Novo leilão da Busscar deve ser em junho com lance mínimo de 49% do valor estimado

Busscar

Busscar foi uma das maiores encarroçadoras de ônibus, com modelos urbanos e rodoviários

Intenção é evitar esvaziamentos como ocorreram nas últimas tentativas no mês de março com novas estratégias

ADAMO BAZANI

A justiça vai tentar pela terceira vez neste ano leiloar os três ativos restantes da encarroçadora de ônibus Busscar que teve falência decretada em 2012 e confirmada no ano de 2013.

O novo leilão da Busscar deve ser realizado em junho deste ano, mas ainda sem dia definido.

Os três ativos são Unidade Joinville SC – Fábrica de Carrocerias, Unidade Pirabeiraba – Joinville SC – Fábrica de Peças e Unidade Rio Negrinho SC – Fábrica de Peças. Loc.: Rio Negrinho/SC .

Nos dias 15 de março e 29 de março, a justiça tentou leiloar três fábricas, com os maquinários, pertencentes ao grupo Busscar, mas não houve lances.

Na primeira tentativa, as três unidades juntas seriam arrematadas por R$ 369.305.922,65 e na segunda, o valor caiu para R$ 221 milhões 583 mil 553,59. Também haveria possibilidade de arremate separado de cada unidade.

A expectativa agora para o mês de junho é que esses ativos da Busscar sejam oferecidos por 49% do valor da primeira tentativa em leilão como lance mínimo.

A leiloeira Tatiane Duarte, o juiz da 5ª Vara Cível, Walter Santin Júnior e o administrador judicial, Rainoldo Uessler realizaram reuniões após a segunda tentativa ter sido fracassada.

A estratégia é atrair o maior número de interessados. Por isso o novo leilão terá etapas diferentes.

Inicialmente, vão ser oferecidos de uma só vez os três ativos. Também haverá a possibilidade de lances para cada fábrica com os equipamentos. Isso já havia ocorrido nos dias 15 e 29 de março.

A novidade é que se não houver interessados, no mesmo dia, terá início a uma segunda etapa que será o leilão de lotes de peças.

O objetivo é ampliar as possibilidades de vendas para grupos interessados no operacional e outros no setor imobiliário.

O caso do operacional é para quem quiser arrematar a fábrica de carroceria e equipamentos.

Já o segmento imobiliário deve ter mais interesse pelas unidades de Pirabeiraba e Rio Negrinho, por causa dos galpões e terrenos.

Já foram arrematados da massa falida da Busscar Ônibus os seguintes ativos: a fábrica de peças e materiais de fibra Tecnofibras, a Climabuss – de equipamentos e refrigeração e as ações da Busscar Colômbia, empresa que atua naquele país.

BREVE HISTÓRICO:

A Busscar foi fundada oficialmente como Nielson no dia 17 de setembro de 1946, com iniciativa de Augusto e Eugênio Nielson que começaram uma pequena oficina em Joinville, atuando na construção de móveis e utensílios e fazendo reparos em carrocerias de caminhões e cabines. Em 1948, a Nielson fez seu primeiro veículo de transporte coletivo, uma jardineira – ônibus simples feito de madeira. O veículo da Nielson foi uma encomenda da empresa Abílio & Bello Cia Ltda, que fazia a linha Joinville – Guaratuba, em Santa Catarina.

Foi na época do surgimento empreendimento dos Nielson, que o Brasil começava assistir mais intensamente o crescimento das cidades e também das relações comerciais entre as diferentes localidades. Tudo isso demandava uma maior oferta de transportes. Assim muitos empreendedores compravam chassis de caminhão, como da Ford e da GM, e precisavam transformá-los em ônibus para enfrentar as difíceis estadas de terra e verdadeiros atoleiros. Nesta época, a Nielson & Cia Ltda. tinha o comando do patriarca da família, Bruno, e do filho Harold.

Em 1958, um dos marcos para a Nielson foi o projeto de estrutura metálica para os ônibus.

No início dos anos de 1960, ganhavam as estradas os modelos Diplomata, carroceria de dois níveis que lembravam os Flxibles norte-americanos que, quando foram importados pela Expresso Brasileiro Viação Ltda eram chamados de Diplomata. A Nielson então conquistava definitivamente o mercado.

Nos anos de 1980, Nielson cresce mais e no segmento de rodoviário travava disputa acirrada com a Marcopolo e no segmento urbanos, a briga era com a Caio, praticamente de igual para igual.

A linha Diplomata tinha recebido novas versões e o Urbanuss ganhava atenção dos frotistas.

Por uma estratégia de negócios, a Nielson mudou a marca para Busscar. Inicialmete a marca foi conhecida como Busscar-Nielson. Surgiram os rodoviários El Buss e Jum Buss  e os urbanos da linha Urbanuss.

Em 2002, a Busscar começa enfrentar dificuldades financeiras. A família Nielson alegava problemas motivados pela variação cambial e também dificuldades de créditos, mas já havia também erros administrativos internos. O BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social chegou a realizar empréstimos para empresa, que não foram plenamente honrados. A recuperação não foi plena, havendo novamente outro problema financeiro em 2004. A última crise da Busscar começou em 2008, quando a empresa começou a atrasar salários.

Depois de uma dívida que se aproximou de R$ 2 bilhões, contando juros, impostos e débitos com fornecedores, trabalhadores e bancos, a empresa teve a falência decretada em 27 de setembro de 2012 pelo juiz Maurício Cavalazzi Povoas. A decisão, no entanto, foi anulada em 27 de novembro de 2013, após recursos judiciais. No entanto, os recursos caíram em 5 de dezembro de 2013. A família Nielson chegou a apresentar um novo pedido de recuperação judicial, mas o juiz Luis Felipe Canever, de Santa Catarina, após negativa por parte dos credores, decretou no dia 30 de setembro de 2014, nova falência da encarroçadora de ônibus Busscar, que já foi uma das maiores do Brasil.

Os negócios continuam na América Latina com a atuação em parceira de outros grupos, com destaque para as operações na Colômbia.

A Busscar Colômbia foi formalizada no ano de 2002 sendo fruto de uma aliança entre a indústria local Carrocerías de Occidente, empresa fundada em 1995, e a Busscar Ônibus do Brasil, fundada pela família Nielson em 17 de setembro de 1946.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Cláudio disse:

    Vai ser uma espetacular FALCATRUA . Orquestrada faz algum tempo por pessoas chamadas do mal. Lamentamos não ter um juiz com perfil Moro tratando do interesse dos ex-funcionários.

  2. Valdecir disse:

    Eu acredito que não vai passar de um esquema,onde sócios de Claudio, fora do país vão dar lances baixos,sendo assim vai ser mais fácil o juiz determinar valores bem a baixos para pagamentos a ex-funcionários,

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