Governo britânico cria incentivos e cidade do Reino Unido incorpora 13 ônibus elétricos BYD na frota

EcoLink é um conceito de transporte não poluente e que permite que o passageiro tenha acesso a serviços de informações e mais conforto durante a viagem

Além dos veículos, foram adquiridos os equipamentos para recarga das baterias. Taxa de estacionamento também financiou ônibus de baixas emissões

ADAMO BAZANI

A cidade de Nottingham, no Reino Unido, anunciou a compra de 13 ônibus elétricos com baterias da fabricante de origem chinesa BYD.  Os veículos têm 12 metros de comprimento e, além dos ônibus, a aquisição também incorpora os equipamentos de recarga dos veículos e a garantia da fabricante de cinco anos para os componentes do sistema de propulsão.

Londres recentemente adquiriu 51 ônibus elétricos da mesma marca.

A compra na cidade de Nottingham foi possível, segundo nota da BYD, porque o governo britânico criou um fundo para financiar as autoridades de transportes e as operadoras de ônibus e facilitar a compra de veículos com baixas emissões de carbono. A câmara municipal de Nottingham também determinou a cobrança de estacionamento por parte das empresas empregadoras de seus funcionários. O dinheiro também é destinado à compra de veículos não poluentes, em especial para o transporte público.

“A aquisição dos ônibus foi facilitada por uma concessão de 1,4 milhão de libras esterlinas pelo DfT Green Bus Fund, um fundo do governo britânico para auxiliar operadoras de transportes e autoridades locais inglesas na aquisição e introdução de ônibus com baixas emissões de carbono. O investimento remanescente, de 2,1 milhões de libras esterlinas, foi realizado através da NCC Workplace Parking Levy, uma iniciativa da câmara municipal de Nottingham para a cobrança de tarifas sobre estacionamento em locais de trabalho, pagas pelo empregador. A nova frota será uma adição a uma frota de 45 ônibus elétricos já existente, assim como a um projeto de bondes em expansão na cidade. A câmara municipal de Nottingham estabeleceu uma parceria com a região que forma a grande Nottingham para estimular todos os meios de transporte; como ônibus, taxis, bondes, bicicletas e veículos de passeio; a fazer uma transição para plataformas eletrificadas sustentáveis, com mais energia gerada localmente através da incineração de lixo e painéis solares.” – diz a nota da BYD enviada ao Diário do Transporte.

O gerente regional da BYD no Reino Unido, Frank Thorpe, disse na nota que outras cidades do Reino Unido vão adquirir produtos da marca.

“Essa aquisição dos ônibus elétricos pela cidade de Nottingham, cidade com uma das maiores frotas de ônibus no Reino Unido, tem um imenso significado para a BYD. O município escolheu nossos ônibus após um abrangente programa de avaliação com a participação de uma série de competidores, demonstrando a força e qualidade da nossa tecnologia. Não é nenhuma surpresa portanto, que outras cidades no Reino Unido – como é o caso de Liverpool – já estejam seguindo os passos de Nottingham”.

No mesmo informativo o vereador Nick McDonald, que comanda a pasta de negócios da câmara, diz que os ônibus elétricos serão essenciais no projeto da cidade de introduzir até 2020 uma área de ar limpo.

“A cidade de Nottingham tem orgulho de ter sido nomeada uma cidade ‘Go Ultra Low’, além de ser um das 5 cidades no Reino Unido com um comprometimento de introduzir até 2020 uma ‘Zona de Ar Limpo’ com padrões europeus para ônibus. Não foi fácil estar entre os primeiros a adotar tais avanços tecnológicos, mas nossa parceria agora atingiu uma cobertura confiável de ônibus elétricos. Espera-se que outras operadoras de transporte e seus respectivos contratantes em Nottingham façam uso dessa infraestrutura de carregamento, assim como da experiência adquirida.”

NO BRASIL, FABRICANTES AINDA LUTAM POR INCENTIVOS:

Enquanto políticas como a do Reino Unido são comuns em outros países da Europa, na América do Norte e em parte da Ásia, na América do Sul a situação é bem diferente, com destaque para o Brasil.

Por aqui não há nenhuma linha especial, a não ser um pequeno desconto no financiamento pelo BNDES. Também não existe nenhum programa de incentivo à frota de ônibus menos poluentes.

A própria BYD vai contar para o Brasil com R$ 1 bilhão de financiamento, mas do Banco de Fomento da China, com apoio do governo chinês, seu país de origem. No Brasil, a BYD tem planta em Campinas, no interior de São Paulo.

Com essa linha de financiamento, a BYD vai oferecer aos empresários de ônibus um contrato de leasing que, na prática, vai acabar cobrindo, no prazo de 10 anos, a diferença do valor entre um ônibus elétrico, hoje em torno de R$ 1 milhão, e de um modelo a diesel, em torno de R$ 500 mil, dependendo do modelo.

