Idec oficializa contestação a aumento de tarifas integradas entre ônibus, metrô e CPTM

Ônibus na região do Terminal Itaquera. Pesquisa diz que quase metade das integrações em São Paulo é feita por passageiros da zona Leste.

Órgão diz que reajuste de integração é injusto, principalmente para os passageiros da Zona Leste de São Paulo

ADAMO BAZANI

O Idec  – Instituto de Defesa do Consumidor oficializou nesta segunda-feira, 17 de abril de 2017, uma carta à Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes e à Secretaria dos Transportes Metropolitanos contrária ao reajuste das tarifas integradas entre ônibus do sistema SPTrans, da capital paulista, e a rede de trilhos do Metrô e CPTM, que subiram de R$ 5,92 para R$ 6,80, no último sábado, dia 15 de abril.

Depois de longa batalha judicial desde o início do ano, o governo do estado conseguiu no Superior Tribunal de Justiça o reajuste. Também foram aumentados os valores das passagens nos Bilhetes Únicos comuns temporais, como 24 horas ou o mensal. O Bilhete Único Comum semanal deixa de existir, assim como todas as modalidades de Bilhete Único temporais do tipo vale-transporte e escolar, permanecendo apenas nestes casos as vendas por quantidades pré-determinadas de passagens. Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2017/04/14/extintas-todas-as-modalidades-temporais-de-bilhete-unico-vale-transporte-e-escolar-e-publicada-cobranca-de-r-1-em-sao-mateus/

Também aumenta o custo de integração entre os ônibus intermunicipais gerenciados pela EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos e a rede de trilhos. O desconto que, era de R$ 1,68, agora ficou menor, R$ 1,50 na transferência entre os dois meios de transportes.

De acordo com o pesquisador de mobilidade do Idec, Rafael Calábria, o aumento das tarifas integradas é “injusto e prejudicial”, principalmente para quem mora mais longe e depende de mais integrações. O Idec, na carta enviada às secretarias, cita a Pesquisa de Mobilidade Urbana de 2012, do Metrô de São Paulo, que constatou que 49% das viagens com integração entre ônibus e sistemas de trilhos são realizadas por moradores da região leste da capital paulista e apenas 11% do centro expandido.

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“O aumento do custo da integração pode desestimular as pessoas a utilizar a combinação de trilhos e ônibus, causando lotação em linhas de coletivos. Além disso, nenhum estudo sobre esse impacto foi realizado antes da implementação do reajuste”, diz o pesquisador em mobilidade urbana do Idec, Rafael Calabria.

No documento, o Instituto também questiona o aumento da integração pouco antes de o processo de licitação dos ônibus da capital paulista ser iniciado. A previsão é de publicação do edital em maio.

“Esperamos que a Prefeitura abra uma discussão organizada sobre o financiamento da passagem, aproveitando o momento de discussão da licitação de ônibus para reverter esta medida, que dificulta a integração e prejudica a mobilidade na região metropolitana de São Paulo”, conclui Calabria na nota à imprensa.

A ação judicial contra os reajustes das tarifas integradas movida pela bancada do PT na Assembleia Legislativa, que barrou o aumento até este mês, contestava justamente o fato de as integrações subirem mais que o dobro da inflação acumulada desde o último reajuste no ano passado, enquanto a tarifas básicas foram mantidas congeladas em R$ 3,80.

Na ação, a bancada afirmou que o reajuste das integrações prejudica justamente quem mora mais longe e, em tese, tem renda menor.

No entanto, na última decisão, a presidente do STJ, Laurita Vaz, entendeu o que cabe ao estado definir suas políticas tarifárias não podendo haver a interferência judicial

VALORES DESDE 15 DE ABRIL DE 2017:

Tarifa Unitária do Metrô: R$ 3,80 – mantida

Tarifa Unitária da CPTM: R$ 3,80 – mantida

Tarifa de ônibus SPTrans: R$ 3,80 – mantida

Integração ônibus SPTrans + Metrô/CPTM pelo Bilhete Único: de R$ 5,92 para R$ 6,80

Bilhete Único 24 horas (comum): de R$ 10 para R$ 15 – vale a pena para quem faz mais de quatro viagens por dia

Bilhete Único 24 horas (integração): de R$ 16 para R$ 20 – vale a pena para quem faz mais de quatro viagens por dia

Bilhete Único Mensal (comum): de R$ 140 para R$ 190– vale a pena para quem faz mais de 50 viagens por mês.

Bilhete Único Mensal (integração): de R$ 230 para R$ 300– vale a pena para quem faz mais de 44 viagens por mês.

Bilhete Fidelidade: será de até 10,5%, de acordo com o número de viagens.

Bilhete Madrugador (Metrô, das 4h40 às 6h15; e CPTM, das 4h40 às 5h35): R$ 3,40.

Bilhete da Hora: (das 9h às 10h, nas linhas 8 Diamante, 9 Esmeralda e 5 Lilás: R$ 3,40

Metra (Corredor ABD): R$ 4,30 (desde fevereiro).

Integração ônibus EMTU e CPTM/Metrô – pelo Cartão BOM: Desconto que era de R$ 1,68 cai para R$ 1,50

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Eu disse:

    Interessante que em todas as demais capitais houveram aumentos e não houve contestação.

    1. Quem sabe contestar, contesta. E a diderença, nas outras capitais, não deve ter sido tão absurda. Eu terei um aumento de 35% nos meus custos, por exemplo.

  2. Vinicius disse:

    Justo! Espero que o Idec vença essa batalha!

  3. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    Com todo respeito ao trabalho do IDEC.

    Mas o IDEC nao tem custos, financiadores, despesas, aumento de custos, inflacao etc. ??????????

    O pais e inflacionario, nao ha saida e nem receitas, afinal o contribuinte ta falido, nao tem cash para custear
    Ilusoes politicas de caridade.

    MUDA BRASIL.

    Att,

    Paulo Gil

  4. Anderson Araújo disse:

    Se o aumento da passagem retornasse em benefícios, não seria problema, mas sabemos que isso não acontece. Nós últimos anos, várias linhas foram extintas ou segmentadas, num bom número, pra algum terminal ou estação de metrô ou trem. Quem mora no Campo Limpo e precisa ir pra Barra Funda, tem que pegar dois ônibus invariavelmente, porque a linha direta que tinha foi extinta. Infelizmente, são feitas mudanças, mas não pensadas naqueles que realmente usam e dependem do transporte público.

  5. Luiz Vilela disse:

    Além dos indices exagerados, estes aumentos são verdadeira afronta a mobilidade da RMSP.
    A promessa – cumprida – do Prefeito de congelar a tarifa simples é irresponsável porque:
    – Pune a intermodalidade
    – Desorganiza ainda mais os pesados subsídios
    – Desincentiva uso do modal de alta capacidade pela maioria dos usuários

    As muitop longas e até agora inúteis linhas de ônibus que repetem trilhos ficam incentivadas pelo bilhete congelado, comprometendo a importante e necessária troca de usuários. Ou seja: mais usuários trocarão a cama pelas poltronas para dormir.

    Enfim, um retrocesso na eficiência que ainda por acima aumenta injustamente os gastos de grande parte dos usuários.

    Força para o IDEC!

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