História

Comporte comemora Ação de Graças e Clube confirma VVR para 2018

Palestras de líderes religiosos de diversas correntes e apresentações musicais ocorreram em meio a uma verdadeira linha do tempo do transporte, com modelos de ônibus que marcaram épocas diferentes da história da mobilidade. Foto: Adamo Bazani

Evento reuniu religiosidade, música e memória dos transportes, sendo realizado num dos maiores acervos particulares do setor de mobilidade

ADAMO BAZANI

O Grupo Comporte, que congrega empresas de ônibus como Viação Piracicabana, BR Mobilidade, Princesa, Expresso União, Itamarati, Caxiense, Breda, entre outras, realizou nesta quinta-feira, 23 de novembro de 2017, a 18ª edição do Encontro Ecumênico de Ação de Graças, na garagem da Breda, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.

O evento já se tornou tradicional no grupo comandado pela família Constantino e tem o objetivo de despertar o sentimento de gratidão, principalmente em meio às adversidades.

Os irmãos Ricardo, Joaquim e Henrique Constantino ouvem celebrações religiosas do Dia de Ação de Graças. Foto: Adamo Bazani

“Todo o País tem enfrentado anos difíceis, com a situação econômica. Cada um de nós temos nossos momentos de luta, mas, mesmo assim, temos de ser gratos. Todos os obstáculos são oportunidades e, independentemente de qualquer fase de nossas vidas, sempre teremos motivos para agradecer.” – disse em discurso no evento, Joaquim Constantino, um dos diretores do Grupo.

O encontro reuniu líderes religiosos de diversas correntes da fé cristã, judaica, mulçumana e budista.

Cada participante tinha uma história para contar e, mesmo com dores e sofrimentos, o sentimento de gratidão era a maior expressão da vitória sobre as batalhas.

Um exemplo de vitória e de relato emocionante de gratidão foi do presidente e fundador do Primeiro Clube do Ônibus Antigo Brasileiro, tradicional por realizar a VVR – encontro de ônibus e caminhões históricos, Antônio Kaio Castro. Neste mesmo mês, no ano passado, Kaio estava internado no Hospital lutando contra um câncer que atingiu sua coluna.

Presidente do Primeiro Clube do Ônibus Antigo Brasileiro, Kaio Castro, fala ao repórter Adamo Bazani: VVR volta em 2018. Foto: Henrique Estrada

A situação de saúde de Kaio era delicada. Além de ter a vida em risco, o memorialista e profissional de transportes não conseguia se sustentar em pé normalmente.

Após o autotransplante de medula ter sido um sucesso, Kaio teve outra vitória: sua coluna se consolidou normalmente, o que não é muito comum, dispensando assim a necessidade de cirurgia.

Com mais peso e cabelo e sem necessidade da bengala de apoio, Kaio atribuiu às orações de amigos e até mesmo de desconhecidos a sua vitória sobre o câncer e garantiu que em 2018, a VVR – Viver, Ver e Rever, que não pode ser realizada nos últimos dois anos, vai voltar com tudo.

“Com certeza em novembro no ano que vem, nós teremos condições de retornar com o evento e contamos, claro, com todos os expositores, com todas as empresas que tradicionalmente nos prestigiam. Eu acredito que no ano que vem a situação econômico-financeira do País já esteja em outro nível e que consigamos o patrocínio necessário para a organização da VVR” – revela Kaio ao Diário do Transporte

A ideia da VVR surgiu em 2003 pela paixão por veículos antigos que Kaio sempre cultivou. Na época, o profissional gerenciava a filial na cidade de São Paulo da empresa de fretamento Expresso Redenção, que tem sede em Taubaté, no interior paulista.

Kaio havia percebido que existiam eventos de carros antigos, mas não de ônibus. Como tinha contato com outras empresas, foi “garimpando” verdadeiros tesouros nas garagens. Muitos empresários guardavam e restauravam modelos antigos que, ao contarem as memórias dos seus negócios, retratavam também a história das regiões onde prestavam serviços.

Em maio 2004, ocorreu a primeira exposição na garagem da Expresso Redenção. O evento foi crescendo até que em 2007 começou a ser realizado no Memorial da América Latina, na zona Oeste de São Paulo. A VVR faz parte do Calendário Turístico Oficial desde 04 de maio de 2011, quando o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, aprovou projeto de lei 1295, de 2009, à época do deputado Bruno Covas.

Kaio conta que a VVR começou a dar frutos e hoje são realizados diversos eventos semelhantes em todo o País, como no interior de Minas Gerais e, em Nova Hamburgo, no Rio Grande do Sul.

O criador da VVR, Antônio Kaio Castro, também destacou a BBF – Bus Brasil Fest, exposição de ônibus antigos e novos que vai ocorrer neste domingo, 26, a partir das 10h na Praça Charles Miller, em frente ao estádio municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu.

Os dois eventos, VVR e BBF são de organizações diferentes e Kaio não tem relação direta com a exposição deste domingo, mas parabeniza os responsáveis pela força de vontade e dedicação. Sua experiência à frente da VVR o credencia a dizer: fazer eventos, por mais simples que possam parecer, não é fácil num país de burocracia.

“Me permitam os organizadores da BBF de estender o convite neste momento a todos que nos ouvem e leem o convite. Vale a pena estar presente na BBF, logo mais domingo, no Pacaembu. Os organizadores estão de parabéns pela iniciativa. Não é fácil realizar um evento num país cuja burocracia é desestimulante.”  – disse Kaio.

OUÇA A ENTREVISTA DE KAIO NA ÍNTEGRA:

(Obs: por problema no equipamento, até 1 minuto e 4 segundos o áudio está baixo, mas a partir deste ponto se normaliza até o final)

KAIO-VVR-ADAMO-BAZANI

E história dos transportes foi um dos marcos da edição do Dia de Ação de Graças do Grupo Comporte, que teve cobertura do Diário do Transporte, nesta quinta-feira, 23 de novembro.

As apresentações musicais interpretadas por um coral da terceira idade e por um grupo de tenores e as mensagens dos líderes religiosos ocorreram dentro do Museu do Grupo Comporte, na garagem da Breda.

O local reúne preciosidades que mostram diferentes épocas da história do País por meio da luta pelo transporte. Fotos, uniformes antigos, pôsteres, equipamentos de época, livros, revistas, passagens antigas, miniaturas e, claro, um dois maiores acervos particulares de ônibus antigos, com modelos fabricados desde 1929.

O museu conta com painéis individuais envidraçados, que retratam com linhas do tempo, fotos e miniaturas, a história de cada empresa de ônibus do Grupo Comporte, muitas fundadas por Constantino Oliveira, outras compradas pelo empresário.

Um painel com a foto do VLT – Veículo Leve sobre Trilhos, operado pelo grupo por meio da BR Mobilidade, entre Santos e São Vicente, e frases que retratam a evolução dos transportes ao lado deste painel, completam o museu.

O Diário do Transporte compartilha com os leitores algumas fotos tiradas com autorização do Grupo Comporte ao repórter Adamo Bazani:

Jardineira Ford de 1929. Foto: Adamo Bazani

Monobloco Mercedes-Benz O-321, com pintura antiga da Breda, ano 1961. Interior tem poltronas leito e banheiro. Foto: Adamo Bazani

Monobloco O-352, ano 1967, com pintura antiga da Breda. Foto: Adamo Bazani

Monobloco O-352, ano 1967, com pintura antiga da Breda. Foto: Adamo Bazani

Monobloco O-364, ano 1980. Foto: Adamo Bazani

Monobloco O-371, ano 1991. Foto: Adamo Bazani

Painel com a história da Breda Foto: Adamo Bazani

Miniaturas da Breda. Fotos: Adamo Bazani

Nicola com cores da Breda, ano 1967, Mercedes LPO- 321. Foto: Adamo Bazani

Nicola com as cores da Urbana Londrinense, Mercedes-Benz, ano 1979. Foto: Adamo Bazani

Nicola com as cores da Urbana Londrinense, Mercedes-Benz, ano 1979. Foto: Adamo Bazani

Painel dos Transportes de Londrina. Foto: Adamo Bazani

Carroceria de Madeira Uruguaia, GM, ano 1936 Fotos: Adamo Bazani

Carroceria de Madeira Uruguaia, GM, ano 1936 Fotos: Adamo Bazani

Painel com a história da Princesa do Norte. Foto: Adamo Bazani

Monobloco O-362 com as cores da Empresa Manoel Rodrigues, ano 1974.

Imagem antiga com ônibus da Expresso União, vencendo vias de terra, nos anos 1960. Reprodução: Adamo Bazani

Micro-ônibus Caio Verona, Mercedes-Benz 608D, ano 1972, com as cores antigas da Breda Foto: Adamo Bazani

Painel com a história da Empresa Cruz Foto: Adamo Bazani

Trólebus Grassi-Villares – CMTC, 1958, também bilha no museu de Constantino Fotos: Adamo Bazani

Trólebus Westram, da CMTC, de 1946, também é destaque no museu na Breda Foto: Adamo Bazani

Frases e pensamentos de especialistas, líderes de entidades e organizações, gestores públicos e jornalistas com influência na área dos transportes, com conceitos e registros históricos da mobilidade Foto: Adamo Bazani

Ciferal Jardineira, ano 1976, Mercedes-Benz. Foto: Adamo Bazani

Ciferal Jardineira, ano 1976, Mercedes-Benz. Foto: Adamo Bazani

Painel da Expresso Itamarati. Bagagens acompanham evolução dos ônibus

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes  

Comentários

Comentários

  1. Rodinei Campos da Silveira disse:

    Clima de Ação de Graças no Grupo Constantino.

