Governo de Santa Catarina anuncia plano de resgate de 70 ônibus e de mil passageiros presos em manifestações bolsonaristas

Ainda de acordo com nota oficial do Estado, reflexos dos bloqueios já são sentidos na saúde, com atrasos no transporte de vacinas e medicamentos, de pacientes em tratamento de doenças como hemofilia e câncer; obras em rodovias, com adiamento de serviços de manutenção; turismo, indústria e agricultura

ADAMO BAZANI

O Governo de Santa Catarina anunciou nesta terça-feira, 1º de novembro de 2022, que uma escolta apoiada pelas forças de Segurança Pública vai atuar no resgate de mais de 70 ônibus do transporte público intermunicipal de passageiros que estão presos há mais de 30 horas em decorrência dos bloqueios bolsonaristas em estradas estaduais.

Santa Catarina é um dos estados com maior número de interdições de rodovias provocadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que não admitem a derrota nas urnas no último domingo, 30 de outubro de 2022.

De acordo com levantamento da Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade (SIE), mais de mil passageiros que faziam uso do serviço ainda estão presos e não chegaram aos seus destinos.

“Estamos atuando para garantir a prestação deste serviço público, que é um direito fundamental dos cidadãos”, destacou, em nota, o titular da pasta, tenente-coronel Thiago Vieira.

O governo do Estado diz que instituiu, na manhã desta terça-feira, 1º, um Grupo de Ações Coordenadas para diminuir os danos causados pelos bloqueios em estradas.

A secretaria criou um Centro de Gestão de Rodovias e de Transporte Rodoviário para acompanhar os bloqueios e suas consequências para a Infraestrutura e Mobilidade.

O “mapa vivo”, com informações em tempo real, também tem abastecido e dando base para ações do GRAC. Atualmente há 125 pontos de manifestação, 64 em rodovias estaduais, e 26 com interdição total em Santa Catarina, conforme dados atualizados às 15h desta terça-feira.

Em nota, o governo catarinense ainda destacou que áreas importantes, como serviços de saúde e manutenção são prejudicados pelos atos dos defensores do bolsonarismo.

Os reflexos dos bloqueios já são sentidos na saúde, com atrasos no transporte de vacinas e medicamentos, de pacientes em tratamento de doenças como hemofilia e câncer; obras em rodovias, com adiamento de serviços de manutenção; turismo, indústria e agricultura.

Cumprindo determinação judicial, as forças de segurança estão autorizadas a aplicar multas de R$ 10 mil por hora a pessoas e de R$ 100 mil por hora a empresas (CNPJs) envolvidas nos bloqueios.

 

HISTÓRICO:

Bolsonaristas inconformados com a derrota do presidente Jair Bolsonaro nas urnas realizam os bloqueios que causam transtornos. Bolsonaro ficou em silêncio desde a noite de domingo (30) depois de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ter confirmado oficialmente a vitória do adversário Luís Inácio Lula da Silva, até o meio da tarde de terça-feira (1º).

Em redes sociais e em emissoras de rádio, caminhoneiros dizem que em cada ponto de bloqueio são pequenos os grupos que causam os tumultos, mas os demais não seguem viagem porque têm medo de agressão ou de ter os veículos destruídos pelos organizadores.

São três fatos inéditos na história eleitoral do Brasil desde a redemocratização:

– Nunca um presidente que tentava a reeleição foi derrotado, como aconteceu com Bolsonaro;

– Nunca um Presidente da República se calou por tanto tempo depois das eleições – só falou depois de quase 48 horas.

– Nunca ocorreram protestos simultâneos contra um resultado de eleições.

O Diário do Transporte mostrou que passageiros de linhas de ônibus metropolitanos e rodoviários foram prejudicados.

As empresas de ônibus tiveram de cancelar diversas viagens.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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