Buser faz primeira viagem para São Paulo e Justiça impede rotas para Minas Gerais

Conhecida como ‘Uber de ônibus’, a empresa de fretamento coletivo tem como objetivo baratear viagens

JESSICA SILVA PARA O DIÁRIO DO TRANSPORTE

A Buser, conhecida como “Uber de ônibus”, conseguiu realizar sua primeira viagem nesta sexta-feira, 2 de março, com destino a São Paulo. Outras duas rotas, previstas para Ipatinga e Uberlândia, em Minas Gerais, foram impedidas. A suspensão dos trajetos ocorreu por meio de uma liminar do Sindpas-MG (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Minas Gerais).

Em julho de 2017, a empresa de fretamento coletivo tentou realizar o primeiro trajeto, mas também foi impedida pela 23ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte, que atendeu um pedido de tutela de urgência do Sindpas-MG para proibir a atividade.

O ônibus com destino a São Paulo partiu do Terminal JK, no centro de Belo Horizonte, às 22h de sexta-feira. Os passageiros reservaram os assentos por meio do aplicativo da empresa, em caráter de fretamento.

As viagens para Minas Gerais, que foram impedidas, estavam previstas para ocorrer às 19h30, também partindo do Terminal JK. Momentos antes do embarque, a Buser entrou em contato com os passageiros por e-mail, para avisar que o trajeto foi cancelado.

A empresa de fretamento havia oferecido as passagens gratuitamente aos passageiros, mas, mesmo assim, pagou as viagens de ida e volta daqueles que tinham interesse em viajar por ônibus da rodoviária. A decisão teve com objetivo não prejudicar aqueles que viajariam com a Buser.

Os passageiros que viajaram para São Paulo também receberam um e-mail da empresa, alertando que a viagem poderia ser impedida. A Buser ofereceu a opção de pagar as despesas para quem estivesse inseguro para seguir viagem, desta maneira, o passageiro teria a opção de embarcar em um ônibus convencional, na rodoviária.

A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), órgão responsável por fiscalizar viagens interestaduais, levou mais de uma hora para fiscalizar o veículo que seguiu viagem. Os motoristas não estavam cadastrados na agência e a empresa teve que substituir os profissionais para conseguir continuar o trajeto.

HISTÓRICO

A liminar que impede as viagens da Buser está em vigor desde 2017. A empresa de fretamento já entrou na Justiça para tentar derrubá-la. Um advogado foi contratado para garantir que tudo funcionasse de acordo com a legislação, conforme informações da empresa.

Veja mais detalhes em ENTREVISTA: Buser apresenta em até 15 dias recurso contra liminar

SAIBA COMO FUNCIONA A BUSER

Em nota, a Buser explicou ao Diário do Transporte como o sistema funciona:

Para viajar, o usuário precisa baixar o app pelo site da empresa (www.buser.com.br), cadastrar seus dados e definir parâmetros da viagem, como origem, destino e data, e o aplicativo mostra quais são as opções mais baratas. Após atingir um número mínimo de passageiros, a viagem é “confirmada” e os horários de saída e chegada e ponto de encontro são definidos pela própria BUSER para garantir organização e segurança. Os primeiros a baixar o app ganham cupom de R$10 reais e, além disso, recebem outros R$ 10 toda vez que um amigo indicado passe a utilizar a ferramenta.

RESPALDO PARA O PASSAGEIRO:

Marelo Abritta, um dos fundadores do aplicativo, explica que como se trata de um serviço de fretamento, o passageiro terá o mesmo respaldo que se uma empresa contratar um ônibus fretado para transportar seus funcionários.

O seguro em caso de acidentes é o oferecido pela empresa de ônibus de fretamento.

Em caso de roubo ou furto de bagagem também valem as legislações de fretamento que obrigam as transportadoras a se responsabilizar pelos bens na parte inferior dos ônibus (bagageiro) e não, segundo o empresário, no porta-pacotes do salão dos passageiros.

