Gás Natural é ineficaz no combate à poluição, sugere estudo na Europa
Publicado em: 11 de março de 2016
De acordo com Federação Europeia de Transportes e Ambiente, veículos híbridos e elétricos trazem mais benefícios.
ADAMO BAZANI
A Federação Europeia de Transportes e Ambiente T&E, que reúne no continente entidades que analisam os impactos da mobilidade de pessoas e dos deslocamentos de carga no meio ambiente, divulgou nesta sexta-feira, 11 de março de 2016, por meio de um dos seus membros, a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza de Portugal, um estudo entitulado “Veículos a Gás Natural – A Estrada para Lado Nenhum” , no qual diz que o uso do gás natural não tem a eficácia prometida na redução das emissões de gases efeito estufa.
O estudo foi encomendado pela federação e desenvolvido pela consultoria ambiental Ricardo Energy & Environment, no Reino Unido, e teve a assinatura dos professores e pesquisadores Sujith Kollamthodi, John Norris, Craig Dun, Charlotte Brannigan, Fiona Twisse, Marius Biedka, Judith Bates.
Os trabalhos que tiveram início em 2015 compararam as emissões de veículos a gasolina ou a óleo diesel com os veículos a gás natural. Foram analisadas as substâncias mais nocivas ao ambiente.
Segundo a conclusão, “os veículos movidos a GNL (Gás Natural Liquefeito)não acrescentam nenhum benefício de redução da poluição em comparação com os veículos a gasolina. Enquanto os carros a GNL emitem menos óxidos de nitrogênio (NOx) do que os motores a gasóleo, a introdução de testes em condições de condução reais e limites de emissões mais apertados, irá reduzir rapidamente a vantagem do gás natural em veículos.”
O estudo também diz constatar que “haverá sempre um aumento de emissões com a utilização de gás natural em caminhões e ônibus. Isto porque a redução de emissões conseguida durante a utilização é anulada pelo aumento de emissões de metano durante a extração, produção e transporte de gás.”
O trabalho ainda sugere que as emissões de gás carbônico por ônibus e caminhões a gás natural não são muito menores que as emissões atuais desses veículos movidos a óleo diesel, que já atendem o padrão de restrição de poluição Euro 6. O Brasil ainda adota o padrão Euro 5 menos exigente.
Para os pesquisadores, o ideal para a redução das emissões de poluição é investir em carros, caminhões e ônibus elétricos ou híbridos. As associações que formam a federação criticam os planos de benefícios fiscais destinados à produção e à distribuição de gás natural para transportes individuais, de carga e coletivos, bem como para a aquisição destes veículos.
“Apesar de ter poucos benefícios ambientais, o gás natural tem atualmente os mais baixos impostos sobre combustíveis e os governos europeus consideram a possibilidade de um investimento público numa nova infraestrutura. O T&E e as associações de ambiente de toda a Europa consideram que não há nenhuma justificação para que um combustível fóssil beneficie de isenções fiscais. Este tema ganha ainda mais relevância e atualidade na sequência de uma candidatura conjunta apresentada no último trimestre de 2015, por empresas portuguesas e europeias do setor junto da Comissão Europeia e do Banco Europeu de Investimento para aumentar o número de postos de abastecimento de gás natural atualmente existentes em Portugal e Espanha.”
O estudo provoca uma série de reações entre fabricantes e representantes do poder público. Os produtores e distribuidores de gás natural e de veículos com esse tipo de combustível afirmam que já foram comprovados os benefícios para o meio ambiente e que o gás natural é um dos combustíveis ambientalmente corretos mais viáveis economicamente.
CONFIRA O ESTUDO NESTES LINKS:
CONTRAPONTO:
ESPECIALISTA BRASILEIRO DESTACA VANTAGENS DE GÁS NATURAL NOS TRANSPORTES E LANÇA DÚVIDAS SOBRE ESTUDO EUROPEU:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
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