Presidente da empresa de ônibus Transcap é solto pela Justiça e vai responder em liberdade

Ministério Público vai recorrer ; Polícia investiga a ligação da companhia com o crime organizado

ADAMO BAZANI

O presidente da Transcap, Valter da Silva Bispo, já está solto.

A empresa de ônibus opera nas zonas Sul e Oeste da capital paulista e a Polícia Civil de São Paulo e a Polícia Civil e Ministério Público apuram o envolvimento da companhia com uma facção criminosa que atua dentro e fora de presídios.

A conversão de prisão preventiva em liberdade provisória foi determinada na segunda-feira, 24 de outubro de 2022, e o mandado de soltura foi expedido e cumprido na terça-feira (25).

A juíza Cynthia Torres Cristofaro, da 23ª Vara Criminal do Foro Central Criminal Barra Funda, atendeu pedido da defesa do presidente da empresa de ônibus. (veja abaixo a decisão na íntegra)

O Ministério Público vai recorrer

A juíza impôs duas condições para a liberdade do responsável pela companhia de ônibus
– proibição de aproximar-se das vítimas e testemunhas e de com elas entrar em contato, por qualquer meio, pessoal ou remoto;
– proibição de mudança de endereço ou de viagem por mais de oito dias sem prévia autorização do Juízo.

Bispo foi preso em 22 de agosto de 2022, em operação realizada em conjunto entre o Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), da Polícia Civil, e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público.

Segundo as investigações da Força-Tarefa, Valter da Silva Bispo é suspeito de praticar crime de extorsão aos demais proprietários de ônibus na empresa.

Em 26 de agosto de 2022, o pedido formulado pela Força-Tarefa entre Polícia Civil e Ministério Público e converteu a prisão temporária em prisão preventiva de Valter da Silva Bispo, como noticiou o Diário do Transporte.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2022/08/26/presidente-da-transcap-tem-prisao-temporaria-convertida-em-preventiva-em-investigacao-sobre-envolvimento-de-empresas-de-onibus-com-faccao-criminosa/

A Trasnscap é outra companhia de ônibus com suspeitas de ligação com uma facção criminosa que atua dentro de fora de presídios.

A Auto Viação Transcap Ltda tem a concessão do lote D 12 (Distribuição Local – Área Operacional Sudoeste 2, que abrange as zonas Sul e Oeste da cidade de São Paulo e é originária da cooperativa de transportes Unicoopers.

Segundo a Polícia Civil e o Ministério Público, por meio de nota, os pedidos de prisão e busca e apreensão se deram em decorrência das investigações realizadas pela Força-Tarefa, nas quais foi verificado que o preso praticava extorsão contra demais dirigentes e proprietários de ônibus da citada empresa, utilizando alegada influência de membros da facção criminosa em suas ameaças.

Na fundamentação da decisão, a Justiça diz ter entendido de Bispo pode ter influência sobre testemunhas e ameaçá-las, prejudicando as investigações.

O Diário do Transporte tentou falar com a Transcap e localizar algum defensor de Valter da Silva Bispo, mas não obteve êxito.

Confira as empresas de ônibus que já foram alvos de operações policiais neste ano que investigam a atuação de facção criminosa em parte do transporte coletivo da cidade de São Paulo.

O espaço continua aberto.

– OPERAÇÃO ATARAXIA – DENARC (UPBUS)

Condução: Denarc – sobre UPBus (empresa da zona Leste com 13 linhas), que chegou a se chamar Qualibus, originária da garagem 2 da Associação Paulistana

Deflagração da Fase I: 02 de junho de 2022

Investigações começaram há mais de um ano a partir da morte Anselmo Santafausta, o Cara Preta, por questões ligadas ao crime organizado.

Segundo as apurações, boa parte dos mais de 60 sócios da empresa têm passagens pela polícia e ainda é envolvida com a criminalidade. A UPBus, de acordo coma Polícia, lava dinheiro de facções criminosas. O esquema também envolvia ganhos na Loteria Federal também para dar uma aparência legal ao dinheiro obtido em atividades criminosas.

Deflagração da Fase II: 15 de junho de 2022

Foram bloqueados entre R$ 40 milhões e R$ 45 milhões em imóveis e veículos da empresa de transportes urbanos UPBUS, que opera na zona Leste de São Paulo, e de investigados da “Operação Ataraxia”, que apura o uso da companhia de ônibus por uma facção criminosa para lavagem de dinheiro.

Todos os veículos da empresa UPBUS, dentre eles quase 250 ônibus, também foram objetos de sequestro, impedindo eventual a alienação dos veículos por parte da empresa.  Estes ônibus poderão continuar operando, só que os ônibus não podem ser vendidos e a arrecadação da operação vai para conta judicial.

UPBus não se manifestou

OPERAÇÃO PRODITOR

Condução: Deic – sobre TransUnião (empresa da zona Leste com 524 ônibus), que surgiu da cooperativa Nova Aliança

Deflagração: 09 de junho de 2022

Investigações começaram após assassinato de Adauto Soares Jorge, ex-diretor, ocorrido em 04 de maio de 2020.

Polícia aponta que Adauto era “testa de ferro” do vereador Senival Moura (PT) na direção da empresa, que era utilizada para a lavagem de dinheiro de membros do PCC (Primeiro Comando da Capital). O próprio vereador era proprietário de 13 ônibus que prestavam serviços para a empresa. O parlamentar nega.

A Polícia chegou a apreender 18 ônibus, 14 operacionais e quatro que estavam na reserva em manutenção, mas os veículos foram devolvidos para operação.

A TransUnião não se manifestou.

– OPERAÇÃO NA TRANSCAP:

Condução: Força-tarefa entre Departamento Estadual de Investigações Criminais – DEIC, da Polícia Civil de São Paulo, e o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado – GAECO, do Ministério Público do Estado de São Paulo

Deflagração: 22 de agosto de 2022

Foi preso o presidente da Auto Viação Transcap (que teve origem na Unicoopers), Valter da Silva Bispo, além de terem sido cumpridos mandados de busca e apreensão.

Segundo a Força-Tarefa, foi verificado que o preso praticava extorsão contra demais dirigentes e proprietários de ônibus da Transcap, utilizando alegada influência de membros da facção criminosa em suas ameaças.

A Transcap não se manifestou.

A Justiça de São Paulo aceitou nesta sexta-feira, 26 de agosto de 2022, o pedido formulado pela Força-Tarefa entre Polícia Civil e Ministério Público e converteu a prisão temporária em prisão preventiva de Valter da Silva Bispo, presidente da Transcap, empresa de ônibus que surgiu de cooperativa de transporte e atua em parte do sistema urbano da capital paulista.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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