História

ANIVERSÁRIO DE SÃO PAULO: Vídeos especiais retratam os transportes de São Paulo entre os anos 1980 e início de 2000

Ciferal articulado da EAOSA. Em destino à região do Parque Dom Pedro II, em São Paulo, vindo do ABC. Acervo de Vídeo – Michel Betto. Texto: Adamo Bazani – Edição: Jessica Marques (Clique para ampliar)

Modelos de ônibus mostram evolução do sistema de ônibus e os planos para melhor atender uma população que até então registrava taxas de crescimento bem significativas

ADAMO BAZANI

Os transportes coletivos na cidade de São Paulo e na região metropolitana ainda precisam de muitos investimentos para atender às reais necessidades da população, valerem de fato o que é cobrado nas tarifas e convencerem as pessoas a deixarem seus carros e motos em casa para os deslocamentos cotidianos, como para o trabalho e educação. A malha de metrô e o total de corredores de ônibus são insuficientes para uma demanda de passageiros superior à população total de muitos países de médio porte, como Uruguai, por exemplo.

Mas dizer que a mobilidade não evoluiu em nada também é um erro.

Destaque para a tecnologia dos ônibus. Ar-condicionado, suspensão pneumática, acesso à internet dentro dos veículos, vidros colados são itens que se fossem ditos há 15 anos que estariam presentes em quase todo um sistema de transportes, poderiam ser confundidos com discursos utópicos.

A utopia virou realidade, até mesmo nos modelos de motor dianteiro. Um dos grandes problemas ainda é a falta de infraestrutura. Estes veículos mais modernos e confortáveis ainda têm de enfrentar os mesmos buracos (em alguns casos, literalmente) e a falta de prioridade (em quase todos os casos, literalmente) que há 15, 20 e 30 anos.

A questão da infraestrutura também teve avanços, bem aquém do necessário, é verdade. Ao longo da história, houve planos e iniciativas para que os sistemas ganhassem em velocidade e capacidade. O problema é que muitos destes planos, mesmo tendo início, não se concretizaram integralmente pela falta de continuidade política e administrativa, como ocorreu com o sistema de corredores de trólebus planejados para a cidade entre o final dos anos 1970 e a primeira metade dos anos 1980.

Vídeos da coletânea do pesquisador Michel Betto, obtidos em diversas fontes, mostram momentos diferentes dos transportes em São Paulo e revelam que, com o tempo e as obrigações de legislação e até mesmo de mercado, as empresas de ônibus passaram a investir em veículos melhores e a indústria de chassis, carrocerias e equipamentos corresponderam a esta necessidade:

