História

Um bambino criativo

 

Caio Bambino, um mini ônibus, versão menor ainda do Piccolino foi um exemplo de que a indústria de ônibus se flexibilizou ao ponto de construir veículos gigantes e outros que são um pouco maiores que vários modelos de carros de passeio

 

Há muito tempo foi-se a época na qual os frotistas e passageiros se adaptavam ao que as encarroçadoras de ônibus e montadoras produziam. O trajeto poderia ser feito num tapete ou num lamaçal, os modelos de ônibus eram os mesmos para ambas situações. A demanda de passageiros poderia deixar o ônibus apinhado de gente ou circulando com menos da metade dos lugares disponíveis para passageiros. Os modelos pouco variavam.

Chegou, porém, um momento que as diferenças regionais, de infra-estrutura e de tipo de serviços, se tornavam cada vez maiores. Não era possível mais continuar com os mesmos modelos para todo o Brasil e os mais variados tipos de serviços.

Os empresários de ônibus, mais preparados para lidar com os números, a partir dos anos de 1980, viam o quanto dinheiro dava para economizar adequando as frotas aos serviços prestados ou pior, enfiando goela baixo de passageiros e funcionários veículos de baixo custo com a mesma capacidade de transporte, porém em espaço menor, o que resulta em mais passageiros exprimidos e com o questionável fato de o motorista dirigir e cobrar ao mesmo tempo.

Outro motivo que também compõe a série de fatores que fez com que as indústrias se adaptassem às frotas e não as frotas à indústria foi a presença forte dos perueiros (motoristas de lotações clandestinas) em grande centros urbanos.

Muitos donos de lotações eram despreparados para lidar com o público e com o dia-a-dia dos transportes coletivos e os veículos eram mal conservados e inseguros, mas davam um banho ns ônibus grandalhões quando os quesitos eram agilidade no disputadíssimo espaço urbano e iam até onde os veículos maiores não poderiam chegar.

Não bastava reprimir os perueiros, era necessário também prestar os diferenciais que eles ofereciam. Assim, os micro-ônibus, que já eram realidade desde os anos de 1950, começaram a ganhar mais espaço nos serviços urbanos. Foi uma demanda de mercado que a indústria teve de se adaptar.

Mas a indústria teve de se adequar a mais exigências. Os empresários gostaram dessa idéia de ver o quanto poderiam economizar com a redução dos veículos, do espaço disponível parra cada passageiro (de quebra, do conforto) e dos custos operacionais.

Assim, o micro ônibus não seria suficientemente pequeno e considerado ideal para alguns serviços. Surgia o mini ônibus. Embora que a diferenciação mini e micro não era tão bem definida, variando de uma fabricante para a outra, o fato é que aparecia no mercado uma categoria de ônibus ainda menores.

Neste contexto, mostrando a flexibilidade de muitas fabricantes em atender às reivindicações do frotista surgia o mini ônibus Bambino, da Caio, em 2002.
Na verdade, o Bambino era oficialmente a versão reduzida do micro Piccolino, até então o menor produto da encarroçadora nesta época.

Tanto é que o Bambino ostentava o nome oficial de Piccolino.

A série de micros que marcou a transição da Caio (da família Massa pra a Induscar, de Ruas Vaz) era composta pelos modelos Piccolo e Piccolino. De acordo com a própria encarroçadora, eles começaram a ser produzidos em 1997, período anterior a falência da empresa, que foi recuperada pela família Ruas em 2001, e as últimas unidades saíram da linha entre os anos de 2005 e 2006, quando a empresa começava a fazer os micros Foz.

Algumas das características do Bambino mostram o quanto as mudanças no perfil de várias frotas se davam de maneira tão rápida, que muitas vezes não era possível criar um produto específico e desenvolver uma linha de fabricação só para ele.

A versão do Bambino sobre plataforma Mercedes Benz, usava chassi 412 D, e na verdade era uma van Sprinter maior ou um micro-ônibus Piccolino menor, com o queiram.

Foi uma medida para atender a uma demanda maior que a capacidade da van, porém, na visão do empresário, pequena para um micro-ônibus tradicional.

Além disso, era um modelo para ser ágil no trânsito, quase igual um carro, como nos serviços ligeirinhos.

Comentários

Deixe uma resposta

Descubra mais sobre Diário do Transporte

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading