HISTÓRIA: Um ônibus de duas caras
Publicado em: 18 de junho de 2017

Monobloco biarticulado foi projetado para andar em pistas com guias laterais e tinha duas frentes
ADAMO BAZANI
Os transportes coletivos limpos sempre foram uma busca de países desenvolvidos e das principais fabricantes de veículos. São ônibus, bondes, monotrilhos e trens que tentam aliar conforto, eficiência e alta capacidade de atendimento.
Na feira de transportes de Hannover de 1981, a Mercedes-Benz apresentou um trólebus biarticulado, no mínimo curioso. Era o monobloco O 305G2.
Um dos objetivos era unir a praticidade dos ônibus com as operações ferroviárias. O veículo tinha duas articulações, capacidade para 238 passageiros e os dois motores elétricos, que recebiam a energia da rede aérea e rendiam 250 kW cada um.
O trólebus tinha guias laterais em trilhos e tinham duas dianteiras como se fossem trens.
Segundo o site alemão da Mercedes-Benz era a introdução do “O-Bahn” nos ônibus.
De acordo com o pesquisador de transportes, Francisco José Becker, o fato de o veículo não poder circular fora do trajeto exclusivo acabou desmotivando a continuidade dos testes
O modelo batizado de Mercedes-Benz O 305G2 tratava-se de um protótipo bidirecional preparado para andar em pistas com guias laterais. Ele possuía 4 eixos (dois na primeira e dois na segunda composição) e dois motores elétricos e portas em ambos os lados. O fato de ser bidirecional, somado a forma da distribuição das portas e a ausência do volante, deixaram o O 305G2 com aparência de um ‘bonde sobre rodas’ e ironicamente o modelo não poderia rodar fora da guia com trilhos. Por este motivo após um ano de testes o mesmo seria abandonado.
Mas a solução trouxe legado.
Ônibus elétricos com guias laterais foram adotados em diversas partes do mundo, inclusive atualmente ainda circulam.
O Brasil só não teve esta solução por causa das dificuldades políticas e da falta de transparência no trato com dinheiro público. O projeto original do Fura Fila, promessa de Maluf e Pitta apara a Capital Paulista, contemplava trólebus biarticulados com as guias, o que garantiria uma característica de metrô aos serviços e também mais eficiência. Vale lembrar que o trajeto do Fura Fila completo equivale ao atual trecho do Expresso Tiradentes e o monotrilho 15-Prata, que depois de cinco anos da primeira data prometida para a entrega, só tem 2,3 quilômetros em funcionamento dos 26,7 quilômetros de extensão do projeto.
Relembre a história: https://diariodotransporte.com.br/2015/09/15/trolebus-com-guias-laterais-e-micro-onibus-sem-motorista-sao-apostas-tecnologicas-na-europa/

O Fura Fila. Solução tecnológica que depois de promessas políticas e falta de transparência no uso do dinheiro público nunca saiu do papel
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Ainda bem que o projeto não foi pra frente, se é pra por trilhos, que seja para os trens que levam muito mais passageiros.
Ônibus é bixo solto, não faz sentido andar sobre trilhos.
Posso estar errado, mas alguns VLPs são via guia – o texto acima fala deste legado. E existem trens sobre pneus, salvo engano, na França.
Excelente matéria, Adamo! Isso mostra o quando conhecemos pouco do que já foi feito pelo transporte. Aprendi 3 coisas: 1ª a Mercedes já fabricou onibus biarticulado; 2ª eu nao sei se fizeram testes a fio, mas pela imagem o fato do onibus nao ter rodas na composição do meio poderia trazer muitos problemas de manutenção devido o peso dos passageiros ali, fora o risco de ocorrer acidentes e 3ª é possivel um ônibus ter “duas frentes”.
Queria uma esclarecimento da ideia das guias laterais, pois nao entendi muito bem a utilidade delas. Levando em conta que há um condutor (nesse caso o motorista) e que ele é quem tem o controle da direção, não haveria chances de um erro de virar um pouco mais ou menos o volante e o carro bater nas guias ou algo do tipo?
As guias servem para que o veículo opere por elas, com apenas a operação de aceleração, desaceleração e destino, tal como um trem ou outro veículo guiado por trilhos. https://en.wikipedia.org/wiki/Guided_bus
William de Jesus, bom dia.
Realmente sabemos pouco do que já foi feitos nos transportes, eu também não sabia desse buzão bonde não.
Abçs,
Paulo Gil
William, no texto fala q não havia volante para direção, por isso da guia!
Seria interesse as duas frentes dos onibus separace sozinho com botão de acionar o outro motoristas em determinado metade do caminho e ter escolha de 2 destinos .
Não é interessante não. A ideia aqui é a operação do veículo similar ao que ocorre em sistemas ferroviários: o veículo vai e volta sem precisar de área de manobra.
Amigos, bom dia.
Adamo, mateira sensacional, aprendi mais uma que eu nem fazia ideia, parabéns.
Esse buzão é o meu sonho, agora observem um detalhe a baixa altura da via elevada e agora pensem no expresso Tiradentes lá nas alturas.
Com certeza com o dinheiro, o concreto e os ferros que foram gastos no Expresso Tiradentes, dava no mínimo para fazer dois iguais esse ai da foro.
Já postei aqui dois filmes um do Japão com o buzão aéreo e um do Paraná de UNião da Vitória que o buzão andava sobre os trilhos da ferrovia.
Bom solução tem e até demais, o problema são os Jurássicos e seus egos.
Afinal nada em prol do interesse público, só o interesse dos bolsos.
Att,
Paulo Gil