Polícia Federal realiza operação para apurar corrupção na ANTT para beneficiar empresas de ônibus

Foto: Divulgação

São cinco mandados de busca e apreensão que incluem também funcionários e ex-funcionários da agência

WILLIAN MOREIRA

A Polícia Federal realiza nesta terça-feira, 18 de outubro de 2022, uma operação para apurar crimes de corrupção na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) cumprindo mandados de busca e apreensão em São Paulo e Brasília.

As ordens judiciais têm como alvo um funcionário e ex-funcionários da agência, com os mandados sendo objeto para coleta de maisinformações que reforcem dois inquéritos em andamento na PF.

O primeiro inquérito apura a suspeita de vantagens indevidas obtidas por um servidor da ANTT. Este funcionário público teria efetuado crime quando exercia a função de superintendente de passageiros da agência.

Em dado momento, para atender interesses de empresas de transporte de pessoas, o servidor cobrava o pagamento de R$ 24 mil, levando em conta como meio de determinar o valor, o quão lucrativa era a linha de ônibus que precisava de registro junto ao órgão.

Já o segundo inquérito apura atos praticados por ex-servidores comissionados da ANTT. Tais pessoas continuavam a ter acesso às informações internas da agência, se aproveitando disso para seus interesses particulares, de acordo com as apurações.

Segundo a Polícia Federal, um dos investigados teve acesso na ANTT por quase um ano, tanto em espaços físicos como em sistemas, com a PF totalizando 17.989 acessos.

Isso seria possível apenas com o consentimento de um servidor no cargo de assessor técnico do transporte internacional do órgão, com a possibilidade de informações importantes terem sido passadas para outras pessoas como “moeda de troca”.

A investigação aponta também que os investigados atuavam em nome da ANTT e efetuavam o comércio de estudos, mas também faziam consultorias em diferentes estados do país.

A Polícia Federal conta com apoio da CGU (Controladoria Geral da União) na apuração das denúncias e caso elas venham a se confirmar, crimes como corrupção passiva, violação de sigilo, uso de cargo público e associação criminosa, são alguns dos possíveis indiciamentos contra os servidores e ex-servidores.

Em nota, a PF detalhou a operação

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira, 18/10, a Operação Livre Fluxo, para investigar a prática de crimes contra a Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT. Policiais federais cumprem cinco mandados de busca e apreensão nas cidades de Brasília/DF e São Paulo/SP.

As investigações tiveram início a partir de informações encaminhadas pela Subsecretaria de Conformidade e Integridade do Ministério da Infraestrutura. São apurados atos de corrupção praticados por um servidor de cargo efetivo da ANTT e outras condutas atribuídas a ex-ocupantes de cargos em comissão da Autarquia Federal.

O cumprimento das ordens judiciais visa robustecer elementos de informação já produzidos no âmbito de dois Inquéritos Policiais em curso na SR/PF/DF:

a)       A primeira investigação apura solicitação de vantagens indevidas por parte de um servidor da ANTT, ocupante do cargo de Técnico em Regulação de Serviços de Transporte Terrestres. Os atos teriam sido praticados, sobretudo, no período em que o Investigado exerceu a função de Superintendente de Passageiros da Agência.

Em uma das ocasiões, visando a atender interesses de empresa do setor de transporte interestadual de passageiros, o servidor solicitou o pagamento de R$ 240 mil a particular ligado à referida pessoa jurídica. Há indícios de que os valores das solicitações indevidas consideravam, por exemplo, o grau de lucratividade das linhas de ônibus sobre as quais se demandava registro por parte da ANTT.

b)      O segundo procedimento, além do pagamento de vantagens indevidas ao ocupante de cargo efetivo da ANTT, também apura atos praticados por ex-servidores comissionados da Autarquia. Há indícios de que, em comunhão de desígnios, os investigados procediam com o acesso de informações internas ao Órgão e, posteriormente, as utilizavam em benefício de interesses privados.

Apurou-se que uma das investigadas, mesmo após o término de seu vínculo com a ANTT, continuou acessando, por cerca de um ano, as estruturas físicas e sistemas internos da Agência. Foram identificados 17.989 acessos indevidos.

As citadas violações só foram possíveis em razão da anuência por parte de então ocupante do cargo de Assessor Técnico para o Transporte Internacional da ANTT. Ademais, há a suspeita de que parte das informações tenham sido repassadas a um terceiro investigado que, por consequência, as utilizava como “moeda de troca”, junto a particulares, em razão do recebimento de vantagens indevidas.

Além disso, também consta a informação de que, agindo em nome da ANTT, os investigados procediam com a comercialização de estudos/consultorias em favor de entes públicos municipais de diferentes unidades da federação.    

Os envolvidos já foram alvo de outras comunicações que apontam que eles, em diversas ocasiões, teriam praticados atos de ingerência em processos em trâmite junto à ANTT, com o objetivo de beneficiar determinadas empresas, em detrimento de outras do mesmo ramo de atividade. Em contrapartida, teriam recebido veículos e outros bens como forma de pagamento da “propina”.

Caso as hipóteses criminais enunciadas sejam ratificadas, os investigados podem ser incursos nas penas dos crimes de corrupção passiva, associação criminosa, violação de sigilo funcional e usurpação de função pública.

O nome da operação, Livre Fluxo, faz alusão aos acessos irrestritos, tanto por parte dos investigados quanto por parte de quem concorda em proceder com o pagamento de vantagens indevidas, a informações restritas da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT.



Willian Moreira para o Diário do Transporte

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Comentários

Comentários

  1. REGINO MORAIS disse:

    Pq a polícia federal tbem não dá um pulo até Planaltina de Goiás,,pois lá o povo sofre com o monopólio de uma empresa de ônibus,,sofre com os ônibus caindo os pedaços e pouco ônibus e preços abusivos,, ajudem o povo de Planaltina de GO,,pois lá estar acontecendo um verdadeiro descaso com a população

  2. Marco Antonio Cortez disse:

    ANTT está corrompida faz tempo até cego vê favoce empresas grandes ao não comprimento da tabela de frete

  3. Henrique D Agostini disse:

    Estão uns 20 anos atrasado.

  4. Taí o escorregão do governo: demite, manda embora um funcionário e, talvez, não troca senhas, ou não deleta, ou não repassa regras de proibição de uso do sistema das autarquias públicas (deve ter uma lei sobre isso, e das penas),,,fazendo com que “desempregado”, o autor continue a fazer delitos por anos, repassando informações até sigilosas, de empresas e pessoas fisicas. Caso clássico é de servidor do INSS..que vende informações de pessoas que recebem beneficios.

  5. Sandro Cinosi disse:

    Espero que a Itapemirim,tenha suas linhas de volta,seja operacional novamente

  6. Sandro Cinosi disse:

    Esperamos que a Itapemirim tenha o direito de operar suas linhas.

  7. Santos Dumont disse:

    Não é de se estranhar esse comércio de informações. O dinheiro fácil que vem do suborno é uma tentação e sempre a corda rebenta do lado mais fraco. O que cai na rede primeiro é peixe pequeno, escondido atrás de um crachá.
    Por que será que a ANTT (antes eram outros os permissionários) mantém esse sistema de concessão (entenda-se aqui como Autorização) perpétua e sem competição? Que mão invisível do Estado manipula essa regulação?
    Outro comentário acima fala de sua cidade (Planaltina/GO), sem entender por que não ‘colocam’ outra linha. É simples, caro cidadão, por que na hora em que licitarem uma só do sistema terão que fazer o mesmo com todas as outras! E aí entra a mão grande dizendo: Basta!

  8. Márcia Maria Acioli do Nascimento disse:

    Deus verdadeiramente está trazendo justiça ao Brasil, logo…..logo iremos ver muitos caciques presos! Está na hora desse povo parar de roubar o pobre, porque só quem anda de ônibus é pobre!!

  9. Cairo ferreira gomes disse:

    A anos atrás eu denunciei na ANTT que um tal de dr.wueler de Goiânia e o então superintendente de transporte na época estavao vendendo Lope para várias empresas bem como empresas que nunca forao empresas de ônibus e que ganharão o TAR e linhas a qual foi vendidas para o grupo Moreira de Goiânia colocando o tal dr wueler muito bem de vida está empresa se chama compacto tur.que era uma empresa na época de terra planagem e de uma hora pra outra se tornou empresa de ônibus e até hoje ninguém investigou nada.

  10. Cairo disse:

    E só pegar o tal de dr.wueler e o tal do dr.joao ex diretor da supas que eles vão contar a onde eles ganharam tanto dinheiro na época.

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