  2. Denis Ciaramicoli disse:

    Parabéns pela matéria Adamo…

  3. Jackson de sousa leite disse:

    Parabéns Adamo pela matéria e ao Kaio pela recuperação ele é o pioneiro dos eventos de pesados se não fosse ele não teriamos a BBF nem o encontro de pesados de são caetano que vem crescendo dia a dia e estaremos com certeza na VVR 2018…

  4. MARCOS NASCIMENTO disse:

    O ônibus NICOLA de modelo mais antigo foi informado o ano 1979, mas é 1959. Agora cá entre nós: as jardineiras da CIFERAL que foram projetadas pelo arquiteto e ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner se parecem com templos religiosos pelo formato das janelas laterais. Elas surgiram na verdade por volta de 1983 quando a CIFERAL sob controle estatal do Governo do Estado do RJ as fabricava para uso em linhas turísticas. O ano do carro (1976) corresponde ao chassi de um antigo monobloco O-362. Pelo Brasil, quase todas as poucas jardineiras que existiram eram montadas em chassis de velhos O-362 produzidos entre 1971 e 1978.

  5. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    Preliminarmente, um VIVA pela saúde do Kaio Castro, que ótima notícia, Sáude sempre.

    Parabéns ao Adamo por mais esta matéria aula do buzão e muiiiiiiiiiiiiiiiito obrigado pelas fotos maravilhosas.

    Parabéns ao Grupo Comporte / BR Mobilidade por preservar a memória do buzão.

    Agora, algumas observações:

    1) Ainda não recebi a resposta se é possível visitar este acervo do Grupo Comporte, se possível informem como.

    Se não é possível, fica aqui a sugestão para o Grupo Comporte de permitir a visita, pode até cobrar, pois vale a pena e ajuda a custear o museu.

    2) Fiquei imensamente feliz em ver o carro da Manoel Rodrigues preservado; se possível façam as inscrições nele, não podemos deixar morrer esta memória.

    Faço uma sugestão ao Grupo Comporte, a pintura da “nova” Manuel Rodrigue vocês devem fazer na cor verde original da Manoel Rodrigues, foi uma pena vocês mudarem para o azul, descaracterizou anos de história.

    OK, sei que não sou o dono, mas fica ai a sugestão.

    3) Nooooosa foi muito legal rever o Nicola por dentro e ver aquele capô de ferro pintado de verde azulado martelado e seu painel, andei muiiiiiiiiiiito de NIcola.

    4) Não sei se na nova pintura da Breda, se foi mudado o ton do vermelho ou se erraram mesmo.

    Se erraram, por favor mandei corrigir e os próximos carros pintem com o vermelho Breda original, este novo vermelho esta mais amarelado, sendo um vermelho mais fraco puxando para o alaranjado.

    5) Quanto a VVR 2018, vamos aguardar um pouco mais para comemorar, ou seja, comemorações somente após outubro de 2018, se confirmada for; mas torço para que seja realizada SIM a VVR-2018.

    Lembrando que eu fui na Primeira VVR, UUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU

    Att,

    Paulo Gil
    “Buzão e Emoção é a Paixão”

    1. blogpontodeonibus disse:

      Infelizmente, não é ainda aberto ao público em geral

      1. Paulo Gil disse:

        Adamo, boa tarde.

        Muito obrigado.

        Espero que o Grupo Comporte leia nossos comentários e estude a sugestão de abir o acervo ao público.

        É muito egoísmo não dividir esta maravilha com o público.

        E para quem faz uma comemoração multi ecumênica o egoismo não combina com nenhuma religião do mundo.

        Sei que o acervo é propriedade privada, mas os passageiros é que deram lucro para conseguir montar esse acervo.

        Grupo Comporte, avaliem a sugestão de abertura para visitação pública, pelo menos aos sábados; já seria muiiiiiiiiiiiiiiiiito legal.

        Falando em acervo, que fim que deu o acervo da Capriole ??

        Alguém sabe de alguma coisa ??

        Att,

        Paulo Gil
        “Buzão e Emoção é a Paixão”

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