, como está sendo colocado pela ANTT. Mas essa redução decorre da diminuição da frota. As consequências serão que os passageiros terão menor oferta de horários e deverão buscar alternativas, ou usando o transporte pirata, que não sofre fiscalização, ou migrando para o transporte aéreo. Estão sendo suprimidos mais de 12.000 pontos de atendimento do sistema atual.

10) Como fica a divisão das linhas com os limites de empresas pelos percursos, como a Rio – São Paulo com 05 companhias? Recentemente, o senhor falou que a ANTT superdimensionou a taxa de ocupação do sistema. O senhor poderia nos explicar melhor?

Resp. Hoje a linha Rio – São Paulo é operada por quatro empresas, que operam com taxas de ocupação na faixa de 60%. O plano da ANTT diz que a taxa de ocupação anual será de 98% com as cinco empresas. Não sabemos ainda como as empresas terão que fazer para conseguir a taxa de 98% de ocupação. Pode ser que seja reduzindo freqüências, mas não está claro ainda.

11) Agradecemos de novo a atenção para o Blog Ponto de Ônibus, e gostaríamos de saber se o senhor tem algo mais a acrescentar.

Resp. Estamos muito preocupados com a possibilidade de desestruturação de um setor que funciona bem e há décadas, sem gozar de nenhum benefício governamental nem fiscal. Pelo contrário, tem sido penalizado sempre, haja vista a cobrança de ICMS em cima das passagens rodoviárias, enquanto o setor aéreo goza de isenção de pagamento desse tributo, que varia de 8 a 12%.

O sistema de transporte rodoviário brasileiro é considerado como um dos melhores do mundo. Serve, inclusive, como benchmarketing para outros mercados. Prova disso são as delegações estrangeiras que visitam nossas empresas a fim de buscar conhecimento para operações de longa distância e em praticamente todo o território nacional. A própria ANTT fez, há alguns anos, pesquisa para aferir a satisfação dos usuários e os números apresentados foram até ligeiramente superiores aos das pesquisas feitas pela ABRATI.

A licitação, em função de determinações legais, é inevitável. O que sempre defendemos é que ela seja conduzida com muita responsabilidade para que não haja um desmonte do setor e para que o usuário continue a ter o atendimento que tem hoje, com grande grade de horários, regularidade e oferta nos períodos de pico, o que o novo plano apresentado não contempla, ao reduzir a frota operacional.

Acredito que se o modelo apresentado prevalecer os passageiros sairão prejudicados na oferta de assentos nas viagens.. Os problemas decorrentes dessa redução de frota são ausência de horários extras nos feriados, carnaval e final de ano e uma enorme diminuição na oferta de horários de viagens para os usuários do sistema.

Existem linhas, como, por exemplo, Belo Horizonte, MG, para Conceição da Barra, ES, que possuem dois horários por dia, feitos por duas empresas distintas. Na temporada de verão, ou mesmo em feriados, elas ofertam até 25 horários diários. E além dessa reserva para os momentos de pico, existem a obrigatoriedade da empresa ter carros reservas ao longo de suas rotas.

Outra preocupação é quanto ao modelo adotado no que diz respeito às zonas de atuação de cada empresa. Por exemplo, uma empresa baseada em Porto Alegre, RS, que tem sua estrutura montada para atender o Sul do País. Ela perde a licitação em sua região e ganha em outra. Ela terá que construir toda a infraestrutura de garagens na nova região onde irá operar, terá que demitir grande parte do seu quadro de pessoal e contratar novos empregados. E quem ganhar a licitação no lugar dela terá que fazer a mesma coisa, se ela for de outro Estado ou região. São investimentos extremamente elevados e uma questão social – demissões – de enorme relevância.

Os principais pontos da licitação e o que diz a ANTT você confere em nossa matéria anterior

LICITAÇÃO DA ANTT – ÔNIBUS RODOVIÁRIOS: SAIBA DOS PRINCIPAIS PONTOS

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. José Celso disse:

    Na empresa aonde eu trabalho em minas o pessoal ta com medo de ser mandado embora

    1. João Arrais disse:

      Não sei porque o governo despreza tanto o transporte rodoviário e privilegia o aéreo, as empresas de ônibus são penalizadas e as aéreas são isentas, essa licitação sendo com esses critérios vai deixar milhares de famílias desempregadas. o governo ao em-vez de estimular o emprego no setor, faz o contrário.

