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HISTÓRIA: Quando os passageiros andavam como pingentes nos ônibus de São Paulo

Ônibus trafegavam com portas abertas e passageiros pendurados. Algo que muitas pessoas mais jovens nunca viram. Reprodução Michel Betto. Texto: Adamo Bazani - Clique para ampliar

Serviços atualmente precisam melhorar, mas quem olhar um pouquinho para trás, vai ver que houve evolução. Só infraestrutura que não avançou tanto

ADAMO BAZANI

Quem vive hoje em dia na capital paulista e região metropolitana de São Paulo tem vários motivos para reclamar dos ônibus.

Atrasos, lotação e itinerários que nem sempre atendem a todas as necessidades diárias são realidades, a maior parte, por incrível que possa parecer, não gerada pelo serviço de ônibus em si, mas pela falta de infraestrutura e prioridade ao transporte coletivo no espaço urbano.

Para uma frota de quase 15 mil ônibus que transportam 9,5 milhões de passageiros por dia, a capital paulista tem 128,8 km de corredores, sendo apenas 8 km exclusivos mesmo, o BRT – Bus Rapid Transit – Expresso Tirandentes.

Pelo fato de os ônibus ficarem presos no trânsito, atrasam e, consequentemente, lotam. Para tentar ao menos ter uma regularidade, hoje é necessário ter mais ônibus numa mesma linha para atender a um número cada vez menor de passageiros.

Mas quem viveu até o final dos anos 1990 tinha muito mais motivos para se queixar.

Muitas pessoas com menos de 25 anos talvez jamais viram cenas semelhantes: de passageiros andando como pingentes em ônibus pequenos trafegando de portas abertas.

A rotina, porém, era comum.

Um vídeo com imagens selecionadas pelo pesquisador Michel Betto mostra como era difícil a rotina de quem usava transporte por ônibus na cidade de São Paulo e região metropolitana.

As pessoas disputavam cada centímetro e os modelos de ônibus ficavam pequenos para tamanha quantidade de passageiros. E eram: muitos dos Caio Gabriela I e II, Caio Amélia, monoblocos O-364 tinham dimensões semelhantes aos ônibus mídis de hoje, conhecidos como micrões, mas faziam linhas atualmente prestadas por ônibus padrons, de três eixos, articulados, superarticulados e biarticulados.

Por mais sentimentos saudosistas que os modelos antigos possam despertar, em sua maioria, os ônibus eram pequenos, duros, barulhentos, com degraus altos, sem acessibilidade nenhuma, quentes.

Foram importantes em suas épocas, nas não há comparação.

Imagens como dos Gabriela da Viação Ferraz, que de tão lotados o para-choque traseiro, pelo peso, ia quase raspando no chão, dos Amélia da Empresa São Luiz e dos Gabriela, da Viação Bola Branca passando direto nos pontos porque não cabia mais ninguém, ficaram marcadas na mente de muitos passageiros.

Greves de motoristas e cobradores que duravam vários dias seguidos e constantes acidentes trágicos, inclusive com ônibus clandestinos urbanos (comuns na cidade de São Paulo até 2003) também eram rotina no dia a dia dos passageiros.

Muita coisa ainda precisa melhorar nos transportes por ônibus em São Paulo e na região metropolitana, mas é inegável que houve evolução: nos veículos, nas legislações mais exigentes, na acessibilidade e no treinamento dos motoristas. O que ainda é bem semelhante aos anos 1980 e 1990, incrivelmente, é a infraestrutura das cidades.

Vale a pena conferir, mas seja honesto, se quiser compartilhar, envie o link da matéria inteira. Vídeo é legal, com informação e reflexão, fica muito melhor.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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