Preso novamente presidente da Transcap
Publicado em: 10 de novembro de 2022

Empresa de ônibus da capital paulista é uma das investigadas por suposta ligação com facções criminosas
ADAMO BAZANI
Colaborou Arthur Ferrari
O presidente da empresa de ônibus da cidade de São Paulo, Valter da Silva Bispo, foi preso novamente.
Bispo tinha conseguido responder em liberdade, mas a juíza Cynthia Torres Cristofaro, da 23ª Vara Criminal do Foro Central Criminal Barra Funda, em 07 de novembro atendeu pedido do Ministério Público de São Paulo, e determinou novamente a prisão preventiva.
O responsável pela companhia de ônibus se entregou. Ele esteve no Guarujá, no Litoral Paulista, na noite desta quarta-feira (09).
A Transcap é uma das investigadas por suposta ligação com facções criminosas
A informação foi trazida pelo delegado Fabio Pinheiro Lopes, conhecido como “Fabio Caipira”, ao Brasil Urgente, da TV Bandeirantes, e confirmada pelo Diário do Transporte.
Na decisão, acatando os apontamentos do Ministério Público, a magistrada diz que Valter da Silva Bispo teria intimidado testemunhas, o que justificaria a nova determinação de prisão.
Ao que consta, trata-se de crimes cujas penas máximas, cumuladas, superam quatro anos de prisão e, segundo consta dos autos de origem, o interessado teria constrangido as vítimas valendo-se de três indivíduos supostamente integrantes do PCC, além de desferir coronhadas em um dos ofendidos.
Convém pontuar, ademais, que uma das vítimas teria sido chamada pelo interessado para uma reunião, ocasião em que teria sido determinada a voltar à delegacia para “retirar as queixas” feitas anteriormente, o que denota risco de que o interessado, em liberdade, influa na higidez da prova oral.
Para a juíza, a liberdade de Bispo coloca em risco não somente as testemunhas, mas o andamento do processo.
Como se vê, para além da gravidade concreta das condutas imputadas a Valter, há evidente risco de constrangimento às vítimas e testemunhas a configurar o periculum libertatis, tal como consignado na no v. Acórdão que denegou a ordem anteriormente impetrada em favor do ora interessado. Vislumbra-se, assim, que a liberdade do recorrido compromete seriamente a ordem pública, em razão da existência de prova da materialidade e indícios suficientes de autoria dos crimes, bem como a instrução criminal e a aplicação da lei penal, a par do perigo que seu estado de liberdade gera, o que demonstra a insuficiência das medidas previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal.
O Diário do Transporte não conseguiu localizar a defesa de Bispo, mas o espaço continua aberto.
Veja a documentação:
HISTÓRICO:
O integrante da empresa de ônibus que é investigada por suposta ligação com facções criminosas foi preso pela primeira vez em 22 de agosto de 2022, em operação realizada em conjunto entre o Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), da Polícia Civil, e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público.
Segundo as investigações da Força-Tarefa, Valter da Silva Bispo é suspeito de praticar crime de extorsão aos demais proprietários de ônibus na empresa.
Relembre:
Em 26 de agosto de 2022, o pedido formulado pela Força-Tarefa entre Polícia Civil e Ministério Público e converteu a prisão temporária em prisão preventiva de Valter da Silva Bispo, como noticiou o Diário do Transporte.
Relembre:
A conversão de prisão preventiva em liberdade provisória foi determinada em 24 de outubro de 2022, e o mandado de soltura foi expedido e cumprido no dia seguinte, em 25 de outubro de 2022.
Relembre:
Mas a juíza Cynthia Torres Cristofaro, da 23ª Vara Criminal do Foro Central Criminal Barra Funda, em 07 de novembro atendeu pedido do Ministério Público de São Paulo, e determinou novamente a prisão preventiva.
O responsável pela companhia de ônibus se entregou no Guarujá, no Litoral Paulista.
Na decisão, acatando os apontamentos do Ministério Público, a magistrada diz que Valter da Silva Bispo teria intimidado testemunhas, o que justificaria a nova determinação de prisão.
Ao que consta, trata-se de crimes cujas penas máximas, cumuladas, superam quatro anos de prisão e, segundo consta dos autos de origem, o interessado teria constrangido as vítimas valendo-se de três indivíduos supostamente integrantes do PCC, além de desferir coronhadas em um dos ofendidos.
Convém pontuar, ademais, que uma das vítimas teria sido chamada pelo interessado para uma reunião, ocasião em que teria sido determinada a voltar à delegacia para “retirar as queixas” feitas anteriormente, o que denota risco de que o interessado, em liberdade, influa na higidez da prova oral.
Para a juíza, a liberdade de Bispo coloca em risco as testemunhas e o andamento do processo.
Como se vê, para além da gravidade concreta das condutas imputadas a Valter, há evidente risco de constrangimento às vítimas e testemunhas a configurar o periculum libertatis, tal como consignado na no v. Acórdão que denegou a ordem anteriormente impetrada em favor do ora interessado. Vislumbra-se, assim, que a liberdade do recorrido compromete seriamente a ordem pública, em razão da existência de prova da materialidade e indícios suficientes de autoria dos crimes, bem como a instrução criminal e a aplicação da lei penal, a par do perigo que seu estado de liberdade gera, o que demonstra a insuficiência das medidas previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal.