  2. Realmente, o setor diz que pode haver demissões

    1. Gustavo Cunha disse:

      ADAMO,

      Em tempo. Bela entrevista, concisa e abrangente.

      Abraço.

  3. Leandro Melo disse:

    Acho extremamente necessária essa nova licitação, mas é verdade sim que existem vários erros que poderão gerar sérios problemas para o setor.

  4. Gustavo Cunha disse:

    Bom dia.

    É PRECISO COERÊNCIA.

    1. Exitus Consultoria Empresarial Ltda disse:

      a EMPRESA ESTRUTURADA com pessoal, veiculos e garagens que não puder participar da licitação por problemas diversos,(certidões negativas) ou mesmo a que conseguir participar e perder, terá como cumprir seus compromissos trabalhistas de indenização e ou compras de veículos e outros impostos? Observem que será prejucial para empresas de menor porte.

  5. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa tarde

    1) Reduzir frota num país em crescimento;

    2)Reduzir tarifa, reduzindo frota;

    3)Aumentar taxa de ocupação com base na redução da frota;

    Pra mim, tais questões são inadmissíveis; eu queria é entender a “essência” de tamanha aberração.

    Será que quem elaborou este edital, já saiu do seu confortável gabinete em uma grande capital e já viajou num Buzão, numa viagem rodoviária de + ou – 14 horas.

    Será que sabe o que é carro Extra?

    Agora será é a oportunidade de mercado aos “GENÉRIC´s BUZÕES”.

    Ao invés de carro Extra, teremos é EMPRESA EXTRA (Rsssssssssssss).

    Só para ilustrar, algumas experiências que eu já vivi.
    :
    a) Uma vez, uma criança vomitou dentro do Buzão quando da parada na rodoviária de Campinas; “male e male” passaram um papel toalha (isto porque eu pedi ao motorista), mas mesmo assim o Buzão seguiu viagem com aquele inconfundível aroma azedo, por mais 13 horas, madrugada e Brasil adentro.

    b) Numa outra viagem, uma garrafa de cachaça com um caranguejo dentro caiu do porta malas interno e quebrou, isso depois de Ribeirão Preto mais ou menos e lá fomos nós embriagados como odor [sei lá se de cachaça ou de caranguejo alcoolizado e embalsamado,] mas mesmo assim o Buzão seguiu viagem mais 10 horas, madrugada e Brasil adentro.

    Ainda não fiz nenhuma viagem nas BR´s do Barro, já imaginaram o que pode acontecer????

    Podem rir, pois este é o nosso país, cheio de emoções no estradão.

    Pensem GRANDE e PRA FRENTE!

    E como diz meu pai; “NO BRASIL FALTA TUDO”.

    parafraseando a música do nosso eterno e brasileiro GONZAGÃO:

    “MINHA VIDA É ANDAR POR ESTE PAÍS PRA VER SE UM DIA EU ME SINTO FELIZ”

    Muito obrigado.
    Paulo Gil

  6. Luiz Vilela disse:

    Paulo Gil
    Acabo de comentar outro post sobre meio de pagamento único.
    Olha só: se for REALMENTE ÙNICO e administrado por ninguém menos que VISA ou Mastercard, uma ANTT da vida poderia pesquisar as rotas por meo eletrônico e saber onde estão as maiores demandas, quais rotas tomam tempo excessivo dos usuários, quais veículos que sofrem superlotação e quando. E onde deveriam ser instalados prioritariamente locais de integração. Como existe desde o usuário que percorre um ou dois pontos de ônibus de casa ao trabalho até o que voa toda segunda e sexta feira e tem que pegar ônibus e metro pra chegar em casa, seria ferramenta fantástica de pesquisa!

    “Modéstia às favas” (me perdôe Gustavo, você que vez por outra cita sua “humilde opinião”), acho que tive uma boa idéia, não acha? Todos – desde que honestos e bem intencionados, claro – sairiam ganhando.

    1. Gustavo Cunha disse:

      Fica tranquilo Luiz !

