Justiça aprova a compra da Busscar por sócios da Caio

Nesta quarta-feira, sócios da encarroçadora paulista assinam o negócio

ADAMO BAZANI

O juiz da 5ª Vara Cível de Joinville, Valter Santin Júnior, aprovou em sentença final desta terça-feira, 21 de março, a compra da Busscar, encarroçadora de ônibus que teve a primeira falência decretada em 2012, por sócios da Caio Induscar, encarroçadora de Botucatu, em São Paulo, quem tem o Grupo Ruas, de empresas de ônibus, como principal acionista.

Para o negócio serão depositados, R$ 9,4 milhões à vista e outros R$ 57,74 milhões serão pagos em 52 parcelas com correção monetária, num total de R$ 67, 1 milhões

Nesta quarta-feira dia, 22, sócios da empresa paulista devem ir à Joinville assinar os procedimentos finais de arrematação.

Formalmente, ainda existe a possibilidade de recursos contra a compra, mas não há, na prática, estimativa de contestações.

O grupo da Caio pretende contratar trabalhadores ainda neste ano, mas a quantidade de funcionários e quando isso começará, ainda vai depender dos planos para reestruturação das plantas que eram da Busscar.

O objetivo da Caio é entrar no segmento de ônibus rodoviários, hoje liderado pela Marcopolo.
A Caio  lidera o segmento de ônibus urbanos.

BREVE HISTÓRICO:

A Busscar foi fundada oficialmente como Nielson no dia 17 de setembro de 1946, com iniciativa de Augusto e Eugênio Nielson que começaram uma pequena oficina em Joinville, atuando na construção de móveis e utensílios e fazendo reparos em carrocerias de caminhões e cabines. Em 1948, a Nielson fez seu primeiro veículo de transporte coletivo, uma jardineira – ônibus simples feito de madeira. O veículo da Nielson foi uma encomenda da empresa Abílio & Bello Cia Ltda, que fazia a linha Joinville – Guaratuba, em Santa Catarina.

Foi na época do surgimento empreendimento dos Nielson, que o Brasil começava assistir mais intensamente o crescimento das cidades e também das relações comerciais entre as diferentes localidades. Tudo isso demandava uma maior oferta de transportes. Assim muitos empreendedores compravam chassis de caminhão, como da Ford e da GM, e precisavam transformá-los em ônibus para enfrentar as difíceis estadas de terra e verdadeiros atoleiros. Nesta época, a Nielson & Cia Ltda. tinha o comando do patriarca da família, Bruno, e do filho Harold.

Em 1958, um dos marcos para a Nielson foi o projeto de estrutura metálica para os ônibus.

No início dos anos de 1960, ganhavam as estradas os modelos Diplomata, carroceria de dois níveis que lembravam os Flxibles norte-americanos que, quando foram importados pela Expresso Brasileiro Viação Ltda eram chamados de Diplomata. A Nielson então conquistava definitivamente o mercado.

Nos anos de 1980, Nielson cresce mais e no segmento de rodoviário travava disputa acirrada com a Marcopolo e no segmento urbanos, a briga era com a Caio, praticamente de igual para igual.

A linha Diplomata tinha recebido novas versões e o Urbanuss ganhava atenção dos frotistas.

Por uma estratégia de negócios, a Nielson mudou a marca para Busscar. Inicialmete a marca foi conhecida como Busscar-Nielson. Surgiram os rodoviários El Buss e Jum Buss  e os urbanos da linha Urbanuss.

Em 2002, a Busscar começa enfrentar dificuldades financeiras. A família Nielson alegava problemas motivados pela variação cambial e também dificuldades de créditos, mas já havia também erros administrativos internos. O BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social chegou a realizar empréstimos para empresa, que não foram plenamente honrados. A recuperação não foi plena, havendo novamente outro problema financeiro em 2004. A última crise da Busscar começou em 2008, quando a empresa começou a atrasar salários.

Depois de uma dívida que se aproximou de R$ 2 bilhões, contando juros, impostos e débitos com fornecedores, trabalhadores e bancos, a empresa teve a falência decretada em 27 de setembro de 2012 pelo juiz Maurício Cavalazzi Povoas. A decisão, no entanto, foi anulada em 27 de novembro de 2013, após recursos judiciais. No entanto, os recursos caíram em 5 de dezembro de 2013. A família Nielson chegou a apresentar um novo pedido de recuperação judicial, mas o juiz Luis Felipe Canever, de Santa Catarina, após negativa por parte dos credores, decretou no dia 30 de setembro de 2014, nova falência da encarroçadora de ônibus Busscar, que já foi uma das maiores do Brasil.

Os negócios continuam na América Latina com a atuação em parceira de outros grupos, com destaque para as operações na Colômbia.

A Busscar Colômbia foi formalizada no ano de 2002 sendo fruto de uma aliança entre a indústria local Carrocerías de Occidente, empresa fundada em 1995, e a Busscar Ônibus do Brasil, fundada pela família Nielson em 17 de setembro de 1946.

Foram várias tentativas de leilão da Busscar, três somente em 2016. No dia 8 de julho, terminou sem lance o terceiro leilão da empresa.

