História

Cermava: a cara do Rio, a cara do Brasil, a cara do Mundo

Cermava Urbano, Mercedes Benz LP 321, de 1968, da Expresso Oriental, do Rio de Janeiro

Encarroçadora fluminense foi uma das principais do País. Com modelos de linhas mais retas e com o Papa Filas deu importantes passos no desenvolvimento da indústria de ônibus brasileira

ADAMO BAZANI – CBN

Reúna portugueses e brasileiros no Rio de Janeiro. Depois chame os italianos. Qual o resultado? Uma bacalhoada com macarronada ao som de muito samba? Pode até ser. Mas no nosso caso da história dos transportes o resultado foi a Companhia Autocarrocerias Cermava, empresa fundada no Rio de Janeiro, e sem dúvida, com grande importância na história da indústria nacional, a partir dos anos de 1940.
O encontro de tantas nacionalidades na mesma empresa é revelado pelos relatos do Diário Oficial da União de 18 de dezembro de 1948.
De acordo com a publicação oficial, eram sócios diretores nesta época Antônio Eiza Cerqueira (brasileiro), Manuel Conceição (português), Álvaro Martins Fonseca (brasileiro), Mário Humberto Esteves (português), Álvaro Batista Esteves (brasileiro), Deusdedit Moura Ribeiro (brasileiro), Orlando Martins Fonseca (brasileiro), Vinícius Martins Fonseca (brasileiro) e João Saraiva Ramos (português).
A empresa começou tímida, fabricando poucos ônibus por mês. Mas os produtos já nos anos de 1940 eram de qualidade e tinham um design diferente e inovador para época.
Enquanto os veículos de transporte coletivos eram com “cara de caminhão”, as jardineiras e os ônibus na configuração de carroceria envolvente, com frente reta abrangendo o motor no salão de passageiros, tinham linhas muito arredondadas, a Cermava já se propunha a harmonizar desenhos retos e mais arredondados, dando uma estética de equilíbrio.
A bacalhoada e o samba já estavam juntos. Mas quando chega a macarronada?
No final dos anos de 1940 também.
De acordo com o historiador Waldemar Correa Stiel, auto do livro “A História do Ônibus”, quando a Caio, fundada por José Massa, avô do corredor de Fórmula 1, Felipe Massa, adquiriu um terreno para a nova sede da empresa em São Paulo, na Rua Guaiaúna, na Penha, aproveitou o sucesso da encarroçadora e quis ampliar seus negócios para o Rio de Janeiro, e comprou a Cermava.
Era o indício de que a família italiana Massa tinha o objetivo de expandir seus negócios para todo o País com a Caio. E foi o que aconteceu.
A marca da Cermava continuava, mas com outros diretores. Para se ter uma idéia, no Diário Oficial da União de 15 de fevereiro de 1956 eram sócios da Cermava: Octacílio Piedade Gonçalves, que auxiliou na fundação da Caio em 19 de dezembro de 1945, José Massa, fundador da empresa, José Roberto Ferreira Braga, Miguel Lagodano, Luis Massa e Ruggero Cardarelli, que também estava na formação da Caio.
A Cermava presenciou e auxiliou as etapas de crescimento da população e das necessidades por ônibus de maior capacidade em linhas cuja demanda era demais para os pequenos ônibus feitos pela indústria nacional.
Assim, uma das soluções temporárias para este crescimento foi chamado “Papa-Filas”. Tratava-se de uma enorme carroceria para passageiros, na verdade uma “carreta para gente” que era tracionada por um cabalo de caminhão. A capacidade de transporte era bastante grande, correspondia a quase três ônibus comuns. Grandes também eram o desconforto e as dificuldades de manobras pelo tamanho do veículo. O “Papa Filas” da Cermava, considerado primeiro veículo deste tipo do Rio de Janeiro, começou a circular pelas ruas da cidade em 1957.
Em 02 de junho de 1959, quando foi criada a Fabus, entidade que representa as encarroçadoras, a Cermava era uma das associadas, tendo como repesentante, Luis Massa.
Muitos ônibus da Caio, a mesma proprietária, utilizavam linhas semelhantes aos produtos da Cermava.
O modelo urbano da Cermava, para muitos, lembra o Jaraguá da Caio.
Em 8 de junho de 1970 foi realizadaa última atividade comercial desta empresa que marcou história.
Adamo Bazani

Comentários

Comentários

  1. Silvio disse:

    Incrivelmente lindo esse ônibus da foto, em especial pelas cores e a faixa “alumínio polido” no centro.

  2. mauro s costa disse:

    inesquecível p\ mim esta encarroçadora. minha infância e adolescência , eu viagei muito nestes belos veiculos

  3. Ronny Rodrigues Moreira disse:

    Meu pai teve na decada de 70 04 cermavas,acho eles lindos até hoje,pena na epoca não ter guardado pelo menos 1 carro desses,mais tenho muitas fotos,que é pra matar a saudades do tempo de infancia e do meu querido pai.

  4. Só uma correção: a Cermava só terminou como encarroçadora independente em 1971, quando foi adquirida pela Metropolitana, sendo que o seu o nome foi ainda utilizado em alguns modelos até 1975.

    FONTE: http://www.lexcarbrasil.com.brcermava/

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