      JAMAIS DEVEMOS CONFUNDIR, SIMPLICIDADE, MODÉSTIA, COM POBREZA DE PENSAMENTO, FALTA DE INTERESSE E AÇÃO.

      Nesta hora é cabível, a inteligência, audácia e ambição.

      Forte abraço à todos.

    2. Paulo Gil disse:

      Luiz Vilela, boa noite

      Em sigla e estatísticas “eles”, são especialistas eles sabem todos
      os dados, mas não tem a BOA prática.

      É só encostar em qualquer posto de parada do estradão e pronto já
      dá para saber, sem contar os filmes do youtube.

      Mas vamos debatendo e nos debatendo que um dia a roda gira.

      Boaaaaaaaaa viagem.

      Grato
      Paulo Gil

  7. jair disse:

    Tema dificil, pois, envolve diversos interesses.
    Porém, no nosso imenso Pais, temos empresários de todos os tipos, desde apaixonados por transportes até os puramente capitalistas, que atendem regiões de pouquissimo poder aquisitivo até regiões onde concorrem com aviões.
    Assim, entre todos, o que sempre apresentou menor desempenho em suas atividades foi sempre o poder público, exercido com finalidade fiscalizadora, e empurrado pela iniciativa privada para tomar decisões mais ousadas.
    Neste caso, pela lei, terão que promover nova licitação, daquilo que não criaram, não executaram, e pouco fiscalizaram.
    Aí resolvem pensar grande, e ter empresas de onibus que concorram com aviões em genero, numero e grau. Impossivel não fazer lambança.
    Relembrando, SP-Rio era operada por duas empresas que disputavam o mercado, lutando pela qualidade de atendimento. Com o aumento do volume de passageiros e pela pressão da inicitiva privada, mais duas empresas entraram e disputam o mercado com liberdade de crescimento dentro do padrão de qualidade que oferessem, e funcionam bem.
    O próprio mercado faz evoluir e a concorrência é que estimula a prestação do Bons Serviços.
    Cabe ao Governo permitir que a população tenha melhores serviços, abrindo mercado a livre concorrência, e não centralizando e monopolizando o atendimento, que sempre acaba beneficiando alguns em detrimento de outros.(com quais interesses??).
    Tomara que não queiram criar um novo “trem bala” nesse assunto.

  8. Paulo Gil disse:

    Jair, boa noite

    Legal é isso ai, a lei da oferta e da procura.

    Acho que você matou a charada, se diminuirem a frota do Buzão rodoviário,
    quem entrará em cena, o ‘”trem bala”, ai o tiro vai sair pela culatra.

    Logo logo… surgirá a ANTB – Agência Nacional do Trem Bala

    Aiiiiiiiiiiiiiii

    Grato
    Paulo Gil

  9. Joao disse:

    Existe uma série de informações que não estão explícitas na entrevista que deveriam ser divulgadas:
    1.a frota apresentada pela ANTT é DE PROJETO, necessária para atender a demanda média pelos serviços. Nada impede que a empresa adote um número maior de veículos na operação;
    2. a frequência divulgada no projeto é a MÍNIMA a ser observada pelas operadoras, uma salvaguarda para os usuários não terem seus serviços interrompidos. NADA IMPEDE que a oferta seja superior à mínima;
    3. Não houve redução do número de atendimentos, mas uma racionalização das seções secundárias (pontos intermediários de linha) em virtude de uma deturpação que existia no setor. Linhas extremamente longas possuíam seções curtas, impedindo um atendimento mais aadequado por empresas mais capacitadas a fazê-lo (que possuem linhas com extensão mais próxima à extensão da seção).
    4. A licitação não foi realizada em 2008 em virtude da necessidade de dados mais acuradas da demanda e oferta de viagens, tendo em vista que algumas inconsistências nas informações prestadas pelas operadoras.