  • Região do Parque Dom Pedro – área central de São Paulo (final anos 1990): Destaque para trólebus Torino e ônibus como Caio Alpha com a faixa vermelha do sistema da cidade e ônibus intermunicipais vindos do ABC, como o azul e branco da Viação Riacho Grande e um Ciferal  Articulado da EAOSA – Empresa Auto Ônibus Santo André (Texto: Adamo Bazani – Edição: Jessica Marques).
  • Construção de Terminais (anos 1980): Início dos terminais São Mateus e Vila Carrão, que hoje estão entre os mais movimentados da cidade de São Paulo. Vídeo institucional da Prefeitura de São Paulo que mostra a importância da CMTC – Companhia Municipal de Transporte Coletivo, uma das maiores empresas públicas do setor na história em todo o mundo, na busca para a formação de uma rede de transportes. Destaque para o anúncio do Corredor para Trólebus entre a Praça da Bandeira, no centro, e o bairro de Santo Amaro, na zona Sul, com a promessa de reduzir pela metade o tempo de deslocamento, com intervalos de 3 minutos entre os coletivos. (Texto: Adamo Bazani – Edição: Jessica Marques).
  • Ônibus dos anos 1980: Com modelos do sistema municipal de São Paulo na pintura “saia e blusa”, adotada na segunda metade dos anos 1970, pela qual a cor da saia (parte inferior da lataria) indicava a região atendida pela empresa. São destaques também ônibus de fretamento, com modelos como os monoblocos da Mercedes-Benz, Caio Corcovado, Marcopolo Viaggio Geração IV. (Texto: Adamo Bazani – Edição: Jessica Marques).
  • Nos anos 1990, muitos dos corredores elaborados na década anterior (relembre no vídeo 2), já estavam em funcionamento. O destaque nesta época era para os ônibus de maior porte, como a ampliação da frota de articulados e o início dos gigantes biarticulados da Volvo. Os ônibus de linhas de corredor e de alta demanda recebiam uma faixa verde (em vez da vermelha, como do restante do sistema). O biarticulado Torino (de cor amarela) com chassi Volvo chama a atenção nas imagens. Em época que nem se imaginava na lei “Cidade Limpa”, sobre poluição visual, muitos dos ônibus ostentavam propagandas em toda a lataria. O vídeo traz um contraste com o sistema anterior, o da pintura “saia e blusa”, ainda nos anos 1980, quando os ônibus eram menores e mais simples, como mostram o Caio Gabriela, o Ciferal Condor e o Ciferal Padron Alvorada, da Viação Santa Cecília, por exemplo, numa época na qual o embarque ainda era pela porta traseira e o desembarque pela frente. (Texto: Adamo Bazani – Edição: Jessica Marques).
  • Desfile de Antigos que entrou para a história: O antigomobilismo, como é chamado por fãs veículos antigos, sempre fascinou muita gente. Nos anos 1990, uma “carreata” de modelos clássicos tomava conta da região central de São Paulo. Quem fez o vídeo talvez não tivesse a noção de que o registro de veículos da época também hoje faria parte da reconstrução da memória dos transportes. Ao lado dos carros clássicos, passavam modelos de ônibus municipais como da Thamco, Monobloco O371 Urbano, Caio Vitória (com a pintura já da faixa vermelha do sistema “municipalizado”) e, ao final, um Caio Gabriela ainda com a pintura “saia e blusa”, o que indica que o vídeo seja do início da década. (Texto: Adamo Bazani – Edição: Jessica Marques).
  • Numa noite na região central de São Paulo, nos anos 1990, iluminavam as ruas da cidade veículos como o monobloco Mercedes-Benz O371 urbano, um modelo à frente de sua época com design e itens de conforto sem iguais na ocasião. Destaque também para trólebus dos anos 1960, ainda circulando firme, o que mostra a durabilidade dos ônibus movidos à eletricidade. (Texto: Adamo Bazani – Edição: Jessica Marques).

 

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Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Paulo Gil disse:

    Amigos, bom dia.

    Parabéns ao(s) autor(es) do filme.

    Parabéns Ádamo e equipe do Diário de Transporte por me dar este presente sem ser meu aniversário.

    Viajei na maionese: Ueti Turismo, O-362 da CMTC, O-371(um luxo), o articulado bagaceira da EAOSA, um CAIO Aritana se não me engano.

    Showwwwwwwwwwwww.

    Aproveito a oportunidade para pedir a todos se alguém sabe de um vídeo que mostre os buzões da verdadeira Gato Preto dos tempos do Sr. Luiz Gatti.

    Att,

    Parabéns

  2. MARCOS NASCIMENTO disse:

    Agradeçam a ex-prefeita Martaxa Suplício e sua equipe de canalhas petralhas na secretaria municipal de transportes pela extinção de mais de 300 trólebus entre 2001 e 2004. Antes dos anos 2000 a cidade de São Paulo chegou a ter 514 trólebus rodando e ao final da gestão desta vagabunda a frota de onibus elétricos não chegava a 2000. Foi essa mesma pilantra da política (hoje escondida dentro do MDB*STA) que as cooperativas ganharam uma força nunca antes imaginada chegando a mais de 6000 mil vans e micros em 2003, ano em que foi oficializado o até então transporte clandestino. Hoje, todas as cooperativas foram promovidas á empresas durante o desgoverno municipal petralha de Fernando Malddad e o PSDB*STA que também é um lixo de partido esquerdista MANTEVE essas cooperativas como empresas e muitas delas mudarão de nome para continuar nesse ano de 2019 após a “licitação” ser resolvida.

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