CIDADE DO ÔNIBUS: Uma iniciativa interessante para o debate

ônibus Campo Grande

Reduzir a quilometragem morta, que é o deslocamento de ônibus fora de serviço na cidade, como, por exemplo, da garagem para o terminal, organizar o trânsito de ônibus vazios nas principais vias do município, diminuir a concentração de poluição, evitar o tráfego desnecessário de ônibus dentro dos bairros, mesmo em prestação de serviço, e criar uma estrutura moderna que reúna as garagens das principais empresas que devem atuar como em condomínio, compartilhando estruturas como agência bancária, posto de abastecimento, refeitórios, vestiários e dormitórios, além de oferecer integração entre os funcionários de diferentes empresas pela presença de um posto de capacitação do Sest/Senat. Estes são alguns dos objetivos da CIDADE DO ÔNIBUS, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. As garagens devem ocupar uma área de 22 hectares que será doada pela Prefeitura às empresas, que vão construir suas sedes e a infraestrutura. O projeto que já criou polêmica na cidade nasceu depois de estudos durante o planejamento na Nova Rodoviária e foi oficializado depois de acordo entre o poder público e empresas. Foto: Panoramio

Campo Grande terá Cidade dos Ônibus
Objetivo é reunir as empresas de ônibus num único lugar e dinamizar o deslocamento dos veículos na Capital do Mato Grosso do Sul

ADAMO BAZANI – CBN

Depois da Cidade do Rock, Cidade da Música, Cidade do Samba, Cidade Olímpica e tantas outras surge agora a Cidade do Ônibus.
A “quilometragem morta” dos ônibus que circulam pelas cidades sempre foi uma grande pedra no sapato de empresários e administradores públicos. Trata-se do percurso que o ônibus faz sem prestar serviços, indo por exemplo do ponto final para a garagem ou saindo de uma linha para atuar em outra. Para o dono da empresa, é custo sem retorno, com salários de funcionários, desgaste de peças e pneus e consumo de combustível.
Para as administrações públicas e população, pode representar o aumento de problemas como trânsito com veículos circulando sem necessidade e poluição.
Além disso, há o desafio também de linhas de ônibus que passam por determinadas áreas, mesmo em serviços, mas que não precisariam circular pelos locais.
A prefeitura de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, propõe uma solução para estes problemas e também uma forma de valorizar do ponto de vista imobiliário um dos distritos da cidade.
O prefeito Nelsinho Trad e o Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros decidiram criar a CIDADE DO ÔNIBUS.
A Cidade do Ônibus vai ocupar 20 dos 52 hectares do Polo Empresarial Sul e deve abrigar as 15 empresas de ônibus da região.
Essa área passou a pertencer a Prefeitura após um plano de urbanização feito com uma empresa do setor imobiliário e vai ser doada às empresas de ônibus. Em contrapartida, as viações vão fazer suas instalações e implantar a infraestrutura do local.
A Prefeitura mostrou o local exato onde ficarão as empresas, as vias de acesso e prometeu fazer mais obras viárias para tornar mais fácil o caminho para pontos da cidade, tornando mais rápido, por exemplo, o deslocamento até o Terminal Rodoviário.
O prefeito Nelsinho Trad falou que a concentração das empresas só vai trazer vantagens para a população como para os empresários. Além de combater a poluição e trânsito em pontos específicos da cidade e reduzir a quilometragem morta, o local onde será instalada a Cidade do Ônibus vai registrar expansão.
“Acho que é a hora de batermos o martelo. Daqui a uns cinco ou dez anos, vocês vão ver as vantagens de irem pra esse local, em razão do crescimento que esta região está apresentando” – disse o prefeito em entrevista publicada pelo jornal Correio do Estado.
Várias casas ao entorno do Polo Empresarial devem ser construídas.
Com a Cidade do Ônibus também será possível, de acordo com a Prefeitura, organizar as viagens que partem e chegam no município.
A ideia surgiu depois do planejamento da nova rodoviária da Capital. Atualmente são registradas 400 viagens de ônibus intermunicipais e interestaduais que trafegam por bairros de Campo Grande, muitas vezes sem necessidade e que contribuem para o trânsito e poluição concentradas em algumas áreas, que só devem receber os ônibus que precisam trafegar por elas com a criação da Cidade do Ônibus.
A Cidade do Ônibus vai ficar na região das Moreninhas, ao lado do macro anel rodoviário.
O projeto vai custar R$ 50 milhões e vai apresentar inovações, além da redução da quilometragem morta e da organização do tráfego de ônibus, haverá uma estrutura de condomínio.
As garagens terão em comum pontos de abastecimento, refeitórios, dormitórios, vestiários, posto bancário e uma unidade do SEST/Senat para treinamento de motoristas com o mesmo padrão para todas as empresas.
Os empresários que aderirem vão gozar de benefícios fiscais, como isenção do ISSQN – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza e do IPTU dos terrenos entre cinco e dez anos.
Antes de abrigar a Cidade do Ônibus, este terreno da região de Moreninhas iria ser ocupado pela a indústria metal mecânica Deb’Maq, investiria R$ 1 bilhão num complexo industrial que geraria 1,7 mil empregos diretos em seis indústrias de produção de máquinas e peças.
A Deb’Maq, no entanto, não conseguiu financiamento para instalação e deixou o projeto.
A dona do terreno, então, a Financial Construtora, doou os 52 hectares da área para receber em contrapartida a autorização para lotear 3.500 terrenos na região.
Já é a segunda vez que a Prefeitura de Campo Grande tenta criar a Cidade do Ônibus.
Em abril de 2010, chegou a publicar um decreto para desapropriar área de 21,8 hectares nas proximidades da nova rodoviária. O custo seria de R$ 10 Milhões e os terrenos seriam doados às empresas, que gozariam também de incentivos fiscais.
Mas depois de resistência na Câmara, este projeto de 2010 foi abandonado.
Agora surge uma nova área que deve ficar pronta entre 5 e 10 anos.
Áreas verdes para compensação ambiental tanto pelas construções tanto pela concentração de veículos a diesel serão criadas no entorno.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