  10. Carlos disse:

    Gostaria de sugerir aos leitores deste blog que leiam em detalhes os documentos (Plano de outorga) disponibilizados no site da ANTT antes de emitir opinioes e juizos com base apenas na entrevista do presidente da Abrati, que obviaente, defendera os interesses dos empresarios apenas. entender como verdade absoluta a afirmacao dele sobre a frota eh analisar o processo de forma enviesada. Por exempo, eh coerente prever que frota para atender uma frequencia de 25 horarios diarios em pouquissimos dias do ano? Quem pagara essa conta sera o usuario. E o que o empresario vai fazer com os veiculos nos demais dia do ano? vai utilizar no transporte intermunicipal, fretamento e incorporar os lucros sem repassar nada aos usuarios? Eh so para pensar e fazer a nos todos olharmos com cuidado todos os pontos de vista, sem esquecer q ha muito interesse envolvido nisso tudo.

  11. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite

    Com relação ao comentários do Srs.João e Carlos, entendo que há muitas discrepânicas no ar.

    Oras, as informações partem do setor de transporte de ônibus rodoviário e da ANTT e não de um curioso qualquer .

    “Em 2008 havia necessidade de mais dados”

    O transporte rodoviário já roda a décadas e em 2008 ainda não se dispõe de dados???

    “Há muito interesse envolvido nisso tudo”

    Para isto existe ANTT e as especificações têm de ser matemática:

    “X” demanda de passageiros, “Y” necessidade de carros e linhas; é elementar e matemático;
    demais interesses ….

    Como já se passaram alguns dias; alguém sabe se há novidades sobre a questão –
    licitação linhas de ônibus rodoviários?

    Grato
    Paulo Gil

  12. jair disse:

    Amigos,
    Só um pequeno exemplo:
    Em São Paulo, na capital, tinhamos os empreendores que iniciaram os transportes coletivos, com muito sacrificio, desbravando mercado e competindo entre si. Foram crescendo até que em 1947 houve a criação da CMTC e a centralização dos transportes, incorporando a Light (dos Bondes) e a maioria das empresas de transportes da época.
    A cidade cresceu de maneira exagerada e os investimentos municipais não foram suficientes para o atendimento da população e então por volta de 1958 abriu-se um nova oportunidade para empreendedores do segmento, que desta vez deveriam pagar aos cofres municipais uma taxa por passageiro transportado a título de cobrir os custos de fiscalização, porém, esse valor era acrescido ao preço da passagem. Assim, se pela CMTC a tarifa era de Cr$.1,00 na particular era Cr$.1,10.
    Chegamos a 1970 com mais de 50 empresas auxiliando nos transportes da capital.
    Aí chegam os administradores e organizam setores que mudaram o colorido da cidade e diminuindo expressivamente a quantidade de empresas e obrigando a mudança de setores, fazendo por exemplo que a Auto Viação Tabú, que tinha garagem no Bom Retiro e dali partiam suas linhas, fosse operar linhas na zona leste (na atual área 4), que acabou por inviabilizar a continuidade da mesma.
    Aí aparecem os perueiros para cobrir os buracos deixados pela falta de concorrência entre as empresas.
    Aí chegam novos administradores e agrupam em consorcios, acabando com a concorrência entre as empresas.
    Aí aparecem os magnatas dos transportes, que ditam regras, que se apoiam num contrato que obriga a prefeitura manter 38 linhas no corredor Santo Amaro, consorcio 4 na zona leste, etc.
    Desculpem meu desabafo,gosto do assunto desde criança, porém, acredito que num Pais com grande área geografica como o nosso, com grande crescimento populacional como o Brasil, não se deixe a livre iniciativa ter oportunidade de monstrar a sua força, deixando criar novas linhas, novas formas de atendimento ao povo, novas maneiras de desbravar os horizontes, LIMITANDO as oportunidades apenas aos capitalistas em um PLANO que MONOPOLIZA os transportes.
    Com a centralização e aglutinação dos transportes por região teremos que esperar que Brasilia enchergue as necessidades, de lá, dos nossos irmãos do Iapoque ao Chuí.
    Não sou contra a Organização e Fiscalização dos Transportes Públicos, mas sim, contra a falta de oportunidade para os iniciantes e a falta de concorrência entre as empresas.
    No setor aéreo também já tivemos zoneamento (na expressão na palavra). Foram dividas em cinco regiões. Houve monopolio e a conseguente alta no preço das passagens. Acabou o monopolio, voltou a livre concorrência e a entrada de novas empresas e aí o preço das passagens entrou num patamar que permitiu que as classes de menor poder aquisitivo pudessem também usar esse meio de transporte, a ponto de concorrer com o segmento dos onibus.
    Obrigado pelo espaço.
    Boa noite