A BYD diz que essas parcelas poderão ser pagas com dinheiro que será economizado com combustível e manutenção. A vida útil dos veículos elétricos é o dobro dos ônibus a diesel: de aproximadamente 20 anos.

Assim não haverá incentivo direto do governo brasileiro.

Outras empresas que fazem ônibus menos poluentes no Brasil, como Eletra e Volvo, temem uma possível concorrência desigual.

A ABVE – Associação Brasileira do Veículo Elétrico, que reúne os fabricantes, tenta que o Refrota 17 anunciado pelo governo Michel Temer na semana passada incorpore incentivos e condições especiais para ônibus menos poluentes.

O Refrota é um programa de renovação de frota do transporte coletivo que vai disponibilizar R$ 3 bilhões para compra de ônibus urbanos e metropolitanos zero quilômetro.

Conforme adiantou em primeira mão o Diário do Transporte, a associação escreveu um manifesto oficial no qual pede mais atenção do governo federal em relação ao tema.

Confira:

Refrota é oportunidade para ampliar matriz energética sustentável no transporte urbano

 Entidade defende que parte dos investimentos anunciados pelo Governo Federal seja direcionada a ônibus elétricos e híbridos

 A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) saúda a oportuna iniciativa do Governo Federal, anunciada nesta terça-feira (13) pelo Presidente da República, Sr. Michel Temer, de lançar um programa de renovação da frota de ônibus urbanos no País – o Refrota 2017.

A decisão de disponibilizar um crédito de R$ 3 bilhões para produzir 10 mil veículos novos é um passo concreto para a retomada do desenvolvimento econômico e uma prova de que as vicissitudes políticas não impedirão o Governo de cumprir a sua agenda de prioridades.

Para a ABVE, o Refrota 2017 é também uma grande oportunidade para o País ampliar significativamente a participação da matriz energética sustentável, não poluente, na frota nacional de transporte coletivo.

 Num momento em que os prefeitos eleitos se preparam para assumir seus postos, a ABVE entende que a iniciativa do Governo pode e deve estimular o urgente debate sobre o papel dos ônibus elétricos e híbridos na modernização do transporte e na melhoria da qualidade de vida nas cidades.

 Para tanto, defende que parte do financiamento anunciado destine-se a veículos ambientalmente sustentáveis, por meio de regras claras e debatidas com empresas, poderes públicos e a sociedade em geral.

 Cabe mencionar que a iminente renovação das concessões de operação do transporte urbano está na agenda de muitos dos futuros prefeitos – por exemplo, o de São Paulo, a maior metrópole do País.

 E é preciso lembrar que os riscos crescentes para a saúde pública da insistência no uso de combustíveis fósseis nos transportes também são atestados por inúmeros pesquisadores.

Com a iniciativa do Governo Federal, portanto, estão reunidas as condições adequadas para fazer avançar rapidamente a agenda da sustentabilidade ambiental no Brasil.

Como entidade que representa toda a cadeia produtiva do veículo elétrico e híbrido no Brasil, a ABVE sabe do potencial da indústria nacional para responder àquele desafio e se coloca à disposição do Governo Federal para apresentar suas propostas e contribuir para o aprimoramento do Refrota 2017.

 RICARDO GUGGISBERG                                                                              IÊDA M. A. DE OLIVEIRA

Presidente executivo                                                                  Vice-presidente de Pesados

REFROTA:

O Refrota fará parte do Programa de Infraestrutura de Transporte e da Mobilidade Urbana – Pró-Transporte, que financia com recursos do FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, estados, municípios e o Distrito Federal, além das próprias concessionárias de transportes públicos.

Os recursos disponíveis serão de R$ 3 bilhões, o suficiente para trocar em torno de 10% da frota nacional de ônibus urbanos e metropolitanos.

De acordo com a NTU – Associação Nacional de Transportes Urbanos, que reúne cerca de 500 empresas em todo país, hoje a frota de ônibus urbanos no Brasil gira em torno de 107 mil veículos operados por aproximadamente 1800 empresas, que geram 537 mil empregos diretos.

Diariamente, os ônibus urbanos no Brasil transportam em torno de 30 milhões de passageiros.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Carlos disse:

    Aqui em Campinas temos 11 onibus da BYD em circulação e mais mais um que começara a rodar em breve, algumas cidades da região tambem ja estão utilizando caminhões de lixo eletricos da BYD

  2. Coragem que falta em SP, vergonha.

  3. Donizeti tavares da conceição disse:

    Enquanto isso no brasil compra-se chassi de caminhão como motor rebaixado dianteiro coloca-se uma carroceria basica sem conforto para quem trabalha e utiliza e chama-se de onibus, vergonhoso.

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