No final de outubro de 2016, foi apresentada uma proposta  de compra por R$ 67,15 milhões por um grupo de investidores com o objetivo de retomar as produções em meados de 2017.

Em dezembro do mesmo ano, foi liberado um lote de R$ 18 milhões para saldar parte das dívidas trabalhistas.

Também em dezembro de 2016, dois grupos internacionais, o português a Imparável Epopeia UniPessoal Ltda e o chinês Liaoyuan Group demonstraram interesse na compra da Busscar.

Em 07 de janeiro de 2017 terminou o prazo para as empresas estrangeiras apresentarem a documentação exigida.

A proposta ficou somente pela Caio. No dia 08 de janeiro, advogado da Caio esteve em Joinville e confirmou valor proposto de R$ 67,5 milhões.

Em 21 de março de 2017, o juiz da 5ª Vara cível de Joinville, Valter Santin Júnior, aprovou em sentença definitiva a compra da Busscar por sócios da Caio, encarroçadora de ônibus de Botucatu/SP, que tem como principal sócio o Grupo Ruas, de empresas de ônibus de São Paulo.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. MARCOS NASCIMENTO disse:

    Curiosa e estranha esta compra!!! Desde o começo da crise já tentavam e em vão conseguiam! Curioso o estranho nome das supostas encarroçadoras estrangeiras! Mas mais curioso ainda é a expressão “sócios da CAIO”. Quantos são afinal ? Quem são eles ? Porquê o grupo RUAS não foi citado como o principal comprador da Busscar ? E agora José ? Será que a CAIO deslancha de vez no rodoviário e desbanca a MARCOPOLO ou pelo menos consegue competir em pé de igualmente como na época da NIELSON ??? A resposta é NÃÃÃO ! Mesmo porquê os gabaritos de produção dos rodoviários NÃO foram vendidos (a família NIELSON nunca quis vender os gabaritos de produção e se esta família tem mesmo palavra tais gabaritos não entraram no negócio)

  2. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    Vamos aguardar que buzao saira desta compra ?

    Ser os “gabaritos” ou a tecnologia dos Busscar nao foram vendidos …

    E quais sao os socios da Caio ou da Induscar ?????

    Sera que a CAIO renasceu ????????

    Misteeeeeeeeeeeeeeeeeerio

    Att,

    Paulo Gil

    1. Carlos disse:

      Paulo Gil, apenas corrigindo, Caio Induscar é uma coisa só. A Caio faliu por volta do ano 2000, ai foi comprada por empresários que nomeou como Caio Induscar.

      1. Paulo Gil disse:

        Carl8s, boa noite.

        Eu sei, mas como o post publicou que a compra foi feita por socios da Caio e nao da Caio Induscar, eu e que tive essa ideia.

        Pois “parece” que e um outro grupo.

        Mas vamos aguatdar as surpresas que virao.

        Espero que venham logo.

        Mas os “NILSON ‘s , NUNCA MAIS.

        Esse era o buzao.

        Abcs,

        Paulo Gil

  3. RUBÃO disse:

    Foi tudo vendido abiguinho, porteira fechada com tudo dentro, gabaritos, moldes, projetos etc..

  4. Jackson disse:

    Está aí a grande chance do grupo ruas passar a mão na metade ou até mais do mercado rodoviário e ainda mais reforçar ainda mais a liderança na área de urbanos pois a Busscar era a 2 marca mais vendida em urbanos e rodoviários podem voltar a comprar clientes antigos como Gontijo,JCA,itapemirim,br mobilidade grupo serveng… entre muitas outras a curto prazo podemos ver a troca das cadeiras na preferencia dos frotistas. vamos esperar pra ver!!!!

  5. Elian Almeida do Amaral disse:

    A semana mais triste na vida dos mais de 5 mil ex-trabalhadores da Busscar, arquitetaram um plano para sufocar a Busscar, dos três sindicatos, dois lutaram para o fechamento da fábrica, somente um se posicionou contrário a falência, acreditem…o presidente “se enforcou”. Nós que vivemos e estamos no “olho do furacão” vemos nesta “doação” um conchavo, forças ocultas e poderosas agindo nos bastidores. E para atingir seus objetivos desprezaram os mais de 4 mil trabalhadores, só uma pequena parte talvez recebe uma pequena porcentagem, um preço caro demais para 300 postos de trabalho, e particularmente estou duvidando que vão produzir rodoviários em Joinville, vão levar a produção à Botucatú, vai sobrar três terrenos para capitalizarem e cobrir o “investimento”, só o terreno da matriz, localizado em área industrial (528 mil m²) foram avaliados três vezes ( 66 milhões) à menos dos praticados na cidade, segundo alguns corretores o valor deveria ser avaliado em 190 milhões. Este(s) empresário(s) vai(ão) produzir(em) os Double Decks Busscar que tanto cobiçaram com as mãos sujas de sangue…SANGUE DA NAÇÃO BUSSCAR!

    1. Paulo Gil disse:

      Elian A. Do Amaral, boa noite.

      Se isto que voce disse acontecer, creio que e mais procavel ir pra Barra Bonita, apesar de eu nao saber a quantas anda essa futura planta.

      Abcs,

      Paulo Gil

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