  13. jair disse:

    Continuando,
    No Jornal Estadão de 25-08-11, no caderno de Economia pag. B2 da coluna Opinião, Carlo Lovatelli presidente da Abiove, sob o título UM NOVO SALTO DE QUALIDADE NAS FERROVIAS comenta sobre as Resoluções da ANTT (agência nacional de transportes terrestres) que obrigarão as concessionárias dos transportes ferroviários a ceder espaço em seus domínios para permitir a passagem de composições cargueiras de outras empresas.
    Tal iniciativa torna-se necessária em razão das empresas “donas” do pedaço por MONOPOLIOS REGIONAIS concentrarem o uso nas áreas principais relegando o uso esporadico nas demais áreas, impedindo o DESENVOLVIMENTO DAS REGIÕES AFETADAS.

  14. Luiz Vilela disse:

    Jair
    Por mais que respeite o empreendedorismo dos pioneiros e admire a livre iniciativa, entendo que mobilidade exige outros parãmetros para definir concessões de rotas de transporte coletivo.

    Se determinada região cresce a ponto de exigir mais que alguns ônibus comuns para atendê-la, torna-se necessária ação de órgão de plenejamento que calcule e determine as novas necessidades. e agência reguladora que fomente que elas sejam atendidas da melhor forma e prazo. Senão quem fica isolado e sem alternativa é quem optou por morar/trabalhar lá.

    Seu ótimo exemplo das 38 linhas no corredor Santo Amaro é sinônimo de grave omissão de responsabilidade da Prefeitura, inclusive política. Um quase-abandono do Planejamento, que não se deve aceitar.

  15. jair disse:

    Luiz Vilela,
    Boa Noite
    Acho que não me fiz entender
    Não sou contra Organização, Fiscalização, Investimentos Publicos e PPPs.
    Mas sim contra MARACUTAIA, LOBISMO, INCOPETÊNCIA, RESERVA DE MERCADO e demais situações que redundam em PREJUIZO DO POVO.
    Sou a favor de transportes otimizados, seja o modal que for. Mas, o assunto em pauta é o transporte rodoviário entre as cidades de todo o Pais.
    Então, a livre inicitiva e a concorrência entre elas é que fará a diferença.
    E outro exemplo que me ocorre acontece com as Teles. Lembra-se da dificuldade de se obter uma linha telefônica? e o preço? e o serviço melhorou.
    No caso das ferrovias, embora para o transporte de carga, já apresenta os problemas que a regionalização causou. A situação é mais dificil porque envolve a manutenção dos trilhos e seus pertences. Agora no caso dos onibus Rodoviários, querer retirar empresas pequenas e médias para em seu lugar operar somente as grandes é o CAMINHO DA DESGRAÇA para as subregiões menos desenvolvidas, com tipicidade as vezes não acompanhada pela empresa ganhadora da região.
    Um caso que está trazendo algumas reclamações, embora na região metropolita, envolve os onibus especiais, que fazem as ligações do Embú, Itapecirica da Serra até a estação rodoviária de S.Paulo:
    Os onibus não tem bagageiro e quando tem seu uso não é permitido. Vejam voces, desembarcar na rodoviária, pegar sua bagagem e não ter como continuar sua viagem com algum conforto.
    Agora, coloque mais uma empresa a fazer o itinerario e voces verão que até carregador de malas aparecerá.
    Foi assim na linha Rio-SP. Quando passou a ter concorrência entre as empresas apareceu até Rodo-moça fazendo atendimento diferenciado aos passageiros.
    Abraços a todos

  16. Luiz Vilela disse:

    Jair
    Creio que te entendi sim.
    Não sou contra os pequenos, muito menos contra a concorrência.
    Mas sou contra pequenos em rotas de médio e grande fluxo: como não têm como dar conta, só congestionam a rota, como acontece no Bandeira-Lgo13, onde aliás deveria haver VLT.
    BTR de verdade pode ter concorrência sim; desde que a empresa atenda as especificações, que certamente serão bastante exigentes. Sim, isto elimina os pequenos.

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