A Buser diz, entretanto, que não vai deixar as responsabilidades apenas sobre a viação de fretamento e que vai seguir o Código de Defesa do Consumidor em caso de “concurso de responsabilidade”, já que intermediou a viagem.

“A Buser terá uma equipe de atendimento em tempo real para o passageiro da empresa que optou pela viagem no aplicativo” – explicou.

DESISTÊNCIA DE VIAGEM:

Marcelo Abritta também explicou como serão os procedimentos de desistência e cancelamento de viagem.

Segundo o empresário, haverá as seguintes situações:

– Quando o ônibus não teve ocupação que deixasse a passagem vantajosa e a viagem não for realizada: devolução integral do dinheiro em conta.

– Quando a viagem ocorreu, o passageiro desistiu, mas outro ocupou o lugar: Reembolso integral.

– Quando a viagem ocorreu e não teve ocupação do lugar do passageiro desistente: Não haverá reembolso, mas o passageiro que desistiu fica com crédito no mesmo valor para outra viagem.

“Devemos adotar este sistema como padrão” – disse.

PONTOS DE PARADA, EMBARQUE E DESEMBARQUE:

Marcelo Abritta explicou que os pontos de embarque e desembarque serão escolhidos pelos passageiros, mas o objetivo é que os locais selecionados tenham estrutura para receber os ônibus e a demanda.

“Podemos ter mais de um ponto para diferentes rotas, mas não mais de um ponto para a mesma rota, sempre seguindo determinações de trânsito e as regulamentações municipais. Por exemplo, em Belo Horizonte, mesmo sendo uma metrópole, não há restrições como ocorre em São Paulo. Tudo será respeitado. Numa cidade do interior, essa questão acaba sendo secundária” – declarou.

Para seguir a legislação trabalhista, que determina que a cada quatro horas o motorista de ônibus faça um descanso de 30 minutos, haverá paradas no meio do trajeto, como em postos de rodovia.

“Os passageiros devem escolher, a Buser não vai fazer parceira e ganhar dinheiro de posto de estrada” – disse.

Comentários

Comentários

  1. É lamentável a maneira como interferem na livre iniciativa. Sou a favor de que se desregulamente tudo. O Estado que cuide da sua obrigação principal – infra estrutura, saúde e educação, os demais cabe à iniciativa privada. Essas agências regulamentadoras não passam de meras arrecadadoras deficitárias. Empurram dificuldades para venderem facilidades. Chega de o Estado ditando tudo. O brasileiro tem que acordar para a realidade de que o paizão Estado é falido por roubos, propinas, excesso de penduricalhos e pendurados em suas tetas.

    1. Fabricio Lemos disse:

      Na verdade não é bem assim. Sou totalmente a favor da Buser e da competição mas existem rotas menos lucrativas mas necessarias que so com controle do governo são mantidas. Pois se dependesse só do lucro da livre iniciativa, as empresas só operariam quando lotasse um onibus nos horarios de pico, por exemplo. Isso acontece em paises capitalistas liberais da Africa e o resultado é pessimo pro consumidor.

  2. Sandro disse:

    Um serviço que usa de artifício para fazer transporte irregular parecer legal logo na primeira viagem usando motorista sem autorização para executar o trabalho qual a diferença daqueles que oferece viagens para o nordeste vendendo na praça princesa Isabel e Brás ou no Jabaquara que disfarçar ser um serviço de fretamento basta eles vender as passagens por aplicativo para se tornarem legal transporte é coisa séria a chapecoense foi vítima de uma empresa que achava que podia fazer o transporte sem respeitar as regras