EMPRESAS DE ÔNIBUS INVESTIGADAS:
A Trasnscap é outra companhia de ônibus com suspeitas de ligação com uma facção criminosa que atua dentro de fora de presídios.
A Auto Viação Transcap Ltda tem a concessão do lote D 12 (Distribuição Local – Área Operacional Sudoeste 2, que abrange as zonas Sul e Oeste da cidade de São Paulo e é originária da cooperativa de transportes Unicoopers.
Segundo a Polícia Civil e o Ministério Público, por meio de nota, os pedidos de prisão e busca e apreensão se deram em decorrência das investigações realizadas pela Força-Tarefa, nas quais foi verificado que o preso praticava extorsão contra demais dirigentes e proprietários de ônibus da citada empresa, utilizando alegada influência de membros da facção criminosa em suas ameaças.
Na fundamentação da decisão, a Justiça diz ter entendido de Bispo pode ter influência sobre testemunhas e ameaçá-las, prejudicando as investigações.
O Diário do Transporte tentou falar com a Transcap e localizar algum defensor de Valter da Silva Bispo, mas não obteve êxito.
Confira as empresas de ônibus que já foram alvos de operações policiais neste ano que investigam a atuação de facção criminosa em parte do transporte coletivo da cidade de São Paulo.
O espaço continua aberto.
– OPERAÇÃO ATARAXIA – DENARC (UPBUS)
Condução: Denarc – sobre UPBus (empresa da zona Leste com 13 linhas), que chegou a se chamar Qualibus, originária da garagem 2 da Associação Paulistana
Deflagração da Fase I: 02 de junho de 2022
Investigações começaram há mais de um ano a partir da morte Anselmo Santafausta, o Cara Preta, por questões ligadas ao crime organizado.
Segundo as apurações, boa parte dos mais de 60 sócios da empresa têm passagens pela polícia e ainda é envolvida com a criminalidade. A UPBus, de acordo coma Polícia, lava dinheiro de facções criminosas. O esquema também envolvia ganhos na Loteria Federal também para dar uma aparência legal ao dinheiro obtido em atividades criminosas.
Deflagração da Fase II: 15 de junho de 2022
Foram bloqueados entre R$ 40 milhões e R$ 45 milhões em imóveis e veículos da empresa de transportes urbanos UPBUS, que opera na zona Leste de São Paulo, e de investigados da “Operação Ataraxia”, que apura o uso da companhia de ônibus por uma facção criminosa para lavagem de dinheiro.
Todos os veículos da empresa UPBUS, dentre eles quase 250 ônibus, também foram objetos de sequestro, impedindo eventual a alienação dos veículos por parte da empresa. Estes ônibus poderão continuar operando, só que os ônibus não podem ser vendidos e a arrecadação da operação vai para conta judicial.
UPBus não se manifestou
OPERAÇÃO PRODITOR
Condução: Deic – sobre TransUnião (empresa da zona Leste com 524 ônibus), que surgiu da cooperativa Nova Aliança
Deflagração: 09 de junho de 2022
Investigações começaram após assassinato de Adauto Soares Jorge, ex-diretor, ocorrido em 04 de maio de 2020.
Polícia aponta que Adauto era “testa de ferro” do vereador Senival Moura (PT) na direção da empresa, que era utilizada para a lavagem de dinheiro de membros do PCC (Primeiro Comando da Capital). O próprio vereador era proprietário de 13 ônibus que prestavam serviços para a empresa. O parlamentar nega.
A Polícia chegou a apreender 18 ônibus, 14 operacionais e quatro que estavam na reserva em manutenção, mas os veículos foram devolvidos para operação.
A TransUnião não se manifestou.
– OPERAÇÃO NA TRANSCAP:
Condução: Força-tarefa entre Departamento Estadual de Investigações Criminais – DEIC, da Polícia Civil de São Paulo, e o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado – GAECO, do Ministério Público do Estado de São Paulo
Deflagração: 22 de agosto de 2022
Foi preso o presidente da Auto Viação Transcap (que teve origem na Unicoopers), Valter da Silva Bispo, além de terem sido cumpridos mandados de busca e apreensão.
Segundo a Força-Tarefa, foi verificado que o preso praticava extorsão contra demais dirigentes e proprietários de ônibus da Transcap, utilizando alegada influência de membros da facção criminosa em suas ameaças.
A Transcap não se manifestou.
A Justiça de São Paulo aceitou nesta sexta-feira, 26 de agosto de 2022, o pedido formulado pela Força-Tarefa entre Polícia Civil e Ministério Público e converteu a prisão temporária em prisão preventiva de Valter da Silva Bispo, presidente da Transcap, empresa de ônibus que surgiu de cooperativa de transporte e atua em parte do sistema urbano da capital paulista.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes