Relatório da Moovit mostra que 36% dos passageiros passaram a usar menos transporte público desde o início da pandemia

Quase 60% dos paulistanos quer aumento da frota em circulação para evitar veículos cheios na pandemia. Foto: Diário do Transporte

Dez regiões metropolitanas brasileiras fazem parte de estudo, feito a partir da análise de milhões de viagens realizadas em 2020 em 104 cidades de 28 países

ALEXANDRE PELEGI

A Moovit, empresa do grupo Intel e responsável por um dos aplicativos de mobilidade urbana mais utilizados do mundo, acaba de divulgar a nova edição do seu Relatório Global sobre Transporte Público.

O estudo foi feito a partir da análise de milhões de viagens, e traça um panorama sobre os deslocamentos em transporte público e micromobilidade por mais de 100 regiões metropolitanas do mundo.

As viagens realizadas ao longo de 2020 compreendem 104 cidades de 28 países, e além disso há também uma pesquisa de opinião com os usuários do aplicativo.

Formado por tabelas dinâmicas, o relatório permite analisar os resultados de regiões metropolitanas em diferentes países sob critérios como tempo de viagem, distâncias percorridas, número de baldeações e outros.

A nova edição permite a comparação dos dados atuais com os de 2019, portanto antes da pandemia da Covid-19.

CASO BRASILEIRO

Dez regiões metropolitanas brasileiras participam da pesquisa que integra o relatório: Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Respondida por 13 mil usuários durante novembro de 2020, traz avaliações e indicações sobre o que pode funcionar melhor no transporte público e na micromobilidade (bicicletas e patinetes compartilhados, entre outros).

A partir do levantamento é possível inferir, por exemplo, que a cidade do Rio de Janeiro tem o terceiro maior tempo médio de viagem do mundo, com 67 minutos. Esta situação se repete pelo segundo ano seguido. No geral, 11% dos passageiros cariocas gastam mais de duas horas nos trajetos.

São Paulo é relatada como a segunda cidade no mundo com maior proporção de viagens compreendidas no intervalo de uma a duas horas – 35%.

Já os passageiros de Recife perdem tempo esperando o transporte público: 65% deles aguardam mais de 20 minutos em uma viagem. Salvador vem em seguida, com 58%. As duas capitais representam os dois maiores índices na categoria. Já São Paulo e Curitiba são as duas cidades onde os passageiros menos esperam pelo transporte comparativamente.

Já os passageiros de Curitiba fazem muitas baldeações. Segundo o relatório da Moovit, 34% das viagens na capital paranaense envolvem pelo menos três baldeações, índice que está acima de capitais europeias como Berlim e Paris.

A pesquisa mostrou ainda outro dado preocupante para o setor: 36% dos passageiros passaram a usar menos o transporte público desde o início da pandemia de Covid-19.

Ao mesmo tempo, a micromobilidade se popularizou em todas as cidades brasileiras do estudo, com o uso diário saltando de 8,5% para 14%.

SÃO PAULO

Alguns dados sobre São Paulo:

42,8% dos passageiros fizeram mais de duas baldeações em 2020.

A distância média das viagens feitas pelo paulistano ficou em 7,3 quilômetros, um dos menores números dentre as dez cidades brasileiras.

Quando perguntado ao paulistano como a Covid-19 afetou a frequência em que ele usa transporte público, a pesquisa mostrou que:

– 3,5% deixaram de usar;

– 32,6% passaram a usar com menos frequência;

– 44,6% afirmaram que a pandemia não afetou em nada, usam do mesmo jeito de antes;

–  12,7% disseram usar o transporte público com mais frequência;

– 6,6 % afirmaram ter optado por outros meios de transporte.

Quando a pergunta foi “Com a pandemia de COVID-19, o que te incentivaria a usar mais o transporte público?”, a maioria (58,8%) dos paulistanos respondeu “aumento da frota em circulação para evitar veículos cheios”.

ANO ATÍPICO

Para o Vice-Presidente de Marketing e Expansão da Moovit, Yovav Meydad, o ano passado foi atípico e difícil para o setor de transportes, o que está refletido no relatório. “O big data pode identificar carências na rede de transporte e tendências entre os passageiros, e ajudar na tomada de decisões sobre o uso seguro e eficiente do transporte coletivo. Este relatório é uma ferramenta para governos, operadores e todos nós identificarmos como podemos melhorar a nossa mobilidade”, afirma o executivo.

Centenas de prefeituras, operadores e empresas como Microsoft, Lyft, Uber e Cubic usam soluções da Moovit, e mais de 950 milhões de usuários usam o aplicativo gratuitamente no Android, iOS e na Web em 3.600 cidades de 112 países.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

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