Por medo de risco de calote, União nega captação de empréstimo para linha 18 do monotrilho do ABC

monotrilho

Monotrilhos não avançam e viabilidade é questionada. Foto: Agência EBC

Secretaria do Tesouro Nacional classificou como insuficiente capacidade do Estado para o pagamento. Polêmico, modal não tem data para ser construído e concluído

ADAMO BAZANI

O Ministério do Planejamento reprovou a solicitação de financiamento externo feita pelo Governo do Estado de São Paulo para bancar as desapropriações de diversas áreas exigidas para construção de estações e pilastras para o elevado do monotrilho da Linha 18-Bronze do ABC Paulista. Os trens com pneus que circulam nos elevados devem ligar as cidades de São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano do Sul até a Estação Tamanduateí, na Capital Paulista.

O Estado de São Paulo solicitou no primeiro semestre do ano passado financiamento externo de US$ 183 milhões para retirar casas e comércios destas áreas para implantar a estrutura do monotrilho.

No entanto, a solicitação foi reprovada na 112ª reunião da Cofiex – Comissão de Financiamentos Externos da União.

Pelas regras de financiamento externo, o Governo do Estado buscaria recursos e teria a garantia da União para contratação da operação financeira.

A Secretaria do Tesouro Nacional – STN não deu essa garantia e pediu para que a solicitação fosse retirada da pauta por classificar a capacidade de pagamento do Estado como categoria “C”, insuficiente para esta garantia. A União seria uma espécie de fiadora do empréstimo.

Segundo o Ministério do Planejamento, a garantia voltará a ser dada após o governo do Estado resolver esta pendência com a Secretaria do Tesouro Nacional – STN.

Já a Secretaria dos Transportes Metropolitanos de Estado de São Paulo afirmou que o estado possui limite para o endividamento proposto e que o valor é analisado pelo Governo Federal.

Além de problemas financeiros, o monotrilho do ABC Paulista apresenta dúvidas técnicas, como a garantia do fornecimento dos trens, já que a empresa MPE desfez parceria com a companhia da Malásia Scomi, que vai assumir a construção dos veículos sozinha.  Questões relativas às obras, como galerias de água na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Bernardo do Campo, e o posicionamento das vigas para o elevado, também precisam de mais esclarecimentos.

A viabilidade desse tipo de modal para ligação também é polêmica.

A linha 18 deveria ter sido inaugurada no final de 2014 com obras custando R$ 4,2 bilhões. Sem mais uma previsão para ser concluído, hoje o monotrilho do ABC custaria 14% a mais, chegando a R$ 4,8 bilhões.

A linha teria no total 15,7 quilômetros nas duas fases de implantação. Isso significa dizer que cada quilômetro do monotrilho do ABC vai custar R$ 305,7 milhões. A demanda prevista é de 314 mil passageiros por dia.

De acordo com dados da UITP- União Internacional dos Transportes Públicos, um sistema de BRT – Bus Rapid Transit – corredores de ônibus de alta eficiência – pode transportar a mesma quantidade de passageiros por dia, mas o custo de construção por quilômetro é em torno de R$ 30 milhões.

As operações do monotrilho também devem custar mais, necessitando maiores subsídios. Atualmente o passageiro do BRT custa, em média, R$ 4,02 para ser transportado. Já o passageiro do monotrilho demandaria custos de R$ 6,90.

O secretário Nacional de Transportes e de Mobilidade Urbana, Dário Rais Lopes, do Ministério das Cidades, afirmou no ano passado que a construção do monotrilho da linha 18-Bronze só seria permitida depois de testes da linha 17-Ouro do monotrilho, da zona sul de São Paulo, que também não está em operação.

A Companhia do Metrô, responsável pelas contratações, interpreta essa cláusula de maneira diferente dizendo que não há necessidade destes testes na linha da capital.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Luiz Vilela disse:

    Caramba Àdamo, continuar insistindo que é “trem sobre pneus mais caro” pra comparar com BRT… Como ficariam os cruzamentos e semáforos desta rota tão complexa usando corredor de ônibus? No solo e obviamente sem sinalização? Cadê o espaço? Como segregar? Cadê a rapidez pra entrar/sair do ônibus?

    A Scomi, fornecedora dos trens do monotrilho da Marginal do Pinheiros não ter entregue nem um só protótipo pra linha Ouro é bom motivo para prorrogar o empréstimo federal.

    Calote do EstadoSP, só se fosse (mais uma) maracutaia política.

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