Sistema metropolitano de transporte de Belo Horizonte acumula prejuízo de R$ 71 milhões com a pandemia
Publicado em: 7 de agosto de 2020
Levantamento é do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano
JESSICA MARQUES
As empresas de ônibus do sistema metropolitano de transporte de Belo Horizonte, em Minas Gerais, contabilizam um prejuízo de R$ 71 milhões desde o início da pandemia. A operação contempla 34 municípios da região.
O levantamento foi feito pelo Sintram (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano). De acordo com a entidade, o balanço leva em conta a diferença entre os gastos, que se mantém para que o serviço continue sendo oferecido, e a receita das empresas, que caiu junto com a queda de demanda dos passageiros.
Em média, considerando os meses de abril, maio e junho, o número de passageiros transportados mensalmente apresentou queda de 56%, passando de 19,7 milhões para 8,6 milhões.
No entanto, segundo o sindicato, a operação das empresas consorciadas não sofreu redução na mesma proporção. O número de viagens, no mesmo período, passou de 416,9 mil para 222,4 mil, o que representa uma queda de 46%.
“As empresas continuam arcando com custos com mão-de-obra, óleo diesel e manutenção, mas, sem subsídio para compensar a perda de arrecadação causada pela queda no número de passageiros, o sistema não consegue operar de forma ideal”, afirmou, em nota, o presidente do Sintram, Rubens Lessa.
Ainda segundo Lessa, o cenário de exceção provocado pela pandemia exige que todo mundo colabore para minimizar os problemas.
“Nós fizemos campanhas pedindo que os usuários utilizem as máscaras, mantenham o distanciamento nas estações e, sempre que puderem, esperem o próximo veículo passar quando o ônibus estiver cheio”, recomenda.
PÓS-PANDEMIA
O sindicato afirma ainda que outra preocupação das empresas do transporte metropolitano é com a situação do setor no pós-pandemia. As viações falam em mudanças nos contratos para garantir um sistema mais sustentável.
“É preciso pensar em novas formas de financiamento do transporte público, que é um serviço essencial. Hoje, o sistema é financiado somente pelos usuários pagantes e, com a diminuição na demanda de passageiros, o sistema pode entrar em colapso”, disse também o presidente do Sintram, Rubens Lessa.
Ainda segundo Rubens, a diminuição da demanda no transporte público não impacta somente as empresas, mas toda a sociedade.
“Menos passageiros significa menos ônibus circulando e mais carros. E, a sociedade tem que colocar nessa conta, o aumento no número de acidentes, de mortos e feridos, de sobrecarga no sistema hospitalar, piora no trânsito. Ou seja, a imobilidade”, explicou.
Jessica Marques para o Diário do Transporte
A sociedade tem que pensar no custo marginal, mas as empresas não, né? Menos viagens e menos passageiros tbm significa menor carga tributária, menos mão-de-obra empregada, menos peças e insumos consumidos, menos uso de eletricidade nas garagens, e isso levando em conta que a grande maioria das empresas não oferece álcool em gel em grande parte das viagens de seus veículos, muito menos os higieniza como dizem que fazem.