    1. Nelson disse:

      A questão ? O que será de uma geração de merda chamada de geração y que acha que sabe de tudo porque Google dá as respostas , paga para ver Anita, Pablo Vita, e acha que saber o que é música.
      Música é isso? Ou é algo que tem início, meio e fim ?
      Salve as próximas gerações filhos desta que perde seu tempo vendo e votando no Big Brother BBB achando que sabe enchendo Rede esgoto de dinheiro.
      Geração anterior ia se reunir com os colegas e bater papo e sair para dar um rolê.
      É essa geração y que poderia ser chamada de ydiotysta , que acha que está certa que a uma nova modalidade de serviços por aplicativo é que elas tem o direito de escolha.
      Os aplicativos não mudaram metodo do serviço é prestado.
      Apenas se mudou o meio que ele é solicitado.
      Antes você comprava indo ao guichê comprar passagem.
      Depois você comprava ao ligava do telefone.
      Depois você comprar pelos sites.
      Agora você comprar pelo aplicativo.
      Será que mente ficou tão sub desenvolvida ao ponto de não entender isso, correto o Google não dá está resposta.
      O estado o sistema que de hoje que geração y acha ultrapassado véi para regularizar o que era desregularizado igual o que os aplicativos defendem com nova forma.
      Essas pessoas não entendem nem um pouco de gestão e economia, mas são mestres em BBB.

  3. Marcio disse:

    Será que o Buser também vai ceder passagens gratuitas iguais às empresas regulares ? (Passe Livre, Acompanhante do passe livre, Idoso 100 % e 50 % e ID Jovem) Já que querem usufruir das linhas. Se a ANTT tiver vergonha na cara não poderá permitir esse tipo de atividade.

  4. Rafael disse:

    Quem é a favor deste aplicativo não tem a minima noção do que ter estes serviços desregulamentados.

    Márcio, além ceder passagens gratuitas iguais às empresas regulares (Passe Livre, Acompanhante do passe livre, Idoso 100 % e 50 % e ID Jovem).

    Quero ver é colocar horários que carrega 5 ou 10 passageiros. Anda vazio 500 km e volta.
    É muito simples. Essa falsa idéia da passagem barata é porque só vai com viagem acima de certo quorum. Aí é fácil. As empresas que tem a concessão também fazem. E muito melhor que a BUSER. Buser pega empresinhas de Turismo. Que não tem sequer profissionais treinados, um RISCO enorme para os passageiros que estão ali dentro. Se bobiar nem seguro tem.

    Vamos lá pessoal. Pede a Buser pra colocar horários vazios, treinamentos dos motoristas, manutenção dos ônibus em dia. Pagamento em dia. Tudo que as empresas que tem concessão são obrigadas a fazer e fazem.

  5. Denis Balzana Azevedo disse:

    Estado Mínimo, Livre Iniciativa, Mercado Autorregulador – Tudo é muito bonito na teoria e enquanto não se tem problemas, agora na hora em que começarem a descumprirem a regulamentação e cometerem irregularidades, tipo: viagens com veículos sem as condições legais, sem oferecer as gratuidades exigidas, motoristas sem o devido preparo ou descanso previstos, acidentes sem a devida cobertura aos passageiros (vide Lamia – avião da Chapecoense) etc. aí, esses mesmos que defendem, se forem atingidos, vão reclamar que o Poder Público não faz seu papel e que se omite das suas obrigações e por aí vai.

  6. rdish disse:

    Bom, pelo menos agora o Buser acabou com essa estratégia de marketing furada de ser um ‘Uber do Ônibus’.
    Agora se divulgam como um intermediário para fretamento de ônibus. Uma agência de viagem virtual.
    Agora, com esse formato, o Buser não será mais um concorrente tão forte assim para o transporte coletivo regular. Como estão seguindo as regras de transporte por fretamento, os passageiros terão de agendar sua viagem com uma boa antecedência, dependerá da demanda da viagem, e o passageiro terá de comprar passagens de ida e volta. E sabemos que no transporte por ônibus não é fácil achar passageiros suficientes para fazer um itinerário de ida e volta nos mesmos dias e horários. Nem todo mundo que embarca numa linha na sexta-feira quer voltar domingo, isso apenas considerando o dia. Enfim, o Buser atenderá apenas a um perfil específico de passageiros.
    Quem têm de pôr as barbas de molho são as agências de viagem. Se o Buser começar a oferecer viagens pra destinos de compras, como o Brás… Sei não…

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