Senado aprova projeto que aumenta estímulos às concessões de metrô, ferrovias e rodovias para a iniciativa privada
Publicado em: 9 de agosto de 2019

Objetivo é estimular desestatizações. Pela proposta, recursos da União para financiar as concessões vão dobrar. PPIs devem priorizar integrações de modais. Texto segue para votação no plenário da Câmara
ADAMO BAZANI
O Governo Federal deve estimular mais as concessões à iniciativa privada de metrôs, ferrovias, rodovias, hidrovias, portos, aeroportos e serviços de saneamento básico.
A comissão especial da MP 882/2019 no Senado aprovou nesta quinta-feira, 08 de agosto de 2019, o relatório do senador Wellington Fagundes (PL-MT) que amplia a atuação do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social nos processos de desestatização e fortalece o PPI – Programa de Parcerias de Investimento.
A proposta segue para o plenário da Câmara.
Pelo texto, os aportes da União ao Fundo de Apoio à Estruturação de Projetos de Concessão e PPP – FEP, gerido pela Caixa Econômica Federal, dobram, passando de um limite de R$ 180 milhões para R$ 360 milhões por projeto.
Segundo Wellington Fagundes, à Agência Senado, a medida será importante na estruturação de projetos de infraestrutura nos municípios e Estados.
Pela proposta, os Estados e municípios poderão contratar o BNDES para estruturar medidas de desestatização e contratos de parceria. Na prestação destes serviços, o BNDES poderá subcontratar outras empresas ou profissionais, a prática é chamada de colação.
“A colação será feita através do envio de consulta a três ou mais empresas, entidades ou profissionais de elevada especialização técnica, com atuação anterior em complexidade equivalente ao objeto a ser contratado. O envio das consultas será divulgado na página do BNDES na internet. Como critério na definição dos consultados, o BNDES poderá usar rankings externos ou um cadastro próprio. É recomendada “pluralidade e alternância” na escolha dos consultados.” – explica a Agência.
Wellington Fagundes retirou do texto a repartição de recursos provenientes de concessões de aeroportos, rodovias, ferrovias e hidrovias com Estados e municípios.
Segundo o senador, a retirada ocorreu depois de negociação com o Governo Federal que alega que a divisão poderia causar insegurança nos investidores internacionais. Fagundes defende que futuramente a repartição seja incluída.
“Sou municipalista e entendo que o Parlamento precisa aprofundar este debate. Ele vai acabar retornando num outro momento, mas o fato é que o governo pressiona com prazos muito curtos dentro das MPs. O governo alega que a possibilidade desta repartição poderia gerar insegurança nos investidores internacionais. Na minha longa trajetória política, já assimilei que relatório bom é aquele que podemos aprovar. Então estou dando este voto de confiança ao governo, entendendo que ele também está no início, embora eu seja a favor da repartição dos recursos” — disse Fagundes.
A repartição deve voltar a ser discutida já no plenário da Câmara, segundo o deputado Hugo Leal (PSD-RJ).
O texto aprovado passa a considerar estratégicos todos os projetos que entrarem no PPI – Programa de Parcerias de Investimento, que deverão receber prioridade dos agentes públicos nas esferas administrativa e controladora da União, estados e municípios.
Outra prioridade do PPI é, de acordo com o texto, fortalecer as políticas nacionais de integração dos diferentes modais de transporte.
O PPI vai também incluir obras e serviços de engenharia de interesse estratégico, que poderão ser regulamentados por decreto.
Por meio de negociações com o Governo Federal, os senadores Wellington Fagundes (PL-MT) e Jean Paul Prates (PT-RN) incluíram um artigo para que a secretaria do PPI dialogue com o Congresso, frentes parlamentares e com confederações setoriais, como de transportes, que poderão contribuir com pesquisas, análises e estudos na tomada de decisões estratégicas.
Segundo a Agência Senado, conselho e secretaria especial do PPI terão atribuições próprias.
O Conselho do PPI atuará na integração dos transportes aéreo, aquaviário e terrestre, harmonizando políticas setoriais. Também atuará na definição dos elementos de logística do transporte multimodal. Outra atribuição será harmonizar as políticas nacionais de transporte com as políticas de transporte dos Estados e municípios.
Já a secretaria especial do PPI intermediará, junto a instituições financeiras federais, ações de estruturação de projetos que possam entrar no PPI. Também caberá à secretaria apoiar o processo de licenciamento ambiental dos empreendimentos qualificados. Outra função será fomentar parcerias nos empreendimentos de infraestrutura de Estados e municípios. Também caberá a esta secretaria fazer acordos com outros órgãos públicos, a nível federal, estadual e municipal, coordenando ações cooperativas.
A medida provisória também altera a Lei dos Portos (lei 12.815) para que as instalações portuárias sejam exploradas em regime de livre concorrência por preços.
Além disso, pela proposta, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) passa a ser gestor do sistema de portos e do Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias – INPH.
Juntamente com a ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres, o DNIT será ainda responsável por dispor de ativos devolvidos por concessionárias e executar, direta ou indiretamente, serviços de engenharia nos portos.
A proposta ainda atribuiu à Antaq- Agência Nacional de Transportes Aquaviários o combate a práticas de abuso de poder econômico por parte dos terminais arrendados.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Construir com dinheiro dos muitos impostos que pagamos para dar por uma Mixaria aos empresários enriquecerem, vai haver redução de tributos, já que o estado não vai gerir mais nada? Aposto que não