Comentários

Comentários

  1. André disse:

    Olá Adamo

    Interessante esse projeto. Seria como uma base dos ônibus. Mas essa “base” também seria usada por ônibus rodoviário? Se fosse em SP ja teria polêmica.
    Bom espero que dessa vez a iniciativa se concretize e sirva de modelo para outras cidades – caso realmente seja bem sucedida.

  2. Sim, é para uso de rodoviários também, desde que pertençam às empresas que fazem parte do acordo para a ocupação da Cidade do ônibus.

    A iniciativa tem o propósito de concentrar as garagens, para que elas fiquem fora de áreas residenciais ou em locais muito distantes dos terminais, distribuindo pela cidade ônibus sem prestação de serviço, na tal quilometragem morta.

    Em São Paulo seria difícil, acredito eu, reunir várias empresas pela quantidade que existem na cidade, mas é possível pensar sim em “garagens condomínio”, com mais de uma empresa usado estruturas em comum, como postos de combuistíveis e alojamentos

  3. Eric Moises disse:

    Este projeto deverá servir somente para rodoviários, pois a Moreninhas é o último bairro ao sul da cidade e um dos mais (se não o mais) distante do centro. Em compensação não fica muito distante da rodoviária (nem muito perto). Os gastos devem compensar só pelas isenções de impostos, pois pelo trajeto ocioso não resolveria em quase nada o problema. Na minha opinião como campo grandense, gostaria de ver tal investimento em algo mais concreto para o cidadão.

  4. Paulo Gil disse:

    Amigos, bom dia

    “A Cidade do Ônibus vai ficar na região das Moreninhas”

    Minha cara. Cidade dos ônibus e Morenas.

    Já estão vendo lotes para os apaixonados por ônibus.

    Interessante a idéia, mas eu preciso de um tempo para analisar a; pois a maioria
    das “centralizações” seja em qual área for é temerário, pois para ocorrer um
    “locaut” é muito fácil.

    JÁ PENSARAM QUANDO OCORRER UMA GREVE NA CIDADE DOS ÔNIBUS?

    SUCESSO TOTAL.

    AI TEREMOS A CIDADE DESERTO

    Tenhos minhas ressalvas, mas…

    Fica ai para reflexões dos amigos da estrada deste Blog.

    Tomando-se por base em Sampa os “consórcios”, são só “documentais”, pois se realmente o fossem um consórcio na prática não funcionaria assim,, vejamos:

    Tomando-se como exemplo a linha Lapa Socorro ( 856/10, se não me engano), esta operaria con carros do consórcio 7 e 8; porém só opera com o consórcio 8; assim a quilometragem morta existe; agora não me pergunte; porque?

    Outro exemplo aqui em Sampa é o carro que sai da garagem para entrar na linha “X” e no percurso segue vazio até o ponto da linha “X”; outra quilometragem morta; agora não me pergunte; porque?

    Tenho minhas convicções, mas é bom deixar que os especialistas respondam, se for o caso.

    Entendo que se há consórcios e computadores nada implicaria numa operação mista de uma mesma linha.

    Mas como operamos de acordo com a metodologia da CMTC, em pleno 2011…

    Mas é isso ai, o futuro do país é o Centro-Oeste; um dia eu vou pra lá e nunca mais voltar.

    Muito obrigado
    Paulo Gil

    1. Paulo Gil disse:

      Amigos, bom dia

      Complementando.

      Campo Grande:

      Por favor, mudem essa pintira, deixe que cada empresa
      tenha o seu “designer” de pintura e quanto mais moderna mais bonito será.

      E com cores metálicas também.

      Saiam da “mesmisse”.

      Grato
      Paulo Gil

  5. Gustavo Cunha disse:

    Boa tarde.

    Desejo que, o custo x benefício da ” Cidade dos Ônibus ” compense.

    Quantas obras gigantescas, tornaram-se elefantes brancos.

  6. Bruno quintiliano disse:

    Adamo, boa tarde

    em primeiro lugar, gostaria de parabenizá-lo pelo blog. Gostaria de sugerir uma matéria sobre a reorganização das linhas da zona sul de São Paulo que trocou linhas de onibus de alta demanda por lotações ou as desativou, num processo que tem causado muitos transtornos.

